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Guarulhos, minha cidade.
Aqui cresci, nas ruas empoeiradas,
Ou em tempestuosas chuvadas e ruas enlameadas,
Em brincadeiras despreocupadas,
E nos sonhos de menino, construí o meu destino.
Vislumbro com o cair da noite, as pessoas e as andanças,
O ar que ainda exala o perfume da esperança.
E às árvores recurvadas na Serra da Cantareira,
Em visitas com os amigos,
Apreciei tanta beleza,
Que jamais caberia na imaginação de um antigo.
Em 8 de dezembro de 1560, Guaru "indivíduo que come",
índios barrigudos, segundo a língua tupi, pelo Padre Jesuíta Manuel de Paiva.
Nascestes Guarulhos, de Nossa Senhora da Conceição.
Da minha cidade nasce o norte ladeirento,
indócil e o sol, quando chega, penetra-a delicadamente,
carinhosamente, depois de vencido o nevoeiro...
Ao sul do Tietê, a oeste o Cabuçu...
Sua riqueza primeira, de ouro e mineração.
As minas foram descobertas,
segundo Afonso Sardinha, a denominação ,
o progresso então chegou e a Maria Fumaça, que passa com a produção...
Em 1915, os atos da Câmara já diziam,
contra o desmatamento,
a implementação do esgoto,
a poluição da água,
o abastecimento.
Três autoestradas chegaram, a população superou 1 milhão,
Quanta magnitude, mais educação, mais emprego e mais saúde;
o aeroporto, o progresso agregou-se, quem preocupou-se?
E a questão ambiental, mercantilizou-se?
Tornou-se uma cidade importante,
onde a paisagem verticalizou-se em torres de concreto, tão de perto.
E ainda temos o viaduto “Cidade de Guarulhos”,
refletindo por um momento, tornou-se um importante monumento.
Minha cidade é linda...
Tem suaves montanhas.
O amanhecer é sorridente,
qualquer alma doente se cura com as nascentes.
No passado bastaria lançar os olhos ao horizonte...
E com familiaridade e doce intimidade,
a natureza de pertinho nos blindava a mocidade.
Ter olhos sagazes no presente, ao ser...
Para ir reconstruindo todas as belezas,
É preciso ter visto antes, para reconhecer.
Crescidos, estamos eu e essa grande metrópole,
Hoje ainda observo o espetáculo do por-do-sol,
Que brilha no céu, tornando-o mais azul, mas não vejo o horizonte,
Do clima a transformação, avisto a poluição.
Essa cidade de todos,
os direitos e os deveres,
os versos e adversos,
te amo minha metrópole,
Guarulhos cidade progresso.
SE TUDO MUDOU
Talvez hoje seja o começo de uma nova vida.
Talvez hoje possa estar diante da resposta de muitas de minhas preces.
Talvez hoje eu acredite que haja esperança.
Talvez hoje eu sonhe que tudo vai ser diferente.
Quem sabe o dia de hoje seja o dia.
Quem sabe amanhã vou acordar e ver a mudança.
Quem sabe vão olhar pra mim de uma forma diferente.
Ou quem sabe vou estar iludido acreditando que tudo mudou.
Se tudo mudou, eu sou feliz!
Se nada mudou, eu também sou feliz!
Admito essa minha indecisão.
Se tudo mudou, a saudade vai existir!
Se nada mudou, a saudade poderá ser morta!
Apenas o tempo dirá o que vai acontecer!
Fala baixinho.
Amor, ninguém vai saber.
Seremos apenas eu e você dessa vez.
Vamos viver sem nos preocuparmos com o que vai acontecer.
Fala baixinho.
Sempre vai ter alguém querendo nos derrubar
Vamos caminhar devagar.
O nosso amor dessa vez não pode escapar.
Fala baixinho.
Temos toda uma vida juntos pra vencer.
Me de sua mão, que assim nunca vamos perder.
Eu prometo, o nosso amor tem muito a florescer.
Fala baixinho.
Não quero que escutem o que você tem a me dizer
Ninguém precisa conhecer o lado que me faz tanto te querer
Eu só quero a todo momento te ter.
Fala baixinho.
No meu ouvido diz que ficarás pra sempre independente do perigo.
O teu abraço é o meu abrigo
E eu só quero sentir você comigo.
Psiu...
Fala baixinho, amor.
Meu cais
Vou clamar aquela poesia
que eu fiz um dia
pra te esquecer
algo impossível de acontecer
pois teu olhar invade meu coração
como dizer não
Se o fato ocorreu
e a gente nem percebeu
se o beijo estralou
porque não lhe dou
muito mais
venha aportar no meu cais
jogue sua âncora sem dó
vamos desatar esse nó
quero escurecer até sua cor
para contrastar minha dor
de consciência limpa
de água cristalina
que batizou
e que purificou
o nosso amor.
Maquiavelico, psico, confuso, é o fim do mundo,
Varias contradições, siga o cego e escute o mudo.
Parece absurdo, mas o normal me incomoda,
Eu vejo faces de anjos e ouço chocalho de cobras.
Geração perdida, estamos no barco a deriva, quem diria ?
O padre mentiu, o pai errou, o pastor estava enganado,
Deus nunca te odiou pelos seus pircings, sempre te amou mesmo tatuado.
Não sou blase pascal, muito menos immanuel kant,
Tenho muito de suntzu , pouco de ghandi.
Se não sabe aprende, e se sabe ensina, esqueceu aprende outra vez,
E o mais importante de tudo, faça rápido, só se morre uma vez..
Nascemos originais, morremos copias,
Ser humano idiota, a moda dita, tv nos sufoca.
Jornal manipula, escola não educa, a vida é dura,
E teu sonho cadê ?
Encontra-se exposto no shopping,
Ou dentro de um ateliê ?
Aqui a grife no seu peito define quem é você.
"Estávamos compartilhando uma cama, isso nunca havia acontecido, sentia sua respiração sobre meu peito, seus braços entrelaçados em mim, eu a amava, esperava que ela sentisse o mesmo sentimento, nesta noite eu não dormi pois queria aproveitar cada segundo deste momento"
Um dia vendi meu cavalo.
Foi num domingo, nessas voltas de rodeio...
Eu garboso bem faceiro vinha com pingo a lo largo....
Me ofereceram um trago e seguimo ali proseando...
Logo vieram ofertando uns troco no meu Picasso...
Era lustroso o bagual, calmo como chirca em barranca...
Mansidão não hay quem compra, disse um velho paisano...
Largaram uns peso no pano de primeira refuguei...
Depois logo pensei, hão de cuidar do pingo...
Eu nunca fui de apego, meu rancho é a solidão...
Ainda dei o xergão e vendi o meu velho amigo...
Quando voltava pras casa, a pezito curando o trago...
Fui lembrando das andanças que fizemos pelo pago...
Lembrei até duma noite, que quase se fomo nas barranca...
Por causa de uma potranca o Picasso enlouqueceu...
Depois obedeceu e voltou a compostura...
São coisas da criatura, da natureza do bicho...
Eu sei bem como é isso comigo se assucedeu...
Mas eu já tinha vendido, de nada mais adiantava...
A vida continuava, quantos já venderam cavalos...
Uns bons outros malos, mas é coisa da tradição...
Depois pegamo outro potro...
Domamo e mais um tá pronto pras lides de precisão...
E assim se passaram os anos, e nunca mais vi o Picasso...
Mas ainda tinha a lembrança daquelas festas campera...
Debaixo de uma figueira nos posando prum retrato...
Eu virado só em dente, tamanha felicidade...
E ele bem alinhado, com pescoço arrolhado, mostrando garbosidade.
E o tempo foi passando, eu segui domando potros...
Mas um deu pior que outro nunca mais tirei pra laço...
Lembrava do meu Picasso, manso, bom de função...
Trazia ele na mão, nunca me refugo...
Desde do dia que chegou potranco bem ajeitado...
Se acostumou do meu lado vivendo ali no galpão...
A vida é cerca tombada, quando se sente saudade, dói uma barbaridade...
O coração em segredo as vezes marca no peito, qual roseta na virilha...
Não fica bem pro farroupilha ter saudade dum cavalo...
Que jeito se vai chorar, são coisas de índio macho...
Sentimento é um relaxo difícil de aquerencia...
Mas o tempo vem solito, não trás amadrinhador...
Num dia desses de inverno, juntando geada no pala...
Eu vinha nos corredor pensando nas cosa da vida...
Foi quando vi um cavalo magro ali atirado junto a cerca caída.
Fui chegado mais perto daquele coro jogado
Os olho perdido e triste, me perguntei qual existe gente mala nesse mundo.
Pra atirar assim um crinudo, pra morrer a própria sorte
Pedi licença pra morte em me cheguei sem alarde.
Não creio em divindade, mas o milagre aconteceu
Ali na beira da cerca, quando me olhou com tristeza...
Na hora tive a certeza que aquele pingo era o meu.
Levei ele pro rancho, tratei e curei os bixado...
Dei boia e fique do lado, até ele melhora...
Perdão meu Picasso amigo, agora ficas comigo...
Não te vendo nunca mais...
Por mim pouco importa se já não serves pra lida...
Aqui será tua vida até o dia que morrer...
Talvez não tenha perdão, sofresse em outras mãos...
O que fiz naquele dia?
Te vendi por alguns trocados, um amigo não tem preço, o que fiz foi judiaria...
Nunca mais vendo cavalo.
Vida, a vida pode ser cruel,
vida que se queixa sem ter o mel,
para adoçar essa vida,
pode olhar a fauna, flora, mar e céu.
Felicidade, esta é uma peça,
peça esta de um quebra-cabeça,
que talvez não tenha fim.
Pois cada momento feliz
é montado peça a peça por você, por mim.
Porém ela continua incompleta,
sempre buscando ser descoberta,
e pode, nos mínimos detalhes da vida.
A felicidade nunca esta pronta,
mas é constantemente construída.
Vou lhe contar um segredo,
encontre algo que ame fazer,
e de seu máximo, será um prazer, sem medo,
e com certeza, querendo, mudará seu enredo.
Não trabalhe somente pelo dinheiro,
esta é uma cultura criada sem direito,
precisa se realizar no que gosta de fazer,
só então sentirá o verdadeiro prazer.
Concorde que o amor é o que há de mais valioso,
então, ame seu trabalho, pessoas, tudo que puder,
e ai se tornará vitorioso.
A vida é um espelho de sentimentos,
então se remeta a um bom endosso.
A saudade é a ponte pro passado que se faz presente.
É o olhar pra trás, pra quem se fez ausente.
É o não mais ter, mas que se sente.
É o incansável buscar de boas memórias, criando novas
Que Não aconteceram antigamente.
A saudade é o sentimento das lembranças
A morada da esperança
Que de tanto pensar nela, talvez
O passado se faça presente novamente.
A saudade é o que te aproxima do amor correspondido
Do que foi dito e do que não foi.
Do que foi vivido e se foi.
Saudade do que viveu, saudade do que nem foi seu.
A saudade é tua amiga
Companheira do dia a dia
Insistente necessidade de sentir
O que o passar do tempo levou de ti.
Mas a saudade é tua inimiga
Te pega, consome e te afligia
É o que te cega pro presente
E te torna inexistente
Por só saber viver por quem está ausente.
ROTEIROS
Em meus devaneios
Vou rasgar os roteiros da peça escrita pra mim
Mudarei todas as falas
Sentarei em outro banco de praça
Mudarei de calçada
Vestirei outra cor
Hoje vou desligar a TV pra assistir as estrelas
Deitarei do outro lado da cama
Adormecerei com o sol
Vou passear com a lua
Hoje deixarei a rotina
Virarei do avesso
Conhecerei outra de mim.
REBELDIA
Num ato de rebeldia
Usei papel e caneta
Escrevi uma carta a alguém
Li um jornal
Numa luta contra o sistema
Troquei likes por abraços
Mensagens por olho no olho
Sentei com um amigo pra um café com bolo
Num ato de revolta
Escancarei a porta
Saí para vida.
FILTROS DE BARRO
Em meu tempo de criança
Bebi água em filtro de barro
Gostava de ouvir seu lento gotejar
Demorava pingar a gotinha
Acho que queria nos dar seu melhor
Por isso demorava a filtrar
Coitado do filtro de barro
Foi descartado
Trocado
Já não cabe nas casas modernas
Pensando bem...
Hoje tudo parece descartável
Nada pode dar trabalho
Prefiro relacionamentos
Que sejam como filtros de barro.
GARRAFA VAZIA
Encontrei uma velha garrafa vazia jogada na areia
Trazida pela maré
Aquela garrafa um dia trouxe felicidade a alguém
Talvez tenha participado de uma festa
Comemorado um nascimento
Ou alegrou boas conversas entre amigos
Agora desprezada
Triste
Sem serventia
Em minha utopia resolvi tirá-la daquele triste fim
Escrevi um poema em um papel
Enrolei
Coloquei dentro da infeliz garrafa
Lancei-a ao mar
Quem sabe um dia ela chegue em alguma praia
Presencie novamente o sorriso de alguém.
INTEIROS
Só gosto do todo
Sem reservas
Sem pedaços
Já não quero nada partido
Sem meias verdades
Meias palavras
Meias certezas
Meias entregas
Nunca fui metade
Sem você sou inteira
Com você eu transbordo.
VAZIO
Das muitas e muitas andanças
Das mais variadas paisagens
Dos desvelos recebidos
De todos os atropelos que se pode dar
A alma quer sempre mais
Nada lhe basta
É fome que não se sacia
Trilha que nunca termina
Gotejar incessante em cavernas vazias
Seu buraco é do tamanho de Deus.
Elis Barroso
JÁ NEM SEI
Não sei se sou eu que grito
Ou roubei a voz de alguém
Se a dor que sinto é minha
Ou sofro por outra pessoa
Já nem sei se sou dona dos versos
Ou eles são donos de mim
Como é duro ser poeta
Que se afoga nos próprios versos
Ora chora
Em outra ri
Se esvai em grãos de areia
Renasce da folha morta.
TECITURAS
Eva tecia em folhas de figueira
Penélope seu longo bordado
As vozinhas costuravam em máquinas onde brincávamos de dirigir
Época em que agulha e linha da vida faziam parte
As mãos teciam
Enquanto a gente fazia arte
Ah! Pena que quase tudo isso acabou
Deixe eu terminar de tecer essas palavras
Vou aliavar esse poema
Antes que nos roubem isso também.
MINHAS ESTAÇÕES
Que nem meus outonos
Quando caírem minhas folhas secas
Nem meus invernos
Quando eu precisar que me aqueça
Tirem de mim a beleza de um novo dia de sol
Nem a delícia de ser visitada pelo beija-flor
Quando eu voltar a florir.
Hoje
Abrigarei soluços no peito
Afogarei o travesseiro
Direi adeus sem palavras
Sem abraços
Sem seu reflexo em meus olhos
Hoje
Dividirei o copo com a tristeza
Tomarei um porre de saudade
Beberei do vazio que ficou
Só hoje
Amanhã passarei batom vermelho
Darei novos sorrisos
Se não der...
Viverei de improviso.
