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Se você permitir, eu sangro teu nome em cada linha da minha pele. Deixo que a dor vire alívio e o amor, penitência. Porque amar você, nesse estado febril, já não é escolha — é instinto. E instinto não se cura, apenas se obedece.⁠

Inserida por angelicabenigno

Transforma meu corpo em relicário do teu toque. Me marca com teus dedos, com tua pressa, com tua ausência depois. Que eu seja cicatriz e não lembrança — algo que dói, mas não se apaga.⁠

Inserida por angelicabenigno

Aceita minha carne como tua penitência. Me mastigue com a calma de quem saboreia o fim. E quando eu não for mais nada além de memória no fundo da sua língua, ainda assim, que meu gosto te assombre por uma eternidade.⁠

Inserida por angelicabenigno

Se você quiser, eu me desfaço em névoa e me misturo ao ar que você respira. Eu desejo entrar em seus pulmões e invadir sua corrente sanguínea, para circular em ti, ser parte tua, até que meu nome se torne tua febre e minha ausência, tua doença.⁠⁠

Inserida por angelicabenigno

Prosa Patética



Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.
As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.
Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado.
Aquela que fala do namorado com tanta ternura.
Mesmo das brigas ando tendo inveja.

Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças,
Sempre querendo, querendo.

Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.

Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.

Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.

No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança

Do hálito quente do outro. A voz, o viço.

Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,

Expulsar de mim essa Nossa Senhora ciumenta.

Madona sedenta de versos. Mas tive medo.

Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.

Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.

E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio.

Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,

Onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda.

E mais do que nunca tive inveja.

Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta

Nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado.

E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora.

A mulher que engravida porque gosta de criança.

Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, Ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido,

E ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos.

Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.

Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.

Clarice diz que sua função é cuidar do mundo.

E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,

Não tenho bons modos nem berço.

Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.

O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?

Eu, cuja única função é lavar palavra suja,

Neste fim de século sem certezas?

Eu quero que a solidão me esqueça.

Lá vinha ela!
Vindo sempre,
seduzindo.

Vestido vermelho,
de um tom
meio tinto...

Decote forte,
mas nela,
distinto.

Em suas mãos,
duas taças
e um tinto.

⁠Rascunhos do coração:
Aquele que tem um porquê.

Na infância, confiamos nos adultos. Faça isso, não faça aquilo, de vez em quando quebramos o roteiro.

Quando você sobe onde não deve, afaga um cachorro sem dono, abraça uma onda Grande demais.

Esses Momentos dizem algo sobre você, algo difícil de explicar porque transcende as palavras.

No imenso vazio da consciência, essas memórias são como estrelas.

Retratos do passado irradiando o significado.

Se você contemplar esse cosmos não tem erro.
Vai encontrar pistas do que faz você, você.

Aquele que tem um porquê supera qualquer como.
A vida. Não é um jogo que se ganha, é um oceano.

Se focamos só na próxima meta, corremos o risco de ficar girando à deriva.

Em algum momento, é preciso definir um norte, não pela expectativa de chegar lá, mas pela intuição de que é um caminho interessante.

Porque a real é que não existe lá. Felicidade não é um destino, é o navegar.

Um novo dia, uma nova tempestade. Para alguns de nós é assim, sempre à beira do naufrágio.

Mas se engana quem acha que não tem escolha. No porão desse navio existe um baú implorando para ser aberto.

Saudade, remorso, amores enterrados vivos, trancamos nossos fantasmas como se fossem enganos, quando, na verdade são nosso maior tesouro.

Em cada paixão impossível, cada dor indescritível, uma prova do nosso poder criativo.

Bem afortunado, aquele que mergulha em si mesmo em um ato de loucura e no ato de loucura, escancara o coração.

Permitindo que os demônios se espalhem como fogo! Consumindo a embarcação para que, das cinzas, surja um novo eu que já não teme a chuva porque já morreu.

E ao ver suas certezas afundarem, ousa até se alegrar.

Como se não resistisse nem por um instante à indiferença do mar.

Nada pode afogar o espírito de quem se permite recomeçar.

~ Ludo viajante 2024.

vais esmoer os olhos até virar pó
até que aprendas a ser.
só ser.
ser só.

Sextou
Sexy estou
Pro Vrau vou
Com vc não Vrou

Para limpar lágrimas, uma
lápide.

Entre prosa e poesia
Fiz da vida uma alegria
E assim hei de viver
A cada amanhecer
Acreditar que vai ser bom
Esperança é um dom
Que fortalece quem a tem
Anima, e só faz bem
Traz paz ao coração,
Se a vida te der um não,
Um sim deves buscar
Não desistas de amar
Pois o amor é solução.

NÃO SOU POETA

Quem me dera se eu fosse poeta
E dos amores saber contar
Falaria dum amor verdadeiro
Porque da verdade o amor não sabe calar.

Quem me dera prosar em versos
Os sentidos de um coração
Falaria que não há mentiras
Quando se vive uma grande paixão.

Ah, quem me dera recitar poemas
Nos traços desse teu olhar
Pô-lo-ia em declame teu sorriso
E tuas formas de me encantar.

Mas infelizmente não sou poeta
E do amor não sei falar
Se soubesse viveria em teus dias
E nunca mais sairia de lá.

porque nada dura
tantos durantes
quanto um instante
dando lugar a outro.

Nas estradas do mundo encontrei curvas sinuosas, nas pessoas encontrei rostos sedutor, em teu corpo encontrei as curvas do amor.

Minha arte surge do bem pensar
Do bem querer
Do bem agir.

Do bem amar,
Do bem viver,
Do bem sentir.

Arte por arte surge do bem
Pensamento nobre ao escritor.
Flutua da mente, cadente
Expressa o bem e a dor.

É latente, expressão ardente,
Céu do amanhecer.
Aflora e com coragem explora
A dimensão do ser.

“Se teu olhar é in(verso),
te faço prosa
e a gente versifica.”

Se comprometeram
de cuidar da sua
dor e pelo jeito
não cumpriram,
e cheguei crer
que iam levar
você a sério.

Na falta a quem
recorrer,
peticionei
ao poeta da multidão
porque vivemos
num mundo sem coração.

De ti não mais falaram,
fui procurar ler
na Sebastiana
e não li nenhuma
notícia ou indício,
não sei se estás vivo
ou te mataram.

Direto da estação
Da história envio
E repito o recado:
Da trincheira eu
Sou o último soldado.

Jamais terei o meu
Espírito descansado
Enquanto não ver o
General bem tratado,
E sobretudo libertado.

Como o tabaco fino
Que fascina e vicia,
Os meus versos são tudo
Aquilo que não havia
Sequer um dia imaginado.

Ainda o dia
não raiou
como gostaria,
não sou
de rodeios,
me traga
o General
são, salvo
e com vida,
Porque tenho
na testa
a estrela
de Madiba.

Canção de Luísa,
meio Bossa-Nova,
meio ousadia,
jamais esquecerei
da tropa presa
por brutal injustiça.

Da nicotina eu gosto do gosto
Da prosa, e de uma velha boemia
Desperta em mim certa calmaria
Sentar num bar e prosear sem se preocupar com o caos que nos rodeia dizem q essa vida é vazia, mas é vazia apenas para aqueles que não sabem amar sua própria companhia.

Quinze pras onze. O clima quente e úmido.
O reflexo da janela aberta na tela do celular.
A lapiseira "nova" à vencer no papel.
Verde-neon, eu gosto.

Minha avó desce devagar a escada, ao som de seu bolero.
"Fulano de Tal" e seus teclados.
É bom.

Um amor tão maluco,
que mesmo sendo
amante da liberdade,
escolhia todos os minutos
estar preso ao amor libertador
que sentia.

o amor, às vezes, é um pássaro ensaguentado, à beira da morte, que encontramos no meio da neve, e perdemos todas as dimensões de tempo e distancia pra cuidá-lo e curá-lo, impensavelmente mesmo que todo sacrifício venha a ser em vão no final…

o amor, às vezes, é uma nuvem negra que surge quando tudo o que precisamos é de chuva forte, e nem sempre nos damos conta do quanto estivemos secos e sem vida em nossas clausuras infecundas, frias e empoeiradas…

o amor, às vezes, é como despertar num domingo de manhã com a preocupação de atraso, e então nos damos conta que está tudo bem, pois podemos ficar quanto tempo quisermos, porque não precisamos sair, pois não há lugar melhor do que onde estamos…

o amor, às vezes, é tão pequeno a ponto de levarmos pra todo canto, e grande o suficiente pra que nossas vidas o orbite sem que venhamos a cair, porque o amor é como um orvalho que salva a flor, e nele se refletem o céu e todas as constelações de andrômeda.

amor é sei lá o quê e nem sei pra onde, nem como, nem bebo, nem cuspo. apenas me assusto quando chega tombando os trincos, e agarro às cegas, olho, beijo, unho, pra não deixar assim por vir e partir, porque amar também é um rasgo, um bocejo, e entender que nem sempre devemos ter por onde ir.

procurar o foco, o auge de nós mesmos, a plenitude. conseguir garimpar tão fundo a nossa solidão, a ponto de encontrar tesouros vislumbrantes. encontrar em nós mesmos os motivos de ficar, e os de partir sem chorar. aprender o devir, os teoremas, as teorias, os desesperos. o foco é conversar com o medo. ser transparente o bastante pra chorar sem manipular nossa alma, sem corromper nossos desejos. o foco é sentar junto com nossos demônios e fumar tomando café e chegando a um acordo maduro. o foco é não ter força quando precisamos ser fracos e recorrer a um amigo, é não levantar quando o chão for mais atrativo. correr e tropeçar quando for preciso. poupe seus olhos de muralhas e veja a bela tempestade que vem vindo, tão quieta… e o que a gente faz? ossos do ofício: dançamos aos olhos da tragédia. tudo que somos não é mais, e economizar a vida é o maior dos desperdícios.

O BELO


A Floresta me basta.
Não que seja o lar,
mas ela é veicu-lar.

Não basta eu entrar na floresta,
ela tem que entrar dentro de mim.

Desta forma eu encontro a paz
e com a paz dispenso os meus sentidos.

Os sentidos não fazem sentido.

Não confuda um poeta com um buda.
Um buda é um poeta, cuja vida virou poesia,
mas um poeta é alguém que se ilude com a beleza.

A beleza é uma ilusão,
pois a visão pode acabar,
e os ouvidos podem falir.

Então não haverá
o belo meneio das folhas luminosas
nem se ouvirá os sons do bosque.

Como saber se a ipoméia
e as hortências
ficaram azuis?

A função da floresta é me
conduzir ao vazio,
um vazio sem sentido algum.