Ausência
Não me acostumei com sua ausência, mas não saberia tê-lo em minha vida.
Você fez parte de um momento, mas não da minha vida inteira.
O que passou não volta mais, e é bem melhor assim. Sabemos que nada seria como antes. Quem não muda por amor faz isso pela dor. E sofrer eu não quero.
Espero que a vida te faça amadurecer, e que você não faça com ninguém o que fez comigo. Não tem graça fazer outras pessoas sofrerem. Quem muito faz sofrer um dia sofre também. Quando você se tornar uma pessoa melhor talvez possamos ser amigos. Por enquanto fico na minha e você segue seu caminho.
Não quero nada que me faça mal na minha vida.
É que a saudade dói e, dói a ausência, dói a lembrança, dói saber que o passado não volta, que muita coisa virou memória nessa tênue linha que se resume a vida. E, o tempo tem sido o melhor remédio, às vezes quando ameaça doer demais, injeto uma dose extra de tempo, no corpo, no pensamento e no coração.
A ausência temporária faz bem, porque a presença constante torna as coisas parecidas para que possam ser distinguidas. A proximidade diminui até as torres, enquanto as ninharias e os lugares comuns, ao perto, se tornam grandes. Os pequenos hábitos, que podem irritar fisicamente e assumir uma forma emocional, desaparecem quando o objeto imediato é removido do campo de visão. As grandes paixões, que pela proximidade assumem a forma da rotina mesquinha, voltam à sua natural dimensão através da magia da distância.
Como se, de repente, eu precisasse achar natural viver sem música
e me acostumar à ausência dela.
Como conviver com o silêncio
se antes estava cercada das mais belas melodias?
Dizem que os seres se acostumam a tudo, será?
Meus olhos transbordam a dor da tua ausência, que escorre descontrolada por minha face rubra de saudade.
Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê “sadio”. Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por ‘um pouco mais’.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.
Nota: Trecho de um texto do autor.
Se a morte é a ausência da vida a vida deveria ser a ausência da morte. Logo, por que pensamos na morte ?
As lacunas deixadas pela ausência da ética no caráter humano, serão sempre preenchidas por condenáveis inspirações!
Felicidade é ter um espaço exclusivo dentro do coração de alguém. E quando for ausência, ser a mais bonita lembrança que se tem.
