Maury Daniel

Encontrados 13 pensamentos de Maury Daniel

Na falta de dijuntores, caminho em meio a essa ofuscante e insuportável claridão, buscando interruptores, que, aos poucos, apagam esse percurso, insistente em infindar-se.

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Por mais hígida que estejas, por mais dor que sinto, por mais superficial que lhe pareças, por mais intenso que me permitas, não hei de confrontar tuas indiferenças às minhas agruras.

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Agora retornas à casa. Com o ego suflado, sorriso deboche, gabola, tão dona de si; mas junto carregas um agora despercebido incômodo; amanhã, ferida, olhos ríspidos, tomar-se-ás por culpa, aflição. Isso pois, ao descontruirmes, acaba por ganhar remorso; já eu, disso, aquilo.

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Tomastes por nada e por ninguém. Permaneci aqui, desde que as costas a mim virastes; e hei de aqui permanecer, na certeza do teu retornar; mas não me encontrorás esboçado em sorrisos, tampouco verás o vermelhidão nos meus olhos; já que, a meu turno, de costas viradas permanecerei.

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Antes tê-lo por completo decepado, a ver meu braço por ti torcido; a boca em salmoura, das lágrimas escorridas junto à falta de ar do meu soluçar, a ver-te encoberta em sorrisos; a ausência de motivo, a dar-lhe razão.

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- Se eu fosse menos eu, não só almejaria, como alcançaria, engoliria a inconveniência, misturar-la-ia a prudência, vomitaria só doçura;
- se fosse menos eu, teria mais amor, menos rancor, uma pitada mais de humildade;
- se fosse menos eu, estaria cercado de amigos, acompanhado de falsidade e ludibriado pela inveja;
- se fosse menos eu, não seria tão particular, estranho aos convencionais;
- se fosse menos eu, seria muito previsível, beiraria a monotonia, distribuiria sorrisos e esmaeceria meu caráter;
- se fosse menos eu, não restaria este vazio, cujo único objetivo é incomodar-me por completo, gerando essa inquietação, fazendo com que busque sempre algo novo para preenchê-lo, e receba em contrapartida a angústia, que se materializa num outro, ainda maior.
Caso me destrinchasse por completo, e desse conjunto subtraísse uma pequena parte de mim, não sobraria mais nada senão outrem.
Eu só existo assim, de forma inteira, íntegra, uno, não sendo ninguém, exceto eu mesmo.

Sorte de ainda restar o cigarro como amigo, mesmo sabendo que um dia ele também há de trair-me.

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Não consigo recortar. Tal ato requer tanta atenção, receio, uma demasiada dedicação. Essa tarefa deixo aos caprichosos, pois não têm pressa, acreditam que o tempo que lhes resta é infinito.
Por ter completo discernimento quanto à regressividade, que inevitavelmente nos arrasta ao fim -RASGO-, sem nenhum receio de, em último caso, realizar remendos.

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Ultimamente, luz só enxergo na faísca do isqueiro, ao deixar brasa vívida na ponta do meu cigarro; escuto somente o romper dos meus pulmões, enchendo-se da fumaça doce e insalubre, antes palatar incípedo e indesejado ar puro; sinto apenas o coice da nicotina adentrando veias a fora; e guardo tão somente as incontáveis bitucas despojadas pelo único caminhar percorrido.

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Assim para com meus instintos e sentimentos, busco confundir o azedume em minha boca com o gosto amargo do café, puro e forte.

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Assim como cães envelhecidos, criamos hábitos, tornando aquilo simples em dificultoso, repleto de protocolos e ritos intermináveis;
também como cães envelhecidos, nos isolamos, vivendo alheios e amedrontados do novo e desconhecido;
nos conformamos com a realidade vivida, abrigando-se no cômodo e fácil;
cães envelhecidos, abandonamos expectativas,
inertes, a espera do fim,
despercebidos,
inócuos em si,
Sós
.

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Se a vida é uma alvorada, quem sou eu, senão aquele insignificante relevo que teima, em vão, fazer com que seu espetáculo atrase uma fração de segundos.

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Ao de cara despojar, escuto apenas a artéria temporal no travesseiro pulsar. O breu em nada colabora, senão lembrar a batalha que hei mais uma vez de travar. Nessas incontáveis horas, lamento-me à desprezível companhia, que de doce só tem o nome, insônia. A ela insisto por perguntar o motivo de seu maior desafeto me abandonar. Mirabolando formas dessa rusga acabar, presencio a luz do sol da cama me expulsar. Imóvel, passo todo o resto do mesmo dia alheio, ao lado daquele que horas antes tanto insisti em conversar. O sono é perverso; sabe, com seus cutucões, maltratar.
Que saudades tenho do insuportável berro do despertador a me acordar. Coitado! Não foram poucas as vezes que a ele praguejei toda minha indignação por sua completa consideração e presteza. Após resolver esse imbróglio, pretendo com ele, também, me desculpar.

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