Textos da Grandeza do Senhor
Com licença poética
Quando nasci um anjo barroco,
desses rechonchudos, disse:
- ide e seja devaneador e louco
trovador, saia da mesmice.
Aceito está sorte, tampouco,
serei neste fado só sandice,
terei, também, a imaginação.
Não sou tão eu de maluquice
que venha sem a razão.
Acho o cerrado uma beleza
ora sim, ora não, darei adeus ao sertão.
Mas o que sinto, e que seja pureza
ponho a inundar o meu coração.
Dor tenho não. Só leveza!
Se choro ou lamento é de emoção.
Cumpro a sina!
Já a inspiração a levo aonde vou.
Se é maldição, eu, ave de rapina.
Poeta é fingidor. Eu sou.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro, 29, 2018
Cerrado goiano
Paráfrase.
TÉDIO
Sobre o meu poetar, como uma sina
Tal ave de rapina, pesa a monotonia
Despovoando os versos, na surdina
Ilustrando a poesia de turva predaria
Oh! Escrever no silêncio, e inquilina
A solidão, sem sonho e sem alegria
Sem uma idéia e sensação cristalina
Faz o tédio ao poeta sua companhia
Ah! Deixar de fantasiar este ensejo
O pensamento no vão, a alma fria
Se a luz está escura e assim velada
Como posso avivar o meu desejo?
Se dorme numa catedral tão vazia
E lá fora a vida está abandonada!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ALMA INQUIETA
Quem o cerrado dirá à alma inquieta no vazio?
De tortos em tortos galhos queixas soltas no ar
De estrelas em estrelas o pensamento a voar
Num calafrio, recolhido e só, eu, aqui sombrio...
Ergo os sonhos do chão seco, do pó a jorrar
Jorro angústias murchas do peito sem feitio
Cheio de desagrado, de pecado. E mal gentio
Que saudade doída! - Recordação sem paladar.
Pra purificar a sensação, um coração piegas
Livre da ingratidão, livre da trava indiferença
Onde, em perpétua quimera, devaneio cativo
Não posso então ter na ilusão as tais regras
E tão pouco nas lembranças cética crença
Amor e esperança vivem no cárcere que vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Hino à Tarde (soneto)
Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas
Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria
Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada
Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Subversiva
A solidão
Quando vem
Respeita nada não...
Nem lembranças tem.
Quando ela fica sem noção
Há suspiros, também.
De qualquer de seus abismos
Desconhece o coração
E é cheia de egoísmos
Relincha
Nos seus fanatismos,
Então, a alma guincha.
Só depois da sofregdão
Reconsidera: no silêncio
E deixa a ventura na mão
Em um poema sombrio...
De farta imaginação.
No vazio!
E promete incendiar a razão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Paráfrase Ferreira Gular
CAOS
No fundo do meu eu, o meu efeito
São noites, entardecer e alvoradas
Enlevos, suspiros e dores sepultadas
Devaneios engasgados no meu peito
Retas alongadas, curvas e lombadas
Mas, de repente, o esperado desfeito
Refeitos, rajadas do eu ser imperfeito
Clamor, as regras, retintim das ciladas
E nos motins, glórias e nada absoluto
Choro e hosana... Com o dito estrovo
Numa sina dum salmo agreste e bruto
E há no poetizar, de que me comovo
Gritos, festa, agonia, meu eu matuto
Incertezas, e o recomeçar de novo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PASSARINHO
O passarinho, pelo céu, passa
Entre galhos, voo, mansinho
Desliza toda a sua graça
És livre no seu livre caminho
Na secura do cerrado, reaça
Entre tortos galhos, seu ninho
Num canto de encanto, bocaça
Aveludando a aridez num alinho
Lá, cá, acolá, na frente, na regaça
Em bando, passarinho, sozinho
És leve, garrido, como a cassa
Em galhos macios ou de espinho
Voa deslizante, de braça em braça
No campo, praça, qualquer cantinho
O passarinho, bom prol nos faça!
Ás, lento, alto ou baixinho, passarinho...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
28 novembro, 00’25” – 2017
Cerrado goiano
Importante é o amor;
Não há tristeza nem dor;
O que mas importa é a vida e o calor das pessoas que ficaram ao nosso arredor.
Ninguém vai sorrir todos os dias;
Porque a cada dia traz as suas manias;
Mas basta olhar que o amor cura todas as feridas
Aí começa a nascer novos sonhos e expectativas para novas caminhadas;
Então sem duvida, o importante é o amor.
Por isso Deus amou o mundo de tal maneira que fez o que teve que fazer. E deixa-lo de tal maneira.
Banana
Ah! A banana...
da terra
prata
ouro
delicia soberana
Na roça
no quintal
minha, sua, nossa
preferência nacional
Ah! A banana...
Capital!
Que da Mãe Terra emana
Viva o bananal...
natureza, prana
fortuna tropical
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
39/004/2020, cerrado mineiro
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
pôr de lua
estou na tal fase
do luxo da alma nua
de ignorar o tino da frase
escapa-me a percepção
o verso, a rima, a inspiração
a emoção já não me pertence
foge-me o suspense
sou apenas rumo
resumo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
SAGRAS
Há os sonhos ocultos
dizer o que? Vultos...
Há a poesia derrocada
calhorda a sua fornada
O dedo em riste, olha
insiste, a alma desfolha
Não há poetar sonegado:
- o verso nunca é calado
Há desencontro na colisão
também o meu e seu perdão
O fado tem vida peculiar
o amor não, tem de amar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
perdição
no outono
tal as folhas secas
perdição. Entono!
o sertão perde a cor
o pequizeiro o sono
o cerrado vira pecador...
a poeira perde o rumo
a chuva vira escassez
o vento se torna insumo
e a vida se perde no talvez...
pra noutro ano, perder-se
outra vez!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
26 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
ajuste
o relógio rege a hora
o estro rege o verso
a sorte afável senhora
então, sonho eu peço...
o segundo rege a vida
o silêncio cala o momento
tudo está de partida
já o amor, vital sentimento!
então, ajuste a batida!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
26/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
intuição
todo conto tem um ponto
toda treta um desconto
os versos tem diálogos
todos eles seus catálogos
todo olhar tem emoção
e as palavras convulsão
da ilusão se tem o sonho
do silêncio o som enfadonho
toda inspiração as suas trovas
de quem do amor tenha provas
e assim se valsa na ilusão
do limite de o sim e do não...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, setembro
Araguari, Triângulo Mineiro
restauração
à beira de uma saudade
um olhar de lembranças
adquirido duma fatuidade
embalado por mudanças
e depois pela imensidade
do vazio das tardanças
os sonhos pela metade...
quiseram fazê-la moldada
tiraram-lhe os pés, as mãos
puseram tua poesia calada
e tuas quimeras em vãos
sem asas e sem morada
insistiram em demãos
e em uma nova fornada
um dia nuvem eu busco
repleta duma esperança
sem que só tenha fusco
onde eu possa ser dança
também, mais que rabusco
meu eu, sonhadora criança
poeta, alquimista, patusco
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27, setembro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
vai
tal qual a companhia
busca por um olhar
lá vai o silêncio
solidão e apesar
tal qual a poesia
no uso da inspiração
lá vai o poeta
ilusão e emoção
tal qual o amor
quer um doce amar
lá vai a paixão
fugaz e salutar
Tal qual o poeta
finge sinceramente
lá vai a caneta
trova e a rima inocente
tal qual o fado
é traçado no florecer
o amanhã é desafio
novo sol, outro amanhecer
lavai... vai
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
paráfrase prima Líria Porto
nascente
nem dia ainda é
nem escuridão
nesta hora de silêncio, fé
o sono já em vão
e a alma já de pé
mansidão
neste momento aflito
agoniada a solidão
que suspira num agito
num grito, em oração
será meu este delito
ou será do coração?
não importa a importância
não importa o cravo
o amor é relevância
o poeta da poesia escravo
a poesia pro poeta substância:
prosa, cria, aroma, desagravo...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
velhice
a hora que o tempo tem
com tanta pressa se vai
disparou, e nela contém
um suspiro que desvai
o prazo que ainda resta
nada sei, e pouco abstrai
então, nesta tal aresta
não adianta ser samurai
antes que finde a festa
uai! E vire o que seria
orquestre a tua seresta
e viva cada verso da poesia
antes que se torne indigesta
pois não terás está cortesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
sagitariano
novembro, ah essa gente
fogo que chamusca o olhar
engole a alma vorazmente
ah! tão difícil faz-se escapar
este polvo que nos contorna
nos tantos braços, abarca
e numa franqueza nos enforna
cálidos, que no corpo marca
(gente com tal certo amor diário
um ameno amorável... de Sagitário!)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
INANIA VERBA
Ah! Quem há de querer, meus versos vazios
O que a emoção não diz, e a mão não poeta?
Cânticos numa só tormenta, em uma só reta
Que lamenta, sangra, porém, se tornam frios...
A quimera agita, regurgita, e na alma espeta
A rima espessa e torta, sem simétricos feitios
Abafam a ideia leve, sem os olhares gentios
Que, calam o espírito, num augúrio profeta
Quem o molde o terá pra encaixar no fado?
Ai! quem há de expor as frustrações malditas
Do sonho? que anina e não mais se levanta...
E a inania verba muda, e o amor ali calado
E as confissões que talvez não sejam ditas
No silêncio, emudecem, atadas na garganta.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, início de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
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