Texto para a Pessoa que eu Amo

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Trovoada

O ruído do trovão é uma complexa onda de pressão, precedido dum clarão; resultado de uma ionização. Astrofóbicos ou não, todos encurvam-se com pescoços ao chão.
Para os pessimistas de plantão, eis aqui a minha consolação, sempre após o dia cinzento haverá uma coloração.

Inserida por Epifaniasurbanas

Um artista forte mata em si próprio não só o amor e a piedade, mas as próprias sementes do amor e da piedade. Torna-se desumano devido ao seu grande amor pela humanidade — esse amor que o impele a criar a arte para o homem. O gênio é a maior maldição com que Deus pode abençoar um homem. Deve ser sofrido com o mínimo possível de gemidos e queixumes, com uma consciência tão grande quanto possível da sua divina tristeza.
(Aforismos e Afins)

Inserida por EmOutrasPalavras

Feitos mostarda

"Somos sementes esperando eclosão,
sementes na palma da mão.
Ninguém quer ser o primeiro a ser plantado.
Queremos a vida sem nunca realmente tê-la usado.
Ainda reclamamos dum fruto não dado.

Não existe fruto sem raízes em terra e um pouco de sorte.
Não nascem flores sem algum tipo de morte.
Quem preservou sua vida nunca realmente nasceu.
Bem aventurado quem por alguma causa morreu.

Todo nosso legado pode caber na palma da mão,
ou talvez não."

Inserida por Epifaniasurbanas

Um pai pode se tornar um herói ou um vilão na vida de seus filhos.
O que vai definir sua classe, será sua índole e caráter, depois o amor e a dedicação.

Pais,

Vistam suas capas e usem seus super poderes para proteger e amar sua descendência.
Só assim será possível colher bons frutos.

Inserida por TatianaPessoaP

Por todas as razões e mais uma. Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém. Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.
Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem. E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga. E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.
Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura. Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez. E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer. E porque te conheço e porque me conheço. E porque te adivinho. Estas são todas as razões.
Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu.

Inserida por lucijordan

VI

Venho de longe e trago no perfil,
Em forma nevoenta e afastada,
O perfil de outro ser que desagrada
Ao meu actual recorte humano e vil.

Outrora fui talvez, não Boabdil,
Mas o seu mero último olhar, da estrada
Dado ao deixado vulto de Granada,
Recorte frio sob o unido anil...

Hoje sou a saudade imperial
Do que já na distância de mim vi...
Eu próprio sou aquilo que perdi...

E nesta estrada para Desigual
Florem em esguia glória marginal
Os girassóis do império que morri...

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Passos da Cruz in Poesias. Lisboa: Ática. 1942 (15ª ed. 1995). p. 43
Inserida por pensador

Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!

Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!

Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!

Fernando Pessoa
Poesias. Lisboa: Ática, 1942.
Inserida por laurenmatta

⁠Nossa vida é canal desafiante
Mas devemos lutar constantemente
Ter o corpo ligado com a mente
Para então se poder seguir avante
Ter a força e coragem de gigante
E ter metas com grande precisão
Nós devemos ter sempre animação
Pra vencer as batalhas todo dia
Pois perder sem lutar é covardia,
Só lutando se chega a ascensão.

Santo Antônio do Salto da Onça RN

Inserida por gelsonpessoa

Houve um dia em que subi esta rua pensando alegremente no futuro.
Pois Deus dá licença que o que não existe seja fortemente iluminado.
Hoje, descendo esta rua, nem no passado penso alegremente.
Quando muito, nem penso...
Tenho a impressão que as duas figuras se cruzaram na rua, nem então nem agora,
Mas aqui mesmo, sem tempo a perturbar o cruzamento.
Olhámos indiferentemente um para o outro.
E eu o antigo lá subi a rua imaginando um futuro girassol.
E eu o moderno lá desci a rua não imaginando nada.

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

Nota: Trecho do poema Realidade, escrito em 15 de dezembro de 1932.

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Inserida por pensador

Guardo ainda, como um pasmo
Em que a infância sobrevive,
Metade do entusiasmo
Que tenho porque já tive.

Quase às vezes me envergonho
De crer tanto em que não creio.
É uma espécie de sonho
Com a realidade ao meio.

Girassol do falso agrado
Em torno do centro mudo
Fala, amarelo, pasmado
Do negro centro que é tudo.

Fernando Pessoa
Novas Poesias Inéditas. Lisboa: Ática, 1973.
Inserida por pensador

⁠Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

Nota: Trecho do poema Tabacaria.

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Inserida por andersonmmoliveira

⁠Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro,
E com essas alegrias e esse prazer
Eu viria depois a amar-te.

Fernando Pessoa
Fausto – Tragédia Subjectiva. Lisboa: Presença, 1988.

Nota: Trecho do poema MARIA: Amo como o amor ama.

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Inserida por erika_beato

⁠E hoje, querida vida...
Meu coração esperou ansioso por uma mensagem.
Das mais reais e sinceras, até ilusões e miragens.

Carta ou notificação.
Uma palavra ou um sinal!
De tristeza ou compaixão.
Reticências ou ponto final!

Apenas pra ver se confortava o meu coração.
Se aliviaria a dor no meu peito.
Ou se daria logo um jeito
Nessa minha desilusão!

Inserida por SamuelPessoa

⁠Certa vez, me perguntaram o motivo de minhas poesias.
O engraçado, é que me peguei fazendo essa mesma pergunta há dias.
Contudo, respondi que não havia uma certa razão.
Que a poesia era meu melhor meio de expressão!
E com aquela pergunta na cabeça, pus-me a pensar.
Quais os motivos que me faziam passar horas escrevendo alguma coisa que pudesse rimar?

Cheguei a conclusão que o que escrevia, nada mais era, do que meus próprios sentimentos. E que as rimas muitas vezes, já estavam prontas em meus pensamentos.

Escrevia na maioria das vezes, quando estava deprimido.
Quando estava mal.
Quando estava abatido.
Este era meu sinal.
Uma melancolia contínua.
Sem final.
Escrevia, quando depois de chorar, nada mais me restava a fazer.
Foi aí que me dei conta...
Eu não parava de escrever!

- Samuel Pessoa

Inserida por SamuelPessoa

(Moça) - Samuel Pessoa


⁠Em um mundo só seu...
Ela vive sonhando acordada.
Depois que o encanto perdeu
Criou seu próprio conto de fada!
Viveu muitos casos
Criou vários laços
Em amores rasos
E hoje em dia é frustrada.

Cheia de esperança
Cria vários cenários de amor.
Inocente como criança
Não é de guardar rancor
Desligou-se do mundo
Mas passa cada segundo
Lembrando daquela dor!

Moça...

É comum querer fugir da realidade.
Ter medo é normal.
Evitar qualquer tipo de afetividade.
E sonhar não faz mal.
Mas quando o sonho acabar
E você finalmente acordar
Como vai viver a vida real?

Inserida por SamuelPessoa

⁠Quem Dera

Imagino um dia em que estarei no barro.
Às vezes quente, às vezes lama, entre outros,
No mais alto teor malcheiroso que exalam os mortais.

Quem dera!
Se até mesmo sob tanta terra,
Naquele invólucro imóvel, apertado,
Sem água e escuro, a decompor-me,
Exalasse o perfume de jasmim.

Quem dera!
Pois essa podridão indesejável
É o perfume da humanidade vil
Que o exala sem querer, claro!
Transfigurando-se em seu estado mórbido.

Quem dera!
Se eu fosse,
Apenas fosse,
Sem ter que me ver decompor-me
Com tanta fetidez.

Quem dera!
Se eu apenas fosse numa viagem
sem ter que me ver neste estado humano
devorado por vermes.

Quem dera!
Assim o penso,
Assim é o meu lado material.

Quem dera!
Não fosse.

Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023

Inserida por gelsonpessoa

Fiquei doido, fiquei tonto...
Meus beijos foram sem conto,
Apertei-a contra mim,
Aconcheguei-a em meus braços,
Embriaguei-me de abraços...
Fiquei tonto e foi assim...

Sua boca sabe a flores,
Bonequinha, meus amores,
Minha boneca que tem
Bracinhos para enlaçar-me,
E tantos beijos p'ra dar-me
Quantos eu lhe dou também.

Ah que tontura e que fogo!
Se estou perto dela, é logo
Uma pressa em meu olhar,
Uma música em minha alma,
Perdida de toda a calma,
E eu sem a querer achar.

Dá-me beijos, dá-me tantos
Que, enleado nos teus encantos,
Preso nos abraços teus,
Eu não sinta a própria vida,
Nem minha alma, ave perdida
No azul-amor dos teus céus.

Não descanso, não projecto
Nada certo, sempre inquieto
Quando te não beijo, amor,
Por te beijar, e se beijo
Por não me encher o desejo
Nem o meu beijo melhor.

Fernando Pessoa
Pessoa por conhecer: textos para um novo mapa. Lisboa: Estampa, 1990.
Inserida por marcosarmuzel

⁠Mais do que outras artes, são a Literatura e a música propícias às subtilesas de um psicólogo. As figuras de romance são - como todos sabem - tão reais como qualquer de nós. Certos aspectos de som tem uma alma alada e rápida, mas suscetíveis de psicologia e Sociologia porque - bom é que os ignorantes o saibam - as sociedades existem dentro das cores, dos sons, das frases, e há regimes e revoluções, reinados, políticas e - há-os em absoluto e sem metafísica - no conjunto instrumental de sinfonias, no todo organizado das novelas, nos metros quadrados de um quadro complexo, onde gozam, sofrem e misturam as atitudes coloridas de guerreiros, de amorosos ou de simbólicos.
Quando se quebra uma chávena da minha coleção japonesa, eu sonho que mais do que um descuido das mãos de uma criada tenha sido a causa, ou tenham estado os anseios das figuras que habitam as curvas daquela de louça; a resolução tenebrosa de suicídio que as tomou não se causa espanto: serviram-se da criada, como um de nós de um revólver. Saber Isto é estar além da ciência moderna, e com que precisão eu sei disso.

Diário de Bernardo Soares - pag. 341

Fernando Pessoa - Livro do desassossego

Inserida por ana_nenduziak

⁠Ah, meu maior amigo, nunca mais
Na paisagem sepulta desta vida
Encontrarei uma alma tão querida
Às coisas que em meu ser são as reais. [...]

Não mais, não mais, e desde que saíste
Desta prisão fechada que é o mundo,
Meu coração é inerte e infecundo
E o que sou é um sonho que está triste.

Porque há em nós, por mais que consigamos
Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,
Um desejo de termos companhia –
O amigo como esse que a falar amamos

Fernando Pessoa
Poesias inéditas (1930-1935). Lisboa: Ática, 1955.
Inserida por Maiaregina

⁠Regeneratio

Nós somos feito de povo
E se a gente se apertar
A gente vai se quebrar
Quinem a casca do ovo.

Nós temos muitos defeitos
Mas se a gente se apertar
E a gente for olhar
Tem vez que somos perfeitos.

Nós temos dificuldades,
Preguiça de trabalhar
Mas se a gente for olhar
Temos também qualidades.

Nós somos uns trapaceiros
Gostamos de enganar
Mas se a gente se esforçar
Tem uns de nós verdadeiros.

Somos muito egoístas
Só queremos se dar bem
Mas se a gente for além
Tem uns de nós altruístas.

Tem muitos de nós sacanas
Causando desunião
Outros que dão o perdão
Em atitudes bacanas.

Somos muito desonestos
Enganamos facilmente
Tem um ou outro decente
Mais a força de protestos.

Se a gente olhar bem direito
É difícil de encontrar
Um de nós pra se espelhar
Mas vai ficar rarefeito.

É que estamos passando
Por provas e expiações
Onde existem legiões
Contra o mal trabalhando.

Isto é uma transição
Com obstáculos e teste
De maneira que investe
No estágio da evolução.

O mal aqui predomina
Pois tem muita aceitação
Por causa da expiação
Mas que um dia termina.

O mal tá em ascensão
Mas isto acabará
E a terra então passará
De Mundo de Expiação
Para regeneração.

Santo Antônio do Salto da Onça RN Terra dos Cordelistas
Fevereiro de 2025

Inserida por gelsonpessoa