Sou So um Palhaco

Quem sabe um dia, por descuido ou poesia, você goste de ficar?

Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim.

Necessitamos um do outro, para sermos nós mesmos.

Quando se chega ao ponto de precisar dizer a um cara que ele é um idiota, é porque ele não via a hora que você se tocasse disso.

Não aconselharia nem um cachorro a me seguir na rua.

Tenho um lado irônico. Tenho um lado insuportável. Tenho um lado amável. E cada um tem o meu lado que merece.

A mão que sustentava o universo recebeu o prego de um soldado.

A música cria para nós um passado que ignorávamos e desperta em nós tristezas que tinham sido dissimuladas às nossas lágrimas.

Oh amor poderoso! Que às vezes faz de uma besta um homem, e outras, de um homem uma besta.

Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas.

Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia alguém não viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim.

Planejar a infelicidade dos outros é causar com as próprias mãos um abismo para si mesmo.

Eu quero que você se sinta a pessoa mais feliz do mundo, a única capaz de ser para mim um sonho em noite de insônia.

O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.

O casamento é a tentativa mal sucedida de extrair algo duradouro de um acidente.

Amar, nunca me coube
Mas sempre transbordou
O rio de lembranças
Que um dia me afogou

E nesta correnteza
Fiquei a navegar
Embora, com certeza,
Não possa me salvar

Amar nunca me trouxe
Completo esquecimento
Mas antes me somou
Ao antigo tormento

E assim, cada vez mais,
Me prendo neste nó
E cada grito meu
Parece ser maior

O amor não é um deus, nem um mortal, e sim um grande demônio.

A LUA FOI AO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!

A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana.