Versos do Luar

Toda obra de Deus é sublime. Inclusive o homem, que chega ao absurdo de negá-lo!

Lamento pelos equívocos da má compreensão, contudo sou responsável por minhas palavras e não pela forma como elas são discernidas!

Sou daquelas almas exóticas que festejam na melancolia, que iluminam-se de penumbra, que despertam com as madrugadas, que gritam no absolutismo de seu silêncio e que amam nos detalhes de suas imperfeições!

A saudade é uma fome definitiva, que se mata de forma apenas passageira, nos cardápios da ilusão!

As piores algemas são as invisíveis!

Eu me policio todos os dias para nunca me diminuir tanto a ponto de me julgar grande!

Às vezes a poesia manifesta-se sem o auxílio das letras, grafada na física forma de quem amamos!

Mudança não significa incoerência e só as mentalidades infantis confundem a essência de ambas!

Um dia a guerra quis apaziguar a paz. A noite quis iluminar o dia. A loucura vestiu a lucidez, os equívocos acenaram para as convicções e o sonho banhou-se no mar das realidades. Nesse dia todas as verdades migraram para a insignificância, pois tudo que importou ao coração foi seu próprio delírio. Assim nasceu o amor!

Só os tolos almejam a genialidade. O preço é muito mais caro que o ganho!

Às vezes o mundo inteiro é menor que um único apelo de amor.

Quem é cuidadoso com o seu silêncio, costuma ser sábio ao rompê-lo!

A grande esperança do futuro é o transplante de órgãos públicos.

A saudade é a maior de todas as mágoas.

Mas o tempo passa rápido, olhe que as florzinhas do Montsouris já brotaram, que as crianças já vieram, que todos tomam sol esparramdos na grama, e o pombinho que havia caído no lago, batendo deseperada e inutilmente as asas, bem que foi salvo por um menino de boné branco. Nada mais contraditório do que ler Camus num domingo assim tão pleno. Aqui na terra tudo vai bem. Bem. E hoje, excepcionalmente, não temos vertigem. A banda começa a tocar, abafando o riso das crianças. Nada existe e tudo existe, a música cada vez mais forte, cada vez mais forte, abafando a morte e me distraindo da minha leitura." (O último verão em Paris, crônicas, 2000)

Não depende de mim o controle dos episódios de minha vida. Mas eu serei culpado pelo mal uso de suas lições!

É verdade que não mandamos no coração, mas também é verdade que adoramos culpá-lo por tudo aquilo que nosso covarde desejo não quer admitir!

Há quem veja na tristeza um combustível poético. Mas eu não vejo assim. Sou escravo da fascinação e minhas letras são o fruto perfeito de tudo que me encanta!

Sei que as montanhas são movidas pela fé. Mas só o amor move os universos!

Quando os elogios não envaidecem e nem as críticas arruínam, o que sobra é o que Deus deseja que sejamos!