Taça
Como uma taça de sorvete para a boca assim é a companhia dos justos que trazem conhecimento e refrigério para a alma.
Às vezes, aprecio uma boa taça de vinho
na profundidade de uma madrugada tranquila,
como se fosse uma dose expressiva de liberdade
que relaxa o corpo e a mente inspira
a fazer alguns versos com sentimentos
sinceros e intensos,
externados cheios de vida.
Às vezes, acompanhado da minha solitude,
na inquietude da madrugada
aprecio uma simples taça de fogosidade,
um pouco de vinho que esquenta e relaxa,
trazendo uma certa trégua
para a instabilidade da minha mente.
Para deixar a ocasião melhor,
coloco uma música acolhedora, envolvente,
que faz uma emoção calorosa
transitar pela minha alma.
Um efeito bastante pertinente
que muito me agrada.
Saboreio lentamente uma quantidade moderada de uma viveza calorosa numa única taça de vinho, dessarte, um alento na minha mente logo se mostra, também um relaxamento para o meu corpo com um calor bastante aprazível, algo que faz sempre eu lembrar que um momento como este, particular, é imprescindível.
Deste jeito tão relaxado, vou adentrando em pensamentos, daqueles verdadeiros, acalorados que vão ganhando mais consistência madrugada adentro, tirando-me um pouco desta realidade, colocando-me numa digressão agradável criada à luz da minha insistente vontade.
Uma forma de trazer-me pra perto, linda, calorosa, decidida com uma presença obviamente maravilhosa, então, ficamos juntos usufruindo da correspondência de nossos desejos e enquanto não desperto, pensando, tiro o máximo de proveito possível ao ponto de fazer alguns versos.
Agora, desfrutas de uma taça de vitalidade numa ocasião divinamente alcançada, que gera um sentimento honesto de gratidão, que acolhe gentilmente a tua alma, aquece de bom grado o teu intenso coração, uma vida visivelmente abençoada, uma distinta e valiosa exultação.
Já que vives aparentemente com uma emoção fervorosa correndo nas tua vêias, que resulta numa grande sensibilidade, tão notória e solene quanto a cor vermelha, de paixões acaloradas, de beijos ardentes, logo, travas uma luta árdua para que não venhas a abandonar a razão que é constantemente necessária.
Felizmente, mediante a permissão do Senhor, não desistes facilmente, segues cultivando o amor, abraças a simplicidade que ainda te conquista como uma dose encorpada de felicidade, uma sobriedade divina, portanto, graças ao Deus, és bela e determinada, uma pessoa verdadeiramente querida.
Quietude confortante desta madrugada serena, uma taça cativante de vinho, porção intensa de tranquilidade, momento aconchegante numa sutileza de detalhes assim como um amor exultante que expressa profundidade.
Honra é poder tomar uma porção deleitável de atrevimento com um pouco de doçura, uma taça de um bom vinho encorpado, bela de curvas sedutoras, cuja presença torna a noite propícia para se sonhar acordado, dando mais sabor à realidade através da sua essencialidade liberta, de uma loucura saudável, de muita intensidade, uma emoção sincera, primazia que deixa olhares extasiados como as flores diante da primavera, uma companhia memorável, sob a luz das estrelas que adentram o seu quarto.
Pelas curvas harmoniosas de uma taça transparente, adentro um caminho interessante na profundidade da madrugada, quando aprecio o sabor de suavidade contido em um vinho veemente e aos poucos, escolho algumas palavras, juntando a sensação relaxante que sinto com a inspiração acalorada que floresce na minha mente, expressando a arte dos meus versos em um gesto recíproco de sinceridade entre as minhas emoções e os meus pensamentos como se fossem lindas constelações sendo o destaque em um céu azul intenso.
Tomei recentemente uma taça agradável de vitalidade, adoçaei um pouco a rotina inevitável e as suas responsabilidades, um brinde merecido à vida com um momento aprazível de singularidade, uma brevidade na medida certa, suficiente para deixar saudades, pois o tempo não espera, então, vale a pena aproveitar determinadas oportunidades.
Uma taça de cristal, delicada e frágil,
Reflete a amizade que se impõe sobre a intimidade,
Um amigo que queria ser mais, um amor não correspondido,
Sente-se útil, mas nunca desejado.
Os lábios tocam a taça, na intenção de sorver o vinho,
Percebe-se nesse toque o quanto ela favorece as necessidades,
Há um desprezo sutil, não pra ferir, mas pra manter o servir,
Pois é cômodo ter a taça, sem a essência do desejar.
A dor da rejeição, um silêncio que dói,
Um coração que bate com amor não correspondido.
A transparência da taça revela a verdade,
De uma amizade que não é suficiente,
O desejo de ser mais que um amigo,
Um amor que nunca é correspondido.
A taça pode se quebrar, se não for manuseada com cuidado,
Assim como o coração que se sente rejeitado,
A dor da amizade imposta sobre a intimidade,
Um sentimento que nunca é superado.
Numa taça cristalina, a amizade se desvela,
Amor que não floresce, um querer que a alma cela.
Os lábios buscam nela um vinho a saciar,
Mas o desprezo sutil, sem querer magoar,
Revela a conveniência de tê-la sempre a servir,
Sem a essência do desejo que jamais vai surgir.
VINHO
Escorre na taça o fim do dia
Num buquê de chuva que cai
A consciência então se inebria
Em goles de saudade que abstrai
E nesta sonolência complexa
Relaxa o sonho no tinto vinho
Quando faz a quimera perplexa
E os pensamentos em desalinho
Mergulho no meu eu, sem data
Nada encontro nem a mim mesmo
É como caminhar em virgem mata
Ou escorrer no meio fio a esmo
Tudo é início e fim de festejada festa
Nos basta: varanda, cachorro e taça
De tinto vinho, sabe-se lá o que resta
Dá-me mais vinho pois a vida passa
Luciano Spagnol
SONETO DE INVERNO II
Frio, uma taça de vinho, face em rubor
No cerrado ivernado, pouco se aquece
Um calor de momento, o licor oferece
E a alma velada, enrolada no cobertor
O arrepio no corpo, a infusão apetece
Para esquentar a noite até o seu alvor
Acalorando o alento do clima estritor
Num cálido agasalho que o afeto tece
Ah, ó estação de monocromática cor
Tão Agarradinhas paixões, em prece
Os mistérios, os desejos, os sentidos
Assim, embolado nas lareiras, o amor
Regado de vontade, no olhar floresce
Junho, ventos gelados e frios sonidos
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 junho, 2023, 19'34" – Araguari, MG
Início do inverno
“Fracasso é trazer o vinho e esquecer a taça, depressão é esquecer o saca-rolhas, sucesso é não desistir de brindar.”
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