Versos de Reconciliacao de Amizade

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Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.

Seja no que for, apenas poderemos ser julgados pelos nossos pares.

Admiramos o mundo através do que amamos.

O pretexto normal dos que fazem a infelicidade dos outros é de quererem o bem deles.

Não existe vício que não tenha uma falsa semelhança com uma virtude e que disso não tire proveito.

Em grande parte, os maridos são como as mulheres os fazem.

Não devemos julgar os homens por aquilo que eles ignoram, mas por aquilo que sabem, e pela maneira como o sabem.

Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.

Uma coisa é citar versos, outra é crer neles.

Machado de Assis
Memorial de Aires (1908).

As amoras

O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade
O Outro Nome da Terra

Deus, que eu morra no palco!
Não me coroem
De rosas infecundas a agonia!

Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?

A ponte é um pássaro
de certeiro vôo: sua sombra
perdura na lembrança.

Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?

Contemplação

Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...

Que é o Mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...

E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentindo...

Asa quebrada
da triste gaivota
sonho de voar!

Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?

Mors Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

o mar urrava
como um fauno
após o coito

Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.