Versos de Silêncio
E a noite que chegou em silêncio.
Com gestos delicados, flertando com a lua.
Para encantar os seus sonhos.
Queria te ver mais, te ter mais perto,
Mas guardo em silêncio esse afeto incerto.
Tenho medo que minha verdade assuste,
Que minha intensidade seja o que te afaste, e não o que te puxe.
Teu sorriso é o arco-íris depois tempestade,
Traz paz, cor e uma doce saudade.
Teu carinho é como abraço em nuvem macia,
Algo que nunca vivi, mas minha alma reconheceria.
Escrevo pra dizer o quanto tu me faz bem,
Mesmo longe, você me acende também.
E não importa quantas vezes eu te encontrar,
Meu coração vai sempre... sempre querer perto de você estar.
Eu não sei amar em silêncio,
nem gostar em prestações.
O que sinto transborda —
meu copo sempre estará cheio.
Meus sentimentos chegam como tempestade com trilha sonora,
intensidade, caos e harmonia.
Sou completa —
sou inteira,
sou complexa,
sou absoluta.
E mesmo que tentassem me reduzir a pequenos frascos,
eu continuaria inteira,
em cada gota.
– J.
Silêncio em tormentas
Há em mim um lado que é calmaria,
E outro que se perde na tormenta.
Um que se cala ao te olhar,
E outro que grita tua ausência.
Carrego em mim um amor que te envolve,
Mas também um orgulho que te afasta.
Sorrisos nascem só de te ver,
E lágrimas caem quando não estás.
Sou feito de contrastes,
De céu sereno e tempestade,
De certezas e dúvidas,
De encontros e saudades.
Mas entre todos os meus lados,
Entre tudo o que sou ou deixo de ser,
Não existe em mim sequer um instante,
Em que eu não te deseje
Com alma, com coração
Você nem precisou me tocar.
O jeito que me olhou já dizia tudo.
A tensão no ar, o silêncio entre nós,
e a respiração mais funda…
Tudo gritando o que a boca não disse.
Tem olhares que queimam mais que beijos.
E o teu, naquele dia, me despiu sem pressa.
Me tirou a armadura.
Me fez querer.
Sem prometer nada.
Só sentir.
Tem desejo que se vive em silêncio…
e marca mais que o toque.
Seu silêncio me dói,
Porque esse espaço que fica,
Se enche de dúvidas.
Este espaço é seu, meu, nosso.
Por isso é tão díficil lidar com ele.
12/2024
Silêncio
O silêncio é revelador,
Trás ideias, sonhos, reflexões.
Ao mesmo tempo pode apagar uma vida,
Se viver dentro dele.
Ele te desmascara, te fere.
Te distancia e ao mesmo tempo,
Te deixa mais próximo de si.
O silêncio trás meus desejos,
E muitas vezes não quero enxergá-los.
28/02/2025
Silêncio dentro
há um não
que ninguém ouviu
mas que ecoa em mim
como um trovão de dentro para fora
ninguém viu
o dia em que morri um pouco
de olhos abertos
sem despedida
sem barulho
a vida me negou com o olhar vazio
com mãos que não se estendem
com promessas que nunca se disseram
e agora eu ando com essa ausência nos braços
como quem embala o que não nasceu
como quem carrega um nome sem rosto
como quem grita sem som
eu não quero explicações
nem conselhos
eu só quero que essa dor
não precise se esconder em mim
Hoje, no silêncio da Quarta-feira Santa, somos convidados a olhar para o coração humano com sinceridade. É o dia em que a liturgia nos recorda a figura de Judas Iscariotes, aquele que, mesmo caminhando com Jesus, escolheu traí-lo.
Essa lembrança nos toca profundamente. Quantas vezes também traímos Jesus em nossas atitudes, omissões e escolhas? Judas representa a tensão entre o amor de Deus e a liberdade humana. Mas diferente dele, somos sempre chamados à reconciliação, ao arrependimento e ao recomeço.
Que essa Quarta-feira Santa seja um convite à conversão. Que possamos silenciar o coração, reconhecer nossas fragilidades e, com humildade, voltar nosso olhar para o Cristo que caminha para a cruz por amor a nós.
“O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Ai daquele que o trair!” (Mt 26,24)
Que o amor vença a frieza, e que a fé nos conduza à luz da Ressurreição.
Páscoa em Silêncio
As flores renascem, a mesa se enfeita,
mas há um vazio entre os talheres.
A cadeira vazia diz mais que mil palavras,
emudecendo os risos que já foram plenos.
A Páscoa chega com promessas de vida,
de recomeços, de fé restaurada.
Mas dentro do peito, uma cruz invisível
carrega lembranças mal cicatrizadas.
O som das crianças, tão doce, tão leve,
não alcança o canto onde a saudade mora.
E os sinos, que tocam chamando alegria,
ressoam em ecos de quem foi embora.
O coelho não veio, o ovo não importa,
se a ausência aperta feito espinho.
A ressurreição é para os fortes — ou santos —
eu apenas caminho, sozinho.
Mas ainda assim, entre sombras e dores,
uma vela insiste em não apagar.
Talvez Páscoa seja isso, no fundo:
esperar a vida… mesmo sem enxergar.
IGUAIS
O meu coração é dividido em quatro partes, uma delas é a do silêncio,
outra da solidão, uma outra parte
é a da dúvida, e outra, nessa última,
ah, eu sei lá se existe amor.
Aquele Olhar
(Por Aden Brito)
Tudo era belo, um encanto sutil,
E nasceu em silêncio, naquele olhar febril.
Um sorriso radiante, um brilho sem fim,
E o gosto de um beijo que ficou em mim.
Pele suave, tão doce ao tocar,
Boca macia, difícil de não desejar.
Entre lençóis e segredos a nos consumir,
Um amor proibido, impossível resistir.
Os corpos dançavam, se perdiam no instante,
Entrelaçados no desejo vibrante.
A música ao fundo, o peito em chama,
Dois mundos colidindo no fogo da cama.
Te olhar, te tocar, te amar sem medida,
Era o que bastava pra preencher minha vida.
Se era erro, nunca quis saber,
Apenas deixei aquele olhar me envolver.
Agora é memória, um eco no peito,
Um amor louco, intenso, imperfeito.
E mesmo que o tempo tente apagar,
Ainda vive em mim... aquele olhar.
A Sexta-feira Santa é o dia do silêncio, da cruz e da entrega. É o momento em que Jesus, sem culpa alguma, assume sobre si o peso do pecado da humanidade e se oferece por amor.
Diante da cruz, somos convidados a parar. A olhar com profundidade. A refletir sobre o significado do sacrifício de Cristo. Não foi apenas uma morte foi a expressão máxima do amor de Deus por nós.
Hoje não se celebra a Missa. O altar está vazio, e o clima é de recolhimento. É um dia para lembrar que o verdadeiro amor vai até as últimas consequências.
Que a cruz de Cristo nos ensine a não fugir das dificuldades, mas a enfrentá-las com fé. Que ela nos ensine a amar mesmo quando o caminho for o da dor. E que, em meio ao silêncio da Sexta-feira Santa, o nosso coração se encha de esperança na vida nova que virá com a ressurreição.
Sob o luar, o jardim dormia em silêncio, envolto por um brilho prateado e suave. As flores, serenas, exalavam perfume enquanto o orvalho cintilava como pequenas estrelas sobre as folhas. O vento dançava entre as árvores, fazendo histórias antigas e sussurros esquecidos.
Era mais que um jardim, era refúgio, mistério e poesia sem palavras, onde a beleza se escondia nas coisas simples da noite.
Solidão saída do desassossego
Silêncio singular
Onde encontro leveza
Instante demasiado em sensações
É uma saída do aglomerado inquietação
Para minha maresias de palavras.
Entre cicatrizes e silêncios.
Nem todo silêncio é ausência…
Às vezes, é proteção.
Porque depois de tantas decepções,
a gente aprende a se guardar em silêncio.
Quem sente, sabe.
Quem viveu, entende.
Quem perdeu, mudou.
E quem se curou, não volta mais igual.
É sobre isso.
silencio e sombras
Um silencio dentro de qualquer um,
pode ser ensurdecedor ,quieta alma.
Um sono profundo no escuro
Uma razoável vida, leve e calma.
O que calma tem com a falta de sentir?
E se a leveza pesar na solidão?
Ser razoável , não saber medir?
Acordar do sono ou ficar na escuridão?
É perigoso amar,
Coração bate melhor no inverno
Mais seguro nao demonstrar
Não prometer amor eterno
Vazio , espaço vazio
Como se ama em vão?
interruptor sumiu, no escuro sombrio
Inabitável coração
A luz de velas vi movimento de danças
paredes viraram uma tela
Historias contada nas sombras
Cinema mudo, sem fala , sem ela
Quem sou eu?
uma parte de alguém?
Quem é você?
se entregou a quem?
Às vezes é só a falta de um café. Outras, é falta de fé. Tem dias em que é o silêncio que falta. E à noite, pode ser um cobertor. Toda falta pode gerar um excesso. E os excessos, muitas vezes, nos afastam do nosso verdadeiro caminho.
Que o amor da Paixão de Cristo esteja com todos nós.
“A fartura na Sexta-feira Santa”
Dizem que na Sexta-feira Santa é dia de silêncio, de dor,
de lembrar o sangue, a cruz, o peso do mundo inteiro.
Mas lá no fundo da casa, onde o cheiro do dendê dança no ar,
tem panela no fogo, peixe no ponto, e a mesa… cheia.
A fartura não é desrespeito.
É memória de um povo que aprendeu a fazer do pouco, muito.
É boca cheia de reza, mão cheia de afeto,
é o corpo que resiste, que partilha, que celebra.
Fartura é também fé — mas uma fé com gosto de terra e sal,
uma fé que não nega a dor, mas escolhe a vida.
Porque pra muita gente, a cruz foi mais que símbolo:
foi história viva, foi tronco, foi castigo.
E mesmo assim…
os nossos escolheram a mesa, não a mágoa.
O peixe, não o pranto.
O banquete, não a prisão.
A fartura na Sexta-feira Santa revela um segredo antigo:
que mesmo na dor, a vida insiste.
E a gente, quando come junto, resiste.
Feliz Páscoa!
