Alague seu Coracao de Esperancas Fernando Pessoa

Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.

Não há dor que o sono não consiga vencer.

Amor e desejo são coisas diferentes. Nem tudo o que se ama se deseja e nem tudo o que se deseja se ama.

O ódio tem melhor memória do que o amor.

Suporta-se com paciência a cólica do próximo.

A educação para o sofrimento evitaria senti-lo com relação a casos que não o merecem.

O acaso... é um Deus e um diabo ao mesmo tempo.

Necessitamos sempre de ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos torna sem ambição.

Faz parte da natureza das mulheres desprezar quem as ama e amar quem as detesta.

É horrível assistir à agonia de uma esperança.

É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.

As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.

O amor é uma fonte inesgotável de reflexão, profunda como a eternidade, alta como o céu, vasta como o universo.

O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.

Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.

O amor sem esperança não tem outro refúgio senão a morte.

É o espírito que conduz o mundo e não a inteligência.

O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade.

É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.