Um Poema para as Maes Drummond
Chegou abril, então vamos lá,
nos abrir, falar.
Abrir os olhos,
brilhar o olhar.
Os ouvidos,
escutar.
Abrir espaço,
Respeitar.
Abrir os braços,
lacear.
Abrir um vinho,
conversar.
Abrir as mãos
Acarinhar.
Abrir a boca,
Beijar
E a cabeça
Pra pensar
E todos ninhos, luzes, passarinhos
Abrindo todos os caminhos!
" INFINITO "
Já podes, tu, sem medo, olhar pra trás
e constatar que, enfim, venceste a estrada
após os anos teus de caminhada
perseverados com vigor audaz!
Vitória te recebe, enfim! Mais nada!
Não se fará, do evento, show, cartaz,
nem coisa alguma a mais que isto te traz
pois que ela é, tão só, tua na jornada.
Receba-a com orgulho! É teu laurel!
Não te dará direito a inferno ou céu
pois isso é com a fé, como predito…
Vencestes o caminho! E isto é só.
Não te terão inveja ou mesmo dó!
Agora só te aguarda o que infinito!
" ENREDO "
Contaram minha história: dor, paixão,
acertos, desacertos, a alegria
expressa num sorriso, todo dia,
os ganhos, minhas perdas de montão!
Disseram que a lembrança me feria,
que as coisas do passado meu, então,
marcaram por demais meu coração
se não, penar igual, não sofreria.
Que a morte dos amores meus partidos
levaram, sim, também, os meus sentidos
e nunca mais fui terno como outrora…
Mas, quem ousou viver meus passos dados
e ter, ao fim, melhores resultados?
Só eu conheço o enredo que, em mim, mora!
" ENCRUZILHADA "
Me trouxe, o sonho, para a encruzilhada
que está diante de mim sem compaixão
já visto não mostrar-me a direção,
perigos, prêmios, sorte… Não diz nada!
Que rumo dar às coisas da paixão
se tudo foi ficando pela estrada
e a decisão que agora for tomada
dará consolo (ou não) pro coração?!
Seguir pra onde, pois? Qual o caminho
há de me garantir amor, carinho,
e me dará repouso à alma perdida?...
Aos pés da encruzilhada estou agora
sem ter a direção pra ir-me embora
de encontro ao grande amor da minha vida!
Amo você como se ama
Florianópolis com todas
as praias, ilhas e pontas,
e ainda não se deste conta.
A cada alvorada matutina
ou vespertina em companhia
de toda a poesia reunida
caminho e escrevo rotas.
Assumi ser a personificação
de todas as estações
do ano todo em adoração.
Ilhas e continente em qualquer
direção para onde quer
que o vento leve o seu coração.
A verdejante Mata Atlântica
esplende na Ilha do Arvoredo,
O meu olhar não consegue
reter nenhum segredo.
De amar novamente deveria
te pelo menos algum receio,
Mas quando te conheci
o coração não quis recreio.
Sob a bênção dos gerivás
coloquei o meu desejo
de tê-lo comigo doce e ledo.
E tuas pistas e teu olhar fixo permitem deixar indícios
e liberam sem ocultar feitiços.
" DESAFORTUNADA "
Eu vago a inércia do que chamam vida,
na incompreensão de ser quem deveria…
Se eu acordasse agora, morreria?
Custosa a volta! O quê dizer da ida?!
Vejo eu criança, mas cresci um dia…
E tudo, então, foi caos e despedida
quando a esperança fez-se por perdida
levando embora o riso e a alegria.
Estrelas, planetoides, astros tantos
e eu, pequenino, imerso nos meus prantos
serei poeira cósmica, mais nada?…
Quem sou? Que sou, na inércia itinerante
da vida me estendida por restante?
Ó alma inquieta e desafortunada!...
Silêncio Entre a Gente
Num mundo tão vazio,
você foi… especial.
Palavras digitadas,
risos compartilhados,
tudo era tão leve,
tão inesperado.
Falávamos de tudo,
sem medir o tempo,
dividíamos segredos
no mesmo momento.
Mesmo sem te ver,
eu pude sentir sua presença,
como se a distância
não fizesse diferença.
Você foi mais que um amigo comum.
Foi abrigo
quando eu não tinha nenhum.
Agora restou só a solidão digital
e um adeus
que nunca foi oficial.
Te conhecia
até sem precisar falar,
mas hoje
o silêncio é grito entre a gente.
Estou preso
entre o orgulho
e a vontade de voltar,
mas o caminho de volta
parece diferente.
A gente se falava todo dia
risada, desabafo,
até teoria.
Mesmo de longe,
parecia irmão,
conexão de verdade,
tipo extensão do coração.
Mas bastou uma briga,
uns mal-entendidos,
respostas secas…
E agora?
Silêncio.
Só sei que a gente
parou de se entender.
E a pior parte é não saber
se ainda se importa,
ou se é melhor esquecer.
Sinto falta
das ideias aleatórias,
dos memes,
dos planos pro futuro,
das histórias.
Mas nem sei
se faz sentido
mandar um “oi”...
Vai que o que a gente tinha
já se foi.
Diante de tudo o quê
se passa no mundo,
Sou como o solitário
da Ilha do Coral lá no fundo.
Das estações um coração
acendendo as emoções
como farol na escuridão
para quem vem e quem vai.
Porque acredito que se deve
falar o quê merece ser dito
por crer em um novo destino.
Se no final se é apenas
este o meu caminho aceito,
abraço e nele com afeto fico.
" ENAMORADO "
Eis que a pupila faz-se dilatada,
aumenta, acelerada, a pulsação
e a pele traz, ao rosto, a sensação
de fogo, de calor, fica corada…
Dispara, inconsequente, o coração
e a mão, num transpirar, fica suada
porquanto na garganta, ali, travada
a voz segura a força da emoção!
Desaparece o chão, a terra, o céu
e, a segurança, vai pro beleléu
no instante em que, o olhar, vê o desejado…
É sempre assim, com todos, dita a vida,
fazendo que a paixão seja sentida
se alguém se encontra, pois, enamorado!
" RESGATAI "
Apaixonados, loucos, insensatos,
vós todos que ainda crêem na poesia,
no sonho, no irreal, na fantasia,
erguei-vos para constatar os fatos:
Sois vós que ainda combatem a heresia
e que dão testemunho a tais relatos!
A humanidade e os filhos seus, ingratos,
perderam, pois, de amar, toda a magia!
Depende, assim, de vós, ó desvairados,
salvar os homens, todos condenados,
do inferno de viverem na razão…
Uni-vos, menestreis, com os amantes,
enfeitiçados, débeis, delirantes
e resgatai o amor ao coração!
...esse azul tem tudo de bom a me reservar, exijo me preservar para viver num lindo e forte rosa!
O amor está em todos os lugares, camuflado na contingência de cada olhar, barrado ou liberadopela consciência.
Noto o quanto me torno econômico e silencioso e quanto mais silencioso menos eu me calo diante de tudo.
Quando pintam altas dúvidas, eu ponho certeza no universo:
O erro, automaticamente perdoado, clareia como no escuro um baseado aceso em meu quarto euma ideia límpida torna-se o ideal.
(Trecho do poema "Paralelo" - livro Um Sonhador na Multidão)
Ouço o canto deles,
o canto envolvente
dos companheiros dos fundos
de cada rio e igarapé,
Eles sempre vem quando
chamo só para me ajudar,
Porque tenho fé simplesmente
e nunca deixei de acreditar
por nenhum instante imensamente.
...
Coaraci que guarda o dia
quando se deita e se ergue,
E sempre me ilumina
para tudo o quê o ímpeto
convida e atreve,
Tem algo bem parecido
com o seu sorriso
que o coração derrete.
...
Todos os congos
dançam as estrelas
sobre a Nação,
Eu sei a quem entregar
o meu coração.
...
Consoada bem posta
para nós dois,
Não haverá romance
negado depois.
....
Coré com farinha seca
servido na mesa,
Tem gente que nunca provou
e existe até quem não esqueça.
....
Pude ter o privilégio
na vida de assistir
à uma banda
de cidade do interior
tocando no coreto,
E testemunhar juras de amor
ali pelos namorados,
Cenas de um passado
que para muitos não
foi proporcionado nem
como espectadores,
E outros sequer na vida
sequer tenham escutado
o encontro quando podíamos
andar pelas ruas despreocupados.
Amanhã pela manhã estarei
indo lá no ajuntamento de Araçá,
na Ilha de Araçatuba onde
a história intocada nos encontrará.
Filhos deste Atlântico Sul que
jamais ninguém da atenção
de amor conseguirá nos desviar
o nosso brio perpassa o mar.
Nas nossas veias correm o pó
das estrelas do Hemisfério Austral
e no coração vive o fundamental.
O inevitável não está distante
e está sendo preparado
pelo fogo do nosso romance.
Pobre juventude!
O quanto se pode presumir?
observando este semblante?
Ele não aprendeu á amar!
Se vê a carência em seu olhar
E os seus passos claudicantes
Nesses olhos profundos, mergulho!
Quando paro em frente ao espelho
Ele não sabe ser amado!
E se cansou de ouvir conselho!
Nas águas da memória os olhos
da mente leem ilha de Meiembipe,
Nas águas recentes é conhecida
por Ilha de Santa Catarina.
A história precisa ser contada
para que não seja apagada,
Vou deixando o Atlântico Sul
dando a direção até alcançar.
Com você e na vida eu sei onde
chegar sem precisar me exaltar,
nasci herdeira e conheço este mar.
As cartas e as regras sou eu
quem as dou e escrevo,
sei quem sou e o quê mereço.
" PERGUNTADO "
Que nos dirá o amor, se perguntado,
aos ver-nos frente-a-frente, qualquer dia,
depois de nossa intensa rebeldia
pra com tudo o que tem nos ofertado?!
Será que nos verá com alegria
pesando, prós e contra, o resultado
ou nos dará por chão predestinado
sentença contra nós por heresia?
Pois que, pensando bem, culpa não tem
se não encontra o amparo de ninguém
já que o proclamam causa de sofrer…
Se perguntado, o que dirá o amor
ciente que só ele é o redentor
da cruz que decidimos nós viver?!
Fui, por tempos,
o mais ingênuo dos poetas.
Traduzi minha alma em escritos,
ofertados a rostos que jamais souberam ler;
justamente por esconderem-se atrás de máscaras.
As palavras — essas que julguei importantes —,
definhavam-se à medida do correr do tempo.
Então, tornaram-se meras lembranças do que poderiam ser:
pontes de transformação,
não muros de adorno.
Foi à escuridão do meu quarto —
a única leal que me restou —
que compreendi:
não era a beleza que faltava aos versos,
mas o merecimento dos olhos.
Toda poesia é imperfeita,
como todo homem;
e é essa a essência da natureza.
Os dissimulados, na vã procura do eterno,
hão de pasmar-se aos espasmos da tênue verdade.
Agora, ao ausentar-me,
deixo um rastro de luz contida —
mínima, talvez,
mas real.
Aqueles que um dia lerem,
não mais embuçados
— com a alma aberta —,
sentirão o brilho de minha partícula viva,
explodindo no silêncio cósmico.
“Não fui lido,
mas fui real.”
" AVANÇA "
O tempo avança, as horas, nossa idade,
o mar avança à praia por barreira…
Avanços se darão a vida inteira
por bem, por mal ou por necessidade!
Avança a morte, certa e derradeira,
o julgamento para a eternidade…
Até a ciência avança em liberdade
de forma firme, clara, costumeira.
Avanço o meu olhar à tua procura
com fome de paixão nessa loucura
de te querer pra mim cada vez mais…
E até o amor que, outrora, era criança,
tomado de desejos mais, avança
pra me atracar no amparo do teu cais!
" EMBUSTE "
Eis que ela fez a aposta; deu em nada!...
Jogou todas as fichas sobre a mesa
contando, displicente, co’a certeza
de, enfim, ganhar o jogo de virada.
O amor tem regras próprias, sem defesa!
Não deixa o uso de carta marcada
nem que se quebre a banca, se a jogada
negar o uso de total clareza.
Bancou seu jogo de fera matreira
e não notou o avanço da rasteira
que a levaria a, ali, quebrar a cara…
Nas mãos, as suas cartas deste embuste
mostraram-se, do amor, fora de ajuste
por vícios, por luxúria, farsa e tara!
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