Verso curtos
(des)elegante
Não tenho elegância
Sou, talvez, um trapo
Que não vale um fiapo
Não tenho etiqueta
E se tivesse
O valor seria baixo
É, eu não me encaixo
O que tenho de elegante
É a dor que Leminski dizia
E com ela faço obra-prima
O melhor dos cálices:
Vinho tinto de poesia
Limoeiro
É limão
É limoeiro
Nossos corações
Estão no pé
Tem limão
E tem coração
No meio
Se jogar uma pedra
Qual será
Que cai primeiro?
Noite
Nos dias ruins
Durmo cedo
Para que
Acabem logo
Me engano
Fico pensando
Que a noite
Resolverá tudo
O duro é acordar...
Pagamento
Carrego algumas culpas no bolso
Não por meu gosto
Estou livre deste sentimento
Tem gente que cobra o amor
Que cobra chegada e saída
E só aceita este pagamento
Sem pressa
Sou devassa
Me devora
Aqui e agora
Sem pressa
Devagar
Não precisa
Se apavorar
Isso, bem devagar
Que a hora não passa
Saudade
Dizem que o vazio
É algo sem preenchimento.
Discordo,
Pois a saudade
É um vazio que nos preenche.
Ponto de encontro
Só te vejo em meus sonhos
É por isso que,
A todo instante,
Fecho meus olhos
Pois sei que,
Entre um sonho ou outro,
Ainda verei teu rosto
Sonhador
Já é hora de dormir
E eu deveria estar deitado
Mas não sei se sonho mais
Quando durmo
Ou quando estou acordado
Ajustando as velas
Ajustando as velas
Desvestindo um santo para vestir outro
Apagando incêndios
É a vida
Sob todos os seus
Desalentos
Contratempos
E encantos