Texto Pai do Mario Quintana
É uma anomalia o fato de um sujeito flagrado portando um fuzil receber a mesma pena de um bandido qualquer. Ninguém sensato vai discordar de que ele precisa ter uma punição mais severa. Não dá para aceitar que traficantes que incendeiam ônibus e atiram em helicópteros sejam beneficiados pela progressão de regime e venham a cumprir uma parte da pena longe da prisão. Isso é um absurdo!
Todos podemos dividir os louros dos acertos. Mas os erros são de quem comanda. O brasileiro está meio cansado de a responsabilidade ser sempre jogada no outro, em quem está abaixo. Quem está em cima nunca sabe de nada, não viu, desconhece tudo. Quem tem poder de decisão não pode se omitir. No meu cargo, eu escolhia os comandantes. A responsabilidade era minha, o comando era meu.
Se eu sou favorável à criação de uma legislação para reintegrar traficantes arrependidos à sociedade, por que não fazer o mesmo com a corporação, em vez de tratar um oficial que já cometeu abusos como um leproso institucional? Se a política do confronto pelo confronto empurrou tanta gente para seus estereótipos, é hora de atrair quem quer trabalhar para o bem comum.
Antigos governantes se dividiam em dois grupos. Ou eram os que atribuíam toda a violência a questões sociais, e aí citavam Marx e as lutas de classe para dizer que o bandido não passava de uma vítima da exploração capitalista. Ou eram os governantes que achavam que com o fuzil na mão e a disposição de luta, na base da guerra e da morte, matariam os bandidos e resolveriam a segurança. Nem lá nem cá. Conflito não se resolve assim.
Hoje temos a impressão de que existem duas polícias diferentes: a dos praças e a dos oficiais. Quem faz a PM são os cabos e soldados, os sargentos e os novos oficiais que estão nas ruas. Os postos e graduações definem as obrigações de cada um, mas todos temos a mesma responsabilidade. Temos que mudar isso, pois somos uma corporação só.
Na verdade, nada tenho contra a ressocialização de criminosos que tenham acertado suas contas com a Justiça. Creio ser uma necessidade, principalmente em um país marcado pela desigualdade e por um passado em que a violência armada gerou uma subcultura do narcotráfico. Sim, é preciso dar uma segunda chance. E uma segunda chance que não dê abertura para uma terceira chance.
Os conflitos significam o produto da herança histórica que perdurará por um tempo até não mais existir. Mais do que quadrilhas as facções se tornaram uma espécie de uma subnação e um subestado criminoso, com subexércitos, subeconomia e microterritórios. Vencer isso tudo é difícil porque há identidade coletiva adquirida, e não se consegue destruindo, mas descontruindo, o que leva tempo.
O Complexo do Alemão além de Quartel General da maior facção era também seu altar de crenças. Os traficantes julgavam-se a salvo de uma retomada ali, ainda que seus "satélites" caíssem. Quando o seu "sol" foi tomado eles souberam que o império se findara. O modelo coletivizado do crime pelas facções só voltará a acontecer se o poder público permitir, Eu penso que a população nunca mais permitirá. Ao menor sinal de um recrudescimento a cobrança seria imediata.
A mera destruição física dos traficantes como aconteceu por anos, proporcionada por estratégias que privilegiavam visões extremistas, não deu resultados positivos promotores de tranquilidade pública e paz social, como não poderiam dar. Verdadeiramente só serviu para gerar uma espiral de ódio entre a população pobre e as forças policiais, fenômeno facilmente compreendido na medida em que os favelados viam seus filhos morrerem pelas mãos do Estado, e as forças policiais viam, igualmente, os seus integrantes tombarem pelas armas do tráfico.
Essas coletividades criminosas nutrem ódios irreconciliáveis. Já se mataram e praticaram toda sorte de violência umas contra as outras: mutilações, tortura, todo tipo de horror que julgamos inconcebíveis no nosso tempo. As facções se utilizam da violência para fins diversos, desde a mera satisfação de pulsões de morte, não refreadas pela ausência da intuição punitiva (individualmente até intuída, mas coletivamente crida improvável), às celebrações para mudança de status de seus iniciados, como os batismos-testes de "coragem" imolando inimigos e outros alvos indicados pelas lideranças.
Devemos desmascarar a impropriedade desses comentaristas autodeclarados “especialistas em segurança pública”, sempre a espreita de escândalos e crises, como urubus a procura de coisa pútrida; esses “policiólogos” abstêmios da práxis policial por inaptidão ou medo, que jamais ombrearam com sua tropa em momentos de dificuldades, quando a carne se torna alvo potencial para o fogo dos fuzis e estilhaços de granadas criminosas. Néscios, ainda assim alardeiam-se legítimos desconstrutores de edifícios construídos com suor e sangue honrados.
O perigo enfrentado por nossos companheiros é de tal ordem, que somente a banalização da própria vida, com a naturalização radical da morte em serviço, pode nos fornecer pistas de como eles, por força de suas posições hierárquicas Sargentos, Cabos e Soldados, os cumpridores desses serviços, podem ignorar sentimentos de autopreservação e juízo de risco, para exercer a mais arriscada atividade policial do país.
O biógrafo ideal deveria ser uma pessoa que um dia, talvez, também devesse merecer uma biografia. E isso significa um cara que viveu. Que andou na rua de madrugada. Que viveu a noite. Que se apaixonou, teve mulheres que se apaixonaram. Traiu, foi traído. Levou borrachada da polícia, foi preso. Se meteu em peripécias bem malucas. Que tenha tido uma doença. Que tenha sido pai.
Hoje, 30 de março de 2016, aniversário de minha mãe e que, se viva estivesse, estaria completando 105 anos de idade. Faleceu aos 72 anos no dia 7.2.1983, uma segunda feira de carnaval. O fato ocorria após ter passado seis meses do falecimento de meu pai, com quem ela vivera por mais de 50 anos. Sem muito estudo, passou pela vida batalhando arduamente para, junto com seu marido, criar seus nove filhos, dos quais sou o mais novo. Que ela esteja agora descansando em paz na glória de Deus, conforme ela mesma acreditava.
Olhando as estrelas, me lembro de outras noites nem muito agradáveis, substitui por outras lembranças, mas dessa vez que me trazem Saudades. Não sei como expressar as saudades que tenho de te encontrar em meus sonhos. Porém te sinto todos os dias andando ao meu lado, parece que a batida de teu peito ensina o melhor jeito para que meu coração te copie...
"Observar mais que absorver.. Essa é a meta!! Por que não adquirir paciência através da observação para obter mais clareza e maturidade em atitudes e pensamentos diante das adversidades? Observar intui ao que me permite enxergar sem esforço e controversas à atual realidade.. Por que deixar pensamentos negativos afetarem minha consciência, e automaticamente o meu dia a dia? A mente é extremamente poderosa, mas para desbloquear este poder de energia é preciso me adequar e superar os acontecimentos inesperados.. Portanto, minha vida vale muito mais que qualquer insatisfação, medo ou receio.. Eu me proponho, jamais deixar de acreditar que dias melhores virão, e que tudo é possível quando há pensamentos, decisões positivas e aceitação ao que me foi proposto viver."
"Que venham dias, tardes e noites melhores. Que respeito não seja raridade e que a educação seja voluntária. Que os pedidos de licença, desculpa, obrigada, por favor, gratidão, sejam automáticos e livres de exigências. Que todos leiam mais livros num mundo recheado de muitas vontades e pouquíssimos esforços. Que possamos sentir sempre o cheiro agradável do verde que nos elevam e o som dos pássaros que nos exaltam. Que venham muitos feriados, dias de sol, dias de chuva e ventos à flor da pele. Que surjam muitas primaveras, e que o afeto encantador do amor alheio que nos rodeia, seja uma constante em nossas vidas. Enfim, que sejamos merecedores de abraços acolhedores, sorrisos devastadores, conforto exuberante e muitas massagens nos pés."
"Priorizei as minhas atitudes aos fatos que me fazem crescer espiritualmente, não valorizando aquilo que vive de aparências, mas sim, redobrando e dedicando minha atenção ao que acrescerá meu estado de bom ser humano que ainda hei de me tornar... Percebi que reconhecendo as necessidades alheias, eu sou capaz de sentir a percepção do mundo ampliar, e que a vida tem significados maiores quando me sinto útil e mais ativa socialmente. Portanto, ser solidária ao próximo sem esperar nada em troca é o que realmente está em pauta.
Aquele amigo que se vangloriava em estar mostrando como um troféu a foto de uma determinada filha adolescente, dizendo, no entanto, que não sabia aonde andava, só fez. Um dia ela descobriu seu paradeiro e telefonou dizendo desejar conhecê-lo. Ele, com toda má vontade do mundo, combinou encontrá-la em frente às Lojas Americanas na hora do almoço. No outro dia deu um pulinho ao encontro combinado. Voltando, no entanto, mostrou-se indignado dizendo ter entrado na loja e comprado para ela um presente bom. Alardeou enfático: "um play station 2" - presente de menino, cá entre nós. E para sua surpresa, ela não aceitou. Disse-lhe que pensava que ficaria com ele a tarde toda, ora! Sentariam numa mesa e comeriam uma pizza como fazem os outros pais e filhas comuns, quanto mais eles que nunca tinham se visto antes, desde então. Se conheceriam melhor, dariam risadas, falariam sobre a longa ausência, a emoção natural do encontro, essas coisas, entende? Mas não, ele foi logo embora. Mais tarde, o mundo dá voltas. Ele casou com alguém e quis um ter um filho como todo casal, segundo a ordem natural das coisas. Acontece que a mulher era estéril. E aí só restou adotar um menino, ironia do destino, gesto nobre com o filho não sanguíneo, dando de tudo que não deu a biológica, boas roupas, presentes finos, o filho de outro enchendo de mimos.
Pois que te amarei, flor de luz de minha vida, em cada uma de minhas respirações, tanto em teus momentos de glória, quanto em tuas horas de sombra. É por onde fores, que teus olhos possam enxergar mais longe, como a continuidade dos meus. E com quem estiveres, como estiveres, onde estiveres, saibas que contigo eu sempre estarei, torcendo para que tomes o que é teu por direito divino, e com isso faça de sua passagem pelo mundo um marco semelhante ao do jardineiro que não conseguiu tirar das mãos o perfume das flores que colheu.
