Daniel
Se você quiser, se você se esforçar, se você treinar, se você entrar de cabeça, se você se concentrar... Nada garante que você vai conseguir.
(Craque Daniel)
Na falta de dijuntores, caminho em meio a essa ofuscante e insuportável claridão, buscando interruptores, que, aos poucos, apagam esse percurso, insistente em infindar-se.
Por mais hígida que estejas, por mais dor que sinto, por mais superficial que lhe pareças, por mais intenso que me permitas, não hei de confrontar tuas indiferenças às minhas agruras.
Agora retornas à casa. Com o ego suflado, sorriso deboche, gabola, tão dona de si; mas junto carregas um agora despercebido incômodo; amanhã, ferida, olhos ríspidos, tomar-se-ás por culpa, aflição. Isso pois, ao descontruirmes, acaba por ganhar remorso; já eu, disso, aquilo.
Tomastes por nada e por ninguém. Permaneci aqui, desde que as costas a mim virastes; e hei de aqui permanecer, na certeza do teu retornar; mas não me encontrorás esboçado em sorrisos, tampouco verás o vermelhidão nos meus olhos; já que, a meu turno, de costas viradas permanecerei.
Antes tê-lo por completo decepado, a ver meu braço por ti torcido; a boca em salmoura, das lágrimas escorridas junto à falta de ar do meu soluçar, a ver-te encoberta em sorrisos; a ausência de motivo, a dar-lhe razão.
Não consigo recortar. Tal ato requer tanta atenção, receio, uma demasiada dedicação. Essa tarefa deixo aos caprichosos, pois não têm pressa, acreditam que o tempo que lhes resta é infinito.
Por ter completo discernimento quanto à regressividade, que inevitavelmente nos arrasta ao fim -RASGO-, sem nenhum receio de, em último caso, realizar remendos.
Ultimamente, luz só enxergo na faísca do isqueiro, ao deixar brasa vívida na ponta do meu cigarro; escuto somente o romper dos meus pulmões, enchendo-se da fumaça doce e insalubre, antes palatar incípedo e indesejado ar puro; sinto apenas o coice da nicotina adentrando veias a fora; e guardo tão somente as incontáveis bitucas despojadas pelo único caminhar percorrido.
Assim para com meus instintos e sentimentos, busco confundir o azedume em minha boca com o gosto amargo do café, puro e forte.
É com a dor que eu pinto o quadro mais bonito, é com o medo de falhar que eu escrevo o livro mais emocionante, e é com a tristeza que eu enxergo a beleza.
O erro do homem é achar que sabe de tudo. Quanto mais ele pensa que tem a palavra final, menos ele sabe e menos ele aprende.
como bom
governante,
não existiria.
nem chegando
a ser protótipo.
o boçal
que é cultuado
por mentes
insanas
é mito(lógico).
Assim como cães envelhecidos, criamos hábitos, tornando aquilo simples em dificultoso, repleto de protocolos e ritos intermináveis;
também como cães envelhecidos, nos isolamos, vivendo alheios e amedrontados do novo e desconhecido;
nos conformamos com a realidade vivida, abrigando-se no cômodo e fácil;
cães envelhecidos, abandonamos expectativas,
inertes, a espera do fim,
despercebidos,
inócuos em si,
Sós
.