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Chibata
Da lua se vê o brilho pratear,
a sua beleza divulgar,
pele negra brilhando ao luar.
Sob a água que prateada
brilhava, morada de Olucun,
Inaê, Janaína e Yemanja,
Da força de Kisanga, de seu
encanto Kianda, sereia do mar.
Pele negra de prata, que passou
por chibata, de sinhô que
açoitava, a negra escrava.
De cara caçava, nem motivo inventava,
a sonata cantava, o grito em pranto escutava.
O sangue corria, ela era
violada e lágrima caia, com
seu brilho prata!
Pele negra marcada,
mente negra sem cor, esquecendo a dor,
lembrava com fé de Olocun sim, seu sinhô.
Apanhar não matava, morrer não era medo, era fuga era desejo!
A'Kawaza
Por mais estranho e solitário que fosse o mundo lá fora, os livros sempre me faziam lembrar de casa.
Pelo resto da minha vida, eu procuraria uma biblioteca como alguns procuram pela luz suave de uma capela no escuro.
O tempo estritamente reservado à leitura, seja ele concedido exclusivamente para a obra dos grandes espíritos. Somente estes formam e instruem de verdade.
Cresci sabendo que queria ser escritora. Desde os tempos de menina, livros têm me oferecido visões de novos mundos diferentes daquele com o qual eu tinha mais familiaridade. Como terras exóticas e estranhas, livros me proporcionaram aventura, novas formas de pensar e de ser. Sobretudo, apresentaram uma diferente perspectiva, que quase sempre me forçava a sair da zona de conforto. Eu ficava admirada por livros poderem oferecer pontos de vista diferentes, por palavras em uma página poderem me transformar e me mudar, alterar minha mente.
O amor pelo livro nos refina e nos liberta de muitas servidões.
Quando me param na rua, em uma praça ou no trem para me perguntar quais livros ler, eu sempre respondo: “Leia aquilo que te apaixona, essa será a única coisa que te ajudará a suportar a existência.”
Meu superpoder não é a invisibilidade – é ler as pessoas. Observá-las quando elas pensam que estão sozinhas. Eu as vejo como elas realmente são.
O tempo todo, eu esperava que meus livros
derramassem suas palavras delicadas
sobre exuberante tapete verde
para que eu pudesse recebê-las uma a uma
e saboreá-las como se fossem
frutas vermelhas na minha boca.
Toda leitura é parcial, mas isso não nos absolve da busca pelo propósito, que nos define como espécie.
Deixe que os outros se orgulhem do número de páginas que escreveram. Eu prefiro me gabar das que eu li.
Por mais que avancemos tecnologicamente, por favor, não abandonem os livros. Não existe nada em nosso mundo material mais bonito do que os livros.
Em época de crise de livrarias, ler é quase um gesto de resistência. Um livro pode ser bem mais barato do que uma camiseta. É preciso ter esperança.
Quem não lê é mais analfabeto do que quem não sabe ler.
