Textos de Tristezas
Poço Invisível
Há um poço invisível dentro de mim,
feito de ecos, silêncios e memórias.
Nele caem as palavras que não digo,
as histórias que jamais terão glórias.
Ali moram os dias em que falhei,
as vontades que nunca encontrei forma,
as respostas que calei por medo,
e o amor que parti antes que se conforma.
Não tem fundo, mas tem espelho.
Não tem água, mas afoga.
É onde mergulho sem grito,
é onde a ausência me embriaga.
Mas também dali brota algo vivo,
um fio tênue de lucidez.
Do poço nasce o que escrevo,
da sombra, a minha altivez.
Há palavras que não salvam.
Há silêncios que gritam tão alto que rasgam a pele da alma.
Escrevo para não explodir.
Porque falar não adianta — já tentei.
As cicatrizes que a luz não cura… essas eu guardei.
Não para serem esquecidas.
Mas para que, ao serem lidas, alguém perceba que ainda existe dor disfarçada de normalidade.
Fingir estar bem é uma arte. E eu me tornei um artista.
O nome é Purificação.
Não porque estou limpo, mas porque me tornei consciente da sujeira que o mundo despejou em mim.
Este é o começo.
Que venha a escuridão, porque aqui, ela encontra palavras.
Quando a Última Luz se Apaga
No silêncio que resta após a voz,
Ouço apenas o eco do que fui.
A saudade não fala — ela dói,
Como o peso de um mundo sem rui.
O tempo, esse traidor sem rosto,
Levou tudo o que me fazia viver.
E deixou um coração exposto
A lembrar sem poder esquecer.
Os risos morreram nos cantos da casa,
E os quadros, sem cor, me acusam em vão.
Cada passo é um corte que atrasa
A cura de tanta desilusão.
Eu amei com a força de um naufrago,
Gritei teu nome ao vento surdo.
Mas a vida, com seu verbo frágil,
Sussurrou: "você chegou tarde, é o absurdo".
Já não sei o que sou — sombra, poeira,
Ou só alguém que o mundo esqueceu.
Só sei que tudo que era bandeira
Hoje é trapo que o tempo comeu.
E quando a última luz se apagar,
Que não chorem, que não digam meu nome.
Pois quem morre sem mais esperar
Já morreu bem antes da fome.
A Dor Que Não Tem Nome
Acordo e já estou cansado,
como se viver fosse um fardo antigo.
Cada dia pesa dobrado,
e eu sigo — mas nunca sigo comigo.
O espelho não me reconhece,
me olha com pena, com nojo, talvez.
Meu corpo é só o que permanece
de alguém que já morreu mais de uma vez.
As vozes aqui dentro gritam,
mas ninguém do lado de fora ouve.
Sorrisos forçados imitam
uma vida que há muito não coube.
Tem dias que o ar parece ferro,
e cada passo é um crime lento.
O mundo gira, eu me enterro
mais fundo em meu próprio tormento.
A comida não tem mais gosto,
a música me dá desgosto.
O toque é como espinho exposto,
e o futuro... é um céu sem rosto.
Já tentei pedir socorro
em olhares, palavras, mensagens.
Mas tudo soa tão oco e torto,
como gritar em paisagens selvagens.
E o pior não é querer morrer —
é não conseguir mais querer viver.
É ser um corpo que existe por hábito,
um suspiro vazio, um peso estático.
Se um dia eu sumir, não estranhe.
Foi só a dor que me venceu sem barulho.
A tristeza é uma água que banha
até que a alma se afogue no entulho.
Como escapar da própria pele?
Por mais que eu tente me afastar de mim, mais perto fico.
Na travessia pelo mar da vida, deparo-me com um castelo de areia frágil, efêmero, mas incrivelmente belo.
Imagino seus cômodos, suas histórias não vividas, um universo inteiro que brota no silêncio da mente.
Por um instante, um único segundo de imaginação se faz vida: tão real quanto o toque do vento.
Mas então, sem aviso, a chuva despenca.
Molha-me. Pesa. Incomoda.
A areia gruda na pele, a realidade se impõe como tempestade.
Abro os olhos
E tudo que resta é uma poça onde antes havia um sonho.
Mundo Vago
Caminho por ruas que não respiram,
muros mudos, olhos sem luz.
O tempo escorre entre dedos frios
como um lamento que não se traduz.
O mundo é uma casa desabitada,
com portas trancadas por dentro,
e eu sou o eco de alguém que partiu
antes de ter sequer um centro.
As vozes sumiram nas esquinas,
os toques morreram nos gestos.
O amor virou uma palavra vencida
perdida entre gritos discretos.
Nenhuma cor permanece na pele,
nenhum som me alcança inteiro.
Sou casca de sombra flutuando
num céu sem ar, derradeiro.
Há dias em que nem a dor responde,
em que o silêncio pesa demais.
E sorrir é apenas um espasmo,
nos cacos de tempos normais.
Não há horizonte, só névoa.
Não há futuro, só negação.
E tudo o que restou de mim
é o vulto de uma ausência em expansão.
ILUSÃO
Eu criei uma ilusão em minha mente...
Achei que havia um grande amor para viver com você!
Seus pequenos olhos me trouxeram felicidade,
Seu sorriso me trouxe um lindo arco íris de possibilidades após uma enorme tempestade.
Tinha certeza que você seria a imperatriz do meu reino...
Decidi escrever poemas para te mostrar como você me inspirava.
Esperei você se libertar das amarras que te prendem a uma vida desmedida de mentiras.
Mesmo dizendo o quanto você era especial, você preferiu fingir que não viu!
Idealizei novos horizontes para nós, novas possibilidades, um novo amanhecer...
Ser feliz é uma estrada sem fim, e embarcar nessa viagem rumo à felicidade ao seu lado seria incrível.
E o que me cansa e me deixa enraivecida? É você não ter dito NADA, você apenas ignorou a situação por medo.
Agora o que me resta é te esquecer e te deixar seguir seu caminho de frustação.
Hoje sigo com esse vazio de você, sem saber te perder!
Guarde bem todo o amor que te dei, porque você não encontrará outro alguém como eu.
Quando você se der conta do erro que cometeu, será tarde demais!
MARGARIDAS NO PEITO
Fincou raízes na poesia,
dela, somente dela se nutria.
Via beleza na gota perdida em uma folha na calçada,
sorria.
Sentia a tristeza do asfalto cinza,
chorava, se condoia.
Trazia em seu ventre um amargor pelas ausências,
e pelas coisas que nunca seriam,
pelo dia feliz que se perdeu no caminho,
pela dureza do talvez,
pelo botão que secou sem ser flor.
De seu peito brotavam margaridas,
bem nutridas pelo esterco da dor que sentia.
Regadas por lágrimas que teimavam em seu peito chover,
fosse manhã, ou já fosse tarde demais.
Prelúdio
Essas rugas na testa que refletem meus sentimentos,
Como um espelho de lamúrias,
De uma cura que se espera e não vem,
Tento, sei que sou abrigo de alguém,
Mas, não quero mais ser vento que passa,
Ser prelúdio de uma obra tão grandiosa,
Mesmo assim não poder acompanhá-la,
Foram tantos beijos, abraços, promessas e laços,
Discipados no alento de uma alma que não quer partir,
Cada nota, cada tom, ainda que um tanto quanto desafinado,
Qual maestro louco esse que me rege?
Quero me compartilhar em toda obra,
Em cada nota, em cada som,
Com aquele arrepio bom...
Não quero mais partitura partida,
Rasurada, rasa, rasgada...
Quero ser Ópera,
Coisa rara,
Clássica,
Até que as cortinas se fechem e o peito se rompa nas palmas do que não é mais o acaso.
►Joana
Joana, estou aqui, venha para a janela
Aguarde, preciso que a lua ilumine nesta noite bela
Para que eu te dedique, nesta sua janela.
Joana, Maria mal sabes que me ama
Tentei fazê-la sair de nossa cama
Mas, disse que meus olhos me enganaram.
Joana, diga, por que não estou em chamas?
Meus amigos falaram que a paixão inflama
Então por que não estou em chamas, Joana?
Joana, diga-me, a saudade não deveria doer?
Não entendo, não a sentindo, por quê?
A tristeza e a solidão não deveriam me correr?
Joana, realmente me ama?
Meu coração diz que você me engana
Não desejo sofrer nas mãos de uma pilantra.
Joana, fique com o ursinho que lhe dei
Estou indo embora, percebi que errei
Não me procure, quero ficar longe de você.
Se quiser tô te estendendo a mão
Mais se não quiser não a segure não aguentaria outra decepção
Teu olhar triste te deixa tão linda
Com esse sorriso febril fica mais ainda
Não me exergue como porto seguro
Vc não sabe o quanto sou confuso
Mais se quiser segura minha mão vamos caminhar juntos no escuro da solidão.
Eu olho mas não vejo
Eu sinto mas não desejo
Talvez exista algum anseio
De te ver novamente
Sobre a luz que resplandece a aurora e se desfaz no rubor fulgaz da perda da consciência alimentando o cárcere do passado não longínquo que emerge sob o efeito das anfetaminas que dominam o mundo e os homens pertencentes a ele.
Fantasmas no vagão
Letra: Renê Góis
Já não sei dizer quanto tempo faz.
O prazo terminou, final de uma ilusão.
Não posso mentir pro meu coração.
Alimentar a velha dor, a dor de uma paixão.
Não sou mais o mesmo de ser.
Tinha que morrer pra renascer.
Todo tempo é pouco pra viver a esperança de sentir um novo amor, nova paixão. Viver feliz é ser feliz com o seu novo amor.
Não me importo mais com os fantasmas no vagão, perdidos pela noite em vão, soprando minha vela então. Não posso mentir, talvez admitir, alimentar a velha dor... A dor de uma paixão.
Quieto
Em leito, sinto
Oh quão frio
Lobo só, sem matilha
Não tema
Está só!
Não reclame, diziam eles
Engula o choro!
Em leito, sentia
Já não mais
Mas, nada!
Frio sou
Não!
Tornei-me
Em leito, sentiria
Na pele
Seleção natural
Quantos lobos
Não entendo
Algo errado
Em leito, sinto
Coração, não mais
Odor pérfido
Não eram lobos
Abutres
Liberdade, enfim?
O tempo foi pouco,
Me encontrar nunca foi problema,
Eu quem vendava os olhos.
Sobre o agora? Tanto faz.
Tento ficar acordado.
Este é o último dos muitos pensamentos,
Mantive-os comigo e não me arrependo.
Deixo migalhas do meu eu.
Vou, porém volto!
Sou mais um brinquedo do destino,
Manual não há, nem nada.
A vida passa sem demora,
O vento leva sem dó a esperança,
De um futuro já esquecido.
Oh doce adeus,
Abrace aqueles que não pude.
Dê forças aos que a perderam.
Oh tempo frio, venha e faça morada.
O sol já não brilha e os brinquedos quebraram-se.
Danço em suas curvas
Devaneio em seu sorriso
Doce são teus lábios
Divirto-me em teus braços
Durmo em teu colo
Dou-me por completo
Duma vez, me afasto
De você, nada quero
Dose amarga de fel
Deu-me para beber
Dope-me mais uma vez
Dissipe minha alma
Desejo insaciável
Deslumbrante
Dói e nada sinto
Divergente
Dignidade já não há
De novo e de novo
Despido
50 passos até a água
O horizonte cinza
A areia quente, não afeta
O vento forte, desequilibra
As ondas lambem os pés
Os joelhos, coxas e abdômen
Cada passo, uma viagem, vertigem
A profundidade me deseja
E a venero
Sob a superfície, caminho
Bolhas saem da boca
O pulmão se enche d'água
Os olhos, lacrimejam
E nada se vê
Nada se sente
E a profundidade me deseja
O breu, se torna luz
O abissal cria seu próprio sol
E nele, acredita
Apenas é
Ser superior é ser ético
É saber seus limites
É amar e respeitar
É cumprir regras
É garantir o bem do outro
E o próprio
Até que...
Jovem é agredido por PM por ser minoria
Mulher é agredida por PM por ser mulher
E diversas atrocidades que acontecem
Por serem "superiores"
Quanto maior a altura
Maior a queda, Senhor!
Não!
Não que eu tenha medo
Estou me perdendo em becos
Na imensidão do pequeno lugar
Mas eu tentei me encontrar nos meus erros
Tentei lutar contra os meus medos
Não é tão fácil assim pra mim
Não é!
Esse é o meu limite, grite e corra
Se não for suficiente
A vida é cheia dessas coisas
As quais, ninguém entende
As vezes, assim penso, vivo
Um monólogo diário
Atravessando as vielas
Sem atalhos
Em frente ao mar
Dedico-lhes meus devaneios
Discorro sobre tudo
Sem, ao menos, um pingo de receio
O mar atento
Se comunica através de suas ondas
Mergulhante, deslizante e ascendente
Cabe a interpretação daqueles que mantém os olhos bem abertos
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