Texto de Arnaldo Jabor sobre Traicao
Martírio
Bomba, tiro e guerra
Tudo isso vê na tv
Sei que é parte de uma nova era
Mas é tão difícil de crê
Que a vida assim se desfaz
Por tão pouco ou quase nada
Mas o que se pode fazer
Se é destino deixar tudo pra trás
E a maldade é o que te faz morrer
Eu vejo o lado de fora
E também o lado de dentro
O que acontece agora
E o que vêm lá do centro
De onde a carniça é maior
E a piedade é cada vez menor
De onde se lavam com sangue
As mãos em vez de suor
De onde se grita olha a paz
E o outro já diz olha a faca
Alguns lutam e refaz
E o outro chuta e te empaca
A garganta ali ja vive rouca
De tanto gritar socorro
E os velhos pés descalços
Já andam tão cansados
De tanto correr pra o morro.
O Sol Embriagado
Hoje o sol embriagado
Não mostrou seu olhar na terra
Preferiu se esconder
Entre os montes daquela serra
Pra não ter que explicar
O seu olhar envergonhado
Quando abrirmos a porta
E também a janela
Hoje o sol fez barulho
Como nunca se ouviu
Quando caiu na bebedeira
E o seu olhar não se abriu
Parecia que alguém
Teria feito tudo isso
Por prazer ou capricho
E por um enorme feitiço
O sol dormiu o dia inteiro
E de ressaca escureceu
E todo o mundo permaneceu
No breu confuso do terreiro
Sem entender ali quase nada
Porque ele se escondeu
Alguns correram pra rua
Pra saber o que aconteceu
Se foi o dia que virou noite
Ou foi o sol que morreu.
Recôndito
Somos feitos de sonhos
E de uma certa magia
As vezes parecemos bisonho
Mas é só por não ter alegria
Somos bicho do mato
Metade do mundo acabado
Sentindo se abandonado
Como se fossem um rato
As vezes me falta alegria
Por isso não mostro um sorriso
Fugir com você me parece preciso
É a liberdade que eu mais gostaria
As vezes eu sinto a loucura
Querendo sempre me rondar
É como quem roda um peão
E sente o mundo apressar
Depois me deixa cambalho
Caido de cara no chão
Somos o bicho da seda
Que tem bico e que tem sede
Somos o rio e a rede
O frio, o nicho e a parede
Somos a lógica do desprezo
E a mágica da tristeza
Que invade essa vida
Em uma enorme correnteza
Somos o gelo
E o elo desse grão
Que deixou tão amarelo
O meu pobre coração
Você que nem sabe
E nem sente o que eu sinto
E quando me olha
Eu finjo que minto
Pra não ter que encarar
Essa vontade que tenho
De te amarrar pelos cantos
E segurar pelos dentes
Somos um beco sem saida
E um jornal sem notícias
Sem normas e sem malicias
Somos um boteco sem bebida
Vivo esperando a coragem
De um dia poder te falar
O que vive preso em mim
Aqui sempre a engasgar
E quando eu te falo bobagem
Eu sinto as horas passar
Mas vem sempre a voragem
Em tudo que tenho pra mostrar
E me deixa sozinho outra vez
Aqui sofrendo calado
Com um sentimento guardado
E se valendo por dez
Mas nunca acaba de vez
E por vezes tem me afogado.
Façanha
A mulher canta
Porque não sabe
Outra maneira
De afastar
O que te espanta
A mulher dança
Porque não sabe
Ficar sozinha
Parada no canto
Numa tardezinha
Ouvindo tristeza
E curtindo lembranças
E quando ela pula
E faz piruetas
É pra esconder a gula
E destrair o capeta
E quando o baile acaba
Toda sujeira ela varre
Algumas pro lado de fora
E outras pra debaixo do tapete
A mulher quando ama
É porque já cansou
De matar e morrer
Por uma só pessoa
É porque já casou
E isso só não bastou
Quis fazer diferente
Acendendo outra chama.
Dissabor
Cada um tem sua história
Pra contar
E seus motivos
Pra sorrir ou chorar
Cada um sabe da dor
Onde sente
E seus motivos
Pra lutar e seguir em frente
Cada um veste o medo
A que lhes foi dado
Como a certeza da morte
Que um dia foi marcada
Cada um sabe da fome
Que por vezes tem passado
E quando chega a madrugada
Parece que ela some
Não sei se é de tanto frio
Ou é de tanto ter guardada
Cada um sabe o limite
Da sua fúria
E até que ponto vai
A sua lamúria
E quando a loucura acabar
E a tua lucidez
Despertar de vez
O teu limite vai acabar
E a nossa amizade também
Pois você foi sim muito além
E por vezes tem me machucado
Em todos queria por um fim
E como eu não era ninguém
Pensou até em ter me matado
Mas eu sou um sobrevivente
E quero matar o passado
Que insiste em fazer presente
Aqui preso dentro de mim.
O Silêncio De Um Menino
Lá vai o menino correndo
Contente apressado pra missa
Com o seu cabelo cortado
Molhado e suado camisa
A missa já vai começar
E hoje por ser domingo
Tão pouco ele tem pra falar
Já cansado de tanto aclamar
Hoje é o teu silêncio
Que vão escutar
E de cabeça baixa
Todos vão ficar
Quando o silêncio te possuir
E toda verdade
Ele insistir em falar
Até a hipocrisia
Deixará de existir
E toda anistia
mudará de lugar
Pois o silêncio de um menino
Conta uma verdade inteira
Mesmo que ele seja traquino
E pule da ribanceira
Porque quando
Um menino se calar
Maiores verdades
Ele traz no olhar
E até o teto da igreja
Há de desabar
Quando testemunhos ali
Se pronunciarem
O jarro, o Santo e o sino
Até o escarro, e o canto
Se espantarar com o menino
A vela, a flor e as donzelas
Vão sumir com a dor e as mazelas Porque já sabem rezar
E dizerem amém ao destino.
Os Olhos Da Noite
A noite me consome
Como o vicio e o cigarro
Eu me perco nessa fome
Preso dentro do carro
A noite me paralisa
E só o medo parece fazer sentido
A vida parece tão curta e mais lisa
E meu coração tão duro e partido
Os olhos da noite me cega
E também me apavora
Quando a menina chora
E o menino escorrega
Os olhos da noite me contam
Segredos que a vida te esconde
E as coisas que elas aprontam
Só o breu da noite responde.
"" De onde vem e para onde irá o sonho
se na vida, lúdica do poeta
estão as agruras dos versos
o refúgio numa obra incompleta
como permitir suavidade aos versos
se inclusive eu me conto ao avesso
precisaria mudar deixar de ser arremesso
para e pelo amor deixar de lamentar poemas desertos
sim, a vida requer por que quer
deixar de ser infante, seguir adiante
morrer , mas nunca esquecer
de tudo que um dia se fez perfume
nos poemas deixar o lume
em palavras que o tempo não haverá de emudecer...""
Eterna Paixão
Pelo sim,
Pelo não
Estou com você
E não abro mão
Haja o que houver
Eu posso até sofrer
Mas guardarei Você
No meu coração
Como quem guarda
No jarro uma flor
E mesmo que o espinho
Te causa alguma dor
ela sempre serar
A sua eterna paixão
E há sempre a espera
De um novo botão
Que brote o amor
A ternura e o perdão
E que sirva de alimento
A toda e qualquer ilusão
Desde a alma de um pecador
Até a calma de um pescador
Quando o breu da noite chegar
E o brilho do sol acordar
Menina, moça e rapaz
Tão cedo irão despertar
O sorriso é um enorme portão
Que brilha em faísca na multidão
O amor é a chave
Para abrir qualquer porta
Em todo sentido
Em qualquer direção.
Odisséia
Um pé na estrada
E o outro de tocaia
Esperando que a madrugada
Lhe sirva de gandaia
A fé me levanta
E me serve de escada
Eu deixo o ferro
O escudo e a espada
E da sacada ainda posso ver
Insanas mulheradas
Descendo de míni saía
O céu escureceu
E tantas estrelas eu vi brilhar
Mas o destino era sempre breu
E só o amor pôde me guiar
Eu te dei mil abraços
E também beijos roubados
Depois cortei um dobrado
Quando eu resistir
E me vestir de palhaço
A minha vida sempre foi
Um samba de lata
E só o amor me convida
Pra correr e cair
Nos braços dessa mulata
A minha sina sempre foi
Correr, cair e levantar
Fumar um cachimbo e rezar
E depois me embrenhar pela Mata
Mais longe quis andar e sumir
Nas curvas que o vento faz Por ai
E quando a saudade apertava
Eu te mandava lembranças
Por um sinal de fumaça
Aonde eu vou não tem caminho
É eu quem faço a minha trilha
E é sempre feita com carinho
Pra receber as maravilhas
É muito pouco o que eu sei
É quase nada eu ja nem lembro
Se um dia eu já fui rei
Foi no fim lá de Dezembro
Quando a estrada ainda era calma
E a alma ainda era tudo
Pra vida a gente batia palmas
E de dor não se falava no mundo
A vida cobrava tão pouco da gente
E a amizade era tão natural
Só quem viveu
É quem sabe, quem sente
Que o peso da luta era tão normal
A gente deitava
Ali nas calçadas
Contando as estrelas
E ouvindo piadas
E quem por ali passava
Achava muito engraçado
E acabava do nosso lado
Contando histórias
E dando risadas
Pois o mundo era ali
E o medo eu não via
Não tinha moto
Não tinha halli
Não tinha os bêbados
Á nos iludir
Não tinha grito
Não tinha berro
Não tinha choro
Não tinha vela
Não tinha agouro
Não tinha remela
Não tinha cachorro
Não tinha gamela
Não tinha pato
Não tinha prato
Não tinha prata
Não tinha ouro
Não tinha rato
Não tinha besouro
Nem carrapato
Nem tinha touro
Não tinha lata
Não tinha leite
Não tinha nata
Não tinha azeite
Não tinha pão
Não tinha queijo
Não tinha cão
Não tinha beijo
Não tinha você
Não tinha desejo
Não tinha sofrer
E não tinha morrer.
"Salve os pastores dessa Geração"
Estamos vivendo em dias terríveis para igreja na face da terra, quando falo igreja falo dos fieís servos de Deus, que são poucos.
Quando Paulo escreveu a 2 Timóteo no Cap.3, ele estava sendo revelado pelo Espirito Santo, acerca dessa igreja que mata os pastores sérios. O povo não respeita mais seus líderes, isso tem trazido um enorme prejuízo espiritual as famílias dos pastores.
Salve os Pastores.
"" Deixei aquilo que você quer, pronto em um prato raso de saudade
maldade, não!! apenas um jeito simples de dizer:
está aí
sirva-se daquilo que você já não tem mais
e se pensou que era só retornar simplesmente
enganou-se...
volte e leve a noticia que parti
já não sou tua possibilidade, nem qualquer outra da vez
você já não é esperança do meu coração
então, depois de fartar-se do resto que te dediquei
volte e diga a todos que em mim, você não vive mais
que ainda sou rainha
mas que você não é mais meu rei...""
"" Não é possível que nossa conexão esteja cancelada
eram tantos bits, altas taxas de transfêrencias
ricos repertórios de programas
não, não é possível,
podemos dar um reset
reiniciar,
tentar uma nova oportunidade
não é possível, tudo ia tão bem...
a não ser que algum defeito na memória
tenha apagado nossos programas, nossos esquemas
se isso aconteceu, acabou
talvez seja a hora
da novidade
de um up grade.
deixando para trás o descartável que restou...""
De Bem Com A Vida
Vamos dar cambalhotas
E fingir que está tudo bem
Deixe de lado as revoltas
Curtidas sempre por alguém
Curte a delicadeza da vida
E viva sempre até abusar
Busque a felicidade
Na beleza pura de um novo do dia
E viva sempre com muita alegria
Porque o amanhã é incerto
E ele pode nunca chegar
Vamos dar gargalhadas
Porque somos muito vivo
E por si só isso já é motivo
Pra lhe servir de medalhas
Vamos abrir o nosso coração
E deixe o seu orgulho de lado
Abrace com muita emoção
E ame pra ser amado
Vamos abrir um sorriso
Pras coisas simples da vida
Deixe a ambição de lado
E viva só o que é preciso.
Presságio
Eu vejo braços no ar
Defendendo a nação
Eu ouço desatinos
E me ponho a chorar
Pois conheço o destino
De toda essa gente
Que insiste segurar o rojão
E conter a enchente
Obedecendo o coração
Pra poder se libertar
Eu vejo uma multidão a caminhar
Intensamente na mesma direção
E sinto que a luta
Ainda demora acabar
Enquanto não se falar em amar
E em ter compaixão
Eu vejo abraços
Travados com a luta
Por isso há uma luz
Lá no fim do túnel
Acendendo um sorriso
Que ainda reluz
Mostrando que esse
É o fim da labuta.
Grilos
Hoje eu acordei assustado
Com grilos no meu blusão
Hoje eu paguei meus pecados
Com grilos até no colchão
Tinha grilos em todo lugar
No quarto,na cozinha
No banheiro e na sala de estar
Alguns já em pé no portão
Esperando a sua vez de entrar
Tinha grilos até no telhado
Todo atrevido e molhado
Parecia que saiu do banho
Ou talvez do fundo do mar
Tinha grilos até na torneira
E quando se abria
Parecia cachoeira
Era tanto grilo pra lá,
E tanto grilo pra cá
Como se fosse uma cordilheira
E quanto mais se subia
Menos parecia acabar
Tinha grilos pra todos os lados
E grilos de todos os modos
Pois enquanto alguns
Se agasalhava no cobertor
Alguns passeavam no corredor
E outros refrescavam na geladeira.
A Tribo
Quando essa tribo chegar
E entrar pela porta da frente
Cantando o que mais gostar
Como se fosse gente
Vai fazer o velho corpo cansado
Alegre voltar a dançar
E até essa gente amaldiçoada
Vai ficar tão contente
E até a madrugada
Vai querer balançar
Quando essa tribo chegar
Tudo vai ser diferente
O sol e a lua juntos vão brilhar
Como se fossem parente.
Imprensa
Já não é o que pensa
Já não é o que faz
Quando a imprensa é quem diz
O que a gente não fala
Ela entra e sai sem pedir licença
E aonde quer que ela vá
Já carrega na mão a sua mala
Cheia de fofoca
Cheia de indecência
Não importa a cor,
Credo ou a crença
Ela está sempre presente
Ali fazendo sala
Pra vida alheia
Que não te pertence
Como se fosse uma aranha
Tecendo cada fio
No emaranhado da vida
Como se fosse sua teia.
Simplicidade
Eu preciso de tão pouco pra viver
Só uma vida com bons amigos
E água pra tomar banho e beber
Um sorriso eu preciso também
Mas que ele seja sincero
Pra mim não ter que esconder
A simplicidade é o que me faz feliz
E a felicidade me mantém de pé
A tristeza está por um triz
Pois sempre que ela chega perto
Eu mando ela ir embora
E pra bem longe eu faço correr.
Brasil
Vamos embora desse lugar
Pois já deu o que tinha que dar
Quem ficar aqui vai sofrer
E tão certo vão te liquidar
Quando o poder mais alto mandar
E o velho barão aqui morrer
Brasil é a poeira,
De um triste e lamentável deserto
Entre grandes futuros insertos
Que o vento costuma levar
Sempre junto com a bandeira
Brasil é pra quem sabe nadar
E não pra quem quer chegar lá
Pois no caminho morrerá afogado
Ou de bala perdida em algum lugar
Brasil é a fome
Brasil é a guerra
O dinheiro ele come
E a noite ele berra
Tão alto que a besta fera
Que de susto até some
O Brasil é um relógio atrasado
Nos passos,
De quem anda apressado
Correndo se contra o tempo
Pra sustentar o presente
E consertar o passado
O Brasil,
É a miséria
Mais séria
Que existe
Ela cerca você
E em toda odisseia
Ela persiste
Cortando como uma faca amolada
Todos os seus punhos
Como se eles fossem salada
O Brasil é uma gilete
No bolso no pobre
E por mais que ele corre
Acaba grudado feito chiclete
Trabalhador aqui não tem vez
Só contas no final do mês
Murro ele leva no rosto
E juros ele leva no bolso
Carne pra ele é puro pecado
Mas chumbo é sempre do grosso
Amizade sincera é pura vaidade
Diferente daquela,
Que te corta o pescoço
Quando o pivete chega
E diz não querer roer só o osso.