Um Texto sobre a Mulher Maravilhosa
Eu sorri. “Ele é um pouco novo demais pra mim”. A carranca de Jacob se aprofundou mais ainda. “Ele não é assim tão mais novo do que você. É só um ano e alguns meses.”
Eu tinha uma sensação de que não estávamos mais falando de Quil. Eu mantive minha voz leve, zombeteira. “Claro, mas considerando a diferença de maturidade entre rapazes e garotas, não temos que contar como a idade dos cachorros? O que isso me torna, uns doze anos mais velha?”
Ele sorriu, revirando os olhos. “Ok, mas se vamos começar a ser seletivos assim, você tem que contar o seu tamanho também. Você é tão pequena que teria que descontar uns dez anos do seu total”.
Quando nós chegamos em La Push, eu estava com vinte e dois anos e ele estava com trinta - ele definitivamente estava colocando a balança a favor das habilidades dele.
Mais uma festa
Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligações, é… até que sou bem amada. Calma, você é amada, tá vendo? Não precisa mais ficar em casa de pijama assistindo Woody Allen, você é amada. É que dá uma preguiça de existir.
Comemoro que estou viva, no meio da confusão que é comemorar ter amigos, comemorar a blusa nova, comemorar que tenho emprego e, por isso, amigos e roupa nova, comemorar que fiz progressiva na franja, comemorar que não sou um alien e consigo socializar, comemorar que existo dentro de uma comunidade que me aceita e até sai de casa pra tentar achar uma ruazinha difícil pra caramba.
Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, fiz bem meu papel de “olha que legal, estou aqui, mais um ano se passou e eu continuo achando que vale a pena estar aqui”.
Um a um vão embora, e eu somando a quantidade de amor que vai embora.
Sobram os loucos e suas insônias, sobra o garçom cansado que não agüenta mais os loucos e suas insônias. Sobra uma latinha num canto, seis cadeiras solitárias formando uma rodinha animada, muitas bitucas que insinuam um animado papo que não existe mais. Sobro eu, novamente.
A vida, a noite, as festas, tudo continua igual. O mesmo fedor de cigarro no cabelo, o mesmo homem bonito me olhando de longe, o mesmo homem bonito que, quando chega perto e abre a boca, eu gostaria que tivesse permanecido longe. O mesmo ânimo em pertencer, a mesma alegria em comemorar, a mesma festa em se encontrar. Mas ninguém sabe exatamente ao que pertence, o que comemora e muito menos o que encontra.
Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas. Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a música da semana, sigo em frente. Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração é sempre esse saco furado e negro.
Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.
É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.
Não agüento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gírias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente. Não agüento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem é você.
Eu não acredito mais em sumir do país, em trocar de emprego, em mudar de religião, em ficar em silêncio até que tudo se acalme, em dormir até tarde, no fim de tarde na Praia Preta, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha até que bacana que gosta de jazz e restaurantes charmosos, no curso de história, em comprar o novo CD mais master animado do mundo, em ler John Fante longe de tudo, em ser dondoca, em fazer progressiva, em fazer boxe, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em não ser nada. Mas eu continuo acreditando na gente, eu continuo acreditando que tudo sem você é distração e tudo com você é vida.
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna. Como eu queria saber seu nome, seu cheiro, sua rua.
Assim como um dia um samba saiu procurando alguém, este texto tem a missão de sair em sua busca. Eu não escrevo por dinheiro, vaidade, pretensão ou inteligência. Eu escrevo porque eu sei que é assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque não posso mais agüentar que a festa acabe.
Estou vivendo no mundo agora, pensou. Mas um dia terei desaparecido.
E é igualmente impossível pensar que se tem de morrer sem pensar ao mesmo tempo em como a vida é fantástica.
Não era triste que a maioria das pessoas tivesse primeiro que ficar doente para só então entender o quanto a vida é bela?
Depois de sonhar tantos anos, de fazer tantos planos, de um futuro pra nós...
Depois de tantos desenganos, nós nos abandonamos como tantos casais...
quero que você seja feliz... Hei de ser feliz também!
Depois de varar madrugada, esperando por nada, de arrastar-me no chão...
Em vão, tu viraste-me as costas
"Não me deu as respostas, que eu preciso escutar"
Quero que você seja melhor... Hei de ser melhor também!
Nós dois, já tivemos momentos, mas passou nosso tempo, não podemos negar... Foi bom!!!
Nós fizemos histórias pra ficar na memória e nos acompanhar...
Quero que você viva sem mim... Eu vou conseguir também!
Depois de aceitarmos os fatos... Vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém,
Meu bem... Vamos ter liberdade para amar à vontade
Sem trair mais ninguém
Quero que você seja feliz... Hei de ser feliz também
Depois!
"Eis uma frase, uma verdade, um verso: dá pra escolher. Todo dia, ao levantar da cama, eu procuro me lembrar: dá pra escolher. Nem eu nem você estamos jogados ao léu, nas mãos do destino. Não temos controle sobre tudo, mas dá pra escolher entre ter amigos ou viver recluso, dá pra escolher entre privilegiar um amor ou ter vários casos superficiais, dá pra escolher entre participar ativamente de um projeto que alavanque nosso bem-estar ou ficar de fora apenas criticando, dá pra escolher entre se refugiar num lugar tranqüilo ou aprender a lidar com o stress urbano, dá pra escolher entre levar a vida com bom-humor ou levar a vida na ponta da faca.
Tudo é uma escolha, inclusive ser velho ou ser jovem, e isto não se resolve apenas numa clínica de estética. Todas as nossas escolhas passam pelo estado de espírito. É ele que vai determinar se vamos viver uma vida mais simples ou mais complicada, mais solitária ou mais social, mais produtiva ou mais lerda. Dá pra escolher entre ser carnívoro ou vegetariano, entre fumar ou não, entre correr na praia ou ficar um pouco mais na cama, entre jogar paciência ou ler um livro, entre amores serenos ou amores turbulentos. Se a escolha será acertada, aí já é outro assunto, o futuro vai dizer."
"E sabe que serão importantes na história um do outro para sempre, independentemente de tudo que estiver pra acontecer."
"Quando ele sorri, doce, imagino meus filhos."
Meu marido, como gosto de imaginá-lo, tem os ombros largos de proteção e abraço eterno. Tem uma mão grande que serve para tudo: desde atravessar a rua segura até sentir prazer sem medo das horas.
"(...)Quando ele sorri, doce, imagino meus filhos. Exatamente com aquela ironia pura estampada na cara: um misto de esperteza com falsa esperteza. Quando ele acorda e eu acordo, e nos olhamos, é sempre uma promessa de que a vida não vai acabar porque sempre acordaremos juntos. E para sempre vamos nos amar mesmo com o desgaste das olheiras e remelas. Respiro aliviada e mesmo distante de Deus eu sinto que ele abençoa tudo aquilo."
Você me pergunta se já li “As horas” e me manda um trecho do livro. Não acho o trecho nada demais. A última vez que nos falamos faltavam dois dias para o Natal. Hoje é sexta-feira da paixão. Você sempre lembra de mim dois dias antes de datas religiosas. Sua loucura é burocrática.
Você quer me contar que sente angústia e não sabe amar. Você sempre quer me contar que sente angústia e não sabe amar como se isso fizesse de você mais misterioso e complicado e “escolhido pelo capeta” do que os outros mortais. Ninguém sabe amar, todo mundo tenta amar porque é preciso pra não se matar, todo mundo ama entre essa de não saber e tentar e não se matar. Ter um estômago enjoado é o que nos diferencia de bonobos. Buhuhu pra você. Mimimi pra você.
Lembro de quando eu não sabia dirigir carro automático mas te vi dormindo tão bonito e quis tirar o seu carro da rua perigosa e colocar na minha vaga. Eu demorei trinta minutos pra conseguir fazer isso. Eu voltei pro quarto e você me olhou com dó e disse que não conseguia ficar e foi embora. Eu também não consigo ficar. Eu também não consigo pensar que estou estacionada na vaga de uma pessoa.
Eu só quis tanto que você ficasse porque é mais fácil querer quando a pessoa já é mais um vulto de desculpas se esvaindo do que uma carne entregue e densa numa cama. Você foi embora esse dia e nunca mais voltou. A gente dançou Bluebird abraçadinho no show, a gente voltou com as janelas do carro bem abertas porque estava calor e o calor tinha cara de uma felicidade que corava e aquecia o sangue. Eu te abracei tomando cuidado pra não te sufocar quando você teve uma crise de ansiedade. Eu estava tendo uma crise de ansiedade mas a enxerguei melhor em você.
Eu amava você. E suas janelas emperradas e seus bonequinhos no banheiro e a voz mansa e doce de mal elemento e o cinismo genial me afastando de você enquanto eu queria amarrar meu cabelo no seu pé e seguir do seu lado mesmo sendo desconfortável. E de como seus olhos ficam assustadoramente psicóticos quando você bebe. Você foi embora nessa noite e nunca mais voltou.
Sua camiseta colorida eu dei pro meu porteiro. Sua meia puída eu joguei fora. Seu chinelo sujo com o nome dos noivos de um casamento em Angra eu guardei um tempo, pra lembrar que seus pés eram pequenos e gordinhos. Depois dei pro faxineiro do prédio. Nesse dia do chinelo eu chorei. Chorei muito. Era sua última coisa comigo e ela foi pro meu faxineiro e isso me pareceu tão injusto e triste e sujo de se fazer.
Você já faz um ano e cinco meses. Ficamos juntos três semanas e dois dias há um ano e cinco meses. Um milhão de pessoas de um milhão de galáxias ficaram três semanas e dois dias comigo. Mas você eu já desisti de esquecer. Pra sempre eu vou sentir um elevador de gelo seco em todos os meus andares quando você aparece de alguma maneira. Quando tem foto sua, quando tem recado seu, quando tem você atravessando a avenida.
Esse texto nem ficou bom, porque agora amo outra pessoa e então eu nem consigo te dizer nada incrivelmente bonito. Mas queria vomitar a última micrograma de sal viciante no fundo de um saquinho de salgadinhos que fazem mal mas que, na pressa, às vezes usamos como refeição.
Lembro de você, antes de atender o entregador de pizza no interfone, me dizendo que não aguentava mais fazer o personagem “homem perfeito pra mim”.
Eu nunca te preferi por causa dos seus trechos de livros, músicas, mãos dadas, dedicações corporais, gostos para poesias, diálogos inteligentes e comidas entregues em casa. Eu nunca te preferi por causa das suas histórias de aventuras ou do seu sucesso enquanto jovem talentoso e gato com carrão a apartamento no metro quadrado mais caro de São Paulo.
Eu nunca te preferi como uma menina que te prefere porque você é um personagem muito trabalhado para ser preferível. Tudo isso era só uma boa música e uma boa fotografia e uma boa direção e um bom roteiro. Mas eu amava o negativo preto e branco e de ponta-cabeça. A fagulha de ideia da sua existência. O seu nariz aristocrático e a sua boca corada mesmo quando você empalidecia no começo da noite.
Eu amava você dormindo, de barriga pra baixo, os cachos espalhados no meu nariz, o suor na nuca secando ao longo da noite, sua barriga enchendo de ar de forma errada porque você respira mal. Eu amava você chamando seu bruxismo de vampirismo e depois dizendo que eu te deixava nervoso. Eu amava o medo que você tinha de eu te amar em tão pouco tempo e do sentimento ser grande o suficiente para eu perceber, colorir e decorar suas minuciosidades desimportantes.
Amava sem você fazer nada, só respirando pesado, só lutando com seu peito angustiado, só perdido, só tentando ficar mesmo não sabendo como.
A Flor
Ouvi dizer
Que o teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
Achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
Achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...vai!
Numa terra distante havia dois jardineiros: um alegre e otimista, outro ranzinza e pessimista.
O ranzinza tinha a melhor terra, o melhor adubo, e as mudas das mais belas plantas.
O alegre tinha um terreno árido, um adubo pobre, e plantas não muito vistosas.
Ao amanhecer o dia, o ranzinza já chegava no jardim a reclamar. Ah, aquela folha secou! Aquela outra flor despedaçou. Esta planta cresceu demais! Esta outra cresceu de menos. E era um resmungar sem fim enquanto ele trabalhava, porque onde quer que ele olhasse, encontrava defeitos em seu jardim.
Já o alegre chegava no jardim sorridente, e ainda que não encontrasse uma realidade de sonho, cumprimentava suas plantas com um sorriso largo no rosto e um animado 'bom dia!'. E enquanto ele trabalhava, assobiava, cantarolava, acariciava suas plantas, e mesmo que elas não estivessem tão bonitas, ele não cansava de elogiar: 'como vocês estão lindas!'
E depois de algum tempo, as plantas do jardineiro ranzinza estavam secas ou murchas e tristes, enquanto que as do jardineiro alegre estavam formosas, alegres e perfumadas.
E a quem quer que perguntasse ao jardineiro alegre, afinal, qual era o seu segredo, já que ele não tinha bom adubo, nem boa terra, nem mudas de belas plantas, ele simplesmente respondia: 'bons olhos... o segredo é ter bons olhos.'
Sabemos que a partida deste mundo é algo normal e que, de repente, as pessoas vão para um lugar melhor, ao menos é o que dizem, não sabemos se é verdade ou não, pois ninguém nunca voltou para nos contar como são as coisas. Tudo é apenas conjecturas...
O verdadeiro sentimento neste momento é a saudade, a dor da perda e também o arrependimento por ter falado demais ou, de menos. É um momento complicado para quem fica, pois, são os vivos que continuam com a consciência da existência, quanto os que partiram, deixaram tudo para trás... Mergulharam no amanhã inevitável e completamente maravilhoso.
Talvez, estejam nos olhando de onde estão, talvez não... Talvez esperem que nós mesmos encontremos as respostas para nossas perguntas e, de alguma forma, possamos compreender o que não se pode entender, pois nem tudo nesta vida é para compreendermos, por exemplo: a morte. A morte, por mais difícil que seja é apenas uma manutenção para nossa existência, ela é o topo de nossa cadeia alimentar, somos devorados a cada dia. Por isso, precisamos usar este momento como marco... para mudanças, pois é exatamente o que esta acontecendo, uma drástica mudança na vida de todos da família.
Perder alguém é sempre doloroso para aqueles que ficam, mas talvez para quem parte, não seja tão ruim... Se desprender do magnetismo que nos prende ao solo, as necessidades de materiais para sobreviver neste plano, enfim, a morte também pode ser um anjo libertador da pessoa e também da família, pois quem gosta de ver alguém próximo sofrendo lentamente sem esperanças de cura?
Acho que é o momento de pensarmos e entendermos que a morte é mais uma passagem, um ingresso para uma nova existência, por isso nosso corpo foi feito com prazo de validade, para não corrermos o risco de passar do tempo necessário para aprendermos o que precisamos aprender, sei que neste momento, as melhores palavras seriam... Meus pêsames, contudo, precisamos entender que determinadas situações não temos como lidar...
Ninguém parte na véspera, todos temos o momento certo para seguir mais adiante, sei que às vezes, a morte não parece justa, contudo, neste mundo que vivemos, de caminhos intrincados, tudo acaba seguindo para um único e determinado ponto, agora, com certeza não saberemos o por que, é o momento de chorar, de sentir saudade, de lembrar o que foi dito e o que não foi dito, contudo, não podemos esquecer de continuar, pois, como aqueles que partiram, um dia chegará a nossa vez de embarcar.
E também deixaremos muitas pessoas com saudade, pois como todos seres humanos, somos importantes uns para os outros, no entanto, às vezes, infelizmente esquecemos de dar o devido valor devido aos fatos que nos envolve, até o momento de partir, onde o regresso é apenas uma lacuna possibilidade, por fim... O luto de perder alguém é mais uma saudade, um momento de estar mais próximo, de falar o que se deve ou calar o que não deve dizer.
Menino chorando na noite
Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
E no entanto se ouve até o rumo da gota de remédio caindo na colher.
Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora, em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.
Sem açúcar
Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos
Dia ímpar tem chocolate
Dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate
Dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor
na presença dele me calo
Eu de dia sou sua flor
Eu de noite sou seu cavalo
A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
A sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira
Já devo ter mencionado um milhão de vezes que adoro as sensações que acompanham os acontecimentos. Mas o problema às vezes é quando eu não tenho lá muita coisa pra ocupar a mente e o coração e surge assim, como quem não quer nada, um ser humano vestido de azul e com um sorriso bem largo pra dizer que quer entrar na minha vida. Eu sei que a metáfora não foi das melhores, mas isso foi só pra que você entenda que eu deixei você entrar e agora você simplesmente estacionou na porta me deixando com cara de origami lhe esperando no sofá.
Acontece que eu sou muito sentimental, extremamente exagerada e altamente dependente. Mas não é disso que eu quero falar, e sim dessa sua repentina mania de me querer, pra que eu assim te quisesse e você, do nada, não estar querendo mais. Isso acaba comigo. Mas não é culpa sua, eu sei. A culpa é do meu exacerbado equívoco a respeito de suas palavras, ações e olhares. Você não veio com manual de instruções e eu acabo metendo os pés pelas mãos na tentativa de te decifrar, todos os dias. É sim, não dê risada, eu tento entender até o seu silêncio e a sua demora. Esmigalho cada gesto, cada frase, cada ''qualquer coisa'' achando que há um propósito maior quando você sorri e me pergunta como estou.
Daí que eu andei procurando as palavras certas em mim pra tentar fazê-lo entender que isso não é um contrato nem nenhum tipo de desespero neurótico. Na verdade, é até muito simples, eu só não quero dar relevância ao que não merece, nem mergulhar de cabeça numa piscina rasa, sabe?
Portanto, se você quiser, você fala, certo? Não demonstre, diga. Afinal, como já deve ter ficado óbvio, não sei entender gestos. E o mais importante: se não quiser, simplesmente se afaste. Me deixe cá com meus botões, com meus retalhos e cacos. Eu sempre me consertei sozinha, só preciso de tempo e muita cola.
A cola, nesse caso é a certeza. Eu preciso ter cer-te-za, entendeu? É isso.
Era uma vez...Espaço
Era uma vez um menino muito grande e bonito chamado Espaço.
O tempo foi passando, mas Espaço não cresceu; diminuiu. Começou a conviver, sem querer, com sua amiga Sobrevivência e, de repente, as pessoas se amontoaram e quase o sufocaram.
De uma coisa vocês não sabiam, Espaço está chocado, porque o inimigo Poluição invadiu o território, tomou conta dos seus ares e foi um fracasso. Espaço está contaminado.
Noutro dia mesmo, Espaço já ia brigando com seu melhor amigo, Segurança. Em todos os lugares em que ele se mexia, surgia Medo, parceiro de Insegurança, para o perturbar. Espaço teve que se armar. Mas será que resolveu o problema? Ele está apavorado com tantos inimigos...
Paz, irmã de espaço, que agora mora longe, telefonou para a prima Natureza e pediu ajuda. Afinal de contas, os passarinhos, as árvores, o perfume das flores, o seresteiro, o tocador de realejo, o poeta, as crianças, estão reclamando de espaço, todo dia, com razão. Eles querem se instalar, definitivamente. Estão sendo jogados de um lado para o outro.
Espaço desculpou-se com Natureza e disse que o culpado não é só ele. As pessoas vivem correndo atrás de Sobrevivência e se esquecem de que existe oportunidade em outros lugares.
Agora, a solução está entregue a Dr.ª Gente, capaz de estudar com calma os prós e contras da reclamação de Espaço. O corre-corre, os enfartes, o empurra-empurra dentro do caldeirão cultural, a neurose de tempo, as angústias de ter, serão solucionados, porque estas são a sua especialidade. Se isto não acontecer, muito em breve, Espaço vai ficar vazio, as pessoas se desintegrarão nos braços da inimiga Morte. Seria muito triste. Espaço gostaria de crescer, abrigar a todos que o procurassem, para que sua irmã, Paz, não fosse morar tão longe.
OS JARDINEIROS
Havia três jardineiros num reino distante.
Cada um cultivava o seu jardim ao seu modo.
O primeiro regava suas plantas a todo momento,
várias vezes por dia.
O segundo regava suas plantas com moderação, mas era descuidado e muitas vezes passava por cima delas enquanto às regava.
Já o terceiro quase nunca regava suas plantas, passava o dia na sombra das árvores de seu jardim.
Dali a algum tempo, o primeiro e o segundo jardineiro viram todas as suas plantas morrerem, ao passo que as plantas do terceiro jardineiro continuavam belas e vistosas.
Intrigados, foram os dois até o terceiro jardineiro pergunta-lhes afinal qual era o segredo dele, se ele nem cuidava direito do seu jardim.
Foi aí que ele respondeu ao primeiro jardineiro:
- Ocorre que eu não lhes dava água demais.
Mas aí o segundo jardineiro replicou:
- Mas eu também não lhes dava água demais.
- De fato, respondeu o terceiro jardineiro. Mas também era preciso não pisar em cima delas. ;D
Atentai que assim também é com o amor. Tão importante quanto cuidar bem é não machucar a quem amamos. Por vezes, apenas não machucar o amor já é o maior de todos cuidados.
Todo dia é dia de pedir mais
A gente podia ser mais tolerante um com o outro. Fazer uma corrente do bem, dos bons pensamentos, da sinceridade, da tribo do romance e da delicadeza. E pedir mais. Muito mais. Mais amor. Mais gente fina, elegante e sincera. Mais contas pagas. Mais unhas fortes. Mais bunda lisinha. Mais coxas firmes. Mais beijos na bochecha, na testa e na boca. Mais beijos de língua. Mais beijos de cinema. Mais gente que cuida da própria vida. Mais liquidação.
Mais bom dia, boa tarde e boa noite. Mais educação. Mais com licença, de nada, me desculpa, obrigada, por favor. Mais livros. E mais leitores. Mais cheirinho de casa limpa e roupa nova. Mais feriado. Mais dias de sol e vento no rosto. Mais outono e primavera. Mais namoro. Mais mãos dadas. Mais abraços acolhedores. Mais conforto. Mais carinho nas costas. Mais massagem nos pés.
Mais dinheiro achado no bolso da calça. Mais água de coco e espumante geladinhos. Mais Pringles e Doritos. Mais shampoo que deixa o cabelo brilhoso. Mais segurança. Mais ar-condicionado. Mais saúde para dar, vender e emprestar. Mais cama boa para deitar. Mais banhos de banheira com espuma. Mais rímel que não borra. Mais calça que não aperta. Mais sapato que não machuca.
Mais soninho depois do almoço. Mais pôr-do-sol. Mais lambida de cachorro. Mais conversa para resolver os problemas. Mais respeito de telemarketing. Mais respeito no trânsito. Mais respeito no condomínio. Mais respeito na fila do banco. Mais respeito. E ponto.
Mais amor ao falar. Mais paciência ao ouvir. Mais cautela ao lidar. Mais roupa bonita no closet. Mais amigos de verdade. Mais sorrisos de verdade. Mais amores de verdade. Mais verdade. E só.
Mais programa bom na televisão. Mais pessoas de boa índole. Mais atenção nas pequenas coisas. Mais decência ao se vestir. Mais silêncio no cinema. Mais condições em hospitais e escolas. Mais noção na cabeça de presidente, governador, prefeito, deputado e vereador. Mais gente ajudando pessoas e bichos. Mais punição para quem faz o mal. Mais chances para quem se mata de tanto trabalhar. Mais criança na escola. Mais pais conscientes. Mais gente que bebe e pega táxi.
Mais amor próprio. Porque antes de amar qualquer coisa ou pessoa você tem que amar você mesmo primeiro.
Seu desespero vinha de que não sabia sequer por onde e pelo que começar. Só sabia que já começara uma coisa nova e nunca mais poderia voltar à sua dimensão antiga.
E sabia também que devia começar modestamente, para não se desencorajar. E sabia que devia abandonar para sempre a estrada principal. E entrar pelo seu verdadeiro caminho que eram os atalhos estreitos.
O mundo lá fora é duro. É cada um por si, é selva, é luta, é intriga. Pega teu escudo e abre a porta, vai pra guerra, vai pra vida, não olha pra trás. Guarda as lembranças em algum cantinho da memória e do coração, cuida bem deles e vai. Para com isso, não fica querendo voltar, resolver as coisas, o que tem que ser será. É isso que dizem e você tem que acreditar em tudo isso. Para, para, chega. Muita gente pode rir junto, contar piada, chorar junto, até mesmo impedir algumas lágrimas, mas ninguém vai te conhecer por inteiro. Ninguém.
As pessoas estão preocupadas demais com suas próprias vidas. Se dizem “amigas”, mas não são amigas, a gente sabe bem disso. São conhecidas, parcerias de vodka, companhias de cinema, confidentes. Mas não seriam capazes de imensos sacrifícios por você. Quer saber? Quem faz sacrifício é a sua família - e olhe lá. Quem se sacrifica mesmo é sua mãe, seu pai - e olhe lá. Tem muita mãe e muito pai que não se importam com nada. Você está sozinha, entenda. Sozinha. Não existe amigo, conhecido, homem, mulher, nada que vai te salvar. Nada te salva do grande dia. O grande dia em que você resolve passar a sua vida a limpo e entender quem você é.
O PRESENTE
Nada na vida acontece em vão.
Se um dia ao acordar, você encontrasse, ao lado da sua cama, um lindo pacote embrulhado com fitas coloridas, você o abriria, antes mesmo de lavar o rosto, rasgando o papel, curioso para ver o que havia dentro...
Talvez houvesse ali algo de que você nem gostasse muito... Então você guardaria a caixa, pensando no que fazer com aquele presente aparentemente "inútil" ... Mas no dia seguinte, lá está outra caixa... mais uma vez, você abre correndo, e dessa vez há alguma coisa da qual você gosta muito... Uma lembrança de alguém distante, uma roupa que você viu na vitrine, a chave de um carro novo, um casaco para os dias de frio ou simplesmente um ramo de flores de alguém que se lembrou de você...
E isso acontece todos os dias, mas nós nem percebemos... Todos os dias quando acordamos, lá está, à nossa frente, uma caixa de presentes enviada por Deus, especialmente para nós: um dia inteirinho para usarmos da melhor forma possível! Às vezes ele vem cheio de problemas, coisas que não conseguimos resolver, tristezas, decepções, lágrimas...
Mas outras vezes, ele vem cheio de surpresas boas, alegrias, vitórias e conquistas... O mais importante é que, todos os dias, Deus embrulha para nós, enquanto dormimos, com todo o carinho, nosso presente:
O DIA SEGUINTE!
Ele cerca nosso dia com fitas coloridas, não importa o que esteja por vir... a esse dia quando acordamos, chamamos PRESENTE...
O PRESENTE de Deus pra nós.
Nem sempre Ele nos manda o que esperamos, o que queremos... Mas Ele sempre, sempre e sempre, nos manda o melhor, o de que precisamos, e que é sempre muito mais do que merecemos...
Abra seu PRESENTE todos os dias, primeiro agradecendo a quem o mandou, sem se importar com o que vem dentro do "pacote“. Sem dúvida, Ele não se engana na remessa dos pacotes. Se não veio hoje o PRESENTE que você esperava, espere... Abra o de amanhã com mais carinho, pois a qualquer momento, os sonhos e planos de Deus pra você chegarão, embrulhadinhos pra PRESENTE! DEUS não atende as nossas vontades, e sim nossas necessidades.
O seu olhar
Fala agora para o tempo que você quer dar um tempo.
Parar com a mania de perseguição, de incapacidade,
e modificar a maneira de como você vê a vida,
não importa a sua idade.
A vida é bela e pede uma fita amarela.
Alias, a vida tem mil cores possíveis.
Depende apenas do seu estado, da maneira que vê essa vida.
Há quem veja beleza diante do mar,
e há quem tem fobia de tanta água.
Há quem ande pela areia e sente "energias",
outros, apenas "alergias".
Tudo depende do seu olhar.
É ele, o seu olhar, que muda caminhos,
aceita provocações, se acalma ou se agita.
O mundo continua o mesmo,
o tempo, anda da mesma maneira.
E isso fica claro, quando você vai para o campo,
deita na rede e espera o tempo passar.
Fala agora para o tempo que você quer amar.
Que você precisa receber o amor.
Que você quer mudar e perceber a mudança nos outros.
Fala agora para o tempo que o desejo não pode esperar.
É tempo de encontros e de reencontrar.
A fórmula da felicidade não é o conquistar,
nem pense que é o "ter".
A felicidade passa antes pelo "ser".
Seja então, mais você.
Fala para o tempo agora que é hora de encantar,
e dele poder roubar o melhor que a vida pode lhe dar.
Ser feliz, agora e sempre,
com o tempo que lhe restar...
Eu acredito em você.
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