Autossuficiência
A liberdade que ainda não temos
A tão aclamada liberdade de ir e vir não funciona para todas. Podemos até ter o direito, mas não a segurança.
Uma mulher sozinha sempre será alvo de olhares e julgamentos. Se viajamos, vamos a bares, restaurantes, praias ou caminhamos sem companhia, logo nos questionam: por que está sozinha? Supõem solidão ou até mesmo um problema de caráter. Para os homens, essas são atividades comuns. Para nós, um ato de resistência.
Sentar-se à mesa sem companhia não pode ser apenas uma escolha? Uma experiência consigo mesma? Mas não. O mundo insiste em nos colocar numa posição de espera – de alguém, de algo. Como se estar só fosse um sinal de disponibilidade, um convite a abordagens invasivas e cantadas baratas.
Estar só não é estar perdida. Muitas vezes, é apenas uma pausa. Um momento para silenciar o barulho externo e organizar a mente. Mas até isso nos é negado. Se caminhamos sozinhas, somos alvo de comentários maldosos. Se nos recolhemos, somos chamadas de frias. Se nos valorizamos, incomodamos.
Enquanto homens andam livres, nós calculamos riscos. Precisamos de segurança para viver a liberdade que já deveria ser nossa. Até lá, seguimos – sozinhas, mas não solitárias.
A prisão invisível
Fui uma criança limitada. Sem liberdade, sem escolhas. Criada para ser recatada, para me prender às crenças e ao coração. Cresci dentro dessas grades, e hoje ainda carrego a dificuldade de ressignificar aquilo que não me acrescenta, mas que se tornou uma prisão dentro de mim.
E, ao olhar para fora, me deparo com novas limitações – agora impostas por uma sociedade que ainda resiste a aceitar mulheres livres. Se sou bonita, meu mérito nunca é meu. Se conquisto algo, dizem que foi por um homem. Se sou casada, atribuem meu sucesso ao marido. Se não sou, sugerem que há alguém me bancando. Nunca basta ser eu.
Mas e as oportunidades que nos são negadas? Quem fala disso? Quem discute as portas fechadas porque uma mulher pode representar ameaça ao ego ou à segurança de alguém? Há um preconceito silencioso contra mulheres bonitas, seguras e independentes. O mercado de trabalho ainda favorece os homens. E entre as próprias mulheres, a insegurança alimenta rivalidades que nem deveriam existir.
A liberdade feminina ainda tem muitas barreiras – algumas impostas de fora, outras que aprendemos a carregar. Mas aos poucos, seguimos quebrando cada uma delas.
O Valor que Vem de Dentro
A necessidade de validação está enraizada em nós porque, desde cedo, aprendemos que nosso valor é medido pelo olhar do outro. Somos seres sociais, e o reconhecimento externo pode, de fato, reforçar nossa autoestima, nos oferecendo a sensação de pertencimento e aceitação.
No entanto, essa busca pela validação externa pode se transformar em uma prisão quando se torna mais importante do que a nossa própria percepção. Especialmente nós, mulheres, somos ensinadas a nos moldar para agradar, para corresponder às expectativas dos outros – seja na aparência, no comportamento ou nas conquistas.
Precisamos de validação porque fomos condicionadas a acreditar que só existimos plenamente quando somos vistas e aprovadas. No entanto, a verdadeira liberdade surge quando aprendemos a nos validar primeiro, quando percebemos que nosso valor não está no olhar alheio, mas no que construímos e somos por dentro.
Sozinhas, mas não ameaçadoras
Desde quando uma mulher sozinha representa mais risco para outra do que aquela que anda em grupo? Desde quando optar por menos companhia é sinônimo de desconfiança ou um atestado de solidão e sofrimento?
Somos observadoras, sensíveis à nossa própria percepção. Valorizamos conexões leves e verdadeiras. Não nos forçamos a laços apenas para pertencer a um grupo, porque não buscamos existir em bando – buscamos existir em verdade.
Isso não significa que não temos amigos ou que não somos leais. Apenas escolhemos o silêncio ao invés do ruído desnecessário. E essa escolha não deveria incomodar ninguém.
O homem deve bastar-se a si mesmo, isto é, não depender dos outros para nada ou para o mínimo possível, as pessoas em sua autossuficiência precisam não ter necessidade de nada de que venha de outras pessoas.
Não é que eu seja autossuficiente, mas é que às vezes estou tão bem comigo mesmo que não sinto falta de outra pessoa.
Sempre me mantive em uma posição forte, sendo autossuficiente, completamente independente. Se algo me machuca, eu digo que não tem importância, ignoro a dor e sigo meu caminho...
Dentro de mim, a coisa é completamente diferente!
Eu sou leve, frágil e tudo o que alguém faz, deixa uma marca. Eu me levanto e me reconstruo e me torno inteira novamente, mas algumas vezes, raras, alguém consegue levar um pequeno pedaço de mim, mas ainda assim, eu sei fingir que está tudo bem.
Finjo ser autossuficiente, mas ainda sorrio quando lembro - silenciosamente - o barulho que já fizemos.
A pessoa que se acha autossuficiente, que acha que não precisa de amigas, que acha que a amizade não é essencial, é uma pessoa egoísta. Porque esse tipo de pessoa vive como se a vida fosse só para ela, sobre ela e mais ninguém! E Jesus não nos ensinou isso: Ele teve seus companheiros ou será que viveu sempre só?
A ignorância é fruto de uma mente embotada pela autossuficiência, enquanto que o erro é a consequência natural da atitude de quem trilha o caminho em busca do conhecimento e da verdade.
Mulher autossuficiente é aquela que, além de viver dos seus próprios recursos, sabe que se esconder em palavras, poemas e pensamentos herméticos e parabólicos para terminar um relacionamento é se esconder do simples olho no olho, que perpassa apenas o motivo direto e objetivo (por que).
A autossuficiência que, em tese, seria capaz de gerar um estado de felicidade, não está na satisfação dos prazeres, nem no contentamento com pouco, mas tanto em saber desfrutar a abundancia, quanto superar as necessidades, na falta dela.
AUTOSSUFICIENTE
Nascemos na ditadura, sem computador, com uma só religião e gênero definido, onde a moral era o valor máximo da sociedade e a profissão o ideal a ser buscada, a memória como uma virtude, aprendendo com o professor e se relacionando com várias etnias, a realização estava no coletivo cooperando com o outro, com baixa exposição de sua vida privada, cumprindo horário com calma e buscando o contato pessoal, fazendo o dever, o dinheiro era tido como consequência do trabalho realizado, sofrendo como condição de chegada ao céu e nos sentindo insuficientes. Hoje estamos na democracia sem saber votar, com um computador na mão sem saber usar, com várias religiões sem prática nenhuma, o certo e o errado é relativo, aprendendo só, com nossa memória no bolso, com intolerância a outras etnias, buscando o prazer individual e sexualidade a qualquer custo e agora como se não houvesse o amanhã, com sua profissão mudando a cada acordar e com o dinheiro como principal objetivo estimulado pela competição como se todos fossem capazes de alcançá-lo, fazendo seu próprio horário com muita pressa, evitando o contato pessoal, buscando-o a distância, com alta exposição da vida privada e se sentindo autossuficiente. Que tal buscarmos um meio-termo?
Deus é contrário ao orgulho e a autossuficiência, mas se alegra da humildade e da singeleza de coração. Como é triste constatar que, começando pelas lideranças, a maioria dos cristãos professos está muito mais perto das práticas que Deus rejeita do que das que Ele se agrada.
A modéstia é o caráter inseparável do verdadeiro conhecimento, da mesma forma que a autossuficiência e a pretensão formam o cunho especial da ignorância e da meia cultura.
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