Viver em Sociedade
A elite não odeia os pobres, ela tem uma indiferença blasé, quer o dinheiro dela e pronto. Mas uma parte da classe média tem, sim, uma relação de ódio com o pobre.
Os batalhadores, em sua esmagadora maioria, precisam começar a trabalhar cedo e estudam em escolas públicas de baixa qualidade. Eles compensam a falta do capital cultural e econômico com esforço pessoal, dupla jornada e aceitação de todo tipo de superexploração da mão de obra.
A fama é a melhor e a pior coisa que pode acontecer. Comprei uma casa bem bonita. Já que não posso sair dela, tenho a mais incrível prisão do mundo.
O verdadeiro amor triunfará no final - o que pode ou não ser uma mentira, mas se for mentira, então é a mais bela mentira que temos.
A intolerância é inclinada a censurar, e a censura promove a ignorância dos argumentos dos outros e, portanto, a própria intolerância: um círculo rígido e cruel que é difícil de quebrar.
Um profeta não é alguém com visões especiais, apenas alguém cego para a maior parte das coisas que os outros vêem.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas ações, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.
Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.
A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.
Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogêneos causa um efeito incômodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu ‘eu’ sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza.
Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em ótima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina.
Não são as nossas diferenças que nos dividem. É nossa incapacidade de reconhecer, aceitar e celebrar essas diferenças.
Os homens gostam das mulheres que escrevem. Mesmo que não o admitam. Uma escritora é um país estrangeiro.
Oscilo ao sabor do vento e estremeço sob o trovão. Mas… não temo as intempéries. Nem me dobro perante ninguém.
Não somos tão racionais assim
Ah! Olá leitor, chega mais, vou te contar a minha história...
Na minha história não tem príncipe encantado
Na minha história não tem um popular que se apaixona por mim, uma nerd
Na minha história não tem um momento em que eu me transformo e fico linda, e aí as pessoas passam a me notar por causa disso, aí surge um homem lindo na minha vida
Não...
Na minha história não tem um objeto magico que resolve todos os meus problemas
Na minha história não tem aquela ação que vemos em filmes
Na minha história eu não sou vista com respeito, ou valorizada
Não...
Sabe porque?
Porque eu sou negra
Porque eu não tenho dinheiro suficiente para sair esbanjando
Porque meu cabelo não é liso
Porque eu sou mulher
Porque eu não sigo a moda
Porque eu estou fora do padrão
E a sociedade oprime tudo que foge do padrão
Essa sociedade preconceituosa
Discriminativa
Que nos trata apenas como objetos
Números
Estatísticas
E para nossa história, nós, sujeitos desviantes, tem-se um roteiro totalmente escrito e preparado
E o que esperam de nós é que atuemos e sigamos nosso papel, pré-determinado
Devemos seguir o fluxo...Não devemos?!
Ter a vida que esperam que o negro, o pobre, e qualquer um que fuja do padrão deveria ter
Nada de casas chiques
Nada de sucesso profissional
Devemos ficar lá embaixo na hierarquia discriminante da sociedade
Nosso lugar é na base dessa pirâmide
Não é mesmo?!
NÃO!!!
Pois,
Não vão nos calar
Não vão nos parar
Não vão nos oprimir
Somos mais do que aparências
Mais do que números
Mais do que a superficialidade que nos é imposta diariamente
Temos profundidade
Nosso valor vai além do visível
Do palpável
Somos seres racionais
E possuímos alma, sentimos tudo intensamente
E não podemos reduzir nossa complexidade apenas ao exterior
Ao que as pessoas veem
Pois as melhores coisas, só podem ser sentidas...
Então vamos lutar
Lutar contra o sistema
Contra a sociedade
Contra o preconceito
Contra os estereótipos
Contra tudo que nos diminui
E o mais terrível, é que muitas das vezes os vilões somos nós mesmos
Nós humanos
Nós seres tão complexos
Nós que nos dizemos os únicos seres racionais...
Penso que, no fim das contas,
Não somos tão racionais assim!
