As vezes Tinha que ser assim
Lembro dos meus medos, medos que eu tinha ainda tenho. Medo de assombração,medo do pavio do lampião, da pómarola da flor da aurora, medo da corda que estoura, medo do sapo que usa casaco, medo do ão que soa nas batidas do seu coração, medo do Fá, medo Dó Sol, medo da melodia em Si bemol que se torna canção em um simples verso sem refrão.
Eu tinha medo da escuridão,medo de ser engolida e ser levada para um lugar que não sei onde se localiza,mas eu não sabia que a escuridão me acolhia com seu braços longos e negros me fazendo dormir calmamente.
Eu não entendo o motivo do qual estou vivo..
Já vivi o que tinha que viver, mas parece que até a morte não me quer por perto..
Um dia você vai saber, que eu sabia que tinha errado, mas mesmo assim testei nossos sentimentos. Você vale muito
Eu tinha muitos sonhos, eu tinha muitas esperanças, eu tinha um futuro...
Mas os que estavam a minha volta, levaram tudo de mim.
E foi assim que eu passei a não ser eu mesma (o).
Eu tinha criado muros ao meu redor, uma forma de defesa pra tentar proteger meu coração. Mas o teu sorriso e cada palavra sua foi derrubando todos os muros e defesas que eu construí. E é dessa forma que você me conquista e que tem chegado até a mim.
MORTE POR AMOR
Quando Otávio me bateu à porta, às dez horas da noite, eu tinha um livro aberto diante de mim. Não lia. À cólera, que me agitara durante toda à tarde, sucedera uma grande prostração. Parecia-me sem remédio a minha desgraça, depois daquela certeza, daquela terrível certeza, eu finalmente aceitei a realidade.
Minha vida jamais havia sido invejável, mas apesar de toda dificuldade que enfrentei e de todo o sofrimento que passei, minha vida não podia ser considerada uma vida triste.
A indigência que nos cercava não permitia que gozássemos das mais singelas mordomias que existem. Meus pais, apesar de analfabetos, nunca nos deixava faltar a uma aula sequer. Meu pai sempre dizia que o futuro que podemos escolher, nós o encontramos na escola.
Algum tempo depois minha mãe adoeceu. Não suportando as complicações de uma desconhecida doença, faleceu. Eu estava com a idade de dezoito anos e acabara de me formar no ensino médio. Minha mãe sempre havia sonhado em ser professora; daquelas que estudam a língua e escrevem contos e poesias, desejava possuir um diploma de mestre ou doutora. Entretanto, a terra que perdurava sob suas unhas representavam anos e anos de estudo de quem nunca estudou, os calos de suas mãos representavam as marcas do esforço de uma escritora que não sabia ler e escrever, as rachaduras de seus pés representavam a longa caminhada de uma professora que não sabia ensinar, mas que não deixava faltar comida para seus dependentes, tampouco educação. Esse era seu maior certificado!
Daquele dia em diante a vida não era a mesma. Todos nós, apesar de ter superado a dor da perda, não conseguíamos cobrir o buraco que se abriu em nosso coração. Meus irmãos não estudavam mais como antes e meu pai já não trabalhava com tanto vigor.
Havíamos prestado concurso, no qual somente eu fui aprovado e ingressei na faculdade. Independente de sua ausência, para alegrá-la, estudei Letras. Tornei-me doutor em língua. Embora tenha um amplo conhecimento sobre a escrita, prossigo com a mesma simplicidade com a qual sempre falei e escrevi. Não escrevo contos ou poesias, mas aplico-os em minha vida com a mesma devoção de um fiel em um culto; culto este que frequento diariamente.
Antes de as reminiscências interromperem a minha leitura, eu lia o poema que havia recitado para meus pais em um aniversário de bodas. Essas recordações que citei acima foram as mesmas que emergiram em mim correntezas bravias de uma cólera irremediável, mas efêmera. Otávio, meu irmão, trazia sempre boas notícias e, ao abrir a porta e cumprimenta-lo, minha cólera deu lugar a uma imensa alegria. A ansiedade de saber a notícia que estava por vir desapareceu quanto tive de aceitar aquela tão terrível certeza, aquela tão terrível realidade.
Lembrei-me do poema que havia lido para meus pais naquele dia e recitei-o para meu irmão:
Velejando sem barco ou vela
Viajando na Vida
Por uma simples tela
As ilusões me espreitam,
Horizontes desordenados
Com placas de várias setas
Mas que não inibem minhas frestas
De sonhos que se deleitam
De imagens ilimitadas
Multicores
Refletem por sobre os mares
Por sobre os ares
Por sobre as flores
E nas variações do destino
Enraigados por desafios
Não me induzem a desistir
Pois nesta fascinante tela
Que faço da vida
A imagem mais bela
Do porto onde
Quero seguir.
Tínhamos pranto e lamentações no coração. De nossos olhos, cascatas de dores. E essa era a tão terrível certeza, a tão terrível realidade: enquanto lembrava-se de minha mãe, meu pai havia morrido.
Tinha um plano A, um B, um C, mas notei que o alfabeto termina. Então tentei uma, duas, três… perdi a conta quantas vezes já tentei, mas não importa, porque não vou desistir.
Vc achou que tinha te trocado... Mais nenhum outro menino te substitui... pensa nisso vc achou errado...
Ela que não tinha tudo, mas amava o tudo que tinha. Que mesmo na dificuldade, conseguia fazer sorrir. Ela que dançava ao vento, porque precisava daquele movimento para se equilibrar. Ela cantava. Gritava. Se esbanjava. Ela que sonhava alto e tinha pensamentos loucos. Ela tinha uma alma iluminada, coração de gigante e sorriso de criança. Ela que mesmo exagerada, era simples. Ela... era apenas feliz!
Saudade do tempo em que corria descalço, tomava sorvete me lambuzando toda e ainda, tinha quem achasse bonito. Saudade do tempo em que pulava corda, corria para cair e levantava para correr de novo.
Saudade dos meus cadernos tão bem coloridos e minhas letras tão bem desenhadas. Saudade dos meus cabelos longos, por vezes, entrançados. Saudade do mimo da minha avó. Das marcas de cada brincadeira, do azul daquele céu e da chuva que me banhei.
Saudade eu tenho de um tempo único, onde minha maior preocupação era ter que ir bem na escola.
Saudade dos amigos tantos, que hoje pouco vejo, pouco conheço, pouco sei. Saudade daquela casa, daquela cidadezinha, daquele tempo em que me personalizei até me formar no que sou.
Uma saudade feliz e uma felicidade saudosiana, de um tempo sem erros, onde era religiosamente feliz sem conhecimento de causa.
Saudade eterna de um tempo que não volta mais e que me chamavam de criança.
É Meu caro Zeca Pagodinho... debaixo daquela saia godê, tinha coisas que daria para mim e para você!
Quando mais novo, pensava eu que já havia amadurecido completamente. Suponhava que tinha chegado no auge do amadurecimento, nos pensamentos, tanto mentalmente quanto nas atitudes em si. Hoje eu digo com insolência que sou maduro, digo com total certeza e sem receio, pois reconheço hoje que não amadureci completamente, talvez parcialmente. Confesso que tenho muito a aprender. Afinal ninguém sabe tudo, a cada dia renovamos e aprimoramos nossos pensamentos, nossas atitudes e conhecimentos, porém ninguém é completamente maduro, e quem for é imaturo.
Hoje ouvi coisas que não queria ouvir, Me lembrei de lembranças vagas que pensei que tinha às esquecido, Lembranças que deixaram meus pensamentos confusos, E agora nem ao menos sei onde estou.
Eu tinha absoluta certeza que ela era o amor da minha vida. E sabe como? Ela era o que nunca havia sonhado, era coberta de imperfeições e defeitos, e mesmo assim eu não resistia ao seu cheiro, me sentia sucumbido por seu olhar, sim, ela era a mulher por quem fui me apaixonar.
Você tinha razão! Descobri que existe mesmo algumas pessoas que não gostam de mim. Mas descobri, também, que elas tem algo em comum. Falam da vida alheia, pelas costas, sem que a pessoa ao menos possa se defender. Não participo deste tipo de rodinhas. Não desejo a outros o que não desejo para mim.
