Voz do Silêncio
O Criador não está em silêncio, ele fala através de sua própria criação, às vezes, é necessário calar algumas vozes para poder ouvi-lo.
“As vezes vejo-te emudecida.
Desterro-me em teu silêncio,
Como quem aguarda e habita,
A raiz renascida em tua voz”
Quando o silêncio fala mais alto.
Ouço uma voz dentro de mim.
Que não fala coisa com coisa.
Nem mostra marcas do fim.
Quando o silêncio afeta a alma.
Sinto vontade de gritar pra dentro.
Mas, não é lícito perder a calma.
Gritar, falar, qualquer pensamento.
Quando o silêncio vence a fala.
Sinto que tenho que me calar.
Qualquer sofrimento me abala.
É impossível me controlar.
Quando o silêncio não tem nada a dizer.
Sem motivos é simplesmente silêncio.
Me pergunto toda hora o porquê.
Porque se apossou de mim o silêncio.
Quando para o silêncio não existe resposta.
Quando não parece ter sentido a vida.
E no silêncio se ouve o abrir de uma porta.
E Deus te diz: Eis aqui Tua saída.
Às vezes o silêncio é a melhor das opções!
Instantes estes que a voz do coração lentamente se refaz!
Quando tudo estiver confuso e barulhento, dentro de você, Silencie para ouvir a voz de Deus.
Quando ficamos em Silêncio, Mergulhamos profundamente do mundo de Milagres.
Aumento o som do silêncio, que é para ouvir a Tua voz.
Troco meu óculos por um binóculo,
Minha visão é falha, meu Deus é grande, infinito.
Troco fala por cessar palavras,
Sábio o homem tardio em falar.
Aprendo ao cessar, erro ao falar.
Refreie o pensamento antes de chegar à língua,
Ou pode ser tarde demais para alguém.
Quem sabe, joga o lixo pra fora,
Mas quem não sabe faz do lixo seu enfeite.
Pra quem não sabe, o normal é normal,
Pra quem sabe o normal é mau.
Troque seus óculos por um binóculo,
Ajuste as lentes, olhe à frente.
Sare as feridas antigas,
E não as guarde como velhas amigas.
Cesse as palavras, ouça o silencio, o vento.
Pare e pense na vida, não a antiga,
Mas a mais bonita.
Olhe para Deus e não pro seu eu.
Costure o coração dilacerado,
Se olhe no espelho e de um sorriso para si.
Recomece, sem nunca mais cair.
Agora, não espere outra hora.
A cada segundo gira o mundo,
O passado se transforma em presente que antecede o futuro,
Não se pode alterar a lógica do Universo.
Esqueça seu eu, olhe pra Deus.
Nada se perdeu amigo, existe um abrigo, vem comigo?
Jogue tudo pra fora, a hora é agora,
Pule se lance, sim está o teu alcance.
Troque seus óculos por um binóculo,
Ouça a voz que vem do céu,
Siga em frente companheiro,
Larga esse isqueiro, larga o cinzeiro.
Essa pinta de bad, pra que serve?
Se tua vida está tão morta quanto o couro dessa jaqueta de cor preta.
Troque seus óculos por um binóculo.
Aquele momento que você não para de pensar naquela voz que te encantou,é a melhor sensação que já senti.
Eu enfrentaria o mundo todo por você,mas o seu silêncio está me deixando confusa,acho que não valeria a pena lutar por um amor não correspondido,não é mesmo?
Mas Deus planeja pra acontecer tudo na hora certa,então vou descansar o meu coração e só lembrar dos momentos bons que tive com você.
A Voz do Silêncio
(...)
Assim como há roupas para diversas ocasiões, vinhos propícios para diferentes pratos e copos para diferentes vinhos, há também silêncio com os mais variados propósitos e significados, oscilando entre o elegante e o inconveniente, entre os que geram benefícios e os que são nocivos.
Pensando nisso, ofereço uma pequena lista com alguns tipos de silêncio possíveis de serem observados, em variadas situações.
Silêncio Sábio, ou motivado pela prudência. É utilizado quando se percebe que os ânimos encontram-se exaltados, a descompensação se faz presente, o complexo assumiu a posse da consciência, a ira cegou a razão, a lucidez foi apagada, o ego encontra-se divorciado do Eu. Nestas circunstâncias, manifesta sabedoria quem se refugia em amoroso silêncio até que a "tempestade" passe, entendendo que "não havendo maldizentes cessa a contenda". Sabe que muito mais útil do que ter razão é ter bondade; mais importante do que um argumento forte é um coração manso.
Silêncio acolhedor, quando face à dor do semelhante, causada por perdas humanas ou materiais, evita-se argumentar, comparar, justificar, explicar ou aconselhar, restringindo-se a estar perto, em silêncio, esvaziado das pretensas verdades, totalmente disponível, para sentir e ouvir o que o outro experiencia. O silêncio acolhedor abre espaço em nós para que o outro se refugie. Nestas circunstâncias, um olhar encharcado de ternura, um abraço cheio de compaixão, estar presente de corpo e alma, é puro alento.
O silêncio extasiado. Quando, diante do que encanta e arrebata, quedamos em reverente silêncio, em prostração de espírito e de alma. Silêncio que nos assalta diante do mistério da vida e da morte ou da magia da Criação. Silêncio que relativiza todas as vozes e faz cessar todos os argumentos, ao sentir no coração a presença divina, ao ouvir na alma a voz de Deus, quando na mística da fé contemplamos o Eterno Mistério.
Silêncio imposto. Quando pelo uso da força cala-se a voz do mais fraco, do injustiçado, do discriminado, do oprimido, do marginalizado. Silêncio imposto pelo medo, gerado pelas armas do poder econômico, político e religioso que perpetuam a escravidão, a repressão, a culpa, o julgamento e a condenação. Silêncio de quem se tirou a voz e a vez.
Silêncio conivente. De quem se deixa calar por benefícios injustos, de quem possui a consciência estuprada pelo ganho ilícito. Silêncio comprado, fruto do desavergonhado diálogo entre o corruptor e o corrupto. Tem a verdade como mercadoria de troca onde o que é direito é silenciado em benefício da ganância; quando diante da oportunidade ilícita sobressai a falta de caráter e "vende-se a alma ao diabo".
Silêncio covarde. Quando diante da maldade, da corrupção, do estelionato, do desmando e da injustiça praticada nos domínios familiar, econômico, político e religioso, opta-se por manter-se a "língua presa" no céu da zona de conforto na qual medrosamente se abrigou. O silêncio covarde é o silêncio da omissão, aonde o maior dano não vem só dos malfeitores, mas também e sobretudo dos cidadãos de bem que se mantém omissos.
Silêncio que fere. É silêncio motivado pelo ódio, pela indiferença, pelo sentimento de vingança, pela incapacidade de perdoar, de acolher e de amar. Neste aspecto, lembrando Rodovalho, "o silêncio é um recado. É a pior carta que alguém pode enviar para o outro." Tal silêncio é capaz de infernizar e produzir enfermidade em quem o protagoniza, podendo ainda causar muito sofrimento ao alvo da aridez de tal comportamento.
Silêncio Buscado. Lembro aqui do silêncio praticado pelos "Nadistas" que sugerem desconexão de aparelhos eletrônicos por algum período, o que sem dúvida é muito salutar; além de potencializar a criatividade, pode evitar o "burn out", transtorno psíquico que mescla esgotamento e desilusão. O objetivo principal do silêncio buscado, no entanto, é nos conectar conosco mesmos, levando-nos a tomar consciência do próprio corpo, sentir a respiração, o coração, reencontrar a alma, mergulhar no nada grávido de criatividade. Tal silêncio nos liga à essência divina que nos habita, reconcilia o ego com o Eu, faz-nos íntimos de Deus, liberta-nos da aparência, redireciona e suaviza a existência. Harmoniza os pensamentos, sentimentos e relacionamentos, possibilita e potencializa a meditação, dá profundidade à oração, além de ser saúde para o espírito e para o corpo.
Há silêncio e silêncio, carregando cada um sua própria singularidade, linguagem, propósitos e resultados. Há o silêncio altruísta e o egoísta, o que fecha e o que abre, há o que constrói e o que destrói, o que abençoa e o que amaldiçoa, há o que gera paz e o que perpetua o ódio. Há silêncio que cura e que faz adoecer, há o que é fruto de amor e o que é fruto do ódio.
Lançar mão do silêncio, como instrumento abençoador, exige coragem, maturidade, esvaziamento, proatividade, autocontrole, sabedoria e auxílio divino. Que ao silenciarmos o façamos movidos por amor, com o desejo de abençoar sempre. Saúde e Paz!
Paz é estar em Deus! Ouvir Sua voz no silêncio iluminado de cada amanhecer, na Sua fala misturada pelo som do vento, na Sua deslumbrante arquitetura bem-trabalhada das árvores, no Seu jeito único e envolvente tal qual de uma criança. Vida é o amor que nasce dEle e que somos profunda e constantemente amados por sua infinita bondade. Assim, pelo que sou, louvo-te, Senhor! Amo-te, Senhor! Agradeço-te, Senhor! Estou em ti e Tu estás em mim, porque é só assim que sigo o caminho, a estrada, a viagem dessa minha tão abençoada vida.