Amiga Mensagem Ana Maria Braga

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⁠Recordando -

À noite no jardim, avanço pelo crepúsculo,
esplendido, nocturno nas vagas rumorosas.
Parece a Vida morta, suspensa, num tumulo,
como pétalas caídas, desfolhadas de uma rosa ...

Que o Céu, angustiado e soberano,
estrelado manto de saudade,
encobre os versos que declamo,
nestes tempos dolorosos de vaidade ...

Ai pudera eu viver
no extinto e no porvir,
que o Amor sem Primavera,

traz espanto e quimera,
agonia e quebranto,
ao ser que nada espera!

Inserida por Eliot

⁠Poema Controverso -

Lá longe, tão longe, por ti clama a minha voz!
Cá perto, tão perto, em ti meu pensamento!
Pensar, quão triste, pensando em nós,
dor, tão funda, o teu afastamento ...

Um nós, tão longe, não existe ...
Existe, é fim, meu triste coração!
Eterno e vago, instante que persiste,
numa triste, eterna e vaga solidão!

Triste meu pobre coração - tão triste -
sem destino ou direcção,
esmorece, pobre e escassa ilusão!

Minha Pátria, minha casa, meu deserto,
minha asa, meu orgulho, meu chão,
meu desejo incontrolado, meu poema controverso ...

Inserida por Eliot

Intima Impotência -

(⁠Diálogo da Personalidade Com a Alma)


O dia triste e pesado amanheceu!
"- Onde foste Ricardo?!" Escutei e tremi ...
Fui ali pedir a Deus
que me deixasse morrer, respondi!

"- E porque vens tão triste,
absorto e solitário?! Vens a tremer!"
Porque Deus me disse
que tenho muito que viver! ...

"- E isso é mau?!"
Não. É triste. Perturbador ...
"- Porquê se és tão novo?!" Não há idade p'ra minha dor!

Para mim, viver é morrer e morrer é viver!
"- Ó Poeta sonhador, aos 20 anos,
tão confuso e sofredor ..."

Inserida por Eliot

⁠Dura Memória -

Estou cansado, triste e infeliz,
fim de dia cansado e triste ...
Diz-me que mal te fiz!
Diz-me porque partiste!

Às vezes penso em matar-me
p'ra matar em mim esta saudade ...
Mas se a matasse, não iria pois lembrar-me,
da única coisa que deixaste!

Hei-de lembrar-me até morrer
das horas doces que passámos,
feitas horas de penar, feitas horas de sofrer ...

Perder - perder - dura memória!
Hei-de viver, e sofrer tanto até morrer,
numa dor austera, permanente e irrisória ...

Inserida por Eliot

⁠Nós Somos Assim -

Sonhamos voar mas tememos cair!
É preciso coragem. Alento sem fim ...
O vazio, a miragem que é preciso sentir,
faz-nos fugir, nós somos assim!

E há dor e vazio em cada voar!
Mas é no vazio que a Vida diz "SIM" ...
Chorar e sofrer é aprender a amar,
fugimos da dor, nós somos assim!

Destino e coragem é saber de onde vim!
Mas vimos de onde?! Tememos saber!
Fugimos da Vida, nós somos assim!

E o que sei eu de mim?!...
Vivo escrevendo, ganhando a perder,
fugindo da vida, nós somos assim!

Inserida por Eliot

⁠Almas do meu Pais -

Chorai ó Almas do meu País!
Convulsionada estância, pesadelo
e distância. Aonde vais
ao som do violoncelo?! ...

De que vivem vossas esperanças?
Por onde passam vossos barcos?
A tristeza e a bonança
erguem praças, fazem arcos ...

Soluçam fundas as ruínas.
Caudais de desespero
de ilusão e choro - inteiro!

Dançam Astros no firmamento.
Solidões lacustres, urnas quebradas,
chorai arcadas, Almas do meu País - despedaçadas!

Inserida por Eliot

⁠Contrassenso -

Ai quem tem a Alma perdida
sobre espinhos vai no chão,
ai quem tem perdida a Vida
amargos sonhos lhes darão ...

Amargos sonhos lhes darão
a quem tem a Alma perdida,
resigna ao pó do chão
Pois tem perdida a Vida ...

Pois tem perdida a Vida
quem resigna ao pó do chão
e canta em tom de despedida!

E canta em tom de despedida
quem resigna ao pó do chão
jaz vencido pela Vida ...

Inserida por Eliot

⁠Transtorno -

A Solidão é densa pedra
onde afio a minha espada!
Estar vivo e não amar-te, quem me dera,
nesta vida que me mata ...

Há um pronuncio de morte
lá no sitio de onde venho.
Abandonado à minha sorte,
ter nada, é o único que tenho ...

Mudou a vida e com ela o meu lamento!
Hoje o poço é de água funda
onde afogo o meu tormento ...

Transtorno audaz e violento!
Sem ti, tudo em mim é escuridão,
chuva impelida, longínquo encantamento ...

Inserida por Eliot

⁠Minha Amada -

É densa a noite escura
mais escura a minha solidão,
solidão é falta de ternura
que trespassa o Coração ...

Minha fronte marmorizada
invadida de lamento,
uma Alma apaixonada,
um epitáfio, um tormento!

Minha Amada! Minha Amada!
Meu silêncio, meu quebranto,
de mim p'ra sempre separada ...

Meu segredo, minha ave, alada,
tão longe e tão perto, meu encanto ...
Minha Amada! Minha Amada!

Inserida por Eliot

⁠Silêncios e Punhais -

Quando frios nos separámos
entre silêncios e punhais,
solidões e vendavais,
soubemos que nunca nos cruzámos!

Minha Alma pálida, sombria se fez,
gelado gesto o teu abraço,
aquele que me deste, ultima vez,
triste corpo em meu regaço!

E fracassaram as promessas!
Do que agora estou sentindo
só tenho uma certeza, não regressas!

Hei-de para sempre lamentar-te,
e se um dia vieres ao meu encontro,
após tardos anos, sei que ainda hei-de amar-te!

Inserida por Eliot

⁠Último Momento -

Que pensarei no último momento
antes de morrer?!
Qual será o último sentimento
antes desse eterno adormecer?!

Ai quem dera à hora de partir
levar no coração como certeza
que pelo facto de simplesmente existir
este mundo saiu um pouco da crueza!

Será pretensiosa a minha esperança?
Ilusão, arrogância, tolice?!
Não! Quero que seja uma Herança

que entre escolhos aqui fica:
"Toma sempre e sempre em tuas mãos (alguém disse)
o destino da tua vida ..."

Inserida por Eliot

⁠Horas Ociosas -

Há horas que nos vivem
de tristeza e agonia, horas ociosas
que a ilusão nos perpetua! E as Almas sentem
tristes agonias, frias ilusões em horas mortas ...

Alta vai a Alma à hora da morte,
já o tempo, afoito, se lhe esgotou,
já se foi, despedaçada a sua sorte
agoirada por um corvo que ali passou ...

Grasnou! Grasnou! Soturno, austero ...
Noite densa, esvai-se a Luz
e o negro corvo poisa na mormória cruz!

Olhou! Olhou! Sombrio em desespero ...
Tlão ... tlão - no cemitério - não viu ninguém!
E num lento restolhar levanta voo e voa além ...

Inserida por Eliot

⁠Rejeição -

Quando chego, onde quer que seja, disfarço
um estranho mal-estar,
pareço bem, mas afinal, é falso,
na verdade, não sei como hei-de estar!

Encontro no olhar de toda a gente
o mesmo pensamento – “vai-te embora!”
Ninguém me vê, ninguém me sente,
e eu, tão só, saio porta-fora!

Não é mau ficar só, posto de lado,
chegar cansado, mal-entendido, caluniado!
Afinal, eu não sou igual a toda a gente

e a minha glória é ser diferente,
como Cristo, um rejeitado,
mas de quem se fala eternamente …

Inserida por Eliot

⁠Confusão -

Não sei em que estado me encontro!
Não sei se te desprezo, se te amo, se te quero …
Há em mim um estranho contraste, desencontro,
encontro, reencontro - não sossego!

E quem me falta encontrar
neste mundo de desencontros?!
Talvez alguém a quem amar
como em antigos contos …

Mas onde procurar?!
O amor não se procura – dizem as gentes –
há-de se encontrar …

Então há que esperar!
Mas até quando esperarei?! …
Vejo o tempo a passar … passar …

Inserida por Eliot

⁠O Poeta e Eu -

No silêncio da vida em redor, olho tudo,
nada já me apraz ou me convém,
ante os olhos seus, serenos e cruéis, fico mudo,
e até meu corpo fica morto, também …

Poeta que me vive e me consome,
sereno e tranquilo, meu delírio,
minha graça e desgraça, minha fome!
Deixa-me resignar! Estou cansado! Meu martírio.

Eu só queria ser vulgar …
Alguém que vive a vida e nada mais,
sem versos nem reversos, ser normal!

Mas sei que não partirás! Pois não
terias ninguém mais que te acolhesse,
e eu, ninguém mais no coração …

Inserida por Eliot

⁠Évora Morta -

Évora morta curvada à solidão,
ruas tristes, tristes ermos, calçadas e janelas
que na dolência, ao passar, ansiando por perdão,
gemem pelas horas a desgraça das vielas …

Évora morta deleitada à solidão
terra seca de melancolia
que o tempo leva pela mão,
na brancura, dia-a-dia …

Évora morta num silêncio que vigia,
num espasmo de quimera
numa noite que inicia … e quase desespera!

Mas quando manhã alta o Sol desponta,
Évora desperta, Évora amanhece,
para logo anoitecer, e voltar a ser, Évora morta!

Inserida por Eliot

⁠Vazio e Nada -

Já nada me espanta ...
Já nada me espera ...
Não há Vida nem esperança,
ter esperança quem me dera!

Já não estou em falta
com ninguém,
quimera, espanto,
desdém ...

Só há Vazio E Nada!
Ah se a morte viesse de mansinho
me pegasse na mão e me levasse

sem alardes nem bulício,
queria ir só, tão sossegado e calmo
como nunca consegui viver ...

Inserida por Eliot

⁠Dialogo Nocturno -

Meu Amor, chegaste?
Sim Amor, cheguei ...
E a candeia, apagaste?
Sim meu bem, apaguei ...

E a porta Amor, fechaste?
Sim Amor, fechei ...
E que bulício é aquele?! Não sentes?!
Não sei Amor, não sei ...

Talvez seja a Vida a bater à porta
ou os deserdados, sem tino nem História
que vivem lá fora ...

Sem tino nem História?! Mas quem são?!
Tolos, amigos, parentes, qu'importa?!
Ó Amor - importa! - vai dar-lhes a mão ...

Inserida por Eliot

⁠Da Janela da Casa do Outeiro -

Da Janela da Casa do Outeiro
avisto o cemitério
num doce entardecer, triste e derradeiro...
E há silêncio na aldeia, um eterno desidério!

Corre o vento, passam aves embaladas
voando ao Sol-poente...
E ao longe, na Serra da Barrada,
descansa o horizonte ...

Quando a tarde cai sobre Ela,
desperta em mim uma saudade,
uma vontade de ficar no alto da janela ...

No cemitério, movem-se os ciprestes por instantes
e até os mortos se alevantam
p'ra ver a tarde penetrante ...


(À Casa da minha Infância no Outeiro em Monsaraz)

Inserida por Eliot

⁠Ao Ritmo do Tormento -

Meu corpo. Mágoa. Quebranto...
Lôdo. Espuma. Sem Vida ...
Destino. Poema. De espanto ...
Silêncio. Esperança. Perdida ...

Saudade. Ausência. Solidão ...
Paixão. Sem fim. Amor ...
Deus. Ó Deus. Perdão ...
Pequei. Perdão. Senhor ...

Memória. Vai. Sê breve ...
Adeus. Adeus. Tormento ...
Parte. Esmorece. Sê leve ...

Tudo. Em mim. Desvanece ...
Nada. Em ti. É lamento ...
Minh'Alma. Parte. Perece ...

Inserida por Eliot

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