Texto Pai do Mario Quintana

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⁠INVENTO E DISFARÇO

Passaste, tão bela, qual brisa ligeira,
Deixando um perfume que o tempo não leva.
Teu rastro, um enigma que o peito me crava,
Teus olhos, abismos, meu mundo exilado.

Nos labirintos onde me deixaste,
Procuro teu eco, a sombra que parte.
Não sei se existes ou foste miragem,
Mas vives em mim, como tatuagem.

És som no meu canto, segredo que guardo,
O perdão que não peço, o silêncio covarde.
Te perco e te acho na arte que faço,
E a cada suspiro, invento e disfarço.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Nem com Vinicius nem com o Tom

Que um amor, tem que triste pra ser bom,
com isso eu Não posso concordar,
nem com o Vinicius nem e o Tom.

Que o amor, não é belo assim
como se canta, não suporta
a miséria que o espanta

Quando falta o pão, pede perdão
e desencanta.

Quando falta o pão, pede perdão
e desencanta.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O HOMEM


Lá vai o homem andando
Na senda do seu viver,
Querendo chegar bem cedo
Antes do amanhecer.

Lá vai o homem cantando
A canção que aprendeu,
Sonhando com o dia claro
Onde o sol apareceu.

Lá vai o homem chorando
As dores do envelhecer,
Esperando a semente
Do fruto que irá colher.

Lá vai o homem sonhando,
Lembrando do que aprendeu,
Das lições da vida
Que o amor lhe concedeu.

Desperta o homem, outro dia,
Da luta que abraçou,
Trabalhando com coragem
No ofício redentor.

Lá vai o homem cantando
A canção que aprendeu,
Sonhando com o dia claro
Onde o sol apareceu.

Inserida por EvandoCarmo


Se o meu amor fosse canção

Se o meu amor fosse canção
Seria música de Tom Jobim
Seria música de Tom Jobim
De natureza, bela, de luz e de sol
Seria pra mim sinfonia perfeita
Do começo ao fim.
Se o meu amor fosse canção
Seria ópera de Wagner
Romance de Isolda e Tristão
Queixa do Caetano
“Qualquer Coisa” vã
Travessia do Milton
Sina do Djavan.
Se o meu amor fosse canção
Seria assim, cheia de defeitos
Melodia incompleta
Rascunho de poeta
Poema sem som.

Inserida por EvandoCarmo

**Nos Teus Olhos**

Nos teus olhos, um brilho sereno
Um sorriso que invade o silêncio
E cada gesto tão pequeno
Transforma o mundo em meu alento
Quando me abraças devagar
E deixas teu calor ficar
Tudo em mim se acende
Tu dizes palavras tão tuas
Simples, mas tão nuas
Que o meu peito compreende
Tu chegaste como a luz
Desvendando o que seduz
E dissipando o escuro
És tudo em mim
Eu em ti sem fim
Promessas ditas no olhar mais puro
E quando o teu rosto se aproxima
Uma chama em mim se firma
Meu coração se derrama
Há nos teus passos uma dança
Um caminho onde a esperança
Se deita e sonha contigo
E cada dia ao teu lado
Faz do meu destino encantado
Um poema vivo
Tu és meu céu, minha terra
Meu começo e fim de espera
E sempre que o amor chama
És tu quem eu proclamo

Inserida por EvandoCarmo

⁠AINDA ESTOU AQUI


Ainda estou aqui,
mesmo que tua surdez me negue.
Ainda estou aqui,
ecoando no vazio do teu silêncio.
Falo o que sinto,
palavras partidas,
versos ocos.
Mas teus ouvidos são muros,
e meus gritos, sementes no asfalto.
Ainda estou aqui,
em cada sombra que ignoras,
no peso do ar que não te toca,
no intervalo entre os gestos que evitamos.
Ainda estou aqui,
e não me calo.
Sou o eco do que já fomos,
o rastro de uma chama esquecida.
Falo porque existir é insistir,
mesmo que o som se dissolva no abismo.
Ainda estou aqui.
Tu me ouves?

Inserida por EvandoCarmo

⁠SEM TER VOCÊ

Quando o vento da saudade
balançar meu coração,
vou cantar uma canção pra você.
Vem me tirar desse sofrimento,
não aguento este momento
que passa o tempo sem ter você.
O rio no peito está secando,
porque o sol da solidão está queimando.
E o frio da saudade afugenta o meu ser,
não há cobertor que esquente
a vontade de viver.
E o frio da saudade afugenta o meu ser,
não há cobertor que esquente
a vontade de viver.

Inserida por EvandoCarmo

⁠IPANEMA

Ipanema, Ipanema
Sem Vinícius
E Tom Jobim.

Ipanema, ai que pena
Só restou isso pra mim
A leitura de um poema
Ipanema, mar sem fim.

Na imensidão do do céu
Olha o mar um querubim
A lamentar esta cena
Ipanema tão pequena
Sem Vinícius e Tom Jobim.

Ipanema me distraio
Vendo a praia, cai a tarde
E o sol tem pena...
Nada cura esta saudade,
Deste amor que sempre invade Minha alma tão pequena.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Meu Pranto

Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor

A dor que dói deixa a marca sem furar
E eu não consigo um minuto me calar

Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor

Meu violão não aguenta mais sofrer
Quebra as cordas com saudade de você

Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor

Não tem papel nem caneta pra escrever
Falta argumento pra que eu possa te dizer

Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor

Inserida por EvandoCarmo

⁠Ecos de Silêncio

Caso te bata a saudade
ou talvez a insuportável
abstinência de cafeína ou de mim,
passe aqui em casa.

Resolveremos, quem sabe,
uma dessas urgências.
E se ao chegar ainda houver
silêncio ou hesitação,
preparei café e uma conversa
para espantar a solidão.

O medo sufocou nosso desejo,
e ainda hoje perco o sono,
lembrando da covardia
que me impediu de aceitar
aquele beijo.

Tuas mãos trêmulas,
teu peito ofegante,
e eu, mudo, fiquei inerte,
morri calado, sem dizer
que te queria,
mesmo que fosse
o mais grave dos pecados.

Inserida por EvandoCarmo

Queime-me

Queime-me,
porque sou pó, e ao pó devo voltar,
mas escolho o fogo, o calor que consome,
não como morte, mas como transformação.
Queime essa matéria que me veste,
esse corpo que habitou a alma,
que pulsou em cada verso,
em cada nota, em cada instante de festa
vivido como se amanhã nunca viesse.
Porque amanhã, talvez, não estarei.
E tudo que fui, que amei,
será cinza ao vento,
um sopro que fertiliza o infinito.
Queime-me,
pois o que é eterno já vive
nas palavras que ergui,
nas obras que de mim nasceram,
abstratas, físicas, eternas.
Queime essa matéria,
mas não a memória,
não a alma secreta que me habitou.
Pois enquanto há quem ame,
quem viva, quem cante,
sou mais do que cinza—
sou fogo que arde no coração do mundo.⁠

Inserida por EvandoCarmo

⁠Um anjo comigo

Eu sei que não é fácil viver,
sozinho sem ter alguém.
Por isso eu amo você,
Por isso eu amo você.

Pedi ao sol, pedi à lua
Pra encontrar um amor,
E o anjo me respondeu,
E o anjo me respondeu.

No sonho lindo, acordei,
Ouvindo a voz de alguém, a me dizer:
"Sorridente, sou eu,
Que estou aqui com você.

Também estava sozinha,
Agora estou no céu,
Agora estou no céu.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Estou Prenhe

O pôr-do-sol, uma luz flamejante,
Desce sobre o meu horizonte.
Dentro de mim, há um inalcançável deserto,
Perdi, em algum lugar,
O que os homens chamam de paz.

Meu eterno buscar
Veio com mais força que antes,
Como um vulcão que dormira por milênios.

É assim que ruge,
No fundo d’alma,
Meu espírito inconstante.
Às vezes penso:
Algo muito grande
Vai sair de dentro de mim.

Não pode ser outro poema,
Nem um livro.
O que esperneia no meu ventre
É algo assustador,
Mesmo para quem está acostumado
A dar à luz filhos estranhos.

Mesmo para um espírito criador,
Esta sensação
É deveras incomum.
Um longo período de gravidez
Produziu em mim,
Ou alimentou dentro de mim,
Um ser bizarro.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Soneto ao meu amor

A lua brilha, espelho do luar,
Reflete a luz que vem do seu senhor.
Assim sou eu, que busco o teu olhar,
E encontro em ti a fonte do amor.

No céu sereno, a lua em esplendor,
Inspira sonhos, faz o mar cantar.
Mas, sem o sol, é triste e sem valor
Perdida e fria, não pode brilhar.

Assim era eu, sem tua luz em mim,
Um ser sem rumo, triste a vagar.
Contigo, amor, conheci vida enfim,

E em teu carinho, volto a resplandecer.
És meu sol, que me faz renascer
E sem ti, não saberia sequer viver.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Limiar

No limiar, não há ventos que empurrem,
nem mares que convidem ao salto.
Há apenas o peso da pergunta tardia:
“E se?” – um eco que se dissolve no vazio.
Aqui, a alma desperta tarde demais,
não para agir, mas para contemplar o que não foi.
Os olhos, antes cegos pela marcha do hábito,
enxergam, mas não movem os pés.
É tarde para o recomeço,
não porque o tempo se esgotou,
mas porque o coração se aquietou
no conforto áspero do mesmo lugar.
Há uma estranha paz em não cruzar,
em não arriscar o salto que devora o chão.
Covardia ou prudência?
Ou apenas a certeza silenciosa
de que o homem pertence ao seu medo
mais do que ao seu desejo?
O limiar não pede pressa,
não exige escolhas,
não grita nem sussurra;
ele apenas está –
uma linha imóvel entre o ser e o nada.
O despertar chega como uma lâmina,
fina, fria, cortando o véu da ilusão.
Mas a ferida não sangra coragem,
apenas o conforto amargo de saber:
a vida continua, mesmo no não-agir.
E assim, o homem se curva,
não à força da mudança,
mas à aceitação de sua própria fraqueza,
encontrando, no limiar,
não um início,
mas um fim que se alonga.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Limiar

No limiar, onde o tempo hesita,
o vento não sopra e o silêncio grita,
há um abismo entre o que fui
e o que, talvez, nunca serei.
Ali, os dias se dobram em espelhos,
refletem rostos que nunca usei,
são máscaras deixadas pela alma
no altar daquilo que não ousei.
No limiar, a luz é frágil,
um fio tênue entre o claro e o escuro,
e os passos ecoam no vazio
como perguntas sem futuro.
O que há além? Um nome? Um rosto?
Um eco que devolve a vida ao posto?
Ou apenas o silêncio denso,
onde tudo cessa, até o intento?
No limiar, encontro-me nu,
despojado de sonhos, de medos, de véus.
Sou pó, sou tudo, sou nada,
um grão perdido entre céus.
E quando cruzo, se cruzo,
não levo certezas, mas sinto o pulsar:
um suspiro que rasga o infinito
e deixa o agora se perpetuar.

Inserida por EvandoCarmo

⁠ O Limiar

No limiar, a eternidade espreita,
não como promessa, mas como ameaça.
Entre o passo seguro e o salto no abismo,
o homem hesita, petrificado
pela vertigem do possível.
Afundar na mediocridade é fácil:
um declive suave,
onde cada escolha não feita
é um alívio que pesa mais que o risco.
Ali, a eternidade morre devagar,
como uma vela esquecida na escuridão.
Mas o abismo – ah, o abismo! –
clama com sua garganta infinita,
oferecendo a vertente do desconhecido,
um eco que promete não respostas,
mas expansão.
É nele que a eternidade vive,
não como certeza,
mas como um desejo sem fim.
No limiar, somos tudo e nada,
um suspiro preso na garganta do universo,
um instante que decide se a alma
se desintegra na poeira do comum
ou se arde no fogo insaciável do eterno.
E então, ao olhar para trás,
quem ousou saltar verá não o chão,
mas o infinito que o acolheu.
Quem recuou, verá não o conforto,
mas as grades de sua própria fuga.
No limiar, a escolha é simples,
mas o peso é eterno:
morrer na margem
ou viver na queda.

Inserida por EvandoCarmo

⁠O Limiar

No limiar, os medíocres dançam
uma coreografia alheia,
empunham espadas que não forjaram,
combatem guerras que não são suas.
Vivem na superfície do existir,
repetem falas de um teatro antigo,
cobrem-se com mantos de verdades herdadas,
sem nunca despir-se de si mesmos.
Não ousam olhar o abismo,
pois o reflexo que ele devolve
é o vazio que tanto temem.
E assim, travam lutas emprestadas,
com mãos gastas e corações imóveis.
Enquanto isso, no limiar,
o chamado do eterno sussurra,
mas é abafado pelas vozes do comum.
A coragem necessária para o salto
é uma língua estrangeira
que nunca aprenderam a falar.
São os mediocres que carregam
o peso da história dos outros,
que moldam a vida na forma da inércia
e chamam de prudência sua covardia.
Mas o limiar permanece,
um portal para o eterno que não se fecha.
E aqueles que não ousam cruzá-lo
não deixam de existir,
mas deixam de viver.

Inserida por EvandoCarmo

⁠A Escolha de Não Escolher

No limiar da noite, onde o eco se cala,
deixo cair as mãos, entrego-me ao nada.
Escolher é um peso, um fardo sem fim,
um labirinto onde o começo é o fim.

Não sigo o vento, nem luto com o tempo,
meu passo vacila, desiste, se aquieta.
A escolha é um grito que não mais sustento,
prefiro o silêncio à promessa incompleta.

Desistir não é fuga, é um pacto com o vazio,
um abrigo na sombra, um descanso tardio.
As estrelas me olham, mas nada revelam,
sou mais uma pedra que as ondas encobrem.

Não há vitória, nem derrota, nem glória,
apenas o cansaço de um peso invisível.
No limiar da vida, onde o verbo tropeça,
abandono o querer, e o silêncio me leva.

Inserida por EvandoCarmo

⁠Vertigem do Nada

Há um buraco no centro do peito,
não é dor, não é falta, é vazio.
Um eco que grita sem nome, sem rosto,
um abismo que engole o que antes era rio.

As estrelas são olhos mortos no céu,
testemunhas frias daquilo que somos:
poeira sem rumo, sem forma ou destino,
fantasmas que ao nada vagando retornam.

O tempo, carrasco sem face ou clemência,
sussurra promessas que não pode cumprir.
Cada instante é um fardo, uma farsa,
um passo mais perto do eterno cair.
E quem sou eu neste vasto deserto,
senão sombra que sonha ser luz?

Um verbo calado, um silêncio sem versos,
um grão de areia que o vento conduz.
Procurei na matéria, no espírito, no verbo,
mas o Nada me encara, imóvel, voraz.

Sou apenas o medo vestindo a esperança,
um eterno adeus a tudo que jaz.
Se há sentido, ele dança no escuro,
esquivo, risonho, a zombar do querer.
Mas na borda do abismo, ainda respiro,
porque mesmo no Nada, há ser.

Inserida por EvandoCarmo