Tenho um ser que Mora dentro de Mim

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O que lembro, tenho.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Trata-se de uma decepção diferente: não tenho ódio nem vontade de chorar.

Claro que eu adoro minha casa, meu cachorro, meus amigos, meus livros, músicas. Tenho uma vida ótima. Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem chegando. Ou de quando o telefone tocava e eu sabia que era ele e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de morrer antes de falar "alô".

Eu vou embora, eu já devia ter ido embora há muito tempo. Não tenho mais paciência nem cabeça para esse tipo de coisa miúda.

Eu me permito apreciar isso, a manipular a coisa a meu favor porque eu tenho a febre da faca amolada, dos céus azuis e profundos.

Costumo chorar, quando estou com raiva. Comer, quando não tenho nada para fazer. Falar sozinha, quando não tenho ninguém. Costumo me deixar levar, até cair novamente.

Se, de vez em quando, o leite azeda por aí, não tenho nada com isso; a vaca não é minha. Escolham melhor na próxima vez.

Eu tenho maturidade para falar "eu errei". Tenho ousadia para dizer "me perdoe". Tenho sensibilidade para expressar "eu preciso de você". Tenho capacidade de dizer "eu te amo". Tenho humildade da receptividade. Desejo que minha vida sempre seja um canteiro de oportunidades para continuar sendo feliz... E, quando eu errar o caminho, recomeço, pois assim descubro que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

O amor que eu tenho por você
É inabalável e jamais se esgota
Porque ele é imenso e verdadeiro
E retém em si a própria essência do tempo
E do universo:
É imortal,
É infinito,
É eterno.

Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu

Fizeste que eu confessasse os pavores que tenho. Mas vou te dizer também o que não me apavora. Não tenho medo de estar sozinho, de ser desdenhado por quem quer que seja, nem de deixar seja lá o que for que eu tenha que deixar. E não tenho medo, tampouco, de cometer um erro, um erro que dure toda a vida e talvez tanto quanto a própria eternidade mesma.

James Joyce
JOYCE, J., Ulisses, 1922

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Tenho andado distraído,
impaciente e indeciso.
E ainda estou confuso,
só que agora é diferente:
Estou tão tranquilo e tão contente.

Não estou disposta a sofrer, desculpa. Eu te amo, mas eu tenho que ir. Eu tenho sonhos, mas não agora. Um beijo. Até um dia. (...) Agora durma. O dia amanhã será cheio.

Não me preocupo com a morte ou não tenho pena de morrer. Parece uma tarefa desgraçada. Quando? Na próxima quarta-feira á noite? Ou quando estiver dormindo? Ou por causa da próxima terrível ressaca? Acidente de trânsito? É uma carga, uma coisa que deve ser feita. E vou morrer sem acreditar em Deus. Isso vai ser bom, posso enfrentá-la de cabeça em pé. É uma coisa que você tem que fazer, como calçar os sapatos de manhã.

Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Elisa e Tania Kaufmann, escrita em janeiro de 1947.

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Vivo como posso, e posso muito porque tenho ideias.

Nenhum número de experiências, por muitas que sejam, poderão provar que tenho razão. Mas será suficiente uma só experiência para demonstrar que estou equivocado.

Às vezes não tenho vontade de escrever e é por não querer escrever nada que acabo escrevendo alguma coisa.

Nunca é tarde, às vezes é apenas cedo demais. Eu tenho que entender isso. Aliás, eu tenho que entender tantas outras coisas…