Abstrato
Injustiça é uma palavra que você não consegue explicar muito bem por ser abstrata, mas que é facilmente compreendida por quem sofre.
Enlevo
Com um ruído estrídulo, a sineta soa
Apressurados, todos correm,
O encontro é no pátio relvado e sempre bem aparado,
Na ciranda, ordenados em círculos,
O ponto máximo é expressado através de um “verso bem bonito,
um adeus e vá-se embora”!
As alocuções proferidas acanhadamente,
tinham objetivo:
A menina dos olhos, doce de jabuticaba,
Da pele macia e abrasada,
Longos cabelos negros e lisos,
De vestido rúbido
E sorriso exibido.
A timidez ingênua camuflava o romantismo temporal,
Muitas vezes declarada em manuscritos anônimos,
Entregues pelo comparsa que, no primeiro momento, não revelava o autor...
Cerrando os olhos, sinto a fragrância das cópias azul- arroxeado,
Quanto mais álcool no mimeógrafo, mais clara era a impressão.
Ah, a fonética e a fonologia, a variedade linguística,
Os substantivos, adjetivos e pronomes...
Lugar, espaço e paisagem, mapas, escalas gráficas e numéricas,
Litosfera, atmosfera e seus fenômenos...
Por que o tempo muda?
Egito, Grécia, Roma e seu legado cultural...
Biodiversidade, cadeia alimentar, decompositores,
A terra e o universo, álgebra, as formas e medidas...
Acrônico...
Eu e esse meu cacoete de sentir o tempo,
Esse hiato abstrato,
Observando pela janela os sonhos juvenis,
Rememorando a poesia e o romantismo das rodas de ciranda...
O quão mais aleatório for o valor de uma razão usada para gerar um novo resultado, mais dificilmente haverá um outro resultado semelhante a este.
Sou um livro de poemas sinceros,
Publico-me sem clareza.
Loquaz, gosto de desperdiçar as palavras,
Como num conto abstrato,
Pintado em letras.
A minha existência real monologa com (dois) amores distantes... E o somatório do apreensível com o abstrato recai perguntas e respostas apenas sobre mim.
Entre estrofes e versos
Poemas e poetas
Encontro homens imersos
Nestas vidas inconcretas
E para todos aqueles
Que alcançaram ou não suas metas
Negam então,
Para seus netos e netas
Que seria isso tudo, senão
O abstratismo das coisas concretas
É fato que, por mais cético e racional que possa parecer alguém, todos temos nossas abstrações de estimação. De deuses até a vontade de "vencer na vida", o abstrato é o centro de nossas órbitas de alguma forma. Não permita que ninguém lhe que sonha demais, que é difícil demais, que demora demais ou que és só mais um num aglomerado qualquer; não deixe que violem os seus abstratos pois, de certa maneira, eles o nortearam pra chegar onde está. Valorize-os. Que seja um flash na memória, um desejo; que ele ainda não tenha nome, procure-o.
Eu sei, eu sei... parece mais um dentre os enis textos motivacionais que você lê por aí mas, por um minuto, pense: o que o trouxe até aqui? Olhe ao seu redor... Olhe para as pessoas que te rodeiam... elas são fruto dos seus abstratos. Elas também fazem parte deles mesmo que não planejadamente.
Pra onde tens corrido?! No que pensas antes de adormecer? O que te motiva à acordar todas as manhãs contra sua vontade leitor? Tens mesmo pensado em onde quer chegar, ou só corre porque o tal aglomerado tem corrido? Siga os seus motivos.
Não pense que as coisas que estão a sua disposição foram criadas por pessoas mais inteligentes que você pois elas não pensaram assim quando as criaram. Se não puder mudar o mundo detentor de todos nós, transforme o seu... Garanto-lhe que ele irá surtir grandes efeitos por onde passar.
Caro leitor, olhe novamente ao seu redor... Nada está aí se não por uma razão: pra te fazer maior.
E, por fim, desejo-lhe duas coisas: em primeiro lugar, que olhes o mundo que o cerca com outros óculos, em outras palavras, que seja mais otimista; que vejas em vales campos de vida, que vejas no além da névoa um mundo colorido, radiante e seu. Em segundo lugar, desejo-lhe um amor que o mereça. Porque, por mais que corras por toda uma vida e consiga tudo o que sempre quis, se olhares para trás e ver que faltou-lhe amor, sem receio digo que, terás corrido em vão.
Ouço vozes de todos os lugares
Mas não consigo ver ninguém
Todos em busca do que são
Ou simplesmente querendo ser alguém
Tudo parece abstrato
Sem forma, sem razão
Andam de cabeça baixa
Com os olhos fechados vivendo uma ilusão
Será que vivemos para ser
Se é que vivemos algum dia
Tudo é tão confuso
Que felicidade é confundida com alegria!
Poesia minha, inspirada no papo sobre sociedade com Ádila Barretto.
Eu estava assim, normalmente habitada de pensamentos suaves, tranquilamente vendo a vida passar pela janela da minha mente; momento sereno em absoluto quando encostada na fria pedra, granito escuro, lavando pratos, libertando-me de impurezas, quando aconteceu. Em um momento, que não compreendo qual, não mais que de repente, uma voz macia e doce, ondas sonoras maravilhosamente delineadas como a mais delicada flor de um jardim calmamente beijada por uma azul e bela borboleta, invadiu meus ouvidos. Não me lembro exatamente a frase, pois nesse momento fatídico a Terra parou de girar, ou quem sabe começou a rotacionar como se dançasse uma coreografia de balé clássico. O meu corpo não era mais meu, eu não mais podia controlá-lo; como se alguém estivesse fazendo uma vitamina liquidificada com a minha endolinfa, retirando de mim todo e qualquer equilíbrio. O céu não era mais inalcançável, fui abruptamente teletransportada para outras incríveis galáxias. Durou toda a eternidade de alguns segundos esse momento; e mudou, talvez para sempre, a minha vida. Foi assim que te conheci, foi assim que passei a gostar mais da vida, foi assim que me apaixonei, subitamente e sutilmente.
Talvez eu precisasse escrever, talvez não. A difícil façanha de descrever o nada, o tudo, o eu. Navegando neste emaranhado de palavras advindas de um lugar que não se pode ver, mas se pode sentir. Tornar o abstrato em algo concreto é uma tarefa que requer muita habilidade, diria que um pouco de maestria. A difícil arte do viver, do que é viver, de dar vida àquilo que apenas habita em seus pensamentos, em seus sentimentos. Outrora, tenho pensado sobre o que seria esse abstrato que tanto almejo tornar concreto. Não sei! Talvez não tenho uma resposta concreta para dizer. Não consigo nomear. E o fato de não conseguir nomear tal grandeza de sensações, de sentimentos, de vazios, de vácuos, de confusões... me faz uma pessoa capaz de ver a vida com os olhos que abarcam a utopia do que é viver. Mas, ainda não compreendo muito bem sobre a arte da vida, sou muito jovem ainda para ter essa tal de maturidade a ponto de compreendê-la! Talvez a maturidade nunca chegue. E se chegar, um sábio me tornarei, talvez já sou, mas não ouso arriscar em falar sobre essa sabedoria que jaz, creio que é uma responsabilidade a mais para se carregar e, eu não quero. Andei pensando, corri pensando, nadei pensando, viajei pensando, naveguei pensando... mergulhei! Mergulhei de cabeça! Fui à procura do tão utópico e sonhado abstrato; nessa parte, leia-se com expressão de estupefação, um neologismo, até! Será se viver não seria um neologismo a cada instante? A façanha caminhada à deriva no mundo do abstrato, à procura das tão temidas sensações que compõem os vácuos da vida, as lacunas impreenchíveis e, que, possivelmente, nunca serão! É preciso que o vácuo exista e se faça presente, para, só assim, você se reinventar e preenchê-lo sempre que desejar e da forma que achar plausível para sua breve existência de vivências e experiências. Nesta parte, é difícil falar do abstrato, pois o mesmo soa como algo indizível, e ressoa em você como algo intocável, pois as vivências são únicas e abstratas, ao seu modo. Aqui, cabe a mim dizer que o abstrato tem forma, tem vida, tem nome e sobrenome e, apesar de ter nome, não consigo nomeá-lo, por mais que eu queira. Será se esse nome não seria a junção de tudo aquilo que compõe o vazio? Aqui, você pode ler em tom de espanto com um misto de dúvida. Te dou a autorização para navegar no abstrato que paira em você. Continuo te autorizando a refletir sobre o quão imenso e vazio são os abstratos que te compõem. Ledo engano! Cá entre nós, da minha parte, você não precisa de autorização nenhuma. A única pessoa que, realmente, precisa te autorizar, é você mesma. Comecei escrevendo dizendo que precisava escrever. Escrevi, escrevi, escrevi... no final, ainda não consegui nomear o abstrato que habita em mim e que reflete em você. Talvez eu nunca conseguirei fazer tal descrição. Acho que a maior façanha é essa: tentar viver aquilo que não se pode prever.
"O amor é um sentimento absoluto e concreto quando encontramos em nós mesmos e não há espaços para os vazios. No outro é abstratos e não preenche nossas necessidades e não compreende a nossa sensibilidade e muito menos nossa intensidade."
O amor silencioso, subentendido, escondido em pensamentos. A beleza da incerteza e a liberdade de sentir sem cobranças o definem. Um amor eterno que se preserva em sua própria essência.
Felicidade? O que existem na verdade são bons momentos; o somatório de bons momentos, desafios, desencantos, frustrações forma a plenitude da vida. Portanto, felicidade é um conceito puramente abstrato.
A lógica é a moldura que construímos para dar forma ao caos do mundo, mas ela é meramente uma construção humana, uma projeção de nossas próprias percepções e entendimentos limitados da realidade.
Joga y Joga
O olhar que te namora já viu muitas paisagens
entre erros e acertos, seus defeitos são bobagens
A gente brinca de pensar fora da caixa
só pra ver se nós “encaixa” na própria ilusão
Esse mundo cão, me lembra que eu preciso caçar
A chuva ainda tem de molhar essa terra seca
Me deixa, com dor de cabeça
Talvez eu esqueça
Sempre dá merda, não abre a gaveta
Eu trouxe comigo lá do cativeiro
Virou meu abrigo, me empresta o isqueiro
Eu quero ser isca,
Na última pista,
você vem com a cara de quem domina o jogo
Eu que não sou bobo te deixo jogar
A traição e o adultério, se dividem em traição concreta e traição abstrata, que, respectivamente, se resumem em realizar o ato, e fazer coisas que induzam a realizar o ato de fato.
Fragmento IV - Conação
Entre corpo e alma, eu.
Um entre-espaço, dito maneira, que tange a esfera transcendental da mística à relação lógica e contemplativa do abstrato.
Assim, o corpo existe apenas como relação meramente espacial da afirmação, ao passo que, a mente flutua, introspectivamente, em busca de sua intuição.
Nesse radiante e permeável oaristo, de um ao outro, eu.
