Amor Textos de Luis Fernando Verissimo
Hoje eu senti sua falta.
Coisa que nem era pra acontecer.
Não era dia, nem hora, nem devia mais doer.
Mas doeu.
E quando a saudade vem fora de hora, ela vem mais forte.
Ela vem sem pedir licença, sem batida na porta, sem atenuante.
Ela atravessa.
Me destoei da realidade no primeiro instante em que te vi.
Foi como ouvir uma canção que nunca ouvi antes,
mas saber de cor cada acorde, cada pausa, cada suspiro entre versos.
Minha garganta secou.
Meus olhos marejaram.
A voz ficou trêmula, como se minha própria alma não soubesse como continuar.
E eu, que sempre me orgulhei de ser frio,
derreti até virar vapor.
Evaporei diante de você.
E ninguém percebeu.
Talvez nem você.
Mas ali eu já não era mais eu.
Foram momentos diferentes.
Distantes do mundo, do tempo, da lógica.
Coisas que nunca, nunca, haviam passado pela minha cabeça.
Mas passaram por dentro de mim.
E deixaram um rastro, um sulco, um incêndio.
De repente, me vi atônito.
Um homem diante do espelho de si mesmo,
vendo um reflexo que desejava coisas demais.
Coisas que não podia.
Coisas que não devia.
Mas que, ainda assim, desejava.
Desejei você como se desejar não fosse pecado.
Como se a vida tivesse me concedido uma trégua.
Como se o mundo todo ficasse em silêncio só pra ouvir o que eu sentia.
Mas agora… agora eu sinto sua falta.
E não é aquela falta romântica de cinema.
É ausência que pesa no corpo.
É silêncio onde antes havia riso.
É falta de cor, de cheiro, de som.
A distância entre a gente é gritante.
Ela tem o som das músicas que não ouvimos juntos.
Tem o eco das conversas que não tivemos.
Dos beijos que pararam no quase.
Dos domingos que viraram segunda-feira cedo demais.
A rua que levava até você virou mão única.
E eu sigo nela, mesmo sabendo que você não está mais no caminho.
Mesmo sabendo que não há retorno,
nem acostamento,
nem refúgio.
Só essa estrada reta, fria,
com seus silêncios e placas dizendo:
"Siga em frente"
Como se fosse possível.
Mas a verdade é que você ficou.
Ficou em mim.
Feito cheiro de chuva em terra seca.
Feito palavra nunca dita.
Feito carta nunca enviada.
Feito amor que chegou tarde demais.
E mesmo que o mundo me empurre pra longe,
mesmo que o tempo me arraste por outros corpos,
outras ruas, outras camas,
vai ter sempre esse lugar dentro de mim
onde você mora sem saber.
E talvez…
talvez isso seja amor.
Ou talvez seja só mais uma das formas bonitas
que a dor encontrou pra me fazer companhia.
Do coração só sai verdades.
Não verdades como conceito fechado mas, verdades que alcançam outros corações, verdades que convidam a sentir o outro.
Na busca de companheiros de jornada formamos amigos, famílias, tribos e alcançamos corações que nunca nos viram mas, já nos sentem.
E na dúvida? Sinta o seu coração!
Ele tem verdades que as verdades humanas desconhecem.
Sozinho
Nos dias mais frios
Nos céus mais cinzas
Penso em você
Queria sentir o calor das tuas mãos nas minhas
E no teu abraço o conforto do teu olhar
Mas aqui estou
Sozinho
Nos dias mais quentes
Nos céus mais azuis
Penso em você
Queria ouvir sua melodiosa voz cantando
E no teu riso ver o lado bom da vida
Mas aqui estou
Sozinho
Nas noites mais escuras
Nos céus mais sem graça
Penso em você
Queria sentir o conforto do teu silêncio
E no teu olhar parte da minha alma
Mas aqui estou
sozinho
Nas noites mais bonitas
Nos céus mais estrelados
Penso em você
Queria estar observando com você as estrelas
E na beleza do teu sonhar o sentido de viver
Mas aqui estou
Sozinho
Nos dias mais alegres
E nos céus mais festivos
Penso em você
Queria pular, dançar, cantar e gargalhar com você
E na tua alegria ver o mundo em cores
Mas aqui estou sozinho
Nos dias mais tristes
E nos céus mais melancólicos
Penso em você
Queria estar a juntar as suas lágrimas a minha
E na tua resiliência forças para viver
Mas aqui estou
Sozinho
Nos dias inteiros da minha vida
E enquanto sol e lua estiverem no céu
Penso em você
Querendo, sonhando, imaginado estar com
você
E no teu viver a razão do meu
Mas aqui estou
Sozinho
Enquanto eu viver
E enquanto está terra ainda tiver um céu
Penso em você
Estarei aqui te esperando até virar uma uva passa
E nas tuas rugas ver que viver valeu a pena
Mas enquanto isso
Em minha lapide estará escrito:
"Mas aqui estou
Sozinho"
Minha Morena do Sertão
Lá no cantinho do mato, onde o sol beija o chão
Tem uma moça que encanta, dona do meu coração
Cabelos negros ao vento, sorriso que é tentação
Ela é flor que não se arranca, minha morena do sertão
Ô morena, vem pra mim devagar
Tô com saudade do teu jeito de me amar
Teu cheiro tá no meu lençol, no café da manhã
Vem ser pra sempre a minha estrela da manhã
Ela dança na varanda com vestido de algodão
Canta moda de viola, bate forte o violão
Com ela tudo é poesia, tudo vira inspiração
Nem o céu tem mais beleza que a minha paixão
E quando a lua se esconde e a saudade me invade
Eu lembro do teu beijo doce, do teu colo de verdade
Nenhuma cidade grande tem o brilho do teu olhar
Morena do sertão, é com você que eu quero ficar
Vazio
A pedra para tampar o buraco é muito pesada!
Quase não tenho força para arrastá-la sozinha.
Mas, consigo!
Demorarei um tempo entre a dificuldade de arrastá-la e o querer fechar o buraco.
Aberto, ele doi! Mas, parece que respira!
E confesso que há uma certa esperança em sentir sua mão, cuidando dele e quem sabe, jogando a pedra para bem longe.
Mas sim! Me comprometo todos os dias, em trazê-la um pouco mais perto.
Até o dia, que finalmente não serás mais dor, memória, cheiro, toque, palavra, presença ou saudade...
E o vazio estará preenchido definitivamente pala pedra fria, que tomará o lugar do calor que você foi um dia!
Pra quem acredita em Deus é fácil considerar-se o herdeiro soberano e assim passar a vida como nobre a vida toda.
Difícil é adquirir a humildade de a todos servir.
Pra quem não acredita em Deus, tudo vale nada e vale tudo o que escolhe querer, há liberdade em todos os olhares, exceto na escravidão de não se reconhecer valor a outros.
Carrinho de bebé
Queres tudo.
Sem dar nada.
E acreditas que isso é liberdade.
Não é.
É prisão disfarçada de conforto.
Vais sentado.
Não por falta de pernas,
mas por falta de vontade.
Braços soltos, olhar vago,
como se o mundo te devesse movimento.
Empurram-te.
Eles.
Velhos, cansados, mas fiéis.
Ainda a carregar-te
como se fosses promessa por cumprir.
Como se amar fosse garantir que nunca caias,
mesmo que nunca aprendas a andar.
És adulto.
Mas recusaste o salto.
Preferiste o colo prolongado,
o caminho sem ferida,
a sombra do que nunca arriscaste ser.
Fazes-te pequeno
porque crescer implica dor.
E tu preferes que te amem imóvel
do que te enfrentem de pé.
Queres sucesso,
mas sem obra.
Queres destino,
mas sem jornada.
Queres tudo,
mas não queres pagar o preço de nada.
Vives numa redoma.
De vidro espesso,
mas temperado a afeto.
Um casulo onde o cordão umbilical
não foi cortado,
apenas esticado,
como uma corrente feita de ternura e medo.
Eles empurram-te porque te amam.
Mas o amor, quando não acorda,
também adormece.
Um dia cairão.
E não por cansaço,
mas porque chegou o fim.
E tu,
sem chão,
sem rumo,
sem desculpa —
descobrirás que a vida que evitaste
não te espera.
Nunca esperou.
Que seja breve cada dia que passou longe de vc, que cada hora passe como segundos, cada segundo como milésimos, há minha princesa linda, como queria estar nesse momento espreitando seu corpo, tocando em seu rosto, beijando - te, como se o mundo lá fora não existe, como se fossemos eu e vc numa ilha deserta.
Tenho saudade de estar ao teu lado 24h por dia, saudades quando estou com vc, saudades de amar cada centímetro do seu corpo.
Acordar abraçado com vc, nos amarmos, e percebemos que somos um do outro pra toda eternidade
O Sussurro da Alma: O Verdadeiro Caminho para Viver Bem
“Viver é uma arte sem manual. A vida boa não segue fórmulas prontas — é um sussurro íntimo da alma, que só cada um pode ouvir e compreender. Quem busca fora, se perde; quem silencia dentro, se encontra. O verdadeiro caminho não é o que agrada aos olhos ou convence a multidão, mas o que traz paz ao espírito.”
A ideia da alma gêmea habita os sonhos humanos desde a Antiguidade. Platão já a descrevia como a metade perdida que um dia foi separada pela vontade dos deuses. Buscar a alma gêmea é, portanto, mais do que buscar alguém que nos complete: é uma tentativa de reencontro com uma parte esquecida de nós mesmos.
Mas o que define uma alma gêmea? Não é apenas afinidade, nem apenas amor. É o silêncio que conforta, o olhar que compreende sem esforço, a sensação de que a vida, ao lado daquela pessoa, encontra coerência. A alma gêmea não precisa ser perfeita apenas profundamente verdadeira.
Encontrá-la é como voltar para casa sem jamais tê-la conhecido. E, nesse instante, percebemos que não estamos mais sozinhos no mundo.
I. a parte em que ninguém percebe
há dias em que o mundo continua ~
mas eu não.
eu me arrasto dentro da roupa.
cumpro compromissos como quem finge
ainda habitar o próprio nome.
me sento onde sempre me sentei,
mas algo em mim não chega.
o corpo levanta,
mas não comparece.
•
há horários que evito.
nomes que pulo.
itens na gaveta que não toco há meses.
não é superstição.
é autodefesa.
ninguém entende.
porque continuo funcionando.
mas já não pertenço à máquina.
•
II. a parte que só eu escuto
há um som que só eu ouço.
não é voz,
não é memória,
não é aviso.
é uma frequência baixa
que vibra quando tudo está em silêncio.
uma presença que não se mostra,
mas me atravessa.
me obriga a manter as janelas fechadas,
a não reorganizar os móveis,
a conservar os espaços como estavam
no dia anterior ao que nunca mais passou.
•
não estou esperando nada.
mas também não fui.
é isso que ninguém entende:
o não ir.
o continuar por engano.
o viver como quem segura a respiração
no fundo da piscina
sem saber se ainda é possível subir.
•
III. a parte em que eu entendo
as coisas não melhoram.
elas se adaptam.
e chamam isso de cura.
eu aprendi a conversar sem falar.
a sorrir sem acionar músculo.
a dormir com a sensação
de que algo ainda respira ao lado.
talvez seja eu.
talvez não.
mas sigo deitada.
olhando pro teto
como quem espera uma explicação
que não chega.
•
e então amanhece.
como se nada tivesse acontecido.
como se meu corpo não estivesse carregando
o peso exato
do que ninguém ousa perguntar.
e eu levanto.
porque a vida, ao contrário da morte,
não precisa pedir permissão pra continuar.
Juliana Umbelino • O Luto Sou Eu
#LeitoraVoraz #Luto #Sentimentos #Lar #LiteraturaBrasileira
Outro dia ouvi alguém dizendo que estar só é um caminho, um chamado para voltar para si. Acho que é isso, sabe? Não precisa ser sofrimento, nem castigo, nem fracasso amoroso. Solidão também é território fértil. É quando, sem testemunhas, você aprende a cuidar de si com a mesma ternura que tantas vezes reservou para os outros.
A gente passa tanto tempo buscando por companhia que esquece o quanto pode transbordar sozinho. Ir ao cinema, caminhar numa praça, viajar, cozinhar para si mesmo, fazer um café forte e tomar de olhos fechados, celebrando cada cicatriz, cada tombo, cada queda que fez a gente voar. A gente esquece que é possível ser e existir para além da pressa de ter um amor.
Talvez a solidão assuste mais quem ainda não aprendeu a se olhar no espelho com ternura. Porque voltar para si é difícil. Dá medo. Não é fácil se despir das distrações. Mas quem não aprende a se fazer companhia corre o risco de aceitar qualquer presença pela simples angústia de não saber estar só. E ninguém merece ser metade de si apenas para não ser inteiro sozinho. A carência demanda uma urgência que traz sérias consequências.
Por isso, que você aprenda, enfim, a se habitar. Que ocupe os seus espaços sem vergonha, que sinta orgulho das suas escolhas, que descubra o que te move, o que te paralisa, o que te faz vibrar. Que você tenha paz.
Epaciência. Que a sua solidão seja um reencontro, uma liberdade.
E quando (e se) alguém chegar, que chegue para caminhar ao seu lado, não para tapar buracos ou preencher vazios. Você só precisa aprender a se bastar, para que, quando escolher pousar em um ninho, seja através das asas do amor, e não pelas correntes da carência. Edgard Abbehusen l
Ninguém vai segurar a sua mão o tempo todo. Ninguém vai te lembrar, todos os dias, do seu valor. E é por isso que você precisa ser essa pessoa para si mesmo, sabe?
Claro que o talento conta. A experiência também. Mas nada disso adianta se, no fundo, você não acredita que é capaz de fazer o que precisa ser feito. E não só quando as coisas estão fáceis. Você precisa acreditar quando tudo parecer impossível, quando estiver difícil, quando olhar à sua volta e não enxergar solução, quando a vida te der mais dúvidas do que respostas, quando tudo parecer em vão.
É nessa hora que você precisa acreditar em si mesmo, no que escolheu para sonhar. No sonho que escolheu você.
E vai ter dias em que ninguém enxergará o seu potencial. Ninguém vai bater no seu ombro e dizer que você está no caminho certo. E, ainda assim, você precisa continuar. Mesmo sem aplausos. Mesmo sem garantias. Mesmo sem ter certeza de nada.
O que te leva adiante não é a certeza do resultado, é a coragem de continuar tentando. Sob o sol quente, dia após dia, com noites de sono comprometidas pela ansiedade de querer entender se está no caminho certo. Em todas as escolhas que precisa fazer para seguir adiante. Muitas delas difíceis.
E então, um dia, quando olharem para sua trajetória e perguntarem qual foi o segredo do seu sucesso, você vai poder dizer: eu não desisti de mim. Essa sempre será a resposta certa. Edgard Abbehusen
Você sabe o que sente quando conhece a pessoa certa? Será que vai sentir aquela certeza, quase sagrada, de que a vida colocou bem na sua frente quem você sempre procurou... e que, de alguma forma, também sempre esteve procurando por você?
E aí, vamos reavaliar os planos, recalcular rotas, redefinir prioridades. De repente, o que parecia distante ou improvável passa a ser simples: construir, dividir, crescer. E, no meio dessa simplicidade, a grandeza de perceber que, sim, você está diante de quem pode ser mãe ou pai dos seus filhos, parceiro ou parceira de todos os domingos, cúmplice de todas as memórias.
Aquele conforto de estar na própria pele quando está do lado dela. Aquele encontro de olhos que silencia qualquer dúvida. E pode ser que dure uma vida inteira, ou apenas um recorte de tempo... mas o suficiente para mudar tudo. Para deixar marcas que, mesmo que um dia a vida se encarregue de seguir por outros caminhos, jamais serão esquecidas.
Porque, quando o amor se cumpre, quando aquilo que você via acontecer nos filmes acontece com você... não tem como negar: você simplesmente sabe. Sabe que o nome dela já estava escrito ao lado do seu, muito antes de vocês se encontrarem. Edgard Abbehusen
Passarinhar
No céu aberto voam, leves, pássaros,
De galho em galho, em dança sem razão.
Trazendo à mente alívios tão escassos,
Silenciam o ruído da tensão.
A ciência diz: faz bem contemplar
O voo calmo, o trino sem pesar.
Jesus já disse, ao mundo a escutar:
“Por que, ansiosos, vivem a penar?”
Ali, na rama, habita a paz divina,
O instante puro, o tempo que se inclina
Ao simples ser, sem ter, nem pretensão.
Se queres cura, basta te entregar:
Vai para o campo, aprende a passarinhar
—Com alma leve e livre da aflição.
Edson Luiz ELO
São Paulo, 24 de Maio de 2025
Você chegou como aquela brisa suave da manhã em um domingo tranquilo;
Trazendo consigo tudo o que há de mais belo na vida, me apresentou um lado do mundo que eu ainda não conhecia.
Mostrou-me poemas, livros — daqueles que cativam e trazem paz à alma.
Trouxe Maria Bethânia, com suas letras apaixonantes, cheias de desejo e euforia;
Chico Buarque, com seu amor lírico e suas críticas tão eloquentes.
Me apresentou à cultura, ao amor — e ao quanto ele pode ser belo.
E, junto com tudo isso, trouxe você: feito de música, poesia, textos e sentimentos.
Entrou no meu coração aos poucos, como quem não quer nada…
E, de repente, se foi.
Deixando para trás apenas tudo de bom que pôde me entregar.
Um dia
Um dia vai abrir os olhos e perceber o que deixou para trás.
Um dia vai se perguntar se realmente tomou a decisão correta.
Um dia vai trazer à balança os pesos e analisar se jugou com os apropriados critérios.
Um dia, quando a paixão acabar, o conforto incomodar e nada mais encherem os olhos, vai se lembrar de algo que te bastaria, de um amor que esqueceu no deserto.
Um dia, quando os dias se tornarem monótonos, vai imaginar o que teria acontecido se tivesse aceitado o desafio.
Um dia, a sucessão dos dias vai te fazer perceber o quanto era especial aquele sentimento.
Um dia, terás apenas as lembranças daquela árvore criança que o medo sufocou.
Um dia esbanjarás o que reteve até o momento na tua indiferença que não ouvia o meu lamento.
Um dia quando olhares para trás e não mais encontrar... se dará conta do que jogou ao vento.
Porque não somos perfeitos, mas nos tornamos indispensáveis.
Ass: Teu Amor
Meu diário público 25/05/2025
Me chamo Aline Caira, costumo usar o pseudônimo de Kayra, enfim... carrego em mim a história de uma infância moldada pela hostilidade e crueldade. Um lar que, ao invés de ser um refúgio, foi palco de violência física, mental e psicológica, tecendo uma teia de sofrimento em meu ser. Cresci em silêncio, aprendendo a suportar a dor, pois, aos olhos de meus algozes, eu era um ser desprezível, culpada até mesmo pelas travessuras e pequenas artes inerentes à infância. A cumplicidade de minha própria irmã, que, ao invés de ser amiga, me apelidava de "bruxa", "Olivia Palito" e me atacava com palavras cruéis sobre minha magreza, feiúra e suposta burrice, só aprofundava a ferida. A fachada de felicidade em passeios e eventos logo se desfazia ao cruzar a porta de casa, onde o terrorismo psicológico se instalava. Era o inferno particular, a solidão em meio àqueles que deveriam me amar.
As palavras, como navalhas, cortavam minha alma, somadas às agressões físicas que marcaram meu corpo: chutes, pontapés, puxões de cabelo, socos no rosto, tapas ensurdecedores. Unhas que rasgavam minha pele, beliscões que me feriam profundamente. A violência escalou ao ponto de um afogamento simulado por minha própria mãe em um tanque d'água, um ato que ecoa em meus pesadelos até hoje. Fui atirada da escada, humilhada e exposta a situações vexatórias, com meu pai me xingando e espancando em público, na rua, na escola, até mesmo diante da diretora. A vergonha e o medo se tornaram meus companheiros constantes.
O que torna tudo ainda mais lamentável é a conivência silenciosa dos familiares, testemunhas passivas do meu sofrimento. O motivo? Permanece um mistério doloroso. É incompreensível a existência de seres humanos capazes de presenciar o sofrimento de uma criança e permanecer inertes.
Na vida adulta, carrego comigo essa criança ferida, sedenta por amor e pela segurança que nunca encontrou nos braços de seus pais. A busca por esse afeto perdido se manifesta em padrões de comportamento, em relacionamentos que, muitas vezes, repetem a dinâmica dolorosa do passado.
Minha vida adulta é permeada por tristezas, dores e sofrimentos. A depressão se tornou uma sombra constante, uma batalha diária que me consome. Há dias em que a exaustão me impede de sequer levantar da cama. No entanto, o olhar doce e amoroso de minha filha me impulsiona a seguir em frente. Por ela, por seu bem-estar, não posso me render às minhas próprias dores. Ela é a luz que me guia, a força que me mantém de pé, a razão para lutar contra a escuridão que me assola. E é por ela que busco a cura, a libertação das amarras do passado, para que ela possa ter a mãe que eu nunca tive.
Diário público de Aline Caira
Tenho muitas falhas, contudo, em meio a elas, busquei incessantemente acertar, atenuar minhas dores e sofrimentos. Não sou a imagem distorcida que criaram de mim, nem a representação das palavras maldosas proferidas. Não sou essa criatura monstruosa que engendraram contra mim e minha filha. Fomos filmadas e gravadas com o intuito de nos intimidar, fragilizar e incutir temor.
Eu, Aline Caira, repudio essa caricatura grotesca. Longe de ser esse monstro, quem me conhece testemunha minha sensibilidade, a facilidade com que me comovo às lágrimas, a compulsão em auxiliar o próximo, mesmo em detrimento das minhas próprias necessidades. Sou uma humilde sofredora que, por vezes, veste-se com a armadura da supermulher para ocultar minhas fragilidades. No entanto, sou apenas uma mulher-menina que anseia por um mundo cor-de-rosa com aroma de baunilha.
Não merecíamos tamanha carga de sofrimento, humilhação e atentados contra nossas vidas. Qual a razão para essa crueldade? Por que fomos alvos de tamanha perversidade? Somos seres humanos, filhas de Deus. A ausência de uma família que nos proteja e zele não legitima o direito de nos ferir e desejar nossa destruição.
Essa violência jamais deveria ter ocorrido. Quase me levaram à loucura, agravaram minhas enfermidades. Sofro de depressão desde a infância, mas os tormentos intensificaram meu sofrimento. Atentaram contra nossas vidas, fomos expostas de forma humilhante e vexatória perante toda a cidade de Franca. Perdemos nosso lar, sucumbimos diante de tanta maldade. Onde está a humanidade? Onde reside o amor de Cristo?
Se não fosse a presença divina em minha vida, eu estaria morta e minha filha órfã. Imaginem minha filha abandonada nesse vale de sombras onde fui depreciada, onde o berço que me viu nascer se transformou em um mar de sofrimento e terror psicológico. Minha filha se tornaria uma delinquente sofredora em meio a narcisistas. Que Deus Pai Todo Poderoso nos proteja sempre dessas almas corrompidas.
Que possamos seguir em frente com a humildade de um recomeço. Eu, minha amada e doce filha, e nossa dog Princess Clara. Iniciaremos um novo ciclo, uma nova era, sem medos, sem sofrimentos, mais próximas de Deus e com a família que escolhemos para ser nossa. Aproveitaram-se da nossa condição de sermos apenas eu e minha filha se encorajaram para nos destruír. Mas Deus é maior, Deus não permitiu tamanha maldade.
Deus é bom o tempo todo.
AS PÁGINAS DA VIDA
Autora: Lourdes Duarte
As páginas da vida são cheias de surpresas
Momentos alegres, felizes ou tristes e especiais.
Capítulos por capítulos, escritos no arrebol da vida
desbravando sonhos! Mágoas, dores e paixões.
Mantive-me em pé, mesmo ferida, destroçada,
Varri a alma, aliviando as angústias, abatida
Desbravei mistérios e fantasias, fui feliz.
suportei sofrimentos e decepções, mas não cai.
Mantenho a chamada da esperança acesa,
Escrevendo a minha história, ora alegre, ora sofrida
Convivendo com vitórias e fracassos, do meu jeito,
Não aprendi a conviver com falsos e na solidão.
Nos capítulos da vida escrevo maravilhas
Convivo com pessoas que amo e me fazem felizes
As flores nos campos, o ar que respiro, a natureza
O sorriso das crianças e Deus que me estende a mão.
Tento reflorescer a minha vida, amando-a
Felicidade eterna sei que não existe
Mas no livro terrestre da minha história
Os autores principais, Deus e eu.
