Textos de Mar

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SONETO DO ESPELHO DE DEUS
(ao mar de Fernando de Noronha)

Mar que reflete o céu
Colírio do triste olhar
Onde a onda faz-se véu
Na união íntima entre terra e mar.

Onde o mar tem a cor de Deus
E Deus tem a cor do mar
Que não se cansa de batizar
O paraíso no meio do mar.

De um mar que é espelho
E perpetua-se a banhar
Um arquipélago no meio do mar.

Mar de Noronha, espelho de Deus
Hei de te amar, ó divino mar
Presente que Deus nos deu.

Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!

Meu Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!

Quanto tempo...
Quanto tempo será necessário para remover toda a água do mar?
Quanto tempo será necessário para deslocar o céu de lugar?
Quanto tempo será necessário para contar as estrelas do céu?
Para junto com a lua beber um pouco de mel?

Quanto tempo será...
Quanto tempo será que eu vou agüentar?
Quanto tempo será...
Quanto tempo mais eu vou esperar...
Quanto tempo será até o meu amor eu saciar?

Quanto tempo mais eu tenho que me controlar?
Para na hora que me der vontade eu um beijo te dar!
Quanto mais amor vou ter que guardar?
Por falta de quem ele dá!

Quantas lagrimas mais vou ter que derramar?
Até cair em mim mesmo, e ver...
Que com essas lágrimas...
O meu amor nunca se banhará!

Quantas noites em sono ainda vou passar?
Sabendo que com você ainda não vou acordar!
Quantas sonhos vou ter que interromper?
Sabendo que ao acordar...
Você eu não vou ter!

Quanto tempo mais tu queres que eu viva?
Chorando...
Amargando...
Vegetando...
Sofrendo...

Sonhei que meu coração
era o mar
não o mar terno e calmo
de dias quietos e serenos
mas o mar cheio de fúria
de noites tempestuosas...
e seu desalento continuava
por noites sem fim...
O mar, já então calejado
debatia suas águas em angústia
espalhando gotas chorosas pelo ar...
Esse era o mar do meu sonho.
Esse era o mar do meu coração.

A falta do que fazer destrói utilidades
Inventa vontades sem vontade
Mar de dependência sem juízo
Faço desenhos na areia que a água apaga
Um sorriso paga o que eu não posso ver mais
Eu não me queixo
O meu desejo era ficar bem
Eu te quero bem.
E sei que eu posso desenhar de novo
Espetáculo dos momentos.
Que duram um instante e nada mais
Sem mais
Espero que esteja alegre
E se um dia eu não tiver mais futuro
Esperarei por ti.
Só pra saber tudo o que eu fiz
Aprendiz
Do poder de aproveitar
O que é infinito e dura tempo de ser inesquecível.

Inexoravelmente, as águas dos rios vão para o mar. Elas podem se desviar, represar-se, desaguar como afluente num rio maior, mas um dia chegarão ao mar. Como um objeto, que lançado de uma certa altura é atraído pela força da gravidade e, cedo ou tarde, chegará à superfície da terra. A força é a mesma.
Os seres humanos são, como um rio, que nasce e cresce fazendo o seu própio caminho, tortuoso, ziguezagueante, muitas vezes incosciente do que lhe está acontecendo ou de para onde está fluindo.

Verbalize

Enfrentarei todo o mal, só pra te ver
Junto da boca do mar, quero viver
A musa do meu astral, mentalize
Para acalmar geral, verbalize

Todas as luzes e todos os sons
E nem a claridade de um sonho bom vai
Abrir os meus olhos e a minha cabeça
Se pra toda a idéia eu tiver uma barreira
Faço o que faço, sou o que sou
E de nada importa o que se falou
Dos versos do povo dessa tradição
Eu quero é cantar pro resto dessa vida!

Enfrentarei todo o mal, só pra te ver
Junto da boca do mar, quero viver
A musa do meu astral, mentalize
Para acalmar geral, verbalize

Presença


Entra-me em casa o murmúrio do mar
e ao fim da tarde assoma na janela
uma gaivota que me vem deixar
a mensagem mais simples, mais singela,
que podia na vida desejar:
esta certeza de que estás comigo
mesmo quando te ausentas e eu invento
mil e uma formas de escutar no vento
o eco das palavras que te digo.

Espanto

Vive ignorante da própria beleza
como se no olhar
não transportasse o verde-azul do mar
e em seu redor a natureza
não corasse de espanto ao ver passar
quem assim tem cabelos de luar.

E porque a sua fala é um violino
ecoando na lonjura
entreguei-lhe o meu destino
e morro aos poucos de ternura.

No meu sonho
Tem um mar
Tantos pontos para alimentar
Era luz
Tanto mar
Fecho os olhos
Para enxergar

Se eu pudesse ficar
Só um pouco mais
Só pra ver se fica em mim
O que te faz tão bem
O que me faz tão bem
O que te faz um bem
Assim

No meu sonho
Tem um mar
Tenho planos para me salvar
Tanta luz
Tonto mar
Tenho planos para lhe salvar

Não me deixe ficar
Nem um pouco mais
Posso não querer voltar

E ver que não pode ser
E ver que não posso ser
E ver que nem quero ser
Assim

Cantarei uma canção
Que é pra dizer que viver é bom demais
O céu azul contracenando com o mar
Se emocionar com o nascimento de uma criança

Cantarei uma canção
Vivendo agora onde tudo se parece guerra
Um egoísmo
uma inveja
e uma ingratidão
Está em suas mãos
o que me faz sorrir
um gesto de amor
Tua compreensão
por me fazer ouvir

Um homem por inteiro
vivendo na dor
Destrói o mundo inteiro
não por seu amor
E a sua ignorância
é o que te faz cegar
Destrói a esperança
de quem quer sonhar
Com verde colorido
e o sol a brilhar

"Vai, deixe de tristeza!..

Erga as velas e encare o mar...

Acredite que é possível realizar.

Mantenha na rota, a nau dos teus sonhos

e não fraquejes diante as intempéries.

Os percalços são apenas restos que a chuva traz...

Você supera.

Você aprende.

Você consegue!"

Eu sou como o velho barco que guarda no seu bojo
o eterno ruído do mar batendo
No entanto, como está longe o mar
como é dura a terra sob mim...
Felizes são os pássaros que chegam mais cedo
que eu à suprema fraqueza
E que, voando, caem, pequenos e abençoados,
nos parques onde a primavera é eterna.

Vinicius de Moraes
Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Nota: Trecho do poema O incriado.

...Mais

Vejo te percorrer os caminhos,
feitos pelo mar,
em tempestados e ventos,
teus braços veêm me abraçar.

Vejo te percorrer o mundo,
Vejo te simplesmente a caminhar,
com uma simples brisa,
com perfume no ar.

Quem tu és que me fazes!!
Porque fico a tremer,
meu amor que sinto por ti,
me fazes estremecer!

Como o tremor de terra,
que fico a flutuar,
junto ao paraíso,
não vou recuar.

O amor faz me ganhar,
asas num sonho sem fim,
adormecido pela emoção e sentimentos,
que deixas me ficar assim.

A vida ...
É como um barquinho no mar!

Nos exige paciência e força de,
a cada dia, seguindo...
Querer continuar .

Tem dias ...
Que navegamos em calmarias
Em outros...
Precisamos tempestades superar
Mas sempre continuamos !
Mesmo sendo frágeis e tão pequenos
Deus nos ampara diante dos desafios
e nos permite também
passarmos por ventanias para que
aprendamos o valor dos Re(começos) .

No fim...
O que nos resta é um novo horizonte
Bem ali
Ali na fronte
Mesmo que para nós pareça distante.
O que jamais devemos permitir
É afundar
e perder o rumo em busca da felicidade .
Somos navegantes
Timoneiros dos nossos instantes !

É como disse o grande poeta Fernando Pessoa:
"Navegar é preciso!"
E eu vou mais além:
Naufragar é questão de escolha!

A onda

A onda no mar nunca é uma
igual a outra ,todas as ondas
são diferentes umas das outras ,
e vivem em função umas das
outras ,umas
maiores ,outras menores ,
são todas diferentes ,mas
quando unidas tornam-se fortes
e poderosas .
Num instante uma grande onda
torna-se pequena e noutro
instante uma pequena onda
torna-se grande ;
Assim como numa família
todos diferentes mas um vive
em função do outro ,
uma onda abraça a outra e
também chocam-se umas
contra as outras e
estão ali sempre ,quando
afundam é por que deixaram
de ser onda.

Desequilíbrio


Minha alma ora tem a altura do monte Everest
Ora a depressão do mar morto.
Ora a profundidade da Fossa das Marianas
Ora a extensão do Amazonas.
Às vezes tem a grandeza do continente Asiático.
Às vezes a pequenez da Oceania.
Ora tem o isolamento da Ilha da Páscoa.
Ora o reboliço de Xangai.
Algumas vezes minha alma tem o calor do Deserto Dasht-e Lut
Outra vezes o frio da Antártida.
Algumas vezes é ressequida como o Saara.
Outras vezes tem a biodiversidade brasileira.
Fico, então, nessa gangorra do ter muito
E ser tudo e minguar numa vazante descontrolada de vida
Ora sou tudo, ora nada sou
E atravesso a eternidade como um Ser
Em desequilíbrio permanente.
Ora sou ateia.
Ora fervorosa crente.

e as Ondas

Era noite. O alto mar se enfurecia...
Para o barco veloz que à morte avança,
Não restava uma simples esperança
De incólume rever a luz do dia...

Entre as brumas, porém, da noite fria
Aparece uma sombra, calma e mansa...
Era um fantasma? – Não! – era a bonança
Que em Jesus, como bênção, se anuncia.

Inda hoje o mar do mundo se encapela;
E, no barco da vida, já sem vela,
Não nos resta sequer uma ilusão...

Mas – Senhor! – sobre as ondas revoltadas,
Volta a trazer às almas torturadas
O consolo da tua salvação!

A PÉROLA NA TENDA

Você estava escondida
pérola no fundo do mar
as ondas lhe trouxe
como presente ao luar

agora numa praia deserta
o coração aperta
matar minha saudade
das coisas incertas

saudade contida
coração apertado com um nó
mirando seu corpo suado
conheço cada parte de cor
fazer de uma tenda um harém
harém de uma mulher só

Alma gêmea:

Eu sol, ele luar.
Eu terra, ele mar.
Que em meio
tantas incertezas,
vagaram
até se encontrar.

Duas almas
entrelaçadas,
pelo tempo e lugar.
Que desde
o nascimento,
estavam ligados
na linha do olhar.

Quando os olhos
se conectam,
até o tempo
parece congelar.
Duas almas que
não são perfeitas,
são os opostos,
que vieram para
somar.

O vôo continua
além da vida.
Como numa
linda poesia,
com letras coloridas,
um verso
de amor,
que
nunca pode findar.

Elas sempre
se reconhecem,
demore o tempo
que precisar.
No momento
que uma,
olhar para outra,
a badaladas do relógio,
toca a sintonia
de amar.

Como a brisa leve,
da manhã
de primavera.
O amor se aconchega,
e não
há mais espaço,
pra saudade ficar.

E ela se vai,
com véu negro
da noite.
A lua linda
e bela, é a
única testemunha,
que o amor
chegou para ficar.

E ao nascer do sol;
o amor irá acordar,
a cor dar por dentro,
borboletas coloridas
rodopiando no
estômago,
indicando
que a felicidade,
é o momento.
Poema de #Andrea_Domingues ©

Todos os direitos autorais reservados 30/09/2019 às 17:00 horas

Manter créditos ao autor original #Andrea_Domingues