Ainda mais te Amarei na Morte

Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.

O segredo de todo o poder consiste em saber que os outros são ainda mais covardes do que nós.

Quando somos belas, ficamos ainda mais belas sem adornos.

Os nossos pais, piores do que os seus, geraram-nos / ainda mais celerados do que eles; nós, por nossa vez, geraremos / filhos ainda mais perversos do que nós.

A razão, já tão insuficiente para prevenir as nossas infelicidades, ainda mais o é para nos consolar delas.

Nos altos empregos os grandes homens parecem ainda maiores; mas os pequenos figuram de mais diminutos.

Traz sempre diante dos olhos a morte, desterros e tudo que se tem por trabalho, e mais que tudo a morte. E com isto nem terás nenhum pensamento baixo, nem desejarás nada com muita força.

Só o amor, e não a razão, é mais forte do que a morte.

O amor é vida quando não é morte; é berço e também sepultura.

Toda a recusa duma linguagem é uma morte.

O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração.

O que é trágico na velhice é que a morte é normal. E a sua vantagem também.

Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida.

A morte está escondida nos relógios.

A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que os bens tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.

Portanto, hipocritamente os velhos invocam a morte, / e criticam a velhice e a longa duração da vida: / quando a morte se aproxima, ninguém quer / morrer, a velhice não pesa mais.

Vem morte, tão escondida, / que eu não te sinta chegar, / para que o prazer de morrer / não me dê novamente a vida.

Só a música pode falar da morte.

Não é verdade que a morte é / o pior de todos os males; / é um alívio para os mortais / que estão cansados de sofrer.

O lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo.