A Inteligencia Nao se Mede
O Primeiro Ritmo
O coração é o primeiro.
Não a pele que nos defende,
não o rosto que nos denuncia,
não a ideia que nos inventa.
Antes de tudo, um músculo.
Trêmulo.
Errado de tão certo.
Bate.
Sem saber se há alguém ouvindo.
Lá no escuro,
onde o mundo ainda é silêncio,
ele se apressa em existir.
Compasso clandestino,
riscando o nada com vontade.
O coração começa sem ter endereço.
Sem saber se será aceito,
se haverá colo,
ou ao menos tempo.
Ele bate.
No vazio.
Como quem chama por um nome
que ainda não foi escolhido.
Descobri isso tarde.
Como se costuma descobrir o amor.
Antes do pensamento,
há o susto.
Há o sentimento nu,
sem dicionário,
sem licença.
Descartes quis começar pela razão.
Mas a razão já é medo.
Já é contenção.
Já é tarde demais.
Antes de sermos gente,
somos urgência.
Ritmo.
Vergonha de termos vindo sem convite.
Hoje retornei de uma viagem tão magnífica quanto indescritível. Ainda não me acostumei com a estranha regra de não poder interagir com as pessoas de lá, mas há algo nesse silêncio que me prende. Cada vez que atravesso aquele portal, sinto que estou escrevendo, sem saber, capítulos secretos na linha do tempo.
Relato da minha viagem para o ano de 1940.
Viemos ao mundo como uma folha em branco. Não sabemos de onde viemos e nem para onde vamos, mas sei que de onde viemos não voltaremos para lá da mesma forma, pois só conhecimento me proporcionará tamanha façanha.
Não se perde aquilo que nunca tivemos. Fingimos ter parentes e amigos. Porém eles nos desconhecem. Família e amigos são aqueles que te aceita e te abraça com frequência.
Havia um menino minúsculo. Não pequeno como uma criança — mas minúsculo como um grão de areia num mundo onde tudo era enorme, frio e sem rosto.
Ele caminhava por um chão infinito, de pedras duras e sombras altas. A cada passo, objetos colossais caiam do céu: blocos, livros, palavras pesadas, gestos invisíveis. Eles não o esmagavam de imediato... apenas o cobriam, lentamente, como se o mundo tentasse enterrá-lo em silêncio.
O menino corria, tropeçava, e gritava sem som. Ninguém ouvia. E então, quando menos esperava, uma sombra gigantesca surgia no céu — maior que todas as outras, algo sem forma, mas cheio de peso, medo e fim. Era isso que o fazia acordar: não o impacto, mas o medo de sumir por completo, de ser engolido por algo que ele nem entendia.
Ele despertava com o coração acelerado. Com a garganta apertada. Com a certeza de que, ali dentro, havia algo gritando para ser libertado... mas ele não sabia como.
Não guardo rancor de quem tentou me derrubar, entendo que cada queda ensinou algo. Minha gratidão vai pra quem estendeu a mão, acreditou em mim e me inspirou a seguir o caminho.
Raiva eu não tenho de quem tentou me derrubar… tenho é gratidão por quem ficou do meu lado, me levantou e me deu força pra continuar.
Por que já não enxergamos as estrelas à noite? Dizem que é a luz da cidade que ofusca o céu, refletindo no ar e escondendo o que está além. Mas e se isso for mais do que um acaso? E se, de forma sutil, algo quisesse conter em nós o anseio de olhar para o infinito e sonhar com o que existe além da Terra?
Como está escrito: 'A sabedoria clama em voz alta nas ruas, ergue a voz nas praças públicas' (Provérbios 1:20). Talvez o céu oculto nos lembre que a verdadeira luz e o verdadeiro chamado não estão apenas acima de nós, mas também dentro de nós, esperando ser ouvidos mesmo em meio ao ruído das cidades
Talvez as luzes da cidade não escondam apenas as estrelas, mas também o nosso desejo de olhar além. E se essa névoa luminosa fosse um espelho do mundo tentando nos distrair do infinito?
Mas a sabedoria nos lembra: 'O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.' (Provérbios 16:9).
Mesmo quando o céu parece apagado, há um chamado maior brilhando dentro de nós.
Talvez o céu encoberto pelas luzes da cidade não seja um fim, mas um lembrete: mesmo quando não vemos as estrelas, elas continuam lá. Assim também é o propósito — às vezes escondido, mas nunca ausente.
Como diz a Palavra: 'A esperança adiada faz o coração ficar doente, mas o desejo realizado é árvore de vida.' (Provérbios 13:12).
Há um tempo para enxergar, e há um tempo para apenas crer. O propósito permanece, mesmo quando o brilho parece ter sumido.
”Não coloque a mão o de Deus colocou uma espada. Não ocupe o lugar de Deus, descanse a mão. Confie na espada”
