Um Poema para as Maes Drummond

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Uma das funções principais de um amigo consiste em sofrer, sob uma forma mais doce e simbólica, os castigos que desejaríamos e não podemos infligir aos nossos inimigos.

Tais são os preceitos do direito: viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence.

Nasci velho e rejuvenesço a cada dia. Actualmente sou um jovem de sessenta anos.

Num voo de pombas brancas, um corvo negro junta-lhe um acréscimo de beleza que a candura de um cisne não traria.

O orgulho é como um íman apontado constantemente para um objecto; a personalidade; porém, ao contrário do íman - ela não possui polo atractivo - repele em todas as direcções.

O amor é um sentimento tão delicioso porque o interesse de quem ama confunde-se com o do amado.

Não se apegue tão violentamente a nada. Todo tolo mantém-se convicto; e todo convicto é um tolo; e quanto mais falho é o julgamento de um homem, maior é sua convicção.

Ainda bem que chegamos a um paradoxo. Agora, há esperança de conseguirmos algum progresso.

Saboreiem do amor tudo o que um homem sóbrio saboreia do vinho, mas não se embebedem.

Orar. Pedir que as leis do universo sejam anuladas em favor de um único postulante, que se confessa indigno.

A amizade é um navio suficientemente grande para levar duas pessoas com tempo bom, mas apenas uma com tempo mau.

Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incumum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado.

A inveja é um vício mesquinho e sórdido: o vício do condenado que reclama porque o seu companheiro de prisão recebeu uma ração de sopa maior.

Os muros de pedra não fazem um cárcere, nem as grades de ferro uma jaula, porque o espírito inocente e tranquilo transforma uma prisão numa capela.

Há dois labirintos do espírito humano: um respeita à composição do contínuo, o outro à natureza da liberdade; e ambos têm origem no mesmo infinito.

O governo é como um bebê: um canal alimentar com um enorme apetite numa ponta e nenhum senso de responsabilidade na outra.

O homem corrupto é um indivíduo fraco que perdeu as qualidades do homem equilibrado e justo.

O Natal... não é um acontecimento, senão uma parte de seu lar que levamos sempre em nosso coração.

Se é mesmo verdade o que os sábios nos dizem e se existe um lugar que nos acolhe (depois da morte), talvez o amigo que acreditamos extinto tenha apenas nos precedido.

Todo o fantasma, toda a criatura de arte, para existir, deve ter o seu drama, ou seja, um drama do qual seja personagem e pelo qual é personagem. O drama é a razão de ser do personagem; é a sua função vital: necessária para a sua existência.