Texto de reflexão
Eu não quero me confundir com essa sociedade. Eu quero ajudar a criar um novo modelo de sociedade, que parta da fissura, do quebrado. É interessante notar que, na arte japonesa, a fissura valoriza o objeto que se quebrou. Depois de ser restaurado com pó de ouro, o objeto é mais valioso. Nossas vozes e nossas ideias são pó de ouro.
Precisamos trazer nossas vozes para reconstruir. Eu falo que me interessa a fissura. E acho que estamos nesse momento de fissura. Kintsugi, a arte japonesa, é uma metáfora de onde eu quero trabalhar, sobre o que eu quero falar. Quando a cerâmica quebra, eles fazem uma mistura de laca com pó de outro e colam aquilo, deixando muito visível que a colagem aconteceu. Esse, para mim, é o papel do artista contemporâneo. É aquele que cola, liga, mas não faz desaparecer. Permanece ali como incômodo, com trauma, como relevo. Ele não se incorpora ao tecido mais. Na verdade ele é a marca de que aquelas rupturas aconteceram.
As coisas que percebemos como belas podem ser diferentes, mas as características verdadeiras que atribuímos aos objetos belos são semelhantes. Pense nisso. Quando alguma coisa nos parece bela, tem mais presença, nitidez de forma e vividez de cor, não? Salta aos olhos. Brilha. Parece quase iridescente em comparação com o tom mortiço de outro objeto menos atraente.
As vezes nem tudo o que queremos dizer é suficiente para se expressar em palavras. Uma rosa não se descreve só pela beleza mas, pelo perfume, delicadeza, por ser formosa e até pelos espinhos, esses representam o cuidado e zelo que devemos ter, os espinhos podem até ferir, mas vale a pena para cuidar de uma linda rosa.
Dizem que um homem vendado, se lhe pedirem para caminhar em linha reta, anda em círculos. Porque é que o homem anda em círculos quando fecha os olhos? É um mistério, dizem, mas o homem de olhos fechados caminha para dentro. E o tempo também se dobra, também não anda a direito. O tempo é como um homem de olhos fechados. No fundo anda tudo aos círculos, desde as recordações às histórias. Tudo acaba por se dobrar, um dia.
Não me quero sobressaltar como quando era jovem. Uma pessoa só pode ter paz quando está ao pé das mesmas coisas, quando nem repara nelas, porque elas já fazem parte de si, como se as tivesse comido e mastigado e engolido e agora fossem carne da sua carne e sangue do seu sangue. Só somos felizes quando já não sentimos os sapatos nos pés.
As florestas não são como os outros espaços. Para começar são tridimensionais. As suas árvores rodeiam-nos, abafam-nos, comprimem-nos de todos os lados, obstruem a vista, deixam-nos baralhados e sem referências. Fazem-nos sentir pequenos, confundidos e vulneráveis, como se fôssemos uma criança pequena perdida numa multidão de pernas estranhas. Num deserto ou pradaria sabemos que estamos num grande espaço. Numa floresta apenas podemos pressenti-lo.
A paixão, e o amor, não entram no jogo da facilidade nem dos lugares-comuns. Ou seja, é preciso mais imaginação, mais investimento, mais criatividade, mais vontade de não ficar quieto e parado no mesmo sítio para sentir de novo borboletas na barriga e as pernas tremer. É preciso espantar-se a si mesmo, ao outro e aos respectivos cérebros.
"Eu posso mais do que imagino quando imagino que posso mais. Eu faço o meu próprio destino cada vez que não aceito o que o destino me trás. Venço minha incapacidade quando perco o medo de ser incapaz. O futuro se tornará o nosso maior presente se no presente a gente se preparar para o futuro."
Considerando as conquistas que tivemos nos últimos anos, o desafio para as gerações mais novas é pensar o que fazer para sustentar o que conquistamos. Parece que temos uma dificuldade de narrar a partir da conquista, do sucesso e da realização, que sempre precisamos tratar nossa história de dor, miséria e desgraça antes, porque abrir mão de narrar isso seria trair princípios importantes.
A mulher negra da periferia sempre foi feminista. Por que? Porque a gente faz tudo, mas só não temos consciência disso. Minha mãe criou quatro filhos, de quatro homens diferentes. Ela sempre foi independente, sempre fez as coisas dela. Ela nunca se submeteu a nada, ela nunca ficou, nas palavras dela, sob o pé de ninguém. Ela criou três filhas dessa forma. Somos três mulheres e um homem. Às vezes lutamos de uma forma mais silenciosa, outras vezes a gente vai pra cima, mas a gente luta.
Você não pode ser meiga, porque está dando entrada. Não pode falar baixo, porque você é fraquinha. E assim vai. Se você se arruma é porque tá querendo, se se pinta tá indo pra guerra. A gente tem que lutar contra nossa própria essência feminina para poder ser respeitada. Isso é uma tortura.
Eu acho muito interessante como o Brasil me deu um palco para falar deste assunto, como se eu fosse mais válida a falar sobre isso porque sou estrangeira e mulher negra da elite. É interessante ver isso porque vejo muito mais mulheres brasileiras militantes, ativistas, que são muito mais experts na causa negra do que eu, mas elas não estão presentes na mídia. Estão basicamente ausentes.
Sou aceita, mas sou exceção que não é aceita como tal. Sou o ato político. Por exemplo, esses tempos fui a um almoço na Fazenda Boa Vista e uma senhora da elite começou a fazer as minhas tranças voarem. Imagina se eu chegasse naquele evento e começasse a mexer nos cabelos dela? Mas é que ela não sabia lidar com a minha diferença. Não percebe que, porque o corpo negro foi objetificado por séculos, ela está tocando meu corpo achando que pode. Mas não pode.
Quando falamos das habilidades do futuro, uma das barreiras na periferia são os termos do empreendedorismo. Você fala em flexibilidade, proatividade, empatia. Já ouviu falar? São todas habilidades que todo mundo na periferia já tem de forma compulsória. Somos proativos porque temos que buscar oportunidades, uma mãe solteira é flexível por ter que cuidar da família e trabalhar. Mais criativo que periferia não existe, mas aí é chamado de gambiarra. Na verdade, é a inovação da quebrada, a inovação do improviso. Então, é preciso se preparar para o futuro. Eles já têm as qualidades e precisam estudar a técnica para entrar no mercado. Falta juntar o talento com o conhecimento técnico.
Se a gente não estimular que mais pessoas possam se apropriar das tecnologias e não apenas por um viés consumista, corremos o risco de aumentar as desigualdades, uma vez que as tecnologias são capazes de impactar muitas pessoas em grande escala. Ou seja, pessoas diferentes, com backgrounds diferentes pensando, criando, e moldando futuros possíveis onde caiba mais gente.
(...) Os desígnios de Deus são inevitáveis em nossas vidas, nem mesmo somos capazes de entender o que o destino nos reserva nem como nossas vidas seriam se nossas próprias escolhas houvessem sido diferentes, de uma coisa estamos certos, desígnios de Deus ou escolas, ainda assim, somos protegidos, conforme nosso merecimento...
Você está neste mundo para fazer a diferença e o melhor modo de fazer isso é usando seu conhecimento e sua experiência para ajudar outras pessoas a obterem êxito. Você pode ser remunerado se compartilhar informações e recomendações práticas e úteis que ajudem outros a obterem êxito e, neste processo, é possível construir um negócio muito lucrativo e uma vida profundamente significativa.
Um dos sentimentos mais ruins que existe é a inveja, pois ela toma conta do ser e o deixa cego diante daquilo que ele nunca se tornará... Pois o invejoso não quer simplesmente aquilo que o outro tem, mas deseja ardentemente ser o que o outro é, fazer o que o outro faz e receber as glórias por isso, não importando quantas pessoas ele possa magoar ou destruir neste absurdo caminho de conquista, mas não de vitória, pois não se pode vencer subindo nas costas de outra pessoa, utilizando-se de um talento que não é e nunca será seu... Cada um de nós deve criar e trilhar o próprio caminho, com sabedoria, construir o agora, pois se não o fizer, viverá em função da vida alheia e esquecerá de viver a sua própria história...
A nossa história é incrível e extraordinária e quando exploramos novas experiências e novas competências, é quase impossível não rompermos a bolha do conforto, a fim de evoluirmos por meio do aprendizado, da prática e experiência, mas o que não se pode negar é que só somos o que somos, devido ao passado vivido, possibilitando criar a nossa própria história, pois a cada capítulo iniciado, uma nova versão de nós mesmos é apresentada.
