Tag negro
Olhar Negro
Naufragam fragmentos
de mim
sob o poente
mas,
vou me recompondo
com o Sol
nascente,
Tem
Pe
Da
Ços
mas,
diante da vítrea lâmina
do espelho,
vou
refazendo em mim
o que é belo
Naufragam fragmentos
de mim
na coca
mas, junto os cacos, reinvento
sinto o perfume
de um novo tempo,
Fragmentos
de mim
dilui-se na cachaça
mas,
pouco a pouco,
me refaço e me afasto
do danoso líquido
venenoso
Tem
Pe
Da
Ços
tem
empilhados nas prisões,
mas
vou determinando
meus passos para sair
dos porões
tem
fragmentos
no feminismo procurando
meu próprio olhar,
mas vou seguindo
com a certeza de sempre ser
mulher
Tem
Pe
Da
Ços
Mas
não desisto
vou
atravessando o meu oceano
vou
navegando
vou
buscando meu
olhar negro
perdido no azul do tempo
vou
voo,
Não Vou Mais Lavar os Pratos
Não vou mais lavar os pratos.
Nem vou limpar a poeira dos móveis.
Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro
e uma semana depois decidi.
Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo
a bagunça das folhas que caem no quintal.
Sinto muito.
Depois de ler percebi
a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética,
A estática.
Olho minhas mãos quando mudam a página
dos livros, mãos bem mais macias que antes
e sinto que posso começar a ser a todo instante.
Sinto.
Qualquer coisa.
Não vou mais lavar. Nem levar. Seus tapetes
para lavar a seco. Tenho os olhos rasos d’água.
Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender.
O porquê, por quê? e o porquê.
Existem coisas. Eu li, e li, e li. Eu até sorri.
E deixei o feijão queimar...
Olha que feijão sempre demora para ficar pronto.
Considere que os tempos são outros...
Ah,
esqueci de dizer. Não vou mais.
Resolvi ficar um tempo comigo.
Resolvi ler sobre o que se passa conosco.
Você nem me espere. Você nem me chame. Não vou.
De tudo o que jamais li, de tudo o que jamais entendi,
você foi o que passou
Passou do limite, passou da medida,
passou do alfabeto.
Desalfabetizou.
Não vou mais lavar as coisas
e encobrir a verdadeira sujeira.
Nem limpar a poeira
e espalhar o pó daqui para lá e de lá pra cá.
Desinfetarei minhas mãos e não tocarei suas partes móveis.
Não tocarei no álcool.
Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler.
Depois de tanto tempo juntos, aprendi a separar
meu tênis do seu sapato,
minha gaveta das suas gravatas,
meu perfume do seu cheiro.
Minha tela da sua moldura.
Sendo assim, não lavo mais nada, e olho a sujeira
no fundo do copo.
Sempre chega o momento
de sacudir,
de investir,
de traduzir.
Não lavo mais pratos.
Li a assinatura da minha lei áurea
escrita em negro maiúsculo,
em letras tamanho 18, espaço duplo.
Aboli.
Não lavo mais os pratos
Quero travessas de prata,
Cozinha de luxo,
e joias de ouro. Legítimas.
Está decretada a lei áurea.
No seu corpo ele sabia que nos Estados Unidos ser um homem negro era a pior coisa que você poderia ser. Pior do que morto, você era um morto que andava.
No Mapa
Pelo litoral
ficou
de norte a sul
nagô.
Ficou no Recife:
xangô.
Na Bahia ficou:
candomblé.
No Rio grande é o que?
– Batuque, tchê.
Filho de santo
de bombacha,
Ogum
comendo churrasco:
jeito
gaúcho
do negro
batuque.
Quando não vislumbrarmos luz ao fundo de um túnel, devemos lembrar-nos sempre que é um buraco-negro que dá vida ao nosso Sol.
O singular astrofísico, buraco negro, outrossim configura-se como um portal insondável ao conhecimento dos mistérios do universo, desde que corroborado sua existência. Em seu âmago, o devir encontrará esclarecimento.
Amazonas da Amazônia, paraíso tropical do Brasil!
O encontro das águas!
Neste encontro destes dois majestosos Rios, há muita paz e luz, com um silêncio que fortalece o espírito.
Onde a água através dos rios, lagos e igarapés predominam com sua beleza natural.
O verde de uma exuberante floresta mostra a pujança e a alegria de quem vive neste paraíso tropical.
Aqui o Sol faz um espelho na água a refletir um esplendoroso encontro.
Um fenômeno que acontece na confluência entre o rio Negro e Solimões, de água barrenta, onde as águas dos dois rios correm lado a lado sem se misturar.
Fazendo o nascer e o pôr do Sol no Amazonas ser um lugar encantado.
Tão novo nesse drama no fundo do poço, às vezes penso e se eu morrer agora, eu só deixei desgosto👌🏾
QUASARES
Na primeira aula da faculdade de astronomia.
- João, o que é um quasar?
- Eu conheço como um perfume.
- Beatriz, você sabe?
- Os quasares são os objetos mais energéticos e brilhantes do Universo. Eles se originam em buracos negros supermassivos nos centros das galáxias.
- Excelente, doutora. Anotarei um ponto a mais, garantido para a primeira prova.
- E quanto a mim? - indagou João.
- Digamos que, nesse momento, seu curso de astronomia está no horizonte de eventos de um buraco negro.
É superficial o sistema pra nós de cor
super antiquado, paranoico sem pudor
arrebatam nossa ideologia e pensamento
nos julgam delinquentes desde o primeiro momento
Exibem em telejornais numerologias e estatísticas
dizem contra nós, falsas características
nos colocam em um lado totalmente vulgar
como “bichos em favelas que é o nosso lugar”
Bagunçando os lixos com tal voracidade
sendo olhado com nojo sem nenhuma piedade
crianças sonhadoras, largadas ao léo
jovens talentosos provando o amargo do féu
Brasil mostra a sua cara e não tenha medo
de olhos vermelhos roupas rasgadas e pólvora nos dedos
a vergonha que cobre o espírito da nação
o dinheiro que da mais para o outro liberdade e ascensão
Movimentos e passeatas de nada “adiantou”
de boa intenção Isabel até que tentou
mas a ignorância fala mais alto junto ao egoísmo
quem poderá nos libertar do Preconceito e do Racismo???
Amazonas
Terra de múltiplas riquezas, terra de todos nós, Terra dos indígenas de variados povos como por exemplo os tapajós.
Quem vai ao Amazonas não esquece jamais, diversificação de animais, de povos e de ervas medicinais.
O encontro dos rios negro e solimões que experiencia unica para quem participou desse evento, com certeza não esquecerá jamais desse momento.
As comidas típicas como o tacacá, o tucupi, o cupuaçu, ou o tambaqui, o pirarucu ou o tucumã, as farinhas d'água ou ovinha do uarini, as variedades são tantas que corremos o risco de esquecer o que comemos ali.
E as lendas dos rios, o boto cor de rosa ou o ritual da tucandeira que são chamadas de formiga bala pela dor que causam, para um adolescente indigena provar que pronto para a vida dura da selva já está.
E as vitórias régias, que conta uma lenda local que uma indigena se apaixonou pela lua e pelas estrelas e foi transformada em uma estrela d'água, nascendo assim essa linda e misteriosa flor aquática, para lembrar de um amor impossível de uma cunhã pela natureza.
Natureza que não se pode mensurar, pois está em todo lugar, na Amazônia só se respira meio ambiente, terra de muitas águas, mas nem é frio e nem é quente, clima temperado que agrada o coração da gente.
Pescadores, barcos, águas por todo lado, peixes de múltiplas formas como o pacu que tem dente de gente, ou o jaraqui que o povo local garante, quem come sempre volta aqui.
Frutas exóticas e de nomes estranhos, como a pupunha ou o bacabá ou mesmo o folclore de fama internacional como em Parintins que apresenta os bois Caprichosos e Garantido que é uma arte à parte, mas com temas do meio ambiente local.
Amazonas, imensidão de terras, imensidão de histórias, imensidão de matas, imensidão de flora, imensidão de fauna, imensidão de mundo, imensidão de interesses mundiais, mas nenhum que nos apraz.
Terras de riquezas sem igual, desde o guaraná até o açaí ou os grandíssimos aquíferos subterrâneos que se encontram por lá, sem contar nos artesanatos produzidos pelos nativos habitantes de mãos talentosas usando produtos do meio ambiente que desde o princípio tiram seu sustento de lá..
Amazônia, terra de todos nós, o maior espaço natural do nosso imenso meio ambiente, temos de preservar para o futuro de toda a gente.
JC Gomes
A colheita
Ceifado foi
a mando do seu senhor.
No canavial que trabalhava
uma emboscada lhe fizeram
enquanto sua boi acomia
a luz do meio-dia.
Gritar não podia,
lutar não conseguia,
teve suas mãos e pés amarrados
como um Cordeiro a ser imolado.
O facão amolado
a cana não cortou
mas, sim, o pescoço do escravo o degolou.
O sangue encharcou a terra seca
pois a chuva lhe faltou
e o sol foi sua sua única testemunha
nessa covardia tamanha.
O seu corpo foi enterrado
numa vala comum
e uma cruz lhe puseram
com o nome João de Jesus.
Esse fato aconteceu
e entre os seus
ninguém ousa comentar.
Que isso lhes sirvam de lição!
disse o Capataz
a quem não obedece o seu patrão.
Resta aos negros
cantarem uma canção
de saudade e de esperança
até que chegue o dia da libertação.
A equação não é simples, o fato de inserir o negro de forma positiva na mídia não significa que a sociedade o aceitará melhor. Mas é nosso papel brigar por isso.
Quando não discrimina o negro, a elite dominante o festeja com um paternalismo hipócrita ao passo que apropria e ganha lucros sobre suas criações culturais sem respeitar ou remunerar com dignidade a sua produção.
As pessoas não sentem raiva de mim pelo o que falo, elas me odeiam porque as faço rir de assuntos que não queriam.
Não temos um problema negro no Brasil, temos um problema nas relações entre negros e brancos.
Crie consciência que a perfeita harmonia é feita de tonalidades diferentes. Negraliza-te! Pense no que nos une e admire o que nos faz singular. Negraliza-te! A tua luta mostra a grandeza de tua pele e de teu povo. Portanto, Negraliza-te Brasil!
Afeto entre nós é conexão ancestral.
Por que eu não te amaria se eu me vejo em você?
Pode parecer narcisismo, mas olha sua cor, tão perfeita! ela parece com a minha. Seus olhos castanhos e seus cabelos negros, seus traços, seus gestos, tudo em você é tão sutil e agressivo ao mesmo tempo que me sinto afetada. Encantada.
Afeto.
Seus lábios grossos, quentes. Sua pele num "tom aveludado", suas mãos, suas dores; elas se parecem com as minhas. Nos seus olhos eu consigo ver todo julgamento que jogam em você, eu sinto o peso que é estar nessa pele. Não no corpo, o peso do teu corpo eu sinto de outra forma, sinto fisicamente. Mas o seu sofrimento, o seu olhar me mostra.
Por isso me sinto afetada. Por isso eu quero sentir a temperatura da sua respiração no meu pescoço. É como um café quente, recém coado que me estimula nas manhãs.
Quero aliviar, pra gente, tudo que já passamos. Dentro de mim tem uma vontade incansável de te salvar de todo o caos que já nos causaram. Te oferecer isso é como se estivesse fazendo a mim mesma. Por que eu me vejo em você.
Quanto te tenho em meus braços é como se me abrigasse num mundo feito de nós mesmos. Naquele mundo que nossos ancestrais nos mostram naqueles sonhos lúcidos feito de nostalgia de uma vida que não sabemos como as vezes vem a tona, mas sabemos que existiu.
Eu te quero, te aceito, te mantenho em mim. Por que me vejo em você e você é para mim tão importante quanto eu.
A ESCURIDÃO EXISTE?
A escuridão como a (**)conhecemos, é apenas o nível de claridade da luz que tende ao (*)zero absoluto. Luz e Escuridão relativa são níveis da mesma coisa.
A luz necessita da escuridão para se propagar e existir, a escuridão seria um meio com que a luz possa viajar no espaço, é através da escuridão que a luz se movimenta.
Enquanto a luminosidade aumenta a escuridão diminui.
Se uma luz não constante é emitida em direção a um objeto distante, conforme ela se afasta deste ponto de emissão, a escuridão toma o seu lugar, se a luz é emitida de forma constante, a escuridão se mantém afastada.
A luminosidade e a escuridão são relativas, quando se está muito perto do ponto emissor, não conseguimos perceber nada de escuridão, conforme nos afastamos, percebemos que a luz ocupa um espaço na escuridão, porém cada vez menor em relação a distância.
É como se a escuridão fosse um oceano negro que envolve um ponto luminoso.
Não sei se felizmente ou infelizmente, mas, dentro do que nossos olhos humanos podem enxergar, até o momento, nenhuma luz é capaz de preencher toda a escuridão de nosso universo, a ponto de eliminar totalmente a escuridão.
E ainda, a maior parte de nosso universo visível é composto pela escuridão relativa.
A luz de uma estrela pode ter se apagado há milhões de anos, mas a sua luz está viajando através da escuridão até os nossos olhos.
Mesmo com a luz a escuridão ainda está lá em níveis que tendem a zero no ponto de emissão de luz.
Aparentemente há um equilíbrio entre a luminosidade e a escuridão, uma aumenta na mesma medida que a outra diminui, mas sempre haverá escuridão relativa em torno desta luz, que se poderá perceber conforme se afasta do ponto emissor de luminosidade.
Existem estrelas tão distantes, mas tão distantes, que mesmo que se fossem espalhadas em nosso céu noturno, (**)veríamos somente o que entendemos por escuridão, mas acredite, suas luzes estariam lá.
Inclusive, caso você use um equipamento ótico, conseguiria percebê-las, pois os nossos olhos físicos tem suas limitações.
(*)A escuridão absoluta, se é que ela existe, não existe em nosso plano de consciência e percepção, até mesmo um buraco negro, que seria um dos pontos mais escuros existentes em nosso universo, emite pequenas variações de luzes a visíveis a nível quântico.
(**)Aos limites da percepção do olhar humano.
Pele Preta
Sobre o racismo - o problema do ser humano racista, nunca foi a pele preta, mas a sua própria alma negra e sem luz que promove a escuridão no seu intelecto, bem como um breu profundo no seu coração, pois a carne que o sustenta é desvitaminada de humanidade.
O maior problema do racismo está nas pessoas sem potencial para reluzirem, espontaneamente, no espaço que as abriga quanto gente. São seres, escancaradamente, opostos às estrelas que, diferentemente dos animais ditos como racionais é, justamente no breu, neste palco que enfatizam a sua luz, a sua beleza, o seu encanto e a sua democrática mensagem de paz e harmonia entre si, porque sabem que há lugar para todos brilharem. Que todos têm os mesmos recursos individuais para contribuirem com a magia da união e do direito de acuparem o firmamento.
