Versos do Luar
O sertão é agricultura
Chamada familiar,
Que abastece cada lar
Com um tanto de fartura.
O sertão se estrutura
Na sua pluralidade,
Onde a criatividade
Tem papel fundamental.
O sertão é genial,
É supimpa de verdade.
Beijei-a como se beija uma coisa sagrada: com amor e devoção.
E assim, tendo provado do seu mistério,
Tive a sensação de ser quase divino.
PRECE
O que era pra ser um poema,
acabou virando uma prece:– Oh Deus, humildemente, vos peço:
Não permitais nunca que eu perca
a humanidade.
Façamos da mágoa consolo,
Façamos da dor poesia,
Sejamos na noite um farol,
Sejamos no dia um belo dia.
Já fui revolucionário,
Amante da rebeldia,
Já cruzei muitas fronteiras,
Em nome da fantasia,
Naveguei nos sete mares,
Em busca do novo dia,
Percorri tantas estradas,
Sempre em boa companhia,
Já fui bastante feliz,
Tive muitas alegrias,
Hoje aqui no meu recanto
Só escrevo poesia.
Não, eu não tenho duas vidas,
Tenho uma vida somente.
Mas se outra vida houvesse,
Amar-te-ia novamente.
Há que se ter esperança,
há que se crer no amor,
há que se lançar a semente,
há que se plantar uma flor.
Quando se ama de verdade
Se oferece o coração,
Num gesto de amizade,
De cuidado e atenção,
Amemos o outro, pois,
Com respeito e devoção.
O sertão é terra quente,
Quente como a paixão,
Que aquece o coração,
Feito brasa incandescente.
O sertão é sol nascente,
Que sorri a cada dia,
É um facho de poesia
Que dentro do peito inflama
O sertão é uma chama
É o fogo da utopia.
