Bianca
O ruim de ser forte é que ninguém imagina que você precisa de colo, que precisa falar muito mais que ouvir.
Em meio ao movimento desse bairro burguês, uma classe sem nome preenche as calçadas sob claros olhos que não os querem enxergar.
Séria não pode ser essa polícia. Sério não pode ser o estado dessa polícia. Sério não pode ser o Estado com essa Polícia.
Logo ela que conhecia muito do mundo e da vida. Logo ela que me ensinara sobre sorrir pra vida. Logo ela!
Precisei não ver mais essas crianças, que vivem em uma realidade distante do asfalto. No morro, com nove anos, as crianças já sabem se virar, no mundo, sozinhas.
Aqui, não se tem muitos porteiros
Nem babá com mãe do lado
Aqui, no subúrbio, não tem governo circulando
Ninguém olha pro lado... Do lado tem um amigo. Do lado não tem nada. Do lado tem tanta gente. Mas ninguém percebe... Não vêem o amigo. Não vêem o nada. E não vêem a gente. São cegos. Nem vêem escuros, nem vêem claro. Não é nenhuma cegueira de escuridão ou claridade. São cegos de tudo. São cegos em tudo. Não vêem a vida.
Dai eu descubro que nada era verdade, que você não me amava e que teve coragem de me magoar. E lá estou eu mais uma vez, destruída por algum idiota.