Textos de Culpa
É um voo livre. Finalmente descobri. Depois de tanto que me mantive engaiolada com o passado de cárcere ensinado. É um voo livre e vou mesmo com as asas cortadas, todas picotadas, com pontas ensanguentadas, por tesouras desamoladas de quem não aceita o que precisa crescer e partir. É um voo livre, depois de muito tempo, finalmente descobri.
Nem tudo é sobre você. Nem tudo precisa da sua voz. Há uma nobreza em se conter, em não se meter onde não foi chamado, em perceber que algumas batalhas não te pertencem. A gente esquece que silêncio também é uma forma de presença, talvez a mais difícil de todas. Porque exige humildade, exige segurar a língua quando ela insiste em querer dar conselhos não pedidos, emitir opiniões que ninguém solicitou. Por isso, o melhor que podemos fazer por alguém é simplesmente ouvir. Não confunda se calar com ser omisso. Há uma grande diferença entre ignorar e compreender o momento de não interferir. Nem tudo que você acha certo é certo para o outro, e nem toda opinião sua vai transformar a vida de alguém. Então, ao invés de ser a voz que interrompe, tente ser o ouvido que acolhe. Ao invés de ser o dedo que aponta, seja o ombro que suporta. O silêncio também tem sua poesia. E às vezes, o maior gesto de amor é apenas deixar o outro existir, sem invadir, sem impor, apenas respeitando.
Vou catando a felicidade em cada algodão que uso para limpar as feridas que ainda teimam em sangrar. Nas asas de uma libélula, vou tentando encontrar essa liberdade da pressa de encontrar um feitiço, um antídoto, que cure com mais pressa as feridas que os fantasmas fizeram se alastrar sobre a pele vistosa que tinha. Não, não preciso ter tanta pressa por esse dia. Afinal, em alguns casos, ele nunca chega. É preciso buscar e com coragem encontrar essa paz miserável em meio aos algodões manchados de vermelho.
Me recuso a ser definida por um mero vislumbre de quem passa correndo e se esbarra comigo. Me recuso a ser definida por olhos que projetam seus desejos nos meus. Sou tantas. Sou múltipla. Carrego tanta vida. Tanta morte. Carrego tanta história tatuada na pele suada e que divide cicatrizes e algumas inflamações abertas. Carrego tanto amor, mas também tanto ódio. Não me canso de dizer que sou. Que sou muitas. Tão doce como mel. Tão azeda como biribiri chupado com sal. Sou santa e profana. Sou mansidão em mar em um dia perfeito de sol. Sou água raivosa em seu pico alto em tempestade. Eu sou tantas. A menina, a mulher. A princesa e a bruxa. A bruxa. Eu sou tantas. A real, a mágica. A esperança, a trágica. Que não quero ser definida apenas por um mero vislumbre de quem passa correndo e se esbarra comigo.
O que seria de nós se o mundo inteiro acordasse como nos filmes? Uma pena não ser assim, mas nós podemos ser a exceção. Somos os capitães dos nossos dias e a partir do momento em que você enxerga a vida de uma maneira mais romântica, logo ela será romântica. Tudo depende daquilo que há dentro de você.
A vida me apresentou um garoto que me fez ver o mundo com outros olhos. Eu sempre fui uma pessoa que reclamava de tudo, se chovia ou se fazia muito sol, estava destinada a reclamar. Conheci ele em uma festa na casa de uma amiga, saímos algumas vezes e depois de cinco meses nós começamos a namorar. Ele sempre teve muitos motivos para reclamar, mas nunca ouvi uma palavra do tipo saindo da boca dele, mesmo perdendo os pais ainda quando criança e fora as outras histórias de vida dele que chegavam a tocar qualquer coração. Ele jamais culpou o universo, não brigava com a vida, ele simplesmente entendia que não podia se preocupar com coisas que estão fora de seu alcance. Por meses ele me alertou, buscava me ajudar a parar de ser uma pessoa ingrata, eu tinha tantas coisas naquela época e não era capaz de notar. Como aquele vício já havia se feito presente em mim, eu também reclamei de nós dois, e por consequência, eu também o perdi. Eu precisei perder pessoas magníficas para compreender que a gratidão é o que move a nossa vida. Quanto mais se pratica, mais motivo terá para agradecer. Infelizmente, não pude ter a oportunidade de ser uma pessoa melhor com ele, não o julgo, pois, faria o mesmo se tivesse ao lado alguém que só enxergasse as falhas. Se ele chegasse dez minutos atrasado eu reclamava, mesmo se o motivo fosse algo que estava fora do controle dele. Se acontecesse algo comigo no trabalho, eu já descontava tudo aquilo nele, como se o mesmo tivesse culpa. A vida não permite que você tenha outra chance com a mesma pessoa, mas a vida me permitiu o conhecer para que assim eu pudesse ser uma pessoa grata. Ele seguiu sua vida e se casou com uma pessoa admirável. Graças a ele eu comecei a valorizar as coisas que eu tinha e passei a agradecer por tudo o que me acontecesse, hoje eu consegui o emprego que sempre sonhei e tive a oportunidade de encontrar um homem incrível. Há amores que servem apenas para aprendizado, é magnífico ter tido o privilégio de ter sido o seu amor, mesmo que por pouco tempo, mas é enriquecedor saber que eu saí daquele relacionamento com uma mente evoluída.
Quanto vale o amor? Quem busca viver uma relação de sentimentos, entende que ele não tem um valor específico. Agora, quem o busca apenas para agregar a vida financeira, iria dar a ele um valor estimado em dinheiro. Mas quando falamos sobre amor, o dinheiro é incapaz de se comparar. Amor é algo que está além do nosso entendimento, quem o sente se rejuvenesce, mas quem o perde, vê sua vida se decair cada vez mais. Você pode ter milhões, mas se não tiver amor para oferecer e para receber, sua vida será vazia. Não adianta ter as melhores roupas se ninguém irá se interessar pelo seu interior. Não adianta fazer as melhores viagens se ninguém estiver esperando por sua volta. O dinheiro pode sim comprar bens materiais, mas os sentimentos são superiores as coisas do mundo. Você pode argumentar dizendo que um carro novo seria melhor do que qualquer amor, mas isso iria te deixar no mínimo emocionado nas primeiras semanas, depois, tudo retornaria ao seu devido lugar. Quando o assunto é interior, apenas outras almas podem curar. Almas compreendem almas, coisas compreendem coisas. O amor e a felicidade se encontram nas atitudes que você deixa de praticar por se preocupar em arrecadar cada vez mais moedas, mas essas moedas não te oferecem o conforto de uma alma feliz. Então, se ainda assim você definir o amor em dinheiro, diga-me qual é o preço do amor que você sente pelos seus pais?
Meu problema com os sentimentos, sempre foi aceitar que eles existem. A maneira que encontrei de não me sufocar eles, foi senti-los, foi me permitir sentir a tristeza, as mágoas, a raiva, etc. Sempre que tentamos reprimir um sentimento ele sempre acaba voltando, porem de uma forma mais dolorosa. Se permita errar, se permita aprender com suas falhas. A dor machuca, mas a recompensa de aprender com ela é valioso.
Atitude e disposição, também para uma queda. Um nobre também golpeia e sabe se despir da coroa para resolver nos punhos, quem sabe até precise degolar impondo seu trono. O bom Rei não se acovarda atrás de seu exército, mas vai à frente das suas guerras, ainda que seu sangue se derrame antes do que valoriza, defendendo.
Duas pessoas, fortuitamente, têm sua sina convergentes. A fusão se dá mediante muito esforço e, se desconsideramos os aplicativos de namoro, grandes facilitadores, o evento é ainda mais finito e soa até inverossímil. No entanto, para efeito desse texto, utilizaremos essas redes sociais. Há um número quase infinito de seres que recorrem ao Tinder, a título de exemplo, de diferentes faixas etárias, com diferentes propósitos. Aumentar o número de possibilidade é elevar o número de combinações? Nem sempre. Nessas situações, a angústia pode ser imensa, em virtude do avalanche emocional: cada match, uma expectativa nova e que, todavia, pode ser frustrada. Observa-se, assim, que mais possibilidade é, com efeito, mais sofrimento, em razão de que pensamentos do tipo "e se eu buscasse mais um pouco antes de me firmar com esse aqui, que nem é tão igual a mim?" Podem surgir. Por esse motivo, aqueles que, mediante todo esse cenário (muitas vezes superficial e insosso), conseguem encontrar alguém com quem se identificam e, ainda que não sejam idênticas (o que é absolutamente normal), se respeitam dessa maneira e se estimam pelo o que são e não pelo o que gostariam de ser, são dignos de reverência.
- Aumenta o volume, por favor, ainda consigo ouvir o meu coração. Foi o que eu pensei em dizer ao Dj quando cheguei na festa, sozinha. Minhas amigas estavam lá, em algum lugar, mas por um motivo chamado você, isso não fazia a menor diferença.Pedi uma bebida quente. O garçom me deu mole e eu senti nojo. Da bebida e da cantada. Aquela era a primeira gota de álcool do ano. Desde que comecei a sair com você, não precisei mais de bebidas pra parecer louca. Um gole, dois goles e lá estava eu, dançando a minha música predileta com um desconhecido e com os pensamentos a quilômetros de distância. Ou melhor. Em mim, em nós dois.Ao som de Katy Perry eu soltava uns bons “Firework’s”, tudo pra comemorar – ou lamentar – minha liberdade. Eu pensava “Será que ele viu minha frase no facebook? Deixei bem claro que essa noite eu não seria eu”. Se viu, vai aparecer. Apareceu. Minha maquiagem já tinha ido para o espaço quando te vi passar. Eu me odiei por isso. Queria estar linda, intacta e cheirosa. Nos meus planos, você ia me ver e se aproximar, com o seu sorriso de lado e dar sem dizer nada, um daqueles seus abraços apertados que me faz esquecer de todo o resto. Você nem me viu. Disfarcei.Na verdade, eu queria ser forte o suficiente pra poder te empurrar na parede com um soco daqueles, bem na boca do estômago. Pra que por pelo menos alguns minutos, você sinta o que eu sinto toda noite antes de dormir.Minhas amigas estavam preocupadas comigo, e eu, com você. Quem era aquela do seu lado. Por que você sorri tanto quando está tão longe? Todo mundo parecia tão feliz, a festa toda piscava e girava, e o meu coração continuava latejando. Mais bebida, quem sabe passa. Eu queria te provocar. Queria que me olhasse.As horas foram passando, e você, com duas ou três garotas por perto. Amigas ou amantes, sei lá. Não importa. Elas não seu, e eu estou aqui. Deus do céu, o que aconteceu com a gente? Pra onde foram todas as promessas que fizemos? Nossa última briga te machucou demais? Por que você mão me fez parar a tempo? Era o que costumava fazer.Fim de noite. Alguns vexames e nada de você.Acordei hoje cedo rezando para que tudo isso tenha sido um grande pesadelo, e ainda, olhando para o telefone esperando você ligar. Minha cabeça dói, mas menos que o meu coração. Eu tô bem, mas continuo repetindo toda hora: Vem, me salva da vida sem você.
Casualmente eu acordaria com você na cabeça, casualmente eu iria tomar banho, escovar os dentes e tomar meu café da manhã pensando em você, casualmente eu teria ido a escola e mesmo com aquele assunto complicado de química eu ainda estaria pensando em você, casualmente no almoço na roda de amigos e ate no meu sono a tarde eu estaria com você na minha cabeça, casualmente eu tenho pensado em você todos os dias, todas as horas e em todos os lugares. Casualmente eu estaria pensando em você agora, isso casualmente. Porque agora eu resolvi viver, e casualmente esquecer de você.
Certa vez perguntaram ao enigmático Conde Cagliostro se ele era discípulo do famoso alquimista o Conde de St. Germain, e se assim o fosse qual seria seu segredo para imortalidade.Dizem que Cagliostro silenciou se mas Voltaire, que estava perto disse francamente a respeito do Conde "é um tipo diferente de eternidade pois um homem que sabe um pouco de tudo, decerto nunca morrerá ".
Quando os filhos crescem.
Há um momento na vida dos pais em que eles se sentem órfãos. Os filhos, dizem eles, crescem de um momento para outro. É paradoxal. Quando nascem pequenos e frágeis, os primeiros meses parecem intermináveis. Pai e mãe se revezam à cata de respostas aos seus estímulos nos rostinhos miúdos.
Desejam que eles sorriam, que agitem os bracinhos, que sentem, fiquem em pé, andem, tudo é uma ansiosa expectativa. Então, um dia, de repente, ei-los adolescentes. Não mais os passeios com os pais nos finais de semana, nem férias compartilhadas em família. Agora tudo é feito com os amigos.
Olham para o rosto do menino e surpreendem os primeiros fios de barba, como a mãe passarinho descobre a penugem nas asas dos filhotes. A menina se transforma em mulher. É o momento dos voos para além do ninho doméstico. É o momento em que os pais se perguntam: onde estão aqueles bebês com cheirinho de leite e fralda molhada? Onde estão os brinquedos do faz-de-conta, os chás de nada, os heróis invencíveis que tudo conseguiam em suas batalhas imaginárias contra o mal?
As viagens para a praia e o campo já não são tão sonoras. A cantoria infantil e os eternos pedidos de sorvetes, doces, pipoca foram substituídos pelo mutismo ou a conversa animada com os amigos com que compartilham sua alegria. Os pais se sentem órfãos de filhos. Seus pequenos cresceram sem que eles possam precisar quando. Ontem eram crianças trazendo a bola para ser consertada. Hoje são os que lhes ensinam como operar o computador e melhor explorar os programas que se encontram à disposição. A impressão é que dormiram crianças e despertaram adolescentes, como num passe de mágica. Ontem estavam no banco de trás do automóvel, hoje estão ao volante, dando aulas de correta condução no trânsito. É o momento da saudade dos dias que se foram, tão rápidos. É o momento em que sentimos que poderíamos ter deixado de lado afazeres sempre contínuos e brincado mais com eles, rolando na grama, jogando futebol.
Deveríamos tê-los ouvido mais, deliciando-nos com o relato de suas conquistas e aventuras, suas primeiras decepções, seus medos. Tê-los levado mais ao cinema, desfrutando das suas vibrações ante o heroísmo dos galãs da tela. Tempos que não retornam a não ser na figura dos netos que nos compete esperar.
Pais, estejamos mais com nossos filhos. A existência é breve e as oportunidades preciosas. Tudo o mais que tenhamos e que nos preencha o tempo não compensará as horas dedicadas aos espíritos que se amoldaram nos corpos dos nossos pequenos para estar conosco. Não economizemos abraços, carícias, atenções porque nosso procedimento para com eles lhes determinará a felicidade do crescimento proveitoso ou a tristeza dos dias inúteis do futuro.
A criança criada com carinho aprende a ser afetuosa. A mensagem da atenção ao próximo é passada pelos pais aos filhos. No dia-a-dia com os pais eles aprendem que o ser humano e seus sentimentos são mais importantes do que o simples sucesso profissional e todos os seus acessórios. Em essência, as crianças aprendem o que vivem.
Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade.
As notícias, arrumadas como perólas em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas lembranças.
Vi-me criança orientada pela sua paciência. As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar.
E todas as recordações, como um caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos tristes.
Assumiu forma, no pensamento voador, a irmã que implicava comigo.
Quantas teimas com ela. Pelo mesmo brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina.
Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente. E você, lecionando calma, tolerância.
Na hora do lanche, para a lição da honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o bolo.
Quantas vezes seu olhar me alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso para mim escolhida.
As lições da escola, feitas sob sua supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o refrigerante.
Quantas lembranças, mãe querida!
Dos dias da adolescência, do desejar alçar vôos de liberdade antes de ter asas emplumadas.
Dos dias da juventude que idealizavam anseios muito além do que você, lutadora solitária poderia me oferecer.
Lágrimas de frustração que você enxugou. Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces.
Quantas vezes ouço sua voz repetindo, uma vez mais: “tudo tem seu tempo, sua hora! Aguarde! Treine paciência!”
E de outras vezes: “cada dia é oportunidade diferente. Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar.
A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio. O dia que você perde na ociosidade é tesouro jogado fora, que não retorna.”
Lições e lições.
A casa formosa, entre os tamarindeiros assomou na minha emoção.
Voltei aos caminhos percorridos para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso, retornando de repente.
Mãe, chegou um momento em que a carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera.
E porque ela falava no meu coração dorido, voei, vencendo a distância.
E vim, eu mesmo, a fim de que você veja e ouça as notícias vibrando em mim.
Mãe, aqui estou. Eu sou a carta viva que ia escrever e remeter a você.
Entre as quadras da vida e as atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura chamada mãe.
Não a esqueça. Escreva, telefone, mande uma flor, um mimo.
Pense quantas vezes, em sua vida, ela o surpreendeu dessa forma.
E não deixe de abraçá-la, acarinhá-la, confortar-lhe o coração.
Você, com certeza, será sempre para ela, o melhor e mais caro presente.
Quem seria eu para questionar um sentimento, por que era isso que havia entre nós, e que existe ainda hoje. Eu não sei como você sabia, mas sabia, e você fez tudo ficar mais fácil para mim. Você também não me fez perguntas quando eu quis ir embora e andar sozinha, e quando regressei, com os olhos cheios de lágrimas, você sempre soube em que momento eu precisava que você me abraçasse e quando simplesmente devia me deixar a sós. Mas, mais do que isso, eu percebi que tinha sido tola por um dia ter cogitado a idéia de ficar com outra pessoa, desde então nunca mais hesitei. Tivemos dias maravilhosos juntos, e penso muito nisso agora. Às vezes fecho os olhos e vejo você com salpicos grisalhos nos cabelos, sentado, enquanto as crianças brincam ao seu redor. Você foi, ao mesmo tempo, meu amigo e o meu amante, e não sei de qual lado de você eu gosto mais. Tenho grande estima pelos dois lados, assim como tenho grande estima pelo que foi a nossos momentos juntos. Você tem alguma coisa dentro de você, algo belo e forte. Bondade. Você é o homem mais generoso e sereno que conheci. Deus está com você, tem de estar. Sei que você me acha doida por escrever a nossa história, após finalizarmos ela, mas tenho as minhas razões e agradeço pela sua paciência. Vivemos momentos que a maioria dos casais nunca chegaram sequer a conhecer, porém, quando olho para você, fico assustada por saber que tudo isto acabou. Porque ambos sabemos quais são os prognósticos e o que isso significou para nós. Vejo nossas lágrimas naquele estante, e me preocupo mais com você do que comigo mesma. Não tenho palavras para expressar meu sofrimento. Por favor, não fique irritado comigo, nos dias em que não me lembrar de você, e nós dois sabemos que esse esquecimento é necessário. Saiba que eu gosto de você, que sempre gostei e aconteça o que acontecer, saiba que eu tive os melhores momentos de minha vida com você. E se você guardar esta carta para ler outra vez, então acredite no que estou escrevendo para você. Onde quer que você esteja e seja qual for à data de hoje, eu gosto de você. Gosto agora enquanto escrevo esta carta, e gosto enquanto você está ledo esta carta. E lamento muito se não consegui ti dizer isso. Você é, e sempre foi, o meu sonho!
“As pessoas sempre estão pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira. Eu nem ligo, mas tem horas que fico chateado quando alguém vem dizer para me comportar como um rapaz da minha idade. Outras vezes, me comporto como se fosse bem mais velho – no duro – mas aí ninguém repara. Ninguém nunca repara em coisa alguma.”
Pessoas frias não são frias porque querem ser. Aconteceu alguma coisa, ou várias coisas, para que ela fosse congelando aos poucos. Ninguém sai intacto de uma avalanche, ainda mais se essa avalanche for de mágoas. Ser frio não é uma opção, escolha ou uma moda. É uma consequência, um ato involuntário, um mecanismo de defesa.
[...] Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério — o único existente. [...]
“Vive a vida menina como se não houvesse amanhã... procure a felicidade nas coisas simples e nos momentos singulares... não há felicidade completa, mas também não existe infelicidade eterna... a vida é feita de pequenos momentos e momentos podem ser intensamente vividos e principalmente felizes... “
