Versos com Rimas dia da Arvore
" ROGO "
Olhou-me de relance, disfarçado,
por curto tempo apenas, bem discreta,
admirando, um pouco, este poeta,
que, por tudo o que belo, é enamorado!
Mal sabe se solteiro ou se casado,
lançou-me o olhar sem ponderar a seta
enquanto a observava aqui, pateta,
e o lance dela me direcionado.
Menina: não sou nada, pouco valho,
sou carta posta fora do baralho
sem serventia alguma pra esse jogo…
Não posso dar-te colo ou atenção
nem dividir contigo o que é paixão
ou atender, do olhar, esse teu rogo!..
" UM CANTO "
Talvez exista um canto onde a saudade
se esconda, vez ou outra, pra descanso!
Algum regato doce, leve, manso
que a abrigue da saudade que lhe invade!
Também, bem pode ser (não afianço)
que nem saudade tenha de verdade
e apenas finja ter, na falsidade,
pra assim conter, das críticas, o avanço.
Pois, quem é ela pra trazer consigo
histórias de outros, sempre em tenro abrigo,
pra atazanar a gente deste jeito?...
Tomara que ela sofra igual tormento
e tenha, de saudade, ao pensamento
o amor batendo forte junto ao peito!
" DESTACA-SE "
Se busca o diferente, a novidade,
o que diferencia-nos da massa;
de tudo que, ao comum, cá nos enlaça
ou que deixe evidente a nossa idade.
O que nos põe no igual, pois, se rechaça
e não queremos nós, por dignidade,
contados ser no rol da identidade
com que, o de corriqueiro, nos abraça.
Mas, o que é diferente nasce pronto
e se destaca, é claro! Digo, e ponto.
Mais nada se acrescenta nesse enredo…
Sequer precisa, então, pôr-se em destaque
ou dar maquiagem de cartola e fraque…
Destaque-se do mais sem ter segredo!
" PROVOCAÇÃO "
Se vê que isso é, tão só, provocação
e que ela te diverte imensamente!
É fácil ver o que é que tens em mente
expondo, desta forma, tua intenção!
Tu ages deste jeito inconsequente
mas sabes muito bem, e de antemão,
que apenas mexes toda com a emoção
sem ter, do amor, paixão real, ardente.
Qualquer libido entende o teu recado,
tua sede de querer deste pecado…
Tu só verás, com isso, mais sofrer…
Preserva-te e, ao fim, terás do amor
quem queira a parceria em teu ardor
e venha, intensamente, te querer!
" CONSENSO "
Não mais, no seu olhar, vi mágoa, pranto,
qualquer sinal de ainda haver rancor!
Guardou-me, com certeza, em seu amor
num recordar sincero, puro (e quanto)!
Em mim não há resquícios mais, de dor,
tristeza, de agonia ou desencanto
ficando o relembrar, pra meu espanto,
do quanto houve a paixão em forte ardor.
Seguimos, cada qual, por nova estrada
enquanto o recordar nos faz morada
e a história finda, enfim, em gratidão…
Foi tudo muito bom, real, intenso,
e temos tudo isso, por consenso,
mantido (e bem guardado) ao coração!
" GENIOSA "
Um gênio de mulher, bela, faceira,
intensa em seu amor, leal, honesta,
e, tudo em derredor, lhe é puro, é festa,
e sua alegria é benção costumeira!
Tem arte em suas mãos! A vida atesta
o quanto que é prendada! É costureira,
pintora, uma artesã… É bordadeira
e que, talento tem, ninguém contesta.
Porém, essa mulher de tanto encanto,
que se divide entre alegria e pranto,
insiste em ser, por vez, frágil, dengosa…
Rainha de seu reino, feiticeira,
levou-me, da loucura intensa, à beira
mostrando-me também ser geniosa!
MERO
Quem tem poesia: o céu ou as estrelas?
Dirias ser os astros no esplendor
ou todo o manto azul, feito de amor
no simples ato seu de, ali, contê-las?!
Relembres que o poeta, trovador,
abria a sua janela só pra vê-las
e, em sua compreensão fugaz, sabê-las
nos versos em que o céu era o doador.
O fato é que a poesia não tem dono,
nem palco, nem salário, nem patrono…
Cativa-nos por livre ser em tudo!...
Eu cá, um mero poeta entre outros tantos,
ao ver estrelas, céu, sorrisos, prantos,
não posso, ante a poesia, ficar mudo!
"TESOURO"
Amei o que era infância, ingenuidade,
e, nela, a quem primeira namorada…
Também amei, na adolescência dada,
já com gostinho de promiscuidade!
Me veio amores mais! Pessoa amada
também eu tive em minha mocidade
e, quando veio-me a maturidade,
amei de forma adulta, apaixonada!
Deixou-me, a estrada, pronto pra que agora,
quando a minh'alma velha se enamora,
eu tenha amor sereno, duradouro…
Se eu, hoje, estendo a mão a um compromisso
não quero ser, do sentimento, omisso
e faço, deste amor, o meu tesouro!
"ASSUMO"
Assumo os meus cabelos! Por que não?
Se o tempo os branqueou, foi pela vida
de luta contumaz, feroz, renhida,
que trouxe-me de pé até então!...
Talvez não fora a história pretendida
mas, certamente, tenho compreensão
que foi de muito amor e de paixão
na estrada que me foi dada e estendida.
Se vê-me sob o céu acinzentado
desse envelhecimento acentuado,
perdoe-me se tenho dele orgulho…
Os meus cabelos, pois, assumo brancos
na vida vinda a trancos e barrancos
enquanto, em gratidão e amor, mergulho!
" IMAGEM "
Que imagem passo eu? A verdadeira?
Aquela que demonstra, em perfeição,
o que trago guardado ao coração
ou a que finjo ser, por brincadeira?
Transmito o que me é justo, o que é paixão,
de forma honesta, séria, firme, obreira,
ou dou, a quem me vê, total canseira
por camuflar a essência aqui em questão?!
Será que me conheço, de verdade,
ou prisioneiro sou, na realidade,
da imagem que pretensamente exponho?...
Preciso conhecer-me aqui, primeiro,
e tudo o que retenho em meu celeiro
pra imagem não fazer-se, apenas, sonho!
" AVULTA "
Eu fico aqui sentado, sem maldade
observando, apenas, a intenção
daqueles que só vivem da ilusão
de que, pra amar, também se tem idade!
O amor olha, de cara, a pretensão
de quem se veste só da mocidade
achando que ela dura a eternidade
e, então, isso lhes basta ao coração.
Há três amores que nos vem (ou mais):
aquele que é da infância, os joviais
e o que chega depois, na vida adulta…
Pra amar não tem idade, tempo certo…
O amor se nos expõe, de peito aberto,
à força da paixão que, em nós, se avulta!
" ME LIGA "
Me liga, às vezes, longe, do passado,
em meio à madrugada, uma saudade,
distante, vinda lá de outra cidade,
de algum lugar, de um lance recordado!
Me fala com ternura e com bondade
num papo extenso, longo, demorado
qual se estivesse, mesmo, do meu lado
sentindo-se, feliz, bem à vontade.
E como fala… Horas! Sem ter pressa…
Não vejo como e nada que lhe impeça
de me ligar em meio à qualquer hora…
Então, desta conversa, amiga, boa,
um sentimento agudo me ressoa
que, o tempo, em nada ajuda nem melhora!
" DESCONFIANÇA "
Se desconfias, vai-se a confiança
no elo que se efetivou no amor
e, o sonho tido, passa a ser terror
de que se deteriore essa aliança!
O que era garantia, era penhor,
se torna apenas dúvida, cobrança,
e o sentimento esfria co'a mudança
de tudo posto, agora, em desfavor.
Difícil retornar ao de consenso
pois que, o caminho a tal, se faz extenso,
bem árduo, tenso, frágil, arenoso…
Se te há desconfiança, abre o jogo…
Escutes, da razão, a voz, o rogo,
pois, sem amor, perdoar é mais custoso!
" O TENS "
Estás nos braços de outro, novo amor,
por certo enamorada, enternecida,
qual fosse-te a maior paixão da vida
a te abraçar envolta em seu calor!
Mas inda pensas no outro, o da partida,
aquele que se foi em pranto e dor
levando n'alma a mágoa, o dissabor
do teu desprezo dado, ressentida.
Se o vês, já não ocultas teu pensar
e é fácil perceber que, a lamentar,
tua alma chora o fim de linda história…
Nos braços de outro estás, se pode ver,
fingindo o tempo todo não saber
que ainda o tens, no peito e na memória!
" MANSAS ÁGUAS "
Navego as águas mansas desta vida
levado pela barca da emoção
e encanta-me, bem junto ao coração,
o sol se pondo à luz de sua partida!
Chegando ao fim vou eu, na embarcação,
sabendo logo ser-me a despedida
como este sol que parte em luz remida
dizendo adeus ao céu de sua paixão.
São poucos os que estão comigo ao barco…
No paz que trago, a todos, eu abarco
com gratidão por tudo me ofertado…
Nas mansas águas desta vida minha
lembrança tua, junto a mim, se aninha
nesse infinito amor já consumado!
" INSPIRAÇÃO "
Não parta, inspiração! Fica comigo…
Não sei viver sem ter a tua presença
a me exalar a luz, o tom, a crença,
a força, o amor, a paz de um ombro amigo!
Preciso-te, ao cumprir minha sentença
de poeta ser na, estrada em que fatigo…
A mim, pois, não imputes tal castigo
de abandonar-me em tal tristeza imensa.
Abraça-me por réu junto ao teu peito
em que, de tua poesia, me deleito
ao te sugar os seios de mulher…
Comigo, fica aqui, inspiração!...
Não quebres, num adeus, meu coração
que sempre quis de ti (e ainda eu quero)!
" ESQUEÇA "
Passou, jogou-me o olhar feito em malícia
acompanhado de um sorriso ao rosto
e ali se fez o curso, então, proposto
de que, lhe ter, seria uma delícia!
Vontade de provar-lhe a carne, o gosto,
mas isso se faria uma estultícia..
Teria, ao fim, história é pra polícia
e assunto, de luxúrias mil, composto.
Sorri de volta, a lhe guardar segredo
de qual seria o rumo desse enredo
que já não tinha nem pé nem cabeça…
Não sou mercadoria de vitrine
e antes que isso, em vendaval, culmine
melhor deixar prá lá. É fato. Esqueça!
" PEREGRINO "
O tempo é um caminhante, um peregrino,
que não olha pra trás; só segue adiante
deixando, o que passou, longe, distante
sem se importar se é cura ou desatino!
Da vida, ele é parceiro, fiel amante
que lhe concede o mais precioso ensino
selando, pra com todos, seu destino
a caminhar em passo, enfim, constante.
Há quem lhe vai atrás à todo custo
e quem se senta à espera achando justo
que ele não pare o curso de passagem…
É um peregrino, o tempo! Não tem pressa!
Ninguém nem mesmo sabe onde começa
nem onde irá parar a sua viagem!
" TAL COMO "
Pra ser, se era, romance, uma aventura,
instantes de loucura e de paixão
ou se era mesmo a voz do coração
a me indicar caminhos de ventura,
não saberei dizer na exatidão
nem dar real valor ao que era jura,
se promoveu-me o mal ou deu-me a cura,
se foi real história ou ilusão!...
Só me entreguei por força do momento
sem questionar qual era o sentimento
pro trás do instinto puro e verdadeiro…
O olhar quebrou-me, assim, de tal maneira
que promoveu, ali, real cegueira
tal como foi no meu amor primeiro!
" PERDIDO "
Nem sempre falarei, aqui, de amor
por meio de um soneto me inspirado!
Às vezes é melhor ficar calado
pra não colher encrenca e dissabor!
Contraditório, o amor! É bom de um lado
e, de outro, a mais completa confusão
que se perfaz, num tempo, de paixão
e nos remete, após, a triste estado.
Mas a poesia é feita dele e, assim,
eu tenho aqui por conta que ele, enfim,
precisa ser, melhor, é compreendido…
Não falarei de amor nalgum soneto,
se é ruim, se é bom, se branco ou preto,
mas se dele calar-me, estou perdido!
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