Texto de Solidão
Saudade
E sei hoje na saudade mais pungente o peso da solidão.
Vale mais aquele sorriso torto, que a lágrima fria.
Valem as cartas que gritam que o silêncio pálido.
Bem, quando a voz cala, o tempo para.
Nada a dizer, nem a ouvir, apenas o silêncio surdo.
Sobrou pouco, daquele tudo, sobrou nada.
Alguns poemas, o arranhão na garganta, o nó no peito.
O gosto do beijo quente gelado sem cobertor.
Nossas mazelas, sem perdão .
Coração de pedra, desalmada, desgraçada.
Xícara de família estilhaçada.
Uma passagem só de ida pra Madri.
Opus profundo do amor fecundo.
Aquela música me toca e dança agora só com o vento.
Adeus sem despedida, só ressentimento.
Uma noite deitei no chão e fechei os olhos
De repente escuto o barulho calado da minha solidão
Quem sabe eu poderia estar em um banco de praça com uma qualquer em meus braços
Ou talvez rodeado de amigos bebendo whisky e curtindo um rock pesado.
E se eu fosse um bom estudante e me formasse em medicina
Eu seria tudo que meus pais sonharam
E quem sabe se eu chora-se por pequenas causas e também sonha-se com poucas coisas, igualmente a todos vocês eu não estaria aqui tão calmo olhando pro céu a espera de um cometa para quando ele passar eu pular em cima dele e voar auto, até o infinito dos meus sonhos.
”O Amor que Nunca Chega”
Eu me prendo a essa solidão. Uma solidão que vai além do físico, uma solidão que me consome de dentro para fora. E ainda assim, procuro pessoas que nunca olharam para mim, que talvez nunca irão olhar. Me apaixono por pessoas desconhecidas, por amores que não vão se concretizar. Sinto uma dor silenciosa, uma dor que é só minha. E ao mesmo tempo, me questiono se não estou me sabotando, se não estou me permitindo ser feliz, se não estou me fechando para o que a vida tem a me oferecer. Não sei mais. É difícil entender. Mas sei que essa dor, essa constante busca por algo que nunca vem, me desgasta. Estou cansado. Cansado de me doar para algo que nunca volta.
Eu só queria uma chance, uma oportunidade de sentir que sou amado de verdade. Quero sentir que o amor não é uma ideia distante, um conceito inalcançável. Quero alguém ao meu lado que me veja de verdade, que me ame pelo que sou, que me faça sentir completo. Mas por enquanto, continuo aqui, na minha solidão, esperando algo que talvez nunca aconteça. Talvez seja pedir demais, mas o que mais eu posso fazer?
Flores do Jardim
Renê Góis
O amor não nasce em vão.
Paixão ou solidão dentro do peito
Palavras lá no chão, são frases
feito rosas no jardim.
Se eu não abro mão
das coisas que criei
aqui por dentro.
Razões pra chorar;
Razões pra sorrir;
São coisas que o coração faz.
Momentos assim...
Pra mim são sem fim.
São coisas que o coração faz.
Em um vilarejo, havia uma jovem que sentia uma forte solidão, tamanha tristeza,
Apesar de rodeada de gente e da bela natureza,
Até que, um dia, para sua surpresa,
No seu quarto, um pequeno ser lhe surgiu
Causando-lhe um certo impacto no começo, mas logo conquistou o seu apreço, tinha algo familiar,
Sophia pôde desfrutar da sua nova companhia,
não importava o lugar.
Com o passar do tempo, a cada situação
que a jovem enfrentava,
a criatura ia crescendo, sempre bem alimentada.
Para o transtorno de Sophia, aquele ser havia se
tornado um Grande Monstro
e, curiosamente, sabia falar,
"Oi, Sophia, sou a personificação dos teus medos e da tua falta de gratidão, obrigado por me criar."
Numa terra pouco habitada,
havia Insônia,
uma solitáriaque odiava a solidão,
mas o fato de não ser tão amigável
só piorava a sua situação,
muitos preferiam nem se aproximar,
às vezes, até que conseguia alguém pra conversar,
entretanto, sua carência de atenção acabava sufocando
qualquer um que ficasse com ela mesmo que só por alguns minutos,
então, iam se afastando,
não queriam o desconforto
da sua presença,
Isso causava-lhe muita tristeza,
até que, um dia, teve uma grande surpresa ,
apareceu um forasteiro
e ela ficou muito encantada,
quis logo ir conhecê-lo,
poderia, finalmente, ter chegado
o fim do seu tormento,
então, não perdeu tempo e foi se apresentar,
"Oi, sou a Insônia, seja bem vindo
a Vila Madrugada, como posso te chamar"
"Oi, prazer, sou o Sono, muito obrigado, nunca tinha ouvido falar neste lugar"
"E como chegastes até aqui
com tanta facilidade?"
"Ah, sou um aventureiro e de muitos sonhos, ja passei por vários lugares,
sempre estou passando de cidade em cidade, mas acabei me perdendo desta vez"
"Entendi, tudo bem, você deve ter muitas histórias pra contar e você já tem onde ficar hospedado?"
"Sim, claro, estou acampando aqui próximo"
Não demorou pra ter uma afinidade entre os dois,
passaram a se encontrar
todos os dias pra conversarem
durante horas
na frente da casa dela que morava sozinha,
foram momento prazerosos,
entretanto, Insônia percebeu
que o Sono estava se afastando aos poucos,
o que causou-lhe uma interna agonia,
não queria perder aquela companhia agradável,
começou a buscar uma alternativa
e encontrou, no seu quarto,
um livro antigo de magia da família,
folheando achou um encantamento muito forte que, mesmo com efeito temporário, seria suficiente,
chamava-se "Distúrbius Mente"
que provocava vários pensamentos
avulsos na mente do atingido
deixando-o confundido e esquecido
de alguns pensamentos recentes
ou fatos inconvenientes,
Ela, portanto, decidiu tentar,
pra sua alegria, deu certo,
ele ficou confuso e agiu como
se nada tivesse acontecido,
era o mesmo do primeiro dia,
a partir de entao,
quando ela percebia que Ele ia se afastando,
aplicava-lhe o encanto
e assim, Insônia obteve paz
pra o seu coração
e nunca mais teve que suportar
a dor da solidão.
A solidão enfraquece quando a solitude é fortalecida, tendo a sua companhia verdadeiramente apreciada depois de ser finalmente reconhecida, durante um momento necessário,
distante das críticas e dos julgamentos daqueles que acreditam saber mais da vida do outro do que ele mesmo, cheios de suposições que consideram verdades explícitas e irrefutáveis,
ainda que com as melhores intenções possíveis, graças a Deus, uma ótima oportunidade de se estar bem consigo, zelando pela própria integridade,
buscando por pontos particulares de equilíbrio após determinados desgastes, mentais, emocionais e espirituais que superam o nível do desgaste físico.
E de repente...
E de repente, brotou amor aonde antes era um canteiro da solidão,
O trem passou rápido mas deixou um belo coração na minha estação e ele veio livre de armadilhas,
Quando estamos em carne viva o cansaço dói, basta amadurecer para as luzes das estrelas se tornarem verdadeiros escudos da nossa alma,
Para se entender o certo ou o errado temos que enfrentar as escolhas sabendo-se do resultado do julgamento que pode nos culpar ou nos tornar sábios,
Quando alguém descobrir o que é um amor sem o farou das memórias eu o interpretarei como um ser místico,
Embalado pela passagem repentina do trem, me apoio no que as mãos podem construir e enterrar sem fazer cerimônias.
REZA (soneto)
Eu vi a solidão... Escura e fria
Que no sentimento a sós ficara
E qual o motivo a sorte ignara
Não sei, sei que dói na poesia
Se mais sentia, mais dor escorria
Nos versos com desditosa cara
Cheio de sofrer, poetando para
Cada pesar, que a saudade trazia
O verso fluía e o choro chorava
Pudera neste folhetim literário
Ter prazer que a dita ignorava
Ah! como pudera! Sou sem sentido
Nem mesmo as súplicas no rosário
Me deu zelo pra que fosse querido.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 abril, 2025, 17’26” – Araguari, MG
*dia da morte do Papa Francisco
Eu e a Lua
Não ter a solidão por companhia,
Ter a lua prateada que irradia;
emoção que ilumina minha lida,
Afinal sou mulher, força, poesia.
Nos meus versos, a lua cor de prata
És motivo de canto, de serenata...
És tu o meu sorriso, és meu céu,
És meu jardim florido, és meu véu.
Queria estar ao seu lado agora,
A contemplar o romper da aurora,
Sermos felizes no tempo, pela vida afora.
Busco-te em pensamento, quero ser sua...
Enquanto contemplo pela janela
A saudade, eu você e a lua.
A solidão causa uma forte sensação de nostalgia, ao mesmo tempo em que provoca uma reflexão sobre o passado.
Nos momentos em que me sinto sozinha, não tem jeito - volto a me apegar no passado. Eu volto a lembrar de coisas que aconteceram há tanto tempo...os momentos de festas, de experiências, das descobertas da juventude.
Eu realmente vivi intensamente esse momentos. Mas os tempos difíceis chegaram. E quando isso aconteceu, fiquei sozinha. E isso foi tudo o que me restou.
As lembranças de um passado bem vivido, embora tragam boas sensações, não passam de recordações vazias, de coisas que jamais vão acontecer novamente, de pessoas que nunca mais vou ver na vida.
Quanto tempo se passou...mas depois de todos esses anos, de certa forma, eu ainda consigo me identificar com a pessoa que eu era na adolescência e na juventude.
Talvez porque essa é minha essência. Porque apesar de tudo, não tem como eu mudar aquilo que eu estou destinada para ser. Por isso eu tenho certeza, que independentemente do que acontecer, eu tenho que estar lá por mim mesma.
Pois os momentos de festas, alegrias, experiências irão passar. E quando isso acontecer, todos irão embora. E eu vou precisar seguir em frente.
A solidão da praça
Como todas as praças há um busto de olhar sério com ar de tristeza. Quase ninguém percebe sua biografia. Aquele busto respingado de fezes de pombo no centro da praça deserta pode parecer triste, porque a praça já não encanta tanto como antes. E os jovens das jovens tardes de domingo, e os beijos roubados os beijos de namorados no coreto. O coreto já não abriga mais o recital das poesias a fala teatral nem é mais palanque de protesto. O coreto também está mais triste, nele só há respingado de fezes de pombo. Por conta de umas redes sociais e de jogos mortais, não se abraçam, não se ouve vozes, nem se vêm, nem sentem calor humano. As crianças já não brincam que triste fim da grama e da areia da praça que ficou tão alheio.
Na solidão da despedida,
mesmo que tenhas ido embora,
Ainda te deixarei flores.
Nos rastros da memória,
mesmo que seja tarde,
Ainda te deixarei flores.
Nos anseios do perdão,
mesmo que tenha falhado,
Ainda te deixarei flores.
No caminho da redenção,
mesmo que tudo pareça vazio,
Ainda te deixarei flores.
Em cada verso que possa escrever,
Nos momentos bons e nos piores,
Mesmo que queira me
esquecer,
Ainda te deixarei flores...
REPOEMA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Já não resta o que dizer
sobre seja lá o que for,
solidão, espinho, flor,
que alguém mais não tenha dito...
Todo mundo já cantou
este mundo em verso e prosa,
o amor, o bege, o rosa
dos quais se pintam palavras...
Mas podemos refazer
a magia do sentido
que redizer já não faz...
A saudade, guerra e paz
se renovam nos engenhos
de remastigar a vida.
SOLIDÃO DO AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Demorei pra saber que só és uma imagem,
muito embora consiga te sentir no tato,
ver teu rosto e julgar que desvendei teus olhos;
teu extrato; as entranhas; o que te recheia...
Foste o centro ilusório do meu romantismo;
da razão atrasada em meus anos de sonho,
porque dei ao mesmismo deste sentimento
a viagem mais longa, morosa e profunda...
Lentamente me alcanço e começo a me ouvir
ou querer despertar da solidão do amor
que me deixo sentir sem alcançar teu eco...
Sou apenas um lobo que geme pra lua
isolada na espelho da poça esquecida
numa rua distante; sombria; deserta...
DE VIVER
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Não de fome ou doença; desprezo; abandono;
solidão nem desgosto; acidente; homicídio;
nem de raiva, paúra ou envenenamento;
por um mal de momento, arrastada saudade...
Pode ser por idade, mas feito quem pousa;
feito quem fecha os olhos ao abrir as asas
ou brotar pra dizer que chegou e já vai,
como a pétala cai; bem feliz; pois foi flor...
Ninguém morra de amor, num campo de batalha,
pelas horas sangradas no trabalho escravo
e por falha da lei, uma bala perdida...
Não de causas que nunca serão descobertas,
de feridas abertas, overdose ou porre;
só há honra em quem morre de vida vivida...
AMOR DE FESTIM
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ao brincar de nós dois fui solidão,
tive o chão pra fingir que foi o céu,
fui um deus espremido no desejo
de se amar no teu corpo; nada mais...
Formatei o meu sonho em teu tabloide,
fiz a minha geoide nesse cosmo,
pra reinar do meu jeito absoluto
sobre um sonho sem sono pra manter...
Um amor de artifício; fez ruído
e brilhou muito além da consistência,
foi banido entre nuvens de fumaça...
Ser amado foi bom, e mesmo assim
afoguei no meu poço de verdades
as saudades que sempre quis sentir...
SOLIDÃO EM FUGA
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Teu olhar fugidio nunca pousa,
vai ao ar, desce ao chão, perde o caminho,
não faz ninho na luz dos outros olhos
que te buscam nas trevas do silêncio...
Tua triste caverna esconde afetos
acuados, confusos e feridos,
tempos idos invadem teu espelho
e corroem a ponte pra depois...
Quando sais do buraco é pra fugires
em viagens distantes, em glamures
que disfarçam quem és pra não sei quem...
Logo além já percebes que te aguardas,
vais por dentro e não podes te ocultar
nessas fardas perfeitas de turista...
SOLIDÃO EXTREMA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ele come almofada; poltrona; colchão;
azulejos do box, gargalos e canos;
a ardósia da pia, o vidro da janela
e também o seu rolo de pintar paredes...
Ele come até bucha de lavar vasilha;
sua pilha de roupas, os panos dobrados;
põe recheio nas mãos e logo após as come
como fosse o que sempre desejou comer...
Come o pão com manteiga, depois joga fora,
come a planta carnívora do seu jardim,
depois come o pudim que rebola na mesa...
Adoece e definha de tanto que come
sem matar uma fome que há muito não há,
por não ter com quem possa partilhar a mesa...
SOLIDÃO UNIVERSAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Cada próximo à vista é uma nova miragem do vazio que habita os nossos olhos, janelas de nossas almas baldias. A distância do próximo está cada vez maior e contextualizada nas aparências; na plástica de uma multidão solitária. O ser humano se acotovela e não sente, porque não cabe ao tato a sensibilidade perdida. Cabe ao trato profundo, sincero e solidário que perdemos no tempo e no espaço de nosso egoísmo irrefreável.
Estamos separados por abismos. Imersos em prioridades palpáveis. Preocupados com o que teremos no dia seguinte, mas que jamais bastará, tanto faz o tamanho da conquista. Queremos o acúmulo; a coleção de bens, poder e unidades monetárias. O que tem de ser nosso e o que poderia ser de outros, mesmo que não tenhamos onde pôr e utilizar. Cultuamos o desperdício, em nome da ostentação e da vã imagem de superioridade.
Construímos o reino do egoísmo e perdemos a noção da vida. Parece que somos todo o mundo e todo mundo é ninguém aos nossos olhos. Os rumos da humanidade ficaram todos congestionados, porque há tantos eus no caminho para o nada. Já não há mais garagem para tanta solidão... no fundo, é tudo solidão.