Versos de Comedia

A maledicência pode muitas vezes corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe.

Se a pobreza é a mãe dos crimes, a falta de espírito é o seu pai.

As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem.

A memória dos velhos é menos pronta, porque o seu arquivo é muito extenso.

Desprezos há, e de pessoas tais, que honram muito os desprezados.

Quem está ausente, teme e tem todos os males.

Os erros de uns são lições para outros; estes acertam porque aqueles erraram.

Podemos estrangular os clamores, mas como vingarmo-nos do silêncio?.

Um homem que acaba de arranjar um emprego já não faz uso do espírito e da razão para regrar a sua conduta e as suas atitudes perante os outros: toma de empréstimo a regra do seu posto e da sua situação; donde o esquecimento, a altivez, a arrogância, a dureza e a ingratidão.

Uma casa sem mulher não tem tormentos nem glória.

Tememos a velhice, à qual não temos a certeza de poder chegar.

Há grandeza mais verdadeira numa boa ação do que num bom poema ou numa grande vitória.

A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza.

De todos os sentimentos, o mais difícil de simular é o orgulho.

Não há ofensa que não perdoamos, depois de nos termos vingado.

Antes de atacar um abuso, deve ver-se se é possível arruinar-lhe os alicerces.

Só se pode conversar duas horas com uma mulher quando se lhe diz sempre a mesma coisa.

A ciência dos projectos consiste em prever as dificuldades de execução.

A loucura dos que têm êxito é a de se julgarem hábeis.

Os homens fingem desinteresse para melhor promoverem os seus interesses.