Tag juliana
[eu]
Sinto demais,
penso demais.
Tudo me pega,
me toca,
me soca.
É péssimo,
é bélico,
é intenso.
Me entorpeço
dessa porra
toda hora
e
assim
sou eu.
Finge que sou aquele livro,
aquele que você lê no metrô:
Me lê, me entende;
molha os dedos na língua
e passa as minhas páginas.
Me surpreende.
[ô tranca rua]
ê laroyê
ô tranca rua
ê mojubá
dono das 7 encruzilhadas
meu camarada
cabra da pá virada
dono do tudo e do nada
me dê os caminhos
tira o tormento
me traga o momento
mesmo em passos lentos
faça ser hoje
ser agora
ser o instante
seja onipresente
meu sentinela
cuida da cancela
se a porta se fechar
abra uma janela
seja pau
seja duro
seja firme
seja eu
ô meu nego
me inverte do avesso
me olha por dentro
cura a minha dor
seja o breu
seja a luz
faça o rebu
dance o lundu
seja eu
seja meu
seja nosso
seja exu.
era só um amor.
mas me fez esquecer
onde deixei minha dignidade.
não era fome.
mas parei de comer.
não era febre.
mas tremi quando ele disse que não sabia o que sentia.
eu, que sempre fui boa de ir embora,
fiquei.
como quem erra de propósito
só pra ver até onde aguenta.
abri mão do sono,
da lógica,
da escova de dente,
do aviso que dizia “não ultrapasse”.
troquei o arroz com feijão
por silêncios indigestos.
troquei o básico
por tudo que me fazia doer
mas que me fazia sentir.
e eu, no fundo, prefiro o que machuca
ao que não faz nada.
ninguém me avisou que
o amor que a gente aceita
diz mais sobre o nosso vazio
do que sobre o outro.
ele nunca prometeu.
mas também nunca foi embora.
e essa presença que não assume.
foi o que mais me corroeu.
me deixei amar como quem se deixa atropelar devagar:
primeiro a perna,
depois a vergonha,
por fim, a parte que ainda dizia
“isso não é amor”.
não é que eu não soubesse.
é que eu já tinha aceitado morrer bonita
na beira da estrada.
Juliana Umbelino
Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos.
Você não faz a mínima ideia da quantidade de sorrisos bobos que você me arranca. Da tamanha felicidade que você me traz, eu só gostaria de ser capaz de te fazer tão bem quanto você me faz.
Não adianta tentar se adaptar
quando algo não dá certo.
A gente só se desgasta.
Ninguém muda e isso é um fato.
A insatisfação é o maior sintoma
de que é hora de mudar de direção.
A vida é muito curta pra gente
passar por ela infeliz.
[beleza]
A beleza tem dessas: ela surge pelos olhos.
Ela é teimosa, arredia e dá mil voltas. A tontura que ela provoca é de tirar sorrisos, mesmo que tímidos e sem jeito, te deixando meio louca.
Ela se instala no olhar não se preocupando com o penteado, os óculos, o jeito dá risada, com a cor dos olhos, as roupas bregas ou os sapatos rasgados.
A beleza, a que se instala dentro, aquela safada, vê o perfeito do corpo, dedos, unhas, mãos, pés, braços, pernas e cicatrizes.
Quando a beleza acha um olhar para repousar e transforma ele em casa, não quer saber de mais nada. Não se preocupa com as circunstâncias, as formas, os termos, os motivos, ela, simplesmente, fica.
A beleza dá mais cor, brilho e luz. Ela tem o poder de te mostrar o que, por muitas vezes, você preferiu deixar lá no escuro, escondido, na caixinha que rotulou como “imperfeições”.
Você pode não saber, mas os olhos, os mesmos que a beleza costuma construir sua morada, possui um canal direto com o coração, sendo cientificamente comprovando — por mim — que é possível se apaixonar pelos olhos.
Porque a beleza está no coração de quem vê.
"A vida é feita de desafios, mas também de oportunidades. Não importa o que você passou, o que importa é o que você faz com o que aprendeu. Você é capaz de superar qualquer obstáculo, se tiver fé, coragem e determinação. Você é uma vencedora, uma guerreira, uma luz. Você é Juliana Kimura."
Cada pequeno centímetro seu me faz bem, me acalenta como uma doce manhã fria. Me acalma como aquele fim de verão, me traz uma certa paz. O seu sorriso aconchega meus problemas e pelo momento que ele permanece, eu posso esquecê-los. O seu abraço é o que afasta os meus medos e o único lugar onde eu quero e preciso estar.
Eu descobri que quando a gente para de procurar pela pessoa perfeita, ela simplesmente aparece pra você. Aparece para colorir o seu mundo, para enchê-lo de coisas belas. Quando você menos espera, ela está lá com o sorriso mais lindo do mundo e que derrete o seu coração.
Eu amo a maneira como eu confio em você, como você é a pessoa que me tem a todo momento, que arranca meus melhores sorrisos, minhas melhores palavras. Que me vira do avesso e se precisar, vira de novo.
Eu não quero nem imaginar um mundo sem você, o meu mundo sem você. Não teria o menor sentido ter um mundo e não ter a melhor parte dele.
Pra Juli
Hoje, uma companhia visível
Hoje, uma lua daquelas
Hoje, um bom cobertor
Hoje, uma história sem névoas
Hoje, um sono restaurador
Hoje, o alicerce do amanhã
Sempre...
A Peneira do Tempo
Agudas lembranças: cheiros de ruas, praças, marés, brinquedos.
Lembrança de ter sido herói, filho, menino-pai e pai-menino, é o que fica
Pra ter teu passo, pra andar junto e, sendo feliz, não pousar. Fortalecem-se as asas
O tempo não deixa esmaecer o que houve de significância, cravando nos atos
As nossas graças, a nossa infância e a nossa maturidade
Porque na peneira do tempo nem turvo, nem maldade
Revele-se infinitamente, resplandecentemente, felicidade
Sobre Juliana.
Aí q saudade de você
Que vontade de te ver e poder te abraçar
Sentir o seu carinho, ganhar os seus beijinhos
E em você me aconchegar
Se eu fosse Juliana
Aquela que tem cabelos negros que inveja até os gregos.
Criada em cidade praiana, sua beleza é comparada com uma indiana.
Aprendeu muitas coisas desde cedo e praticamente teve que encarar os piores medos.
Morena cor de jambo que sabe ser sincera e defende seus filhos feito pantera.
Fã de sertanejo e pagode, mas que em matéria de samba, com ela ninguém pode.
Vive na maior simplicidade, contudo, de forma íntegra, cuida de si com a maior responsabilidade.
Idealizadora dos seus próprios sonhos, dia após dia, é merecedora dos seus ganhos.
Forte como um valente touro, é dona de um coração de ouro.
Juli sempre foi uma boa amiga, e não é a toa que desde pequena soube dar valor à vida.
[mar]
O mar é misterioso, intenso e cauteloso.
Falta o ar só de olhar. É como se o corpo começasse a inundar no seco. É um mergulho de fora pra dentro. São litros de mar percorrendo as veias do mais puro sangue. Os poros começam a expelir apenas sal. O que resta é nadar dentro do seu nada. Se afogar é opcional.
Agora se é o mais bravo dos marinheiros. Aquele que o desequilíbrio traz o equilibro; o erro traz o acerto; a tristeza traz a felicidade e a contradição traz a razão.
À beira mar se reza para os deuses. Seu Deus pode ser Poseidon ou Iemanjá. De joelhos, com os dedos fincados na areia, busca criar raízes de alma, e ter suas orações atendidas na mais pura calma.
Se deita na areia molhada, buscando se banhar com as espumas que o mar lhe dá. Coloca o coração em repouso, em posição de descanso, e sente que o mar é amar.
[bicho papão]
Nunca tive medo do Bicho Papão. Na verdade, nunca acreditei nele.
Me lembro do meu pai me fazendo dormir: me cobria com o cobertor, me deixando como se fosse um casulo, pronta para a transformação, e dizia:
— Não se levante! Se não o bicho papão que mora debaixo da sua cama, vem te pegar!
Por milhares de vezes me peguei correndo para olhar debaixo da cama e nunca o vi. Desde, então, comecei a pensar melhor sobre ele, e, após anos, talvez, eu tenha entendido um pouco mais sobre esse ser: ele não é cruel como meu pai dizia, nem aparece só a noite. Ele anda no meio dos civis: falando, ouvindo e sentindo; toma cerveja e rabo de galo em botecos de esquina; é moderno de pele e antiquado de coração; sente demais e entende de menos; não quer toda a riqueza do mundo, mas quer conquistar o mundo; não sabe muito bem começar coisas, mas é péssimo em terminar algo; não chora com facilidade — não ultimamente; é ansioso por essência; possui a empatia como pior defeito; acredita que diariamente se nasce e morre, já, que, não se é o mesmo que foi há 10 minutos; se acha sobrevivente do acaso e prisioneiro das opções; pensa constantemente que vive em um pequeno inferno, que, de tão pequeno, se limitou ao tamanho de sua cabeça — para o barulho não incomodar os outros; dá risada quando não pode e faz piadas inoportunas; come todas as manhãs tapioca com ovo e queijo — nem matar gente, ele mata.
Muito já se sabe, muito se ensina e muito se aprende. Ele sabe que essa é a regra do viver. Entende que pode machucar e sabe reconhecer; também entende que as cicatrizes são como as tatuagens que o tempo resolveu desenhar: bem mais doloridas que as tatuagens convencionais.
O Bicho Papão erra e se machuca por machucar o outro. E, com isso, entendi que meu pai estava errado sobre o monstro que dormia debaixo da minha cama. Na verdade, o Bicho Papão mora no meu espelho.
[inocência]
Me pego por diversas vezes pensando que você poderia ter me aproveitado melhor. Poderia ter aproveitado mais as minhas mãos quentes, o meu cabelo que enrola nas pontas e o meu jeito sem jeito de ser.
Eu tenho uma personalidade meio Rita, arredia, áspera, grossa, que não se dobra fácil. E que fique explícito que não é seu corpo a única coisa que quero explícita.
Gosto de sentir o contorno do rosto, o formato das unhas e as linhas das mãos. Quero entrar no seu universo, mesmo sendo o inverso e indo contra a razão.
Nos momentos noturnos penso se você pensa em mim. No entanto, vejo que você está cada vez mais fingida e rígida. E de tão rígida, parece quase quebrar. Talvez seja esse seu desejo: pedacinhos soltos pelo ar.
Me bagunço e bagunço as circunstâncias, as regras, os nomes e os fatos. Tenho o dom de tirar a coerência e permitir que tudo seja possível. Me aborrece notar que você tem medo de se afogar na sua própria profundidade. Mergulhar dentro é de tirar o ar, mas a vista é linda. Deveria tentar.
Você acha que pode me ler e entender, por que me lê sempre? Porra. Francamente. Não seja estúpida e egocêntrica. Eu sei que você é melhor do que isso.
Para me ter aberta, como um livro, é preciso mais do que só olhar. Me permito ler apenas em braile. Quanto ao resto, são só palavras que escrevo, com toda a minha hipocrisia e mediocridade, para meninas como você, que pensam que podem me compreender.
