Caio Fernando Abreu
Mas ninguém entenderia então eu guardei pra mim, em um lugar bem pequeno e um pouco surrado chamado meu coração.
Eu olhei pra bem longe muito além daquele
sol. Meu passado se pôs com ele e eu
sentir minha alma clarear enquanto
o dia Escurecia.
Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.
“Como se mil pessoas se importassem com você, menos uma. E de alguma forma, era a única que você necessitava que se importasse.”
Hoje estou me permitindo escrever sobre este cansaço indivisível, sobre minha falta de tempo, sobre a desordem que se instaurou em minha vida. Por trás disso tudo, o mais perigoso espreita: a grande traição que estou cometendo, todo dia, comigo mesmo. Porque escrevendo assim, para sobreviver, não escrevo o que me mantém vivo – outras coisas que não estas.
