Sou Complexa Definir
Falsa Filosofia
Eu sou quem deseja compreender
Essa sua doutrina de bem viver
Que andas a defender
Da literatura ficcional árabe e europeia
Da Idade Média,
Através dos sete mares,
- Que se vive sem ordenado -.
E se manifesta com veemência
Exteriorizando os sentimentos e pensamentos
Com ardor e entusiasmo,
- O que alimenta a vida é viver do amor -.
Estou a dar o devido apreço
A essa ideia triunfal.
Mas, como posso acreditar nisso, nessa sua espiritualidade?
Nessa vã filosofia?
E o vinho, o pão de onde virão?
Pois acordo todos os dias,
Vejo com transparência
Famílias inteiras em penúrias
Na míngua de víveres.
Ah! Não sei se caio nessa cilada
De um dia possuir
A pedra filosofal.
Peinha
Muito prazer sou Penha
Intitularam-me Peinha
Uma coisinha sem senha
Que não se embrenha.
Muito prazer
Sou quem equilibra a barrenha
Na péinha
Não tem quem detenha.
Muito prazer
Gosto da sombra da carrasquenha,
Tampouco me importo
De vestir-me com estamenha.
Muito prazer
Sou pequenininha
Se contenha...
Que não sou inhenha.
Eu
Sabe quando me conheceu?
Eu era assim, corpo e alma
Hoje sou mais alma e menos corpo
O corpo vai se desfazendo
A alma
Crescendo.
Você me vê diferente?
Continuo análoga
Enxergo-me aquela pessoa
Desbirolada.
Acha que mudei?
Eu não me vejo mudada
O tempo é que foi complacente comigo
E me ensinou a discernir
Coisas boas das que não valem
Nada.
Eu magia
Eu sou a que existo
Da maneira que bem quero
Vendo um mundo colorido
Bem sincero
Eu sou a que de olhos fechados
Vejo as cores do universo
Somente e somente se
Para rimar o verso
Eu sou a que imagina
Que o inimigo possa ser honroso
É o meu desejo de cair na cilada
Só para concluir o quanto ele é horroroso
Eu sou a que bem sei
Quando alguém com o punhal se aproxima
É melhor nem tentar o golpe
Tenho saída exímia
Naipe
Não fuja, não fique desesperado
sou bem grandinha, madurinha
estudei durante anos
o seu presente, passado
a sua casta, portanto
conheço seu desejo à intimidade
Só não aceito suas fanfarras
quando agrega as sarnas
na mesma esfera
da mãe que está na sala
e outras I-Lentes familiares,
podem ficar doentes
ou são todos da mesma laia?
É mistura de muita gente
muita saia, pouco garbo
totalmente demente
fadado a morrer em meio
ao triste fado.
Nada
Adoro fazer nada. Quando nada faço sou indesejável. Nesse instante é o que faço, nada. O nada parece torna-se impuro. Como pode alguém não fazer nada? Eu posso. Acanho-me e ruborizo quando sou elogiada de malandra, folgada, não tenho apreço por elogios. Essa timidez ainda me mata.
Sobre você
Eu queria escrever sobre você
Já me disseram que não sou boa com as palavras
Talvez seja a minha ironia que desmantela a minha escrita
Escrever sobre você é demasiado complexo
É como arrancar da cartola um coelho
zombar e criar ilusões com o nada
Com essa mágica, a mim, devem respeito
Descrever as partes físicas, as mãos pequenas
nariz pontiagudo, corpo roliço
andar da preguiça
algum encanto sempre fica
As palavras que sussurradas, saídas dos finos lábios
têm leve doçura, mesmo embaladas pela língua ferina
Os olhos não se fixam, sempre olhando de menesgueio
com certo galanteio
buscando solicitude de alguém por perto
não do meio
Em você todo o brilho do físico se perde
perante o seu interior, a civilidade, o zelo
O carisma como se doa e comunga socialmente
amparando, franqueando os necessitados
sem "cobiçar", como se estivesse em Calcutá
voluntário do bem com posses alheias
Um perfeito filho, sonho de toda mãe, homem com "H"
garanhão de pasto
Com as noras, não deixa água aos sedentos, faltar
Relutante às datas comemorativas
mas não falta pro jantar.
Minha culpa
De quem é a culpa? Deve ser minha
Sou apenas uma parte do núcleo do átomo
Que valor tem a minha estima?
Ensinei aos meus descendentes
civilismo, conduta ilibada
Para quê?
Para viverem e presenciarem
terrorismo e corrupção
comandados pelos marafões no poder
Mas, a culpa deve mesmo ser minha
desiludida com tamanha podridão
escorreguei na casca da banana
que o mandrião mandou ao chão
Tamanha foi a minha desilusão
que derramei tantas lágrimas
e enchi a barragem em Mariana
e ela se rompeu
Aniquilei com o rio tão doce
cheguei ao mar tão salgado
detonei a região
As minhas lágrimas secaram
vai ter seca, faltará energia
afundarei com a economia
e a miséria reinará
e toda culpa é minha.
Efêmera
Sou quem planta a planta dos pés
no fundo do rio das ariranhas
na poeira cósmica
no vértice do kilim
Nada me enaltece
nada me tortura
para cada sensação
revolvo as quimeras da infância
É volátil o voo da emoção
é como seguir os rastros que deixei
nas infinitas dunas em que caminhei
Todo elemento com o seu movimento
cada momento, enriquecimento
os meus fascínios, passatempos.
Inalcançável
Sou uma bela flor
Pequenina e delicada
Sou a flor mais isolada
formosura do inóspito
Sopra o rigoroso vento
na haste do cacto imponente
protetor das pétalas plumas
dessa fina flor
que se enleva no movimento
Sou a flor mais difícil
a mais desejável
a que nunca será vista
em nenhum inanimado vaso
ordinário.
O que posso fazer
Se sou apenas um ser.
Se não posso voar,
Sumirei no ar.
Em meio a uma sombra
Não encontro nada.
Tento achar uma saída,
Mas não há coisa alguma no nada.
Entro num quarto escuro,
Dominada pela solidão.
Desesperada eu procuro,
Por meu pobre coração.
Acontece que eu sou fraca. Eu perdi. Perdi o desejo, perdi a força. Em algum momento eu me perdi de tudo, fiquei com raiva, fiquei amarga. Eu não consigo me perdoar. As vezes sinto vontade de deixar tudo para traz.
"O sorriso no meu rosto
não é porque a minha vida é perfeita,
é porque eu sou grata
pelo que tenho."
Quando estou pra baixo,
só entro nos eixos,
quando rio até virar oceano.
E nas constantes ondas
sou despejada na praia
pra escrever na areia
um poema das tribulações.
***
O Amor que Eu Posso Dar
Não sou sua cura, não sou um carregador
para carregar suas energias.
Não sou um analgésico para aliviar sua dor,
não sou seu psicólogo para acalmar sua ansiedade.
Não sou o tempo necessário para se curar do seu passado,
mas sou o homem que pode te dar amor.
Caio Vinícius dos Santos costa
A que vim nessa vida?
Eu sendo quem sou, vai contra aos 'quens' que convivo.
Então não vivo?
Claaro que vivo!
Vivo muito.
Se quiseres limitar a existências, que sejam a sua e não a minha.
Boa vida!