Textos eu Preciso
Anos vividos
Da vida, eu fui mais que se está vendo
Da felicidade eu fiz parada e repouso
E nem mais sei se fui tolo ou penoso
Nas trilhas de estar feliz ou sofrendo
Se estou enganado, ou fico glorioso
Não posso medir apenas no sendo
Sou fausto, e da paz eu vou vivendo
Tentando buscar só o bem precioso
Agora que a velhice é um havendo
Nada sei, eu persisto, e pouco ouso
Pois o fado não é claro no referendo
Disso, amei sem ter sido enganoso
Fui além, dum olhar, do só querendo
Na morte, vou do viver ser saudoso
Luciano Spagnol
20/06/2016
Cerrado goiano
SABER
Talvez sonho, que de ti eu soubesse
Que no fado no cerrado aqui estaria
Pois na vida o escrito tem o seu dia
E não adianta querer outro na prece
Contudo, o fato é que se envelhece
Um logro, pois envelhecer não devia
Cria-se ausência, e a casa fica vazia
Quando da parceria mais se apetece
E se perde o entusiasmo da alegria
Sozinho, a saudade não nos aquece
A atitude só quer estar na nostalgia
No certo, paga-se o preço, e agradece
São as prendas de se obter a sabedoria
Saber, dá alforria e harmonia nos oferece
Luciano Spagnol
21 de junho, 2016
Cerrado goiano
AMBIGUIDADE
Uns carregam prata outros trazem ouro
Eu? Nem ouro nem prata, tenho rosas
Umas com espinhos, outras formosas
No meu farnel são um acaso e tesouro
Na oferta é para serem harmoniosas:
Nas dores, as brancas são vertedouro
Na sorte, as negras portam mal agouro
Assim, ornam a vida, tornam prosas
É enredo no amor passado e o vindouro
Aos corações belas poesias primorosas
E nas lágrimas, doce arrimo batedouro
Dotam a emoção, alegres e nervosas
São cores na morte e no nascedouro
Vão em todas as venturas, preciosas
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
O AMOR
Fui um dia, mais que um diverso instante
Devaneei e nem se quer por ele eu tinha
Inspiração ou na estrofe qualquer linha
Para mergulhar na poesia emocionante
Por ele sem sequer saber, sofrer eu vinha
Nas estórias de imensa angústia cruciante
E seria envolvido em trama vil e delirante
Na inquieta nuance da desventura minha
Andei correto e fiel sem ser redundante
Me inspirou versos de dia e de noitinha
E mesmo assim, a solidão foi triunfante
No poetar espalhou como erva daninha
Contaminou as rimas, se fez importante
Ah! O amor, tê-lo é tal cigana adivinha
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
Amor eterno
No saber, eu quero, és quem eu quero
Não é algum engano, nem do coração
Se é preciso terei calma nesta paixão
E com paciência, assim, eu te espero
Até quando te aguardar? Sem noção!
Pois o meu amor por ti é muito sincero
E quando se sonha, tudo é próspero
E no afeto de verdade, nada é em vão
Se o tempo deixar, se não for austero
Aqui vou estar, irei além de ser razão
Neste ou noutro plano serei só seu
Nesta vida, eu, neste amar te venero
Se houver eternidade, com permissão
Pra poder dizer: amo você! Tudo valeu!
Luciano Spagnol
29/06/2016, 10'22"
Cerrado goiano
SONETO DA SOLIDÃO
Eu estou completamente solitário
Passa o dia, vem a noite, agonia
A tarde entristece, cinzenta e fria
E eu aqui no cerrado, destinatário
O por do sol, de belo, virou nostalgia
Numa clausura da saudade... Unário
Eu, vejo o tempo não mais temporário
Tal folha de outono sem a autonomia
Nesta sequidão aumenta o itinerário
Do místico e algoz retiro em infantaria
Avançando firme, sendo um breviário
A solidão na vida, tornou-se relicário
Onde o tempo ora neste árido sacrário
Em cadência nas contas da melancolia
Luciano Spagnol
30/06/2016
Cerrado goiano
Mutação
Retratar o cerrado em vão eu cismo
Pois dele tento pintar o que se sente
Nem sempre sobra vestígio contente
Hão de surgir outros sem ser egoísmo
Porém eu, triste, cá tento ser presente
E o mínimo prazer me é eufemismo
Tentando me convencer no ceticismo
Que sopra desventura a mim somente
Sinto um misto de um cruel racionalismo
Também, pesares de um pesar diferente
E a solidão que sinto, não é radicalismo
Se ter saudade do mar não é prudente
Me condenam. Aqui tento mecanismo
Pra ficar no cerrado com olhar ardente
Luciano Spagnol
01/07/2016
Cerrado goiano
SONETO EM FRUSTRAÇÃO
Eu queria compor um soneto diferente
daqueles com harmonia na melodia
que nenhum outro já o tenha na poesia
onde ele possa ser o pódio da gente
Assim quero a inspiração com energia
e que no tempo possa ser ingente
tão e tanto que seja bem inteligente
e a todos reconhecido como ousadia
Tento escrever e só tem rima inocente
num papalvo poetar, sem a tal magia
e no complexo o inopinado ausente
Vendo que da mesmice ele não sairia
fico no comum e do belo pendente
e assim me conformo com sua amorfia
Luciano Spagnol
Julho, 2016, final
SONETO DA SORTE
Onde foi que eu errei, se errei
Quem pode responder, diga
Se pecado cometi, prossiga
Pois, na sorte os dados rolei
Já sofri, por tanta e tal intriga
Que no peito nem mais poderei
Ter vencedor ou vencido, freei
Agora quero palavra amiga...
Se perder é o destino, tolerarei
Mas, a injustiça não será viga
Nem tão pouco um fator de lei
Quero estar onde o amor abriga
No jogo da vida, ali então estarei
E quem me quer, então me siga...
Luciano Spagnol
agosto, 2016
Cerrado goiano
ESPELHO (soneto)
Este vulto no espelho na minha frente
Serei eu dividido numa só consciência
Desta visão exata, é outra referência
De um tempo de longa data, vertente
Que ilusão quer iludir minha inocência
Refletindo cabelos alvos tão aparente
Num eu outro, ignoto por minha mente
E tão desfigurado nesta contundência
Será meu eu, além de mim, reluzente
Se não vejo em nada alguma ausência
E precisa é a reverberação ali poente
É! Terei que me deixar nesta essência
Ser dois neste espelho integralmente
E uma só pessoalidade em gerência.
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
EU POETO, ELA POESIA (soneto)
Não sou só, os poemas são companhia
Sempre comigo, falam com a inspiração
Traz lá de fora o diverso numa multidão
De cores, e sabores, em total demasia
Sou poeta! Na reta: curva e ondulação
Num labirinto de devaneios como guia
Aquecidos pela chama duma tal magia
Do doce amor, saídas do meu coração
Sim, não estou só: eu poeto, ela poesia
Que vive em mim numa eterna emoção
Se estranho ou comum, a mim sacristia
Nesta verve, não sei o que é ter solidão
Se assim me compraz, não tenho ironia:
Pranto, canto ou nostalgia, só questão.
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
AMAR (soneto)
E agora! Eu quero ter paixão
E assim, poder ter um amor
Viver de amar num coração
Paixão de amor, aonde eu for
E neste encanto, ter emoção
Num doce viver, e ao dispor
Um romance de flor, de razão
Suspiros, com ar arrebatador
Então, beber de magos lábios
O afeto citado nos alfarrábios
D'Alma, que faz a gente sonhar
Para na sensatez dos sábios
Mostrar e sem ter ressábios
Que bom, é ter e poder amar!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO DE MIM
Na quietude e silêncio do cerrado
dos pensamentos eu me desligo
e o sentimento se põe aí calado
esta é a emoção onde me abrigo
Num vazio do tempo desfolhado
da saudade, sair eu não consigo
sou o ressecado chão empoeirado
e d' alma em evasão sou mendigo
E é neste legado de um passado
que saudosar tornou-se castigo
e o castigo sacrossanto enfado
Assim, tudo o que trago comigo
é amor, apenas sou... um fado!
Que tentou ser primavero e amigo...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
DESPREZO (soneto)
Quão dor eu sinto, pelo desprezo
onde espera palavras num abraço
olhar no olhar enleado por um laço
e por vezes se tem o pesar aceso
Procuro então respirar, assim faço
nesta incisão, sair dali sendo ileso
do que cortês nele eu me ver adeso
ferindo o ser dum conforto escasso
Se leve ou reles, nos faz indefeso
é crueldade que só traz embaraço
Será que sabes deste agravo teso?
É complicado todo este compasso
do afeto em luta e ao bem coeso
quando o amor no amor é fracasso
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO PRA ALGUM LUGAR
Vamos pra algum lugar que faça sentido
Daqui eu já não escuto as ondas do mar
Aqui se esqueci como é o afeto de se dar
Vamos pra onde o poetar não fica perdido
Quero um sentido que nos dê um olhar
Pra que o sentimento fique embevecido
E não deixar o viver no viver tão partido
E tão pouco o querer sem querer tentar
Se não alcançar o fio do lugar, duvido
Que minha alma na glória irá lamentar
Pois, este é o sigilo do desconhecido
Assim, vem comigo e juntos caminhar
Lá fora o tempo nunca é despercebido
E dentro do peito, doce lugar pra amar!
Luciano Spagnol
Outubro de 2016
Cerrado goiano
EU SOU POESIA (soneto)
Se de sentimento eu sou a poesia
De doces versos eu traço o coração
Em cada reverso tem uma emoção
E nas palavras amor sem covardia
O medo já me fez ocultar paixão
Nas juras eternas, versei hipocrisia
Rimei amor com a dor que sentia
E imaginei estrofes com sedução
Palavras, versos, rimas e eufonia
A voz do poeta na sua inspiração
Que com su'alma faz em parceria
Sente o que escreve, redige versão
Mente sem mentira, vive a fantasia
Poeta e a poesia é pura fascinação
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
ALGO MAIS (soneto)
Eu queria ir além, algo mais que quimera
algo que me abrase, que me punge, arda
e não só consuma o íntimo que acovarda
mas que tirasse o desejo da eterna espera
Queria deixar a alma no tempo acordada
Para ter vivido algo mais, mais primavera
Sem amargar solidão, sem poesia parda
Ou tão pouco, a alegria em uma cratera
Eu queria ter algo mais que um lamento
Queria lembrança de um beijo tatuado
Um olhar eternizado e não de momento
Com tão pouco de mim, e o poetar calado
Eu queria algo mais, sem um sangramento
Dum amor que não tenho... e não só desejado!
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
ROGO
Quando eu estiver acabrunhado
De não ter jeito, de dor no peito
Tudo no espírito for atormentado
E o perfeito coberto de imperfeito
Me tragas a linguagem das flores
Traze-me um sorriso de proveito
No mortiço, por favor mais cores
Na inspiração a poesia e o canto
Que muito já ensaiou os amores
Traze-me a tal ternura, que tanto
Nos faz acalanto, e nos embalou
Só não me deixes, aqui, só pranto!
E no espanto de que tudo acabou
Nem que seja de mentira, entretanto
Meu velho amor, siga, assim eu vou!
Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano
Sou eu
Eu sou o desigual do cerrado
torto
árido
de morro lascado
pelo fogo queimado
rebrotado
na menor das chuvas.
Sou descampado
só tenho nas mãos as luvas
que escrevem o traçado
das rimas em melancolia
iguais a do cerrado
poetadas na poesia
de um plebeu.
O cerrado sou eu...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
AMOLDO VERSOS (soneto)
Eu amoldo versos como artesãos
Do barro inviolado a transfiguração
Livre é o saltimbanco do coração
Que trova alumbramentos cortesãos
Nas pontas dos dedos em convulsão
A quimera arranha os tarares anciãos
Com a lira d'alma nos gemidos sãos
Escorrendo expressão da imaginação
Gota a gota, tato a tato nos corrimãos
Das vozes que aos amados clamam
E das odes que saem como bênçãos
Neste improviso tem dores, emoção
Solidão. Na cata dos sensíveis grãos
Da poesia. Transformados em canção!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
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