Amor Textos de Luis Fernando Verissimo
Genial
Genialidade nas linhas que escrevias,
Que se perpetuam por gerações.
Genialidade nos versos que compunha,
Para entalhar nos corações.
Genial para exaltar um povo,
Uma nação, um país.
Genial para buscar o novo,
E uma forma de ser feliz.
Gênio triste... Talvez!
Que também viveu alegrias,
Poeta de enorme altivez.
Genial GONÇALVES DIAS.
Reticências
Um grafema bastava-me.
Pouca coisa eu queria.
Saber que ali eu estava
Enchia-me de alegria.
Uma palavra já seria até demais.
Uma frase eu nem sei se mereceria.
Ser estrofe? Nunca. Jamais.
Muito menos ser a tua poesia.
Uma página eu ganhei.
Antológico você me fez.
Ali para sempre estarei.
Muito mais do que sonhei.
Livro é o que hoje sou.
Capa dura preferida.
Um romance de amor.
Uma história para toda vida.
Falar de você
Falar de você Gonçalves,
Faz pensar no canto do sabiá.
Em estrelas, palmeiras e flores.
Da frustração nos amores.
Do viver lá como cá.
Homenagear você Gonçalves,
Faz pensar no amor que não viveu.
Em todos teus sonhos iludidos
E no crime que não cometeu,
Mesmo quando a amada perdeu.
Saudar você Gonçalves,
Faz lembrar oceano.
Um romântico leito de morte.
Mesmo com seus poucos anos
Selou a tua sorte.
Na presença da morte foste forte,
Um guerreiro lutador
Nacionalista e sonhador
Enalteço com alegria
Magnânimo... GONÇALVES DIAS
Quando eu vivi
Quando eu vivi,
Nunca fui notado.
Nunca estive no centro.
Sempre fui deixado de lado.
Pra sobreviver aprendi.
Perdoei para ser perdoado.
Externei tudo o que senti.
Amei para ser amado.
Erros e acertos equilibrados.
Sucessos e fracassos suplantados.
Matéria só tem valor
Antes de ser sepultado.
Não vem
Chega, desisto de ficar esperando.
Nunca mais voltarei aqui.
Neste tempo que ainda tenho,
Deste lugar me abstenho.
Aqui, um dia,
Prometemos amor eterno,
Faz tempo, eu sei,
Mas isso aqui virou um inferno.
A data eu não lembro.
Acho que era primavera,
De flores cheirosas.
De lindos botões de rosa.
Eu voltei. Você não veio.
Quebrou a promessa ao meio.
Não terei mais devaneios,
Só eu voltei. Você não veio.
Corações
Dos corações que eu tinha
Quase todos foram embora.
Restou-me apenas este
Que bate no peito agora.
O do amor partiu primeiro.
Depois foi o aventureiro.
O sonhador foi em terceiro.
Por último o bagunceiro.
O que ficou é técnico.
Não conhece emoções
Reto e muito ético.
Apenas cumpre suas obrigações.
Tenho saudades dos que foram.
Eles que me davam alegria.
Todos valiam ouro.
Sinto falta das folias.
Uvas, beijos e chocolates
Sem pensar joguei-me em ti.
Sem licença fiz castelo.
Sem habite-se me instalei.
Sem base me apaixonei.
Sem receio se ausentou.
A construção embargou.
Pediu que eu saísse,
Até a estrutura desabou.
Cabisbaixo, fui andando.
Comigo somente meu corpo.
Nem precisei de mochila.
Na mão só um litro de tequila.
Lento os dias foram passando,
Meu sorriso encurtando.
Nossos caminhos descruzando,
Eu de você sempre lembrando.
Se me vir neste universo
Num improvável desempate,
Estarei compondo versos
De uvas, beijos e chocolates.
Psicóticos e insanos
Viver é lacônico, ainda assim cansa.
Proliferam-se as más experiências.
Infindáveis dias de constantes esperas.
Justificáveis se ao final o amor prevalece.
Viver é enfrentar chuvas e tempestades.
É reverenciar até quem não tem majestade.
É fingir loucura na mais sóbria demência.
Preencher espaço, lacunas e carências.
Viver carece de pele bronzeada.
Sempre ao perdedor compete recomeçar.
Fazer a história mesmo na estrada do medo.
Gerir e velar versos vivendo segredos.
Felicidade é quando o amor domina sonhos.
Quando mesmo distraída aceita minha flor.
Divago em canções que componho.
Cenários psicóticos e insanos de amor.
Furou-se a bola do destino.
Calaram-se Luigi e Mário.
Aterrissou-se a pandorga em desatino.
Ficaram no quarto os monstros temerários.
O vidro ficou inteiro,
A porta não mais se abriu,
Dias tristes e sem travessuras
Depois que o menino partiu.
A grama dominou os caminhos.
Enferrujou a gaiola,
O vento soprou sozinho,
Sobrou uma mesa na escola.
O sabão não fez mais bolhas,
A tristeza fez a vida em pedaços.
Do coração caíram todas as folhas.
Faltam na alma os infantis beijos e abraços.
Hoje eu vi você.
Hoje eu vi você...
Com saudades acariciei teus cabelos.
Provoquei arrepios cobrindo-te de beijos.
Tornei-me prazer no toque ao teu corpo inteiro.
Hoje eu vi você...
Roçando meu rosto com murmúrios ao ouvido.
De olhos fechados mirando meus lábios.
Senti meu pescoço sutilmente acariciado.
Hoje eu vi você...
Senti o perfume de um corpo excitado.
Pele macia, sorriso meigo e perfumado.
Sensível delícia pousada ao meu lado.
Hoje eu vi você...
Nos olhos vi o brilho da mulher feliz.
Deitando a cabeça em meu peito suado.
Prazer convincente em desejos trocados.
Sem legados
Quando eu partir,
Serei pouco lembrado.
Se alguém perceber minha ida
Lembrará já conformado.
Não deixo nenhum legado,
Nem saudades arquivadas.
Deixo apenas um poema inacabado
E lembranças do passado.
Depois que a dor ao passar entrou,
Nunca. Nunca mais me alegrei.
Se a vela Deus assoprou.
É que ausente eternamente estarei.
Água doce
Da vida quero a certeza que tentei.
Que fiz o melhor que pude.
Nada mágico nesta existência.
Não busco o extraordinário.
Tenho o âmago da coerência.
O eterno está na efemeridade de um momento.
Absorvo as dores suportando calado, meus sofrimentos.
A saudade sempre superar os amores.
Se não correspondo, do mundo, os anseios,
Não trarei na minha essência qualquer lamento.
Recebo imóvel a negativa,
O não jamais será definitivo.
Conquisto um minuto de uma vida
Basta um olhar profundo e afirmativo.
No fundo do poço tem um mínimo de ar,
Com imaginação se tem praia longe do litoral.
Há sempre um dia, certamente,
Que a água doce chega ao mar.
Meu amor mora em meu ser
Num lugar que Deus abençoa.
Tenho por tudo um amor a oferecer,
Amo, acima de tudo, as pessoas.
Acordar
Se eu continuar dormindo,
Entenda da melhor maneira.
Talvez eu esteja sentindo
Ou pode ser só canseira.
Se os olhos eu não abrir
Pode ser por estar feliz.
Pode ser desejo de partir
Ou apenas porque não quis.
Da noite trago sonos esquisitos
Delírios. Insônias. Mosquitos.
E sonhos de amor fraternos.
Meus devaneios nem edito
Pois neles nem eu acredito.
Sou mortal, jamais serei eterno.
Lado de fora.
Sentei-me do lado de fora de mim.
Ao relento.
Ali, pensativo... Olhei-me.
Olhei nos olhos da minha vida.
Nos seus cabelos brancos.
Como ela está envelhecida.
Também refleti nela.
Nada mais da criança que vi crescer.
Nada mais do menino com sorriso encantador.
Um restinho de sonho esquecido num cantinho.
Por uma fresta pude ver morto,
Um poema outrora tão lindo.
Que dó!
A antiga canção agora tinha uma nota só.
Não vi garotas nas paredes internas.
Não vi paisagens emolduradas.
No vaso, flores sem vida.
Um amarelado retrato partido.
Poeira densa sobre os vidros.
Pedaços de vida espalhados pelo chão.
Sem cordas, na mesa descansa o violão.
Mas algo ainda se movia,
O amor alegremente respirava.
Não morre o homem
Enquanto viver a ilusão.
Verdade invisível
Sem ser prevista a invasão aconteceu
Não foi possível reação.
Meu pensamento ligou-se ao teu
Levando-me a comoção.
Não fui notado em trajes majestosos
Em meio à multidão,
Com gestos receosos,
Buscando-te na contramão.
Invisível estive quando sentei
A beira da fonte ouvindo suas águas
E pensativo lacrimejei.
Minha peregrinação nunca parou
Sem ser visto sempre busquei
Mas a verdade jamais se apresentou.
Sonhos
Que a certeza da morte
Não sirva de pretexto.
Que se morra pelos sonhos
E não com eles.
Ainda que ao acordar
Finde o devaneio num segundo.
Que não se deixe de ancorar,
A utopia de um justo mundo.
Fantasias e vida se misturam.
Feito pedras e concreto.
A vida tem anseios que não duram.
Mesmo efêmeros, sonhar é sempre correto.
Não olhe agora
Não olhe agora,
Minha timidez vai me condenar.
Verás apenas meus olhos sem brilho.
Meio tristes e com vontade de te encontrar.
Não olhe agora,
Neste momento não há ondas no mar.
Apenas o barco da saudade ancorado e mudo
E a brisa fria insistindo em me torturar.
Não olhe agora,
Tudo é silêncio. Posso teu íntimo escutar.
Meus ouvidos se fecham nesta hora,
Pra não ouvirem a música que faz emocionar.
Não olhe agora,
Estou apenas olhando pra você.
Não tenho flores pra te dar.
Só versos secos pra te oferecer.
Não olhe agora,
Não quero que me vejas assim descontente.
Prefiro te ver feliz depois
Quando estiveres em minha frente.
Espelho (Homenagem ao dia dos pais)
Aparentavas tanta resistência.
Mas no fundo, no fundo era mole.
Por vezes eu e meus irmãos nos espremíamos em recolhimento.
Não por medo, por respeito.
Penso em quanto sofrimento passaste em sua vida simples e pobre.
Eu via em você um cerne, resistente a tudo e a todos.
Nem a eminente fome parecia mudar teu semblante.
Nunca vi choro em seus olhos, exceto na sua viuvez.
Mas tenho convicção que para cada filho que seguia os próprios passos
Colocavas lágrimas no canto do olho.
Era mestre em disfarçar. Mas adoçava-se a cada uma destas partidas.
Com quinze anos, me fiz adulto e segui meus passos.
O homem refratário, penso até hoje, preferiu não me ver partir.
Era contido em suas demonstrações de afeto, contudo tinha no peito,
Um coração generoso que a nós transferiu pedaços.
Com minha vida ancorada nas minhas próprias costas
Passei a entender ações e reações de um pai.
Vi-me sozinho e triste em muitas esquinas da vida.
Descobri porque ele tentava mostrar ser aquela fortaleza.
Hoje meu corpo já acusa a idade.
Na mesma proporção meu coração acusa ainda mais a saudade.
Os valores que recebemos não foram financeiros.
Ainda bem.
Hoje sabemos o valor de cada coisa.
Jamais esqueceremos os conselhos, ensinamentos e exemplo que foste.
De você, herdamos o melhor:
Princípios dignos de justiça e convivência social.
O amor pelas pessoas independente de qualquer outra coisa.
Herdamos a certeza que o bem sempre vale mais a pena.
Ficamos sem tua presença física, mas sei que nunca nos abandonaste.
Onde estiver pai, um beijo de reconhecimento e amor neste dia dos pais.
Um dia II
Um dia tive que entender que sou finito.
Que ninguém ficará pra semente.
Que existem os feios e os bonitos.
Que sendo como for, somos apenas gente.
Um dia me propuseram eliminar as aventuras,
Apenas cuidar da saúde do corpo.
Tocar a vida sem fazer loucuras
Viver na base e esquecer o topo.
Um dia me pediram pra repousar,
A entender que o sonho acabou.
Todos os projetos de vida abandonar.
Só entende, quem por isso já passou.
Impossível. Não nasci pra me acomodar.
Não vou reclamar da sorte.
Lutarei enquanto respirar,
Cessarei sim. Perante a morte.
Silêncio insano
Eu conheço o barulho da porta que fecha.
Já senti o suor das mãos frias.
Conheço a dor na cravada da flecha.
Pisei as pedras da estrada vazia.
Eu conheço o grito que ninguém ouve.
O silêncio que nos faz insano.
Já via lagarta na folha da couve
Vi a tesoura cortando no pano.
Eu conheço a tristeza da estação depois que o trem passa.
A incerteza se a dor irá parar.
Já vi choro no embarque, ouvi as promessas.
Coração que se divide pra depois suspirar.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp