Velho
O tempo vem chegando e com ele as lembranças, a única e verdadeira riqueza do velho homem; lembranças de um tempo que fugiu de suas mãos, daquelas noites de quarta-feira tomando um refrigerante com os amigos e jogando conversa fora, das tardes de domingo que se foram embora , daqueles sorrisos largos que brotavam do rosto simplesmente por estar ao lado da roda de companheiros, fugir até uma queda d'agua escondido para se deliciar nas águas cristalinas, dali nasciam as melhores histórias, muitas gargalhadas e alguns arranhões, faz parte, lembrando-se ainda do tempo das peladas no fim de semana, ou das noitadas do sábado á noite, e aquela olhar de quando viam aquela princesa e que só eles entendiam, eram tempos muito bons, hoje nem se veêm mais, uns já foram acima, outros estão longe, o que lhe resta são as fotos amareladas que trazem brancos sorrisos, daquela galera ínesquecível, o seus cabelos brancos de hoje condenam que não mais vão se ver, mas mesmo assim consegue sorrir e dizer: Eu tive verdadeiramente irmãos de amizade.
Lembrou-se quando aquele velho esquecido
Não esquecido por ser da escória,
Era apenas mais um velho esquecido da memória,
Lhe deu uma idéia sem pé nem cabeça,
Mas pensando bem, quem sabe,
Por ser algo tão demente, aconteça.
Disse: mocinha, percebe que tudo a sua volta,
Quando você se solta,
Parece não existir do lado de fora,
Mas sim do lado de dentro?
Tal pergunta a fez calar, e pensar por um momento.
E se vivesse de tal forma, desvairada e intensa,
Inconsequente e divertida, que não pudesse saber,
Nem com reza braba ou macumba encardida,
Se vive um sonho ou realidade?
O que é mentira ou o que é verdade?
E ela, que não fugia da raia, e nem perdia uma briga,
Daquele dia em diante, tomou a loucura desse velho
Como seu trilho. Içou as velas e se lançou.
E respondia sempre, ah eu me arrumo,
Quando alguém lhe perguntasse:
Mas menina, qual o teu rumo?
E todo dia era assim, As flores pareciam lhe dar bom dia,
E o seu gato, por todos os deuses do céu e do inferno, lhe Sorria.
Estava perdida. E era tão bom não se encontrar.
Não se achar. E era como ser um daqueles dentes-de-leão
Soprados pelo vento, só voando.
Foda-se o depois.
E se o depois estiver acompanhado do passado,
Foda -se os dois.
Agora ela é a garota do momento,
Sendo conduzida pelo vento.
Nao sabia mais ao certo o que era sonho.
Nao sabia mais se o mundo real era quando da cama caia,
E os olhos abria, ou se quando se deitava,
E os olhos cerrava. Mas sorria. Só sorria.
Kito
Um dia, Um velho foi visitar mestre
Ryokan e disse-lhe:
- Eu quisera pedir-vos que fizésseis
um kito [Cerimonia para cumprimento
de uma promessa] em minha
intenção. Assisti à morte de muita
gente ao meu redor. E também
deverei morrer um dia. Portanto, por
favor, fazei um kito para eu viver por
muito tempo.
- De acordo. Fazer um kito para viver
muito tempo não é difícil. Quantos
anos tendes?
- Apenas oitenta.
- Ainda sois jovem. Diz um provérbio
japonês que até os cinqüenta anos
somos como crianças e que, entre os
setenta e os oitenta, precisamos amar.
- Concordo, fazei-me então um bom
kito!
- Até que idade quereis viver?
- Para mim, acho que basta-me viver
até os cem.
- Vosso desejo, na verdade, não é
muito grande. Para chegar aos cem
anos, só vos resta viver mais vinte.
Não é um período tão longo assim. E
sendo o meu kito muito exato,
morrereis exatamente aos cem anos.
O velho ficou com medo:
- Não, não! Fazei que eu viva cento e
cinqüenta anos!
- Atualmente, tendo atingido os
oitenta, já viveste mais da metade do
prazo que desejais. A escalada de uma
montanha exige grande soma de
esforços e tempo, mas a descida é
rápida. A partir de agora, vossos
derradeiros setenta anos passarão
como um sonho.
- Nesse caso, dai-me até trezentos
anos!
Ryokan respondeu:
- Como o vosso desejo é pequeno!
Somente trezentos anos! Diz um
provérbio antigo que os grous vivem
mais de mil anos e as tartarugas dez
mil. Se animais podem viver tanto
assim, como é que vós, um homem ,
desejais viver apenas trezentos anos!
- Tudo isso é muito difícil...- tornou o
velho, confuso. - Para quantos anos
de vida podeis fazer-me um kito?
- Quer dizer, então, que não quereis
morrer! Eis aí uma atitude de todo em
todo egoísta... - replicou o mestre.
- Bem, tem razão....- respondeu o
ancião, constrangido.
- Assim sendo, o melhor é fazer um
kito para não morrer.
- Sim, é claro! E pode ser? Esse é o
kito que eu quero! - o velho animou-
se bastante.
- É muito caro, muito, muito caro, e
leva muito tempo...
- Não faz mal. - concordou o velho.
Ajuntou, então, Ryokan:
- Começaremos hoje cantando apenas
o Makka Hannya Shingyo; a seguir,
todos os dias, vireis fazer zazen no
templo. Pronunciarei, então,
conferências em vossa intenção.
Dessa maneira, de uma forma suave e
indireta, Ryokan fez o velho homem
deixar de se preocupar com o dia de
sua morte e o conduziu ao Dharma.
Disse o velho índio à tribo, mantendo no olhar o brilho: “O que acontecer a terra, acontecerá a seus filhos”. É a sentença dada pela própria natureza, que mostra aos homens tão “fortes” a sua grande fraqueza; por não saber conviver, destroem só para fazer, da morte surgir riqueza.E assim despem a terra, de toda sua cobertura, deixando à mostra as feridas em sua carne batida, veias secas, sem poder levar a vida.Parece uma chapa quente expulsando os animais, os pássaros e os insetos; povos perdem os direitos, deixando de ser sujeitos, e vão se amontoando em alguns poucos locais.Em seu ventre machucado jogam os fortes venenos, como se fosse remédio. Os filhos que nela vivem misturando a dor e o tédio. Procuram sem resultado, o ar puro, que vinha de trás da encosta. Hoje a chuva cai e lava deixando os ossos à mostra.
De Janeiro a Setembro,vem outubro,novembro e dezembro. Vou falar do velho setembro. que em seus dias, trazem luz e vida. Setembro traz primavera, uma estação que bem diferente do que os homens a querem, é a estação das flores.
Flores e setembro, amor e poesia. Lendo, vivendo o amor em flor. Primavera, oh primavera, faz lembrar-me dos jardins, de rosas e jasmins. Não importo se tem espinhos, a rosa será sempre rosa que enfeitam os jardins, o jasmim sera sempre o incenso que perfuma, que cede aos encanto de sua beleza.
A gente deveria ser antes velho e depois novo.
Sábias palavras do meu avô Antonio Perez, repetidas tantas vezes que eu jamais esqueci.
Uma das raras vantagens de envelhecer é que o conjunto das experiências pelas quais passamos pode ajudar a não cometer alguns erros e para que não repitamos os velhos. Erros, que podem variar de simples enganos até os monumentais, que comprometem toda uma vida ou deixam sequelas irreparáveis.
A observação atenta, que só a experiência dá, pode fazer com que algumas vezes, em vez de aprendermos como os nossos erros nós os evitemos vendo os erros dos outros.
E se a nossa imaturidade não nos permitiu isso, é bom que alertemos os mais jovens, ainda que na maioria das vezes ninguém bata com a cabeça dos outros.
Primavera
Uma garota sentada em um velho balanço, de roupas de frio, pois o inverno castiga sua doce pele suave como um pêssego que ainda está a crescer naquele frio que assola o coração dela enquanto flocos de neve caem sobre seus cabelos.
Ela espera algo lindo, talvez espera que venha o clima que tanto ama e a luz que faltava nos dias dela, que se ausentava durante toda aquela terra branca e arvores quase seca.
Seu balanço de cordas, sussurram em seu ouvido com o vento o som do seu maior desejo escondido no seu coração, ela quer que nasçam flores em seus pés, ela quer ver pétalas voando por entre seus cabelos se emaranhando entre seus cachos dourados, ela precisa sentir o calor do sol aquecendo desde suas pálpebras fechadas enquanto estiver deitada sobre aquele gramado que tanto ama sentir o cheiro. Ela espera o frio ir embora, ela quase não agüenta mais, mas ela não o odeia, ela acredita nele, pois sabe que sem ele as flores jamais nasceriam.
Ela ama toda essa ordem, toda essa dança de sóis e luas nos céus onde as estrelas são a platéia dessa valsa, onde os dois bailam separados com a mesma musica chamada ‘’O tempo’’, essa dança jamais com um par.
Mas mesmo assim ela ama essa ambigüidade, ela agradece o sacrifício desse casal celeste, que nunca se juntarão pois sabe que essa garota jamais iria ver de novo o que tanto aguarda,o que tanto deseja sua doce e delicada primavera pois, com ela vem os pêssegos, e com eles aquele que ela tanto espera, esse fruto que ela tanto aguardou na verdade era um presente para alguém que viria com o tempo apenas pois, não tinha melhor presente para dar do que todo o tempo que ela esperou naquele balanço, apenas a prova de amor que ela tanto desejara demonstrar.
Mas ela sabe que aquilo um dia vai embora, o seu amor precisará partir, e com ele a primavera, como as flores que também irão, mas ela não chora, ela sorri, pois o que ela mais ama não é tudo que a primavera trás, mas sim tudo que a primavera deixa, as boas lembranças de abraços sob o sol erguido.Ela agradece a ultima lua da estação florida a nascer, e cumprimenta o novo sol do verão, que um dia depois de muito tempo se tornará outono seu irmão, e depois finalmente o mesmo inverno, onde na verdade começa tudo que ela mais ama, esperar e ver a primavera novamente a nascer.
Existem muitas coisas que os jovens sabem melhor do que um velho, mas não é a idade que torna alguém sábio, mas o que ele de fato sabe usar em benefício dos outros”
Nosso velho hábito de falar mal de alguma coisa após o término, simplesmente pelo fato de não ter se concretizado como pensávamos, avaliamos as coisas como ''ruins'' e dizemos que todos são exatamente iguais.
Há diferenças entre um caso e outro, não são todos os homens iguais, assim como não são todas as mulheres iguais, o que difere um caso de outro é caráter ( em alguns casos ) e preferência ( na maioria ).
Quando era jovem, de manhã alegrava-me, de noite chorava; hoje sou mais velho, começo duvidoso meu dia, mas sagrado e sereno é o seu fim.
O velho ditado versa que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro. Corrigindo, a palavra é de prata, o silêncio é de ouro e latidos, miados, mugidos, relinchos, pios, canto de pássaros e todos os sons da natureza instintiva, são de diamante.
Como já dizia, meu velho caro amigo e conselheiro Freud: Vemos no outro nada mais nada menos do que nossas projeções, ou seja, se vemos o bem, ou o mal...Estamos sim, a falar de nós mesmos. Alcione Alípio
Uma vez um velho sonhador me disse que os sonhos são feitos por nós e que subir depende da nossa ousadia. Ele só se esqueceu de mencionar que quem não preserva, não sobe degrau nenhum.
MAGRELO
Esse teu mau humor só te deixa mais velho
E envelhece meu amor por ti
Tens sorte de eu ser apegada
E tens sorte de ser bonito
Amarelo inteiro
Magrelo feio
Haja paciência pra te aturar
Haja carinho pra te sustentar
Haja Wiska pra te alimentar
Seu velho rabugento
Brigão
Violento
Magrelo inteiro
Amarelo feio
Hoje eu quis te morder
Pra te ensinar a me respeitar
Mas acho que não tem jeito
Tu não tens modos
Nem prece que te eduquei
Batalhei dobrado
Pra todo dia chegar na sala
E te ver lambendo o saco
