Versos Antigos de Criancas

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corda de versos,
janela da prisão:
foge o poeta!

O Berço e o Terremoto

Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.
Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar - mas para abalar.
Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Camela Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Maria Julia Paes de Silva
Livro: Qual o tempo do cuidado? Edições Loyola, 2004. P. 49

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Fernando Pessoa.

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A vida não se resolve com palavras.

A nossa língua comum foi construída por laços antigos, tão antigos que por vezes lhes perdemos o rasto.

O caminho para a felicidade é realizar antigos sonhos sem perder jamais a capacidade de conceber novos.

É muito bom conquistar novos amigos sem desprezar os antigos.

- Dói-te alguma coisa, filho?
- Dói-me a vida, doutor.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Ventos nos umbrais
janelas antigas,
modernos varais.

Laços sonoros
asas e afagos - cacos -
tragos de luz.

Os antigos retratos de parede
Não conseguem ficar por longo tempo abstratos.

Às vezes os seus olhos te fitam, obstinados.
Porque eles nunca se desumanizam de todo.

Jamais te voltes para trás de repente:
Poderias pegá-los em flagrante.

Não, não olhes nunca!
O melhor é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim e sem sentido...
Dessas que a gente inventava para enganar a solidão
dos caminhos sem lua.

Os antigos dizem: "O que os olhos não vêem o coração não sente."
Eu porém digo: " Quem aos olhos não olha, o coração não sente!"

dera eu ter sido poeta dos antigos
sentiria menos dor, sem falsos amigos
sentiria mais amor, e feliz teria vivido

FANTASMAS DO PASSADO
-Quando se foge do passado, ate os amigos antigos se transformam em fantasmas.

⁠Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?

As coisas mudaram
As nossas faces estão envelhecendo, mas nos antigos retratos tão jovens, vivendo um amor imediato, apenas recordações daquele antigo retrato...
O céu azul, o gramado verde, nós dois caminhando como se não houvesse mais nada ali...
Dias perfeitos de curtas férias de verão...
Dias perfeitos, hoje perdidos entre lembranças de uma antiga jovem ainda apaixonada.

OS RIOS


Do poeta americano Langston Hughes: "Eu conheço os rios. Conheço rios tão antigos quanto o mudo, mais velhos que o fluxo de sangue nas veias humanas. Minha alma é tão funda como os rios. Me banhei no Eufrates, na aurora da civilização. Fiz cabana nas margens do Congo e suas águas me cantaram canções de ninar. Vi o Nilo e construí as pirâmides. Minha Alma se tornou tão profunda como os Rios".

Reservei o que há de melhor em mim para o amor.
Reservei dores e decepções.
Antigos amores incompreendidos.
Velhas lágrimas que escorreram sem minha permissão.
Reservei aquele elogio que não veio.
Aquele atraso no primeiro encontro.
Aquele ciúme desmedido.
Aquele convite para o cinema que não aconteceu.
Reservei o que há de melhor em mim, e enfim, me sinto pronta para o amor.

As vezes é preciso abandonar os velhos hábitos e esquecer antigos pensamentos que nos impede de crescer,aceitar as mudança que o tempo impõe,caso contrário seremos condenados a viver nos padrões rígidos da nossa própria conduta,onde os amigos se despedirão,deixando a amarga solidão ocupar o espaço daquilo que poderia ser modificado!
Mileidi Consalter