Texto Amigos de Luis Fernando Verissimo

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Mulher

Quero uma mulher
Linda ou não.
Que me ame de montão.
Que me receba
Enrolada de banho.
Que corra ou fique,
Tudo depende.
E que me entende
Quando a noite
Chego atrasado.
Que de manhã,
Cabelos molhados
Manda-me embora
E depois chora.
Que seja assim:
Metade dela
Metade de mim.

Inserida por Moapoesias

Vazio

Andando sem destino,
Pela rua a vagar.
Sentindo os raios da noite
Começando a declinar.

Correndo passa um menino,
Sorridente a passear,
Tentando encontrar a menina
Que o fez apaixonar.

Eu ando... Sem rumo.
Nem sei onde quero chegar.
Mais feliz é o menino
Que tem a quem buscar.

Inserida por Moapoesias

Chuva

Caminhos,
Cheios de gente.
Indo e vindo.

E o menino dormindo.
A mosca zunindo.
O cão latindo.

O redemoinho fazendo zoeira.
Você evitando a poeira.

O mato tremendo.
Janelas batendo.

...A nuvem rompeu.
Em
Pouco
Tempo
Muita
Chuva
Desceu.
Chuá
Chuá
Chuáááá...

Inserida por Moapoesias

Como vai você?

Madrugada lenta,
Onde escondeste o dia que não chega?
Morto neste colchão,
Abraço o silêncio e a solidão.

Atrasado chega o dia, bocejante,
E pede que me levante.
O hotel se torna borbulhante.
Já sei que a rotina será maçante.
Sem escolhas vou adiante.

Bom dia. Como vai?
Olá. Tudo bem?

As pessoas bem dormidas,
Não sabem da minha vida.
Das esquinas descabidas.
Das péssimas investidas.

À tarde os importunos se multiplicam,
Ficam ainda mais pedantes.
Sem escolhas vou adiante.
Tentando não parecer arrogante.

Boa tarde. Como vai?
Olá. Tudo bem?

A noite outra vez me escolta,
Sábia e cheia de contra indicações.
Sigo cabisbaixo conduzindo minha revolta.
Ainda encontro uma multidão
Chata e sem emoção.

Boa noite. Como vai?
Olá. Tudo bem?

Em fim fico só comigo,
Empalideço a fisionomia.
Deito em meu jazido.
Meu corpo parece
Embalsamado pra aula de anatomia.

Entre paredes melancólicas deste mausoléu.
Refaço minhas angústias.
Minha consciência atrevida,
Pra infernizar ainda mais minha vida,
Pergunta destemida:

Olá. Tudo bem?
Como vai tua vida?

Inserida por Moapoesias

Ternura
Aos poucos vou percebendo que o mundo, a cada dia, distancia-se de mim.
Eu que sou meio a moda antiga. Não badalo adereços. Abro mão de usar brincos. Não acho graça nenhuma em piercing. Não penso em fazer nenhuma tatuagem.
Não falo: “tipo assim,” e nem uso outras gírias da moda. Não mostro as cuecas ao me vestir.
Não dirijo bêbado, não brigo em festas ou baladas, pra quem prefere assim.
Eu que beijo o rosto dos meus filhos homens, que abraço meus amigos. Que ainda cumprimento as pessoas na rua, me preocupo e gosto delas. Eu que valorizo mais o ser humano em detrimento de outros valores.
Escrevo louco com “uc” e não com “k”. Costumo pedir licença para entrar e dizer obrigado pelas gentilezas e favores.
Ouço músicas antigas pra por a saudade em dia.
Vejo fotos três por quatro de pessoas que, de alguma forma, passaram pela minha vida. Na memória e em meus álbuns, já amarelados, guardo vastas lembranças.
Eu que brigo com esta máquina chamada computador.
Estranho falar com este interlocutor sem reações, sem rosto, sem gestos, sem sorriso, sem cara fechada. Todas as fotos de redes sociais são de pessoas sorridentes.
Sinto uma ânsia de mostrar ternura, de olhar nos olhos, de ver o semblante das pessoas, de ficar mais doce e agradável com a conversação. De demonstrar simpatia. Mas me adapto e gosto de novidades.
Eu que tenho esta alma dominada e doentia em devaneios.
Que romantizo as relações. Vejo presságios de amor em todas as direções. Eu que costumo pedir perdão quando erro. Admito sentir saudades, pergunto se queres contar seus problemas. Eu que quero saber onde está seu sorriso e, se preciso, faço palhaçada para que ele volte ao seu rosto.
Vou à igreja, creio em Deus.
Amo a natureza e convivo bem com animais.
Mesmo assim, relaciono-me bem com diferentes gerações, com iguais e com desiguais, pois não é isso que uso como parâmetro para gostar de alguém.
Não furo filas. Não quero vantagens pessoais.
Fico fascinado com um sorriso sincero de uma criança. Emociono-me com aquele “abracinho” infantil tão terno e verdadeiro. Adoro escutar pessoas mais velhas e aprender com suas experiências de vida.
Eu que envelheci junto com este mundo que, hoje parece não ser o mesmo.
Quanta pressa. Quanta falta de educação no trânsito. Quanto desamor. Em fim, quanta dureza nos corações humanos.
No fundo, no fundo acho que se manteve o mundo eu é que amoleci.

Inserida por Moapoesias

O SEQUESTRO
Após o sequestro fui roubado.
Levaram-me a vontade de escrever.
As rimas.
Os versos.
O poema da poesia.

Dureza foi ver a inspiração
Sendo carregada sem dó.
Eu que a preservava tanto.
Mas eles, pra meu espanto.
Consumiram-lhe em uma vez só.

Meu último poema
Foi arrastado ainda inconcluso.
Puxaram-no pela perna.
Ainda estava tão frágil,
Tinha versos pela metade.

Sem título definitivo.
Não entendo tal maldade.
Um bebê em gestação.
Rodando pela cidade.
Que ato de crueldade!

Não existia motivo.
A maior atrocidade.
Nunca saberei a razão.
Despi-me de vaidades
Pra fazer o pedido de prisão.

Por favor, prendam estes bandidos.
Eles foram muito ousados.
Levaram um poema inacabado.
E mantiveram o poeta silenciado.

Pensando por outro lado,
Talvez nem sejam tão culpados.
Eu tenho sido descuidado,
Ando muito distraído
Melhor perdoar estes indivíduos.

Inserida por Moapoesias

NEM SEI
Construí imaginários sobrados,
Os mesmos antigos.
Enormes abrigos.
E fiz jardim
Ao fundo.
O mundo de branco,
Pintei.
E te encontrei
Entre cervejas
Que foram abraços.
Foram beijos e desejos.
E te paguei.
Quanto? Nem sei.
E agora,
Estou envergonhado.
Por ter comprado
O que não dei.

Inserida por Moapoesias

A SAUDADE
Seguro tua cabeça entre as mãos.
Olho fundo em seus olhos,
De infinitas verdades.
De inúmeras realidades,
E sinto tremer
O seu corpo.
Aquecer o sangue.
Encaixa-se em mim
E respira fundo.
Seu mundo
Nosso desejo.
E na mágica
O beijo.
Afago seus cabelos.
Afogo as palavras.
No chão silêncio de felicidade.
E no beijo de adeus
A saudade.

Inserida por Moapoesias

ANOS DE MIM
Aprendi a cantarolar
Pra deixar o tempo passar.
Aprendi a contra balançar.
Anos de mim tento administrar.

Aprendi a interiorizar
Tudo que quero analisar.
Anos de todos que conheci
Deram-me vontade de partir.

Aprendi a viver bem comigo,
A me aceitar resignado.
Aprendi a não ficar desanimado
Quando foge um carinho anunciado.

Aprendi a falar baixinho
Pra não me acordar assustado.
A caminhar bem devagarinho
Pra não despertar meu eu menininho.

Aprendi acordar bem cedo.
Para escutar os passarinhos
A abrir a porta das minhas mágoas
E deixá-las repousadas num pergaminho.

Aprendi a conviver com as picadas.
Admirar de tudo um pouquinho.
Não fazer terra arrasada.
Buscar só o bom caminho.

Inserida por Moapoesias

Porta-malas
Primeiro eu bebia minhas tristezas.
Hoje sou abstêmio.
Depois eu as fumava.
Sou ex-fumante.
Então passei a comê-las.
Fui pra dieta.
Jogava.
Parei.
Agora as absorvo.
Não tenho mais fuga.
Coloco-as no porta-malas da memória
Em pequenos pacotes assim
Atrapalham menos e
Fica mais fácil levá-las comigo
Sem que sejam notadas.

Inserida por Moapoesias

O FUMANTISMO
Admiro incansável o escritor. Este colega do dia-a-dia. Conta
suas produções com tal entusiasmo que me excita a escrever algo. Qualquer coisa. Se sair em linhas subtraídas chamo poesia, se extenso, conto.
Tarefa guerreira é escrever. Às vezes uma palavra atira-se em outra e quebra a muralha destruindo a frase. Não a recomponho. Se esta, por ventura, vier a ser tombada pelo patrimônio histórico literário, os historiadores que a reelaborem. Pior mesmo, e isto é o mais provável, se não tiver nenhum valor. É enrolar o papel o lotar o balde de lixo. Para mim há uma saída quando faltam palavras. Ascendo um cigarro e elas emergem em meio a fumaça. Mas os escritores (ou não) que não fumam? Deve ser terrível. Talvez consumam "chicletes" ou sei lá o que fazem. Agora, uma coisa é certa: nada melhor que a fumaça do cigarro para trazer ideias brilhantes. Não importa se o pulmão está cancerígeno. Se a garganta incha, se o coração dispara. Afinal, o escritor não precisa destes em pleno funcionamento, sua tarefa é apenas escrever.
Portanto o escritor pode ser fumante. Se morrer jovem ótimo. Se for vítima do cigarro, excelente. Não e mais fácil à obra fazer sucesso após a morte de seu criador?
Então, fumemos colegas "escritorinhos". Fumemo-nos mutuamente, até o dia em que os críticos cedam e reconheçam este novo movimento literário: O FUMANTISMO."

Inserida por Moapoesias

ÉBRIO
Um uísque.
Duplo, por favor.
Preciso desentalar da garganta,
Este nó, esta dor.

Só não me sirva com desdém,
Sou humano como você, meu bem.
Não faço isso todos os dias,
Só bebo quando me convém.

Anos de vida me fizeram mole,
Saudade é o que sinto agora,
Por mais que eu me enrole
Talvez eu fique ou vá embora.

Este copo aqui, ó, vazio.
Avermelhou-me o rosto,
Desequilibrou-me o corpo.
Atingiu-me a voz.

Inserida por Moapoesias

Barganha
Eu sempre desejei que os abraços fossem apertados.
Que os sorrisos fossem sinceros.
Que as despedidas fossem exterminadas.
Que o tempo não fosse contado.

Que a corrida não fosse só para a vitória.
Que não se fizesse só pela história.
Que coisas ruins saíssem da memória.
Que todos merecessem a glória.

Tudo o que eu mais quis.
Que toda pessoa pudesse ser feliz.
Que só existissem balas de anis.

Que a fé não precisasse remover montanhas.
Que as medalhas não fossem apenas para quem ganha.
Que todos, na vida tivessem o poder de barganha.

Inserida por Moapoesias

Dores
Bom era quando as dores vinham das pancadas.
Das pisadas em pregos.
Do braço quebrado.
Dedo queimado.
Das enroscadas em unhas de gato.
Das caídas em barrancos.
Das picadas de insetos.

Era um tempo em que a cura não demorava.

As dores de hoje atingem a alma.
Degeneram o cérebro.
E não tem medicação.

Inserida por Moapoesias

Novidade
Quando nasci foi tudo tão normal.
Até o parto.
Não houve um grande temporal.
Foi apenas mais um ato.
Não aconteceu nenhuma comoção social.
Ninguém considerou a data como um evento.
Cumprimentos só alguns,
Eventuais.
Nem houve um grande sopro de vento.
Só minha mãe se emocionou
Naquele momento.
Tudo monótono na cidade.
Eu
A única novidade.

Inserida por Moapoesias

Sombras
As nossas andam separadas.
Em outros tempos eram vistas de mãos dadas.
Eram enormes ao final do dia,
Agora já não são mais nada.

A companhia boa é aquela que não se precisa.
Tu eras a sombra que a mim encantava.
A minha hoje, anda sem camisa.
A tua era a proteção onde eu me sentava.

Talvez sejam vistas
De outras acompanhadas.
Não uma,
Mas duas imagens sombreadas.

Inserida por Moapoesias

Olhos machucados
Vi que olhos arregalados me fitavam.
Deles demandava uma frieza nunca vista.
Fixei meu olhar por um instante,
Vi que estavam distantes.

Olhavam-me ao léu.
Olhar triste de partida.
Portas opacas do inferno.
Em nada lembravam o céu.

Olhos malvados.
Machucados.
Desesperados.
Olhos apaixonados?

Olhos d’água.
Com olhar de águia.
Olhos com água.
Com olhar de mágoa.

Um olhar de tantos olhos,
De histórias não contadas.
Tristes olhos sem brilho
Na despedida brotaram em lágrimas.

Inserida por Moapoesias

Que bom seria
Que bom seria se as segundas chances fossem reais.
Se os amores fossem imortais.
Se os pecados não se tornassem imorais.
Se os reencontros não fossem banais.

Que bom seria se a vida fosse de paz.
Se não quiséssemos deixar os outros pra trás.
Se de perdoar todos fossem capaz.
Se a fraternidade prosperasse cada vez mais.

Que bom seria se só tivéssemos alegrias.
Se o sofrer fosse abortado em cirurgias.
Se a felicidade viesse numa magia.

Que bom seria se o mundo fosse de igualdade.
Se o respeito existisse em qualquer idade.
Se o ser humano se despisse de falsidades.

Inserida por Moapoesias

Bolsas nos olhos
Meus olhos tentam guiar meus pensamentos.
Quando não querem me mostrar
Desviam o olhar num rápido movimento.
Porém se não vejo posso imaginar.

As bolsas que trago neles
As causas não são do tempo.
São depósitos daqueles
Que de amor alimento.

As pálpebras fecham com rapidez
Para evitar o pó da estrada
Tentam esconder de vez
Os tropeços da caminhada.

Quando estão fechados
Não sei por onde seguir.
Vou para o lado errado
Precisando me redimir.

Portanto, olhos meus,
Estejam sempre alerta.
Se rondarem os teus,
Façam a escolha certa.

Inserida por Moapoesias

Horas paradas
Não é falta de vontade
Se as horas estão paradas.
Isso se chama saudade
De cenas na mente conservadas.

Esta música que te põe em agonia,
Não foi feita pra te fazer sofrer.
É pra trazer alegria
E irrigar um bem querer.

Vista de vez a vontade de ficar,
Umedeça este jardim em flor.
Teu corpo pede pra deitar.
Permaneça morando neste amor.

Inserida por Moapoesias

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