Aforismos de Nietzsche

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Existem, por certo, inúmeras verdades, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te do outro lado do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa, tu te hipotecarias e te perderias.

O Ocidente e o Oriente são linhas imaginárias que alguém traça com um giz diante dos nossos olhos, para enganar a nossa pusilanimidade.

⁠Primeiro equívoco de Deus: o homem não achou divertidos os animais – dominou sobre eles, nem sequer quis ser «animal». Deus criou, então, a mulher. E, efectivamente, cessou o tédio, mas também ainda muitas outras coisas! A mulher foi o segundo erro de Deus. «A mulher é, por essência, uma serpente, Eva». Todo o sacerdote sabe isto; «pela mulher vem todo o mal ao mundo» – também isto o sabe todo o sacerdote. «Logo, a ciência também vem dela»...
Foi só pela mulher que o homem aprendeu a saborear a árvore do conhecimento. Que aconteceu? Um pânico de morte se apoderou do Deus antigo. O próprio homem tornara-se o seu maior erro, ele criara um rival, a ciência iguala a Deus: se o homem se torna científico, é o fim dos sacerdotes e dos deuses!

O anticristo

" O Valor da Vida não pode ser avaliado."

O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins".

Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sitio.

Temos a arte para não sucumbirmos junto à verdade.

Friedrich Nietzsche
A Vontade de Poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

Elogiamos ou criticamos de acordo com a maior oportunidade que o elogio ou a crítica oferecem para fazer brilhar a nossa capacidade de julgamento.

Friedrich Nietzsche
Humano, Demasiado Humano. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Elogiamos ou censuramos, a depender de qual nos dá mais oportunidade de fazer brilhar nosso julgamento.

Friedrich Nietzsche
Humano, Demasiado Humano. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Ninguém mais morre hoje de verdades mortais, há antídotos em demasia.

Friedrich Nietzsche
Humano, Demasiado Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

A grande conquista da humanidade, até agora, é não precisarmos mais temer continuamente os animais selvagens, os bárbaros, os deuses e os nossos sonhos.

Friedrich Nietzsche
Aurora. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

⁠Muitas vezes ri dos fracotes que se creem bons porque têm patas aleijadas!

Friedrich Nietzsche
Assim falou Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
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⁠O que é bom? – Tudo o que eleva o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder no homem.
O que é mau? – Tudo o que vem da fraqueza.
O que é felicidade? – O sentimento de que o poder cresce, de que uma resistência é superada.
Não a satisfação, mas mais poder; sobretudo não a paz, mas a guerra; não a virtude, mas a capacidade (virtude à maneira da Renascença, virtù, virtude isenta de moralina).
Os fracos e malogrados devem perecer: primeiro princípio de nosso amor aos homens. E deve-se ajudá-los nisso.
O que é mais nocivo que qualquer vício? – A ativa compaixão por todos os malogrados e fracos – o cristianismo...

Friedrich Nietzsche
O anticristo e ditirambos de Dionísio. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Enfim, quando a tábua de sua alma estiver totalmente coberta de experiências, ele não desprezará nem odiará a existência, e tampouco a amará, mas estará acima dela, ora com o olhar da alegria, ora com o da tristeza, e tal como a natureza terá uma disposição ora estival ora outonal.

Quando o seu olhar tiver se tornado forte o bastante para ver o fundo, na escura fonte de seu ser e de seus conhecimentos, talvez também se tornem visíveis para você, no espelho dele, as distantes constelações das culturas vindouras.

Friedrich Nietzsche
Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

⁠Deverás tornar-te Quem de fato És !

O homem é um rio turvo. É preciso ser um mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

Friedrich Nietzsche
Assim falou Zaratustra. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.

⁠Existem dois tipos diferentes de pessoas no mundo, aqueles que querem saber e aqueles que querem acreditar.

⁠O sinal mais inequívoco de desprezo pelo homem é considerar todos meramente como meios para os próprios fins.

⁠O homem livre é guerreiro.

Friedrich Nietzsche
Crepúsculo dos Ídolos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

⁠O que importa não é a vida eterna, e sim a eterna vivacidade.

Friedrich Nietzsche
Camus, Albert. O mito de Sísifo. Rio de Janeiro: Record, 2019.